sábado, 30 de março de 2013

O TDAH E A AUTO PUNIÇÃO






Muitas vezes, mas muitas vezes mesmo, eu me pego procurando soluções auto punitivas para meus problemas.
Soluções que não solucionam o problema, mas me punem como uma forma de amenizar a culpa que trago por tê-los causado. Principalmente se envolvem outras pessoas.
As vezes não acredito na sequência de reveses que se sucedem em minha vida, principalmente na vida material. Nesse mês de março meu carro apresentou um problema no motor e foram exatamente duas semanas de despesas, amolações e falhas até que a coisa fosse solucionada. Isso é normal? Claro, pode acontecer com todo mundo, mas comigo a recorrência dessa sucessão de situações que se complicam é tão grande, que muita gente que me cerca já me mandou ir a uma benzedeira, centro espírita, igreja...
Nessas horas me dá uma imensa vontade de me afastar das pessoas, de romper relacionamentos e me isolar na minha própria falta de sorte, ou incapacidade de gerir a vida, ou carma, ou destino, ou consequências do TDAH, ou que quer que seja isso.
Nesse episódio do carro passei tanta raiva e frustração - e despesas inesperadas - que num dado momento pensei até em romper meu relacionamento como forma de livrar minha namorada dessa criatura azarada. Sempre me lembro nessas horas de um personagem de desenho animado que tudo dava errado pra ele, e que repetia sempre: Oh, céus! Oh, vida! Oh, azar!
Pois é, em outras épocas pode ser que eu fizesse isso mesmo. Já tive esse comportamento mais de uma vez. Hoje não, 'diagnostiquei' minha auto punição, respirei fundo e segui em frente. Procurei não perder a paciência, nem comigo, nem com o mecânico e muito menos com a namorada que nada tinha com isso. Tento (e tenho conseguido) racionalizar essas questões, tirá-las do nível pessoal ou metafísico. E creio que consegui.
O primeiro diagnóstico do meu carro apresentava um orçamento de mil e cem reais. Quase tive um treco. Qual foi minha opção? Procurei um mecânico conhecido, barateiro, mas com uma estrutura e um conhecimento menores. Gastei menos da metade, mas passei uma raiva desgraçada até que ele descobrisse o real defeito do carro. O primeiro mecânico estava com a razão, acertou no diagnóstico logo de cara, mas sua proposta era trocar 'metade' do motor do carro. Tipo assim, trocar uma janela inteira por que o vidro quebrou. Corri o risco de passar pelo que passei ao optar por um mecânico experiente, mas tecnologicamente ultrapassado. Mas paguei a metade do preço e o carro está ótimo.
Assim que consegui evitar minha auto punição, racionalizando minhas questões.
E assim tenho agido ultimamente, quando enfrento uma maré negativa, tento racionalizar olhando pra trás e tentando enxergar se essa situação não é fruto de atitudes e escolhas passadas minhas. Colheitas daquilo que plantei.
O interessante do tratamento do TDAH, é que alguns sintomas permanecem , mas nossa capacidade enfrentá-los e lidar com eles mudam.
Não me permito mais me auto punir. Tenho uma doença que já me puniu o suficiente, não precisa da minha colaboração.
O importante é enxergar o que causou a situação e corrigir onde for possível, onde não puder mais ser corrigido, enfrentar as consequências e evitar de plantar as mesmas sementes desastrosas de antes.
Oh, tratamento!
Oh, mudança!
Oh, solução!

