terça-feira, 17 de maio de 2011

UM CASO VERÍDICO DE AUTO SABOTAGEM.


Com um mês de tratamento eu já estava decepcionado com os resultados e disposto a abandonar a ritalina. Nada mais TDAH. Ao longo da vida nos sabotamos inventando mil desculpas para deixar de fazer aquilo que nos beneficiará a longo prazo.Graças à Valéria e à Luciana ( minhas duas 'anjas') me mantive no tratamento e hoje colho os resultados.
Nos últimos dias tenho percebido uma mudança grande em meu comportamento mental, aos poucos os pensamentos derrotistas vão abandonando minha vida. A eterna sensação de que tudo vai dar errado, de que sou um completo incompetente, de que vai ser um fracasso como em todas as outras vezes, desmanchou-se aos poucos de maneira quase imperceptível.  Venho observando extasiado  essa mudança: acredito mais em mim, nas minhas possibilidades, nas minhas iniciativas.
Ontem, um fato me chamou a atenção e inspirou este post: uma pessoa querida abandonou o tratamento completamente. Vi em seu comportamento a atitude de auto sabotagem que tanto caracteriza nossas atitudes, um comportamento falsamente racional, inveridicamente lógico. Um autêntico lobo disfarçado de cordeiro. Uma pessoa inteligente, instruída, se enganar dessa forma; abandonou seu blog por completo chamando-o de chato e sem motivação para continuá-lo; abandonou a ritalina alegando insônia. Só toma o medicamento de vez em quando.
Honestamente, fiquei com pena, muita pena. Mas desde o princípio seu comportamento foi tipicamente TDAH. Quando foi diagnosticada ficou obcecada. Esse era seu único assunto. Sua vida passou a girar em torno disso. Depois cansou, abandonou tudo e, aos poucos, retoma os comportamentos anteriores, sem perceber, sem se dar conta de que está em pleno processo de auto sabotagem. E aí entram as diferenças de tratamento; não é possível, ou é muito difícil vencer o TDAH sozinho. Apenas a ritalina é insuficiente. O coach é fundamental, uma forma de suporte, de manter o paciente ancorado na realidade, uma maneira de desmascarar os comportamentos típicos do TDAH e que se escondem nos subterrâneos de nossa mente. Esses comportamentos se travestem de lógicos, racionais e equilibrados e seguem minando nossa vida de forma sistemática e implacável. Enfrentar um inimigo dissimulado, e no caso do adulto, fortemente arraigado em nossa alma exige um pequeno exército, uma tática apurada e muita obstinação, muita vontade de mudar de vida.
Ontem, depois de encontrá-la fiquei pensando em minha vida, em meu comportamento. Como mudei, como sou mais otimista, mais positivo, mais confiante. Tenho enfrentado novos desafios aos cinquenta anos com uma coragem que nem eu sabia que tinha. Outrora meus primeiros passos em qualquer área, eram precedidos pelo medo do fracasso, ou melhor, pela desconfiança de que o fracasso me pegaria logo adiante, afinal, comigo nada dava certo, tudo era mais difícil e complicado. Graças ao meu pequeno, bravo e eficiente exército formado por Jesus (o Cristo), minha Fiel e competentíssima coach Luciana, por minha Modesta, Leal e excelente médica Valéria, pela Rita ( a Lina) e por mim, vamos vencendo esse inimigo sorrateiro, dissimulado e incansável. Basta um cochilo para ele se reerguer e tornar a atacar.
Por isso, se a Rita(Lina) te der insônia, aproveite para ler um bom livro, escrever um blog, assistir a um bom filme. Os desatinos do TDAH causam muito mais estrago e insônia do que os efeitos colateirais da Rita.
Não se entregue, trate-se.