quarta-feira, 27 de março de 2013

O TDAH ESPECTADOR DA PRÓPRIA VIDA










Pode ser um filme. Um filme que assistimos de forma fria e estática.
Apenas observamos um imenso desfile de pessoas e acontecimentos que, muitas vezes, parecem não ter qualquer sentido ou ligação com as nossas vidas. Apesar de ser um filme ruim, não conseguimos interrompê-lo, mudar de canal ou alterar seu roteiro. Algo obriga-nos a assisti-lo diariamente.
Noutras vezes pode ser um sonho. Uma imagem esfumaçada e distante onde as pessoas mexem suas bocas, em tentativas vãs de nos dizer coisas que não ouvimos, não entendemos, nem absorvemos. Continuamos estáticos, inertes, apáticos diante daquele sonho monótono e cujo roteiro se repete indefinidamente.
Torpor. Talvez essa seja a palavra ideal para definir o estado de alma que temos quando saímos de nossas vidas e passamos apenas a observá-la.
Indiferença é outra palavra que cabe perfeitamente nessa sequência de cenas aparentemente desconexas e sem sentido. Num estado meio entorpecido, observamos indiferentes o desenrolar de nossas próprias vidas. Honestamente, pouco importa se o rio corre pra cima ou pra baixo. Nem importaria se parasse de correr.
Espectadores da própria vida, seus rumos não nos afetam, suas emoções não nos pertencem, seus fatos nos são alheios. Não nos importamos com a nossa vida, apenas acompanhamos seu desfile diante de nossos olhos.
Mas esse sentimento não é permanente, ele surge de tempos em tempos sem que tenhamos o poder de afastá-lo ou trazê-lo de volta, se for essa a nossa vontade. E aí, mais uma vez somos espectadores, não conseguimos dominar sequer esse sentimento. Apenas somos abarcados por ele. Como se fôssemos pegos por uma imensa onda que não sabemos de onde vem, e que nos atira para fora de nossas vidas e, de repente, passamos de protagonistas a espectadores.
Ontem uma amiga do blog postou um comentário sobre esse sentimento. Não me lembro de tê-lo abordado antes, mas na resposta que dei a ela brinquei que havia sido 'promovido'a diretor e produtor da minha vida.
Ser promovido pressupõe que outra pessoa (ou grupo de pessoas) me guindaram a esse novo posto; e isso não é verdadeiro. Através do meu tratamento e da mudança de minha postura eu assumi os papéis de diretor e produtor da minha própria história, da minha própria vida.
Todas as decisões me pertencem e por ter conhecimento do TDAH, por me tratar, por ter feito coaching, tenho consciência plena de que cabe a mim tomá-las, e não importa se corretas ou não, serão as decisões que EU quis tomar.
Os caminhos que trilho me pertencem; os sentimentos que experimento são meus; a vida que levo é minha.
Chega de caminhar a reboque da própria vida; ela é minha e colho exatamente aquilo que plantei. Se eu deixar que o TDAH plante por mim colherei aquilo que ele plantou; o que , provavelmente, será diferente daquilo que desejo pra minha vida.
Nada de andar de carona na minha vida, nada de ser ator coadjuvante.
Eu protagonizo, eu dirijo, eu produzo; e arcarei com todas as glórias que isso possa acarretar.

sexta-feira, 22 de março de 2013

RITALINA EM FALTA NO MERCADO?