20 comentários:

  1. De faton é incrível a mudança que ocorre na nossa vida com o tratamento combinado da Rita e da pscicologia comportamental. estou a pouco mais de 2 meses nesse tratamento combinado e a uns 6 no comportamental, minha vida mudou, percebo sem querer que várias coisas em mim estão diferentes. as pessoas chegame comentam, eu quando estou sem o rempedio, numa das poucas vezes q esqueço, percebo o quanto tenho mudado. é claro que não há um cura, que podem haver efeitos colaterais com a rita, mas ai temos que por nossa capacidade de racionalização para ver o custo/benefício do uso do medicamento. eu particularmente não tenho insonia, ao contrário, com a ritalina me sinto mais tranquila, mais calma, mais feliz, sei que parece absurdo falar isso de um estimulante tão forte ainda mais na dosagem q tomo 40mg da ritalina LA ao dia, mas é algo que me deixa realmente mais leve e mais focada. tenho sim percebido que começei a tremer muito as mãos, acredito ser efeito do remédio, mas não penso em parar o tratamento pois prefiro tremer e ser mais feliz e confiante, mais objetiva e bem resolvida que deixar de tremer. acredito que devemos pensar assim e não nos deixar abater ou enganar, como você disse é impossível vencer o TDAH sozinho(a)...então é fundamental admitir a importacia do tratamento combinado.

    seu post hoje foi muito bom, incentiva muito quem está fazendo o tratamento e que pode está pensando em abandonar...

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  2. Oi Laís, interessante como a Rita age de forma diferente nas pessoas. Quando estou trabalhando e percebo que estou um pouco tremulo lembro-me de tomar a Rita. Exatamente o oposto do seu caso.
    Obrigado pelo comentário, valeu a força.

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  3. so achei emrolando de mais sua historia deveria ser mais breve nos argumentos, escreve muito bem para quem tem TDAH, abraços.

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  4. Olá Anônimo, obrigado pela dica. Na verdade, não sou um escritor profissional por isso à vezes me enrolo mesmo. Quanto a escrever bem nós TDAH não somos menos do que ninguém, existem milhares de TDAHs que escrevem tão bem ou melhor do que eu e outros tantos que são excelentes em suas áreas de trabalho.
    Abraços

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  5. Primeiro eu tenho que descobrir se realmente eu tenho TDAH, fazer aquele exame e me consultar com um psiquiatra. Mas mesmo se eu tiver em mãos a comprovação de ser TDAH, não sei se vou aderir à medicação, pois sou bastante resistente nesse ponto. Creio que o remédio traz benefícios enormes, mas a ideia de tomar remédio controlado ainda me provoca um certo receio. Bobeira minha, sei. Pois se remédio existe, é pra melhorar a vida de nós, seres humanos.

    Eu me pergunto se quando eu começar a fazer tratamento eu vou ser mais capaz, de sentar pra escrever uma reportagem, de estudar, de ser mais otimista, de ser mais corajoso, de parar de me sabotar, de não mais procrastinar, de ter mais força de vontade de correr atrás dos meus objetivos...

    Eu sempre soube que eu era diferente, e o TDAH foi a coisa que eu li e que mais eu me identifiquei, características que explicam muita coisa que passei, que passo, que sou...

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  6. Oi Caco, bom ter você para conversar.
    Olha, não é muito fácil mesmo. Na verdade nós temos a tendência de acreditar que ao tomar o remédio toda nossa vida mudará de forma mágica. Infelizmente não é assim. Tomar a ritalina alivia, diminui nossos sentimentos, principalmente o medo a insegurança,os pensamentos derrotistas. O resto é com a gente mesmo. Ainda procrastino, ainda sou impulsivo, etc e etc. A diferença maior é que hoje eu reconheço os comportamentos como originários do TDAH e me sinto mais forte para combatê-los.
    Mas a luta é grande e contínua; e interminável.
    Um abraço
    Alexandre