A leitora Thais, me mandou um comentário indignado sobre a falta de Ritalina comum no mercado das grandes cidades.
Anexou ao seu comentário links de queixas de vários usuários no site "Reclame Aqui", e justificativas, que ela chamou de vagas, do laboratório Novartis, que produz a Ritalina.
Ontem, num segundo comentário, Thais postou uma resposta da Novartis alegando problemas burocráticos para a importação do metilfenidato. Quem mora no Brasil sabe que essa justificativa deve ser verdadeira. Somos um país em que a burocracia é mais importante do que a vida. Mas a maior indignação de Thais, é o fato da Novartis ter priorizado a produção da Ritalina LA - muito mais cara - em lugar da Ritalina comum com o pouco Metilfenidato que entra no país.
Não sei se dei sorte, ou se a drogaria que comprei em Juiz de Fora tem um estoque maior, comprei Ritalina comum a cerca de dez dias sem problemas.
Em primeiro lugar, gostaria de pedir às pessoas que leem o blog e que estão conseguindo comprar a Ritalina nos grandes centros que postassem aqui onde estão encontrando o medicamento.
Em segundo lugar, não sei se alguém da Novartis já leu ou lê esse blog, em caso afirmativo, seria legal que a empresa postasse aqui um comentário, uma explicação ou uma justificativa sobre a ausência do remédio no mercado brasileiro.
Não estou aqui para execrar ou defender a Novartis - preciso do remédio tanto quanto a Thais e os outros portadores - mas nesses dois anos e meio que faço uso nunca tive problema em adquiri-lo.
Até entendo a opção da Novartis pela produção da Ritalina LA ( todas as empresas privadas do mundo precisam de lucros para sobreviverem e manterem os investimentos), mas para quem precisa diariamente do produto e não pode pagar, ou como eu, não se adaptou bem à versão LA é realmente alarmante.
Será que não teria como fazer uma parte LA e outra comum?
Ou será que a venda da Ritalina comum é tão menor que não justifica essa opção?
Se possível, gostaríamos de uma posição da Novartis a esse respeito e acho que um espaço como esse - exclusivamente voltado para quem possui TDAH - seria o local ideal para discutirmos essas questões.
Obrigado Thais por sua participação e informação.
Agradeço desde já àqueles que colaborarem com informações à respeito de onde encontrar a Ritalina comum.

NESSE ESPAÇO EU HAVIA PUBLICADO O NOME E O TELEFONE DA DROGARIA QUE EU COMPREI MINHA RITALINA NO MÊS PASSADO. MAS, INFELIZMENTE, JÁ NÃO EXISTE RITALINA EM JUIZ DE FORA. 
DESCULPEM-ME SE DEMOREI A ATUALIZAR ESSE POST.



terça-feira, 19 de março de 2013

O TDAH E A ALMA QUE ME HABITA





Que alma é essa que me habita e não se basta?
Que precisa acorrentar-se a outra pra sentir-se viva?
Que coração trago no peito que só sabe bater em resposta a outro?
Por onde vaga minha mente que só vê sentido quando em sintonia com outra?
Quem sou eu?
Esse sou eu, ou apenas uma projeção daquilo que eu poderia ser se minha vida me bastasse?
Se minha vida me coubesse.
Se viver minha vida me satisfizesse.
Meus pés me levam por caminhos conhecidos, mas meus olhos recusam-se a enxergá-los.
Tropeço nos mesmos lugares, caio nos mesmos abismos, meu peito sangra mais uma vez.
Que alma é essa que não se satisfaz com seu próprio corpo?
Que coração é esse que sente-se triste na tranquila estrada de mão única?
Os pés cobertos de cicatrizes demonstram o erro das escolhas; mas o que fazer se um coração enegrecido de tristeza só pulsa de felicidade ao ouvir com nitidez o eco de outro coração?
E tudo o que a mente pensou, todas as estratégias racionais que foram armadas, o aparente poder da razão sobre o coração, reduzem-se a pó, esmigalhados pelo poder infinito de uma alma vulcânica. Como um tsunami implacável, os sentimentos arrastam toda a força da razão levando consigo a prudência, a cautela e
a vontade de mudar o próprio destino.
O cenário que se desenha é conhecido:  toda a força e beleza do vulcão e suas consequências funestas.
Mas, lá no âmago da montanha incandescente, existe a esperança; esperança não, a certeza, de que um dia, uma flor há de brotar na lava fria e será o início de um enorme jardim que cobrirá o vulcão eternamente.

segunda-feira, 18 de março de 2013

TDAH - COMO NÃO CONSEGUI VER ISSO ANTES








" As vezes, fico horas pra resolver um exercício de física, calculo e chega outra pessoa, e resolve em 2 minutos... E eu penso, como eu não consegui ver isso antes."

A frase acima é de um comentário que recebi e ilustra muitíssimo bem a nossa vida: Como é que eu não consegui ver isso antes?
E não é só em cálculo. Certa vez, a muitos anos atrás, comprei um lote e a vendedora alterou as condições de pagamento do contrato e não me avisou; eu li o contrato, não enxerguei a mudança e na hora de pagar lá estava a surpresa. E a vendedora argumentou: você leu o contrato, assinou! Mas eu não tinha visto aquilo. Eu estava pensando em outra coisa, meu olhos leram o contrato, minha mente não.
No ensino médio, eu ia nas aulas de matemática e física e prestava atenção, entendia a explicação do professor; ao chegar em casa, me deparar com outros exercícios, simplesmente não sabia o que fazer. Olhava para aqueles problemas como se jamais os tivesse visto. Eu tinha uma prova de física numa terça feira, na segunda era feriado. Minha irmã conseguiu que um amigo dela me desse aulas particulares no domingo e na segunda-feira. Estudei como um louco, na terça fiz a prova, resultado: tirei meio, 0,5. E o professor me deu esse meio ponto pelas tentativas erradas que estavam na prova.
Mudei de escola para uma mais fácil pra conseguir completar o ensino médio. Se não, acho que estaria tentando até hoje.
Quantas vezes passei por cima dos detalhes, não enxerguei o que estava escrito ou o que meu interlocutor me explicava. Na escola e fora dela. Infinitas vezes ouvi a mesma frase: estava escrito no contrato ou eu te falei que era assim. Não enxerguei. Não ouvi.
Antes de ouvir falar em TDAH e fazer tratamento eu ficava perplexo com essas situações. Como eu passei por cima outra vez, meu Deus?
Hoje, sei a origem dessas falhas, trato-me para, pelo menos, reduzi-las. Se falhar novamente, sei a origem o porquê e como agir para não repetir.
Não me torturo, me mantenho atento. Não me auto flagelo, me cobro. Não me puno, me ajudo.
Já carrego um fardo pesado demais pra ficar me espezinhando a cada erro.

sábado, 16 de março de 2013

O TDAH QUE MOSTRA A CARA



Estou assistindo ao programa Saia Justa, no GNT. A jornalista Bárbara Gancia conta a sua história de luta contra a dependência do álcool. Bárbara se assume alcólatra e a discussão entra no campo da divulgação de depoimentos como o dela, principalmente de pessoas públicas e famosas, como forma de conforto e apoio para quem está passando por situação semelhante.
Claro que fiz a analogia com o blog e com as pessoas que, como você e eu, procuram apoio e conforto nos depoimentos espalhados na internet e nos livros.
E aí lembrei-me que quando comecei a escrever o blog eu adotei um pseudônimo: Aleph Buendía, que é a junção do título de uma obra de Borges com o sobrenome da família que protagoniza o maravilhoso livro Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez. Mas só fiz uma meia dúzia de posts sob esse pseudônimo; achava estranho assinar um outro nome, eu não enxergava credibilidade naquilo que escrevia sob pseudônimo.
Decidi assumir minha identidade quando mudei o nome do blog ( o nome inicial era  A VIDA À DERIVA) e resolvi banir o pseudônimo junto com um título que refletia o passado, quando o que eu queria era construir uma nova história. Fiquei pensando no porquê de me esconder sob um pseudônimo; e a resposta é simples: ninguém quer ter uma doença mental. Existe uma pecha, uma discriminação contra o doente mental. Logo imaginam alguém babando, sujo e de olhos vidrados. Aí entrou uma característica da minha personalidade que eu adoro; eu sou do contra. Odeio ser parte de uma manada. Se a manada vai para um lado o Alexandre vai pro lado oposto. E coloquei meu nome e minha foto no blog.
E creio que funcionou. Recebo dezenas de comentários elogiando minha coragem ao expor meu TDAH, e que muita gente se espelha nos meus exemplos, se conforta com aquilo que escrevo e nos comentários do blog. E aí retomamos o princípio desse texto, a importância de termos com quem nos identificar. A jornalista Bárbara Gancia citou o exemplo  do ator americano Robin Williams que assume seu alcolismo publicamente, descreve sua luta e como se livrou da bebida. Falou ainda de Michael J. Fox, que trouxe a público ser portador do mal de Parkinson. Comparou ainda com a atitude envergonhada das pessoas públicas do Brasil que evitam assumir doenças, mesmo que  menos discriminadas do que o alcolismo e o uso de drogas.
O que precisamos é de divulgação; não só do TDAH, mas do alcolismo, do mal de Parkinson, do câncer; um espelho nos faz bem, a identificação com pessoas que enfrentam problemas semelhantes é salutar e incentivadora. Quanta gente lê esse blog e comenta:' puxa eu achava que estava sozinha!' ou então, ' Graças a Deus tem mais gente como eu'.
Sentir-se só no sofrimento é muito ruim. Quantos animais se reúnem em bandos como forma de proteção? Existe um tipo de formiga que se movimenta em rios e riachos em bloco; elas se agarram umas nas outras aos milhões, formando uma massa compacta que é levada pela correnteza. Ao sentirem-se em terra firme novamente soltam-se e retomam os afazeres pessoais.
Uma analogia interessante; nos sentimos mais firmes, mais seguros e mais confortados ao nos depararmos com situações que tanto conhecemos. Melhor ainda se a pessoa que narra, de alguma forma, encontrou uma saída ou solução para aquela situação aflitiva.
Ao me expor, eu encontrei apoio, carinho e aconchego e não a discriminação que eu temia.
Após a reportagem sobre o TDAH no Fantástico, milhares de novos leitores acessaram o blog em busca de respostas e lenitivo para suas dores. E sentiram-se confortadas ao encontrarem depoimentos e comentários de pessoas reais, que vivem e lutam como elas.
Claro, sempre existe um ou outro babaca que quer agredir ou destilar um veneno, em geral sob o manto do anonimato. Aí, meus amigos, entra de novo aquela minha característica, cutuco o boçal com a minha coragem de me expor e expor a defesa do TDAH, enquanto ele, além de ignorante é covarde ao agredir das sombras.
Mais TDAH impossível!

quarta-feira, 13 de março de 2013

UM TDAH PERFEITO






Imagine o seguinte cenário: você vai ao médico, um bom médico, e após criteriosa consulta ele te diagnostica como portador de TDAH.
Receita de Ritalina/Venvanse/Concerta debaixo do braço e um misto de euforia, perplexidade e dor na alma por saber-se doente.
Sem pensar demais você inicia o tratamento e uau! Que maravilha, que remédio fantástico! Sua concentração melhorou, sua produtividade aumentou, você ganhou uma memória de elefante de uma hora pra outra,  você não se sente mais aquele pano de chão usado. Nada disso! A vida é bela! Você é uma Ferrari em altíssima velocidade, e sob controle!
E então sua Ferrari derrapa e bate. O mesmo erro de sempre! Você esqueceu de novo. Você adiou de novo. Você disse o que não devia, de novo.
Um profundo desânimo toma conta de você. Mas e o tratamento? E o controle?
Os dias passam e você percebe que as características positivas se mantém, você segue trabalhando, você ainda se mantém no horário. Nem tudo foi tão ruim assim.
E você falha de novo! A mesma falha!
Uma tremenda frustração invade a sua alma. E você duvida do seu médico, duvida do seu remédio, duvida do seu psicólogo, do seu coach. Duvida de você mesmo.
Um imensa vontade de abandonar o tratamento. Pra que encher a cara de remédio controlado se continua cometendo os mesmo erros? O desânimo volta, a desconfiança em você mesmo volta, volta toda a insegurança pré tratamento. E a Ferrari volta a ser aquela fusca 1966 que você se sentia antes.
Uma vez vi uma palestra do Professor Marins e ele disse que: FOCAMOS O ÓTIMO E DEIXAMOS PASSAR O MUITO BOM. Nada mais TDAH; e ele falava sobre empresas e empresários.
Mas essa é a essência da auto sabotagem: mirar o impossível! Mirar o inatingível! Mirar a perfeição!
Você jamais vai atingi-la.
Nem como TDAH nem como 'normal'. Ninguém é perfeito!
Você vai continuar errando sim! Vai continuar esquecendo sim! Mas muito menos do que antes. Com menor frequência, com menor intensidade, com menor gravidade.
Não acredite em milagres. Eles não existem no tratamento do TDAH.
O que existe é um dia após o outro, uma caminhada diária com momentos tranquilos e outros nem tanto.
O importante é você tratar-se e saber-se portador de uma doença e como tal se preparar para enfrentá-la.
Quem tem colesterol alto precisa restringir alguns alimentos, fazer exercícios; o diabético precisa abrir mão do açúcar, essas coisas. Você precisa conhecer a sua doença para enxergá-la agindo e aprender a combatê-la. Crie estratégias para lembrar-se de compromissos; pense dois segundos antes de dar aquela resposta; confira mais de uma vez seu trabalho antes de entregá-lo; adiante seus relógios, crie maneiras de diminuir o peso da sua vida.
E o principal: perdoe-se se você errar.
Todo mundo erra, TDAH ou não.

terça-feira, 12 de março de 2013

TENHO TDAH, E AGORA?






Depois da reportagem do Fantástico o número de acessos a esse blog explodiu. Ainda que a reportagem tenha sido superficial e ter abordado apenas uma das características marcantes da doença, teve o enorme mérito de divulgar essa doença desconhecida e que mina a vida de milhões de pessoas pelo mundo afora.
Recebi desde ontem um número enorme de comentários, emails e depoimentos repletos de dor e perplexidade. Para quase todas as pessoas que escreveram o TDAH era uma doença desconhecida e elas, até então, se sentiam inúteis, preguiçosas e sem caráter.

Pois bem, você se encaixa em quase todas as características do TDAH; e agora, o que fazer?

1) Primeiro lugar procurar um médico. No site da ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção) www.tdah.org.br, existem vários profissionais cadastrados em um monte de cidades do Brasil. O cadastro no site da ABDA não é uma indicação de qualidade ou competência, apenas indica que aquele  profissional trata de TDAH. Se na sua cidade não tiver um profissional cadastrado, procure um psiquiatra ou neurologista que trate TDAH.
2) NÃO SE DESESPERE! Descobrir-se TDAH não é uma condenação, é uma libertação. A partir de agora, você sabe que tem uma doença tratável. Ainda não tem cura mas você não é um cretino(a) preguiçoso, indolente e mau caráter como tentaram te fazer crer a vida inteira. Leia tudo o que puder sobre o TDAH, saiba como ele age e passe a observar seu comportamento. Antes mesmo de tomar o medicamento você começará a enxergar o TDAH agindo na sua vida e poderá impedi-lo de destrui-la ainda mais.
3) VIDA É CARREIRA SOLO! Não espere nada da sua família. Principalmente apoio e compreensão. Claro, nem toda família é igual e aparecendo no Fantástico pode ser que muita gente passe a acreditar. Mas, na maioria dos casos a família não ajuda em nada. Omite-se. Portanto, a vida é sua! Você quer sair desse atoleiro. Então saia! Conte com seu médico, com seu remédio, com seu terapeuta (se o dinheiro der), e com você mesmo. Trate-se! Você vai se surpreender com a sua capacidade de concentração e com sua força pra mudar seu destino.
4) TOME O REMÉDIO! Esqueça o monte de asneiras que falam sobre os remédios para TDAH, principalmente sobre a Ritalina. Não causa dependência ( eu vivo esquecendo de tomar, no fim de fevereiro último fiquei uma semana sem remédio e não tive síndrome de abstinência), não é cocaína legalizada nem nada disso. É apenas um remédio que aumenta nossa concentração, nossa disposição e melhora o desempenho de quem, como nós, tem uma deficiência química no cérebro. Tem efeitos colaterais? Tem. Nada desesperador. Em alguns casos tremor nas mãos - nas primeiras semanas - perda de fome - também no princípio - dor de cabeça - em pouquíssimos casos - e alguns outros efeitos desagradáveis. Diferentemente de outras doenças, o TDAH requer que você tenha um canal aberto com seu médico para avisá-lo em caso de efeitos muito desagradáveis, casos em que você deverá ajustar a dose, a forma de tomar ou mesmo trocar de remédio. Existem poucas opções para o nosso caso: Ritalina e Ritalina LA (esta última efeito prolongado, me causou muita irritação), Concerta ( o mesmo princípio ativo da Ritalina) e a grande novidade do mercado é o Venvanse, um novo princípio ativo que nos mantém produtivos por muito mais tempo. O maior efeito colateral do Venvanse é o preço, quase trezentos reais a caixa. Por isso ainda nem experimentei. A Ritalina comum é baratinha, menos de dezesseis reais a caixa, a LA e o Concerta estou por fora do preço atual.
5) COMORBIDADES! Esse palavrão é muito importante pra todos nós. Essa palavra significa que em muitíssimos dos casos de TDAH existe uma outra doença associada. Exatamente. As mais comuns são: depressão, ansiedade e transtorno de humor. Nas crianças costumam vir também dislexia e outros distúrbios que não sei exatamente quais são. Então, se você acha que tem depressão deve ter mesmo; se você é ansioso demais, pode ter que tratar da ansiedade também; e se você - assim como eu - tem um humor extremamente volúvel, deverá ter que tratar-se dessa comorbidade além do TDAH.
6) O TRATAMENTO É FÁCIL E RÁPIDO! 
    O TRATAMENTO É LONGO E PENOSO!  Duas mentiras! Nada, mas nada mesmo, é fácil e rápido na vida de um TDAH. Mas existe uma grande diferença entre um tratamento longo e um tratamento duradouro. Os efeitos dos medicamentos são muito rápidos, se associados ao Coaching, ou a uma terapia ou psicanálise são ainda mais rápidos. Mas, não tem cura, portanto você vai tomar o remédio enquanto a cura não surgir. Isso é um tragédia? Claro que não! Você convive com essa droga desse TDAH a vida inteira destruindo a sua vida, não serão uns comprimidinhos que vão te fazer desistir da sua vida.
7) MITOS INFANTIS SOBRE O TDAH: 
 Que coisa horrível, vou tomar remédio tarja preta a vida inteira!  Acorda! Horrível é viver sendo ridicularizado por suas falhas; viver com dedos apontados, apelidos jocosos e se sentindo o pior dos mortais. Se o remédio faz bem, tome-o até a próxima encarnação.
Todo mundo vai saber que eu sou doida(o): Pra que contar pra todo mundo? Que benefício isso te trará? Vou contar-lhes um segredo: você sabe que eu tenho TDAH, meus colegas de trabalho não. Não conto pra ninguém sem que eu veja importância em contar. Não vai acrescentar nada na minha vida.
RITALINA CAUSA IMPOTÊNCIA/ FALTA DE LIBIDO Mentira! Acho que eu preferiria não tratar se assim fosse. Trato há mais de dois anos e não sinto a menor diferença; nem minha namorada.
Não existe TDAH em adulto! Se o médico escolhido disser algo do gênero levante-se e saia do consultório. E não pague a consulta. Ele é um desinformado. Portanto, ao marcar a consulta pergunte se ele trata de TDAH.
Bem, espero ter contribuído. Deixem seus comentários, discutam entre si, desabafem à vontade; esse espaço é para isso mesmo. Não estamos sozinhos, temos um ao outro pra dividir nossas dificuldades e conquistas. Acreditem em vocês, nas chances da sua vida. Você pode mudar sua história!
Boa