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  7. Meu nome é Karla, tenho 32 anos e fui diagnosticada e comecei a tomar Ritalina aos 30 anos. Uns 20 min. atrás eu tive que agradecer aos céus por tudo que conquistei nestes dois últimos anos. E fui relembrando como cheguei até aqui. Após a descoberta, além da medicação, procurei livros, informações e aos poucos fui entendendo o motivo de ser diferente. Como diria Caetano Veloso: "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.", o problema é que antes disso, eu estava tão ocupada com a dor, que não via a parte deliciosa de ser diferente. Estou realizando um sonho: Estudar Direito, coisa que adiei durante anos por não me considerar capaz, e minhas médias não baixam de 9,0 desde o primeiro sem. do curso. Até dois anos atras eu não sabia o que era realização pessoal/profissional, simplesmente eu já havia desistido, e agora? me sinto plena. Digam o que disserem da Ritalina, ela e meu neurologista mudaram minha vida... E resumindo e sem demais milongas, eu só precisava desabafar... Sabotagem, nunca mais! Eu quero mais é ser feliz do jeitinho que sou! Parabéns pelo blog. Força sempre!

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  8. Oi, Karla!
    Que legal! Adorei seu comentário. Espero chegar nesse dia também. Já dei passos importantes na minha nova caminhada, estou recriando minha vida mas só tenho nove meses de tratamento; ainda tenho recaídas e medos. Mas concordo com você, a Ritalina e a minha neurologista mudaram minha vida. Por sorte ainda tenho mais uma ajuda fundamental na minha vida: minha coach Luciana.
    Tem razão, temos muitas qualidades e temos de focá-las.
    Um abraço
    Alexandre

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  9. Olá Alexandre, descobri a pouco que tenho TDA, sem hiperatividade. Agora muitas coisas fazem sentido sobre meu comportamento e minha vida.
    Se ter TDAH já é estranho imagina com este nome, Ramachandra. Me achava diferente por opção, e vejo agora que não.
    Não achei que fosse algo tão grave como vi em seus posts, mas sofri recentemente um bocado com isso. Por sorte abri direto este post em seu blog que me deu uma boa noção sobre o processo e forças para continuar. Comecei a tomar ritalina hoje e sua experiencia me preparou para o que há de vir. Parabéns pelo blog, fé em Deus que podemos muito.

    Abraço! precisando conversar me procure no facebook ou email.
    Ramachandra Das
    ramachandra02@gmail.com

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  10. Não me lembro quando que achei esse blog e hoje precisei ler ele, precisava dessas palavras de força e resolvi postar.

    Creio que a auto-sabotagem seja o maior inimigo do TDAH. Perdemos tantas coisas, tantas oportunidades, muitos sonhos não realizados e quando começamos o tratamento queremos urgência em tudo, mas não é assim, tudo tem o seu tempo e muitos de nós, quando não consegue atingir o seu objetivo, naquele pequeno espaço de tempo, o qual acreditamos ser o necessário, damos espaço para a auto-sabotagem.

    Não podemos desistir, para cada organismo o tempo, o processo, age de uma forma, temos que ter paciência e falar para nos mesmo – “um passo de cada vez”. Quando o desespero bater a sua porta, não permita que ele entre, faça uma oração e continue em frente, nos podemos tudo, mas temos que lutar e sempre com a certeza das vitórias, algumas logo e outras mais além, mas somos capazes, temos que acreditar em nós mesmos e nos profissionais que estão ao nosso lado, lutando conosco.

    Hoje, ela está batendo a minha porta, mas não permito que ela entre e continuo lutando.

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    1. Oi Angela, perdoe-me a falta de resposta. Não sei o que aconteceu, mas não respondi nem a você nem ao Ramachandra, do comentário acima. Estranho pois adoro os cometários e respondê-los. Olha Ângela, apesar do tratamento e do meu empenho ainda caio nos golpes da auto sabotagem, mas estou aprendendo a driblá-los ou pelo menos a reconhecê-lo.
      Não podemos desistir, é uma eterna vigilância.
      Obrigado e desculpe-me novamente.
      Um abraço
      Alexandre

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  11. oi, comecei meu tratamendo ja tem quase um mes com a ritalina e ainda não vi resultados significativos sabe? eu presto mais atençao na aula mas ainda ''viajo'' muitas vezes
    e as vezes tenho até a impressão de que é melhor eu nao tomar esse remedio pq ele ta é me piorando
    porque muitas coisas q vou ler eu nao consigo terminar
    nao fico o tempo concentrada naquilo e isso me deixa mais desanimada ainda
    eu juro que quero ser forte, quero driblar esse nosso inimigo mas ta sendo dificil
    voce acha mesmo que um psicologo é de grande ajuda? tenho medo de não melhorar nunca, nem com um acompanhamento com um psicologo

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    1. Boa noite!
      Olha eu também tive uma piora no princípio. Fiquei nervoso demais a redução da dose foi muito bom pra mim. Acho que a primeira providência é conversar com seu(sua) médico(a) e estudar novas formas de tomar, novas concentrações, etc.
      O apoio psicológico é fundamental. Temos uma tendência ao desânimo, a abandonar tudo, complexo de inferioridade, etc, etc, etc, e tal. Outra coisa, é ver se vc tem alguma comorbidade, é aquela doença que costuma vir junto com o TDAH, tipo depressão, toc, transtorno de humor...
      Não desista, sua vida vai mudar. Basta um pouco de paciência.
      Um abraço
      Alexandre

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  12. Qual a melhor opção, neurologista ou psiquiatra? Att.

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    1. Sinceramente, não sei o que responder.
      No meu caso, minha médica é neurologista.
      Acho que a melhor solução é você se informar se o médico é especialista ou estudioso de TDAH.
      Ir a um médico - de qualquer especialidade- que não acredita na existência do TDAH vai ser um desastre.
      Informação é a melhor solução.
      Um abraço
      Alexandre

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  13. Descobri que tenho TDAH no fim do ano passado e já comecei com o remédio. Senti uma melhora absurda. Eu tinha crises depressivas, antes, por causa das minhas autossabotagens e erros que cometia, às vezes passava semanas triste, por causa disso tudo, depois melhorava um pouco e tornava à depressão, aquela variação de humor esmagadora que piora com a depressão, mas depois que comecei o tratamento, sinto uma leveza maravilhosa! Parabéns pelo blog, amo o que escreve!

    Clara

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  14. Olá! Legal conhecer seu blog e saber que nunca é tarde pra recomeçar, como vc citou acima. Ainda não sei se tenho TDAH mas fiz o teste no site e tudo indica que sim, qual o profissional que devo procurar primeiro e como foi a sua(S) descoberta?

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  15. Boa noite Alexandre, espero que você esteja bem e aproveito para agradecer, mais uma vez, a esse espaço único que você criou para que possamos dar força uns aos outros. Li em um de seus posts que você toma Sertralina, você poderia me explicar em que sentido ela te ajuda na administração de seu TDAH? Obrigado mais uma vez.

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  16. Alexandre, meu nome é Elizabete gostei muito de seu blog, sou professora e lido com alunos com TDAH estou sempre pesquisando o diagnóstico,para poder estimular melhor meus alunos. Não acho justo que desanimem e sejam rotulados. Faço uma pós graduação em neurociências aplicada a educação, a minha monografia sera sobre O TDAH. Percebo na sala de aula o quanto é difícil a concentração do TDAH. Mas quando atendido por profissionais que entende do assunto a tendencia é cada vez mais melhorar.

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  17. Alexandre, meu nome é Elizabete gostei muito de seu blog, sou professora e lido com alunos com TDAH estou sempre pesquisando o diagnóstico,para poder estimular melhor meus alunos. Não acho justo que desanimem e sejam rotulados. Faço uma pós graduação em neurociências aplicada a educação, a minha monografia sera sobre O TDAH. Percebo na sala de aula o quanto é difícil a concentração do TDAH. Mas quando atendido por profissionais que entende do assunto a tendencia é cada vez mais melhorar.

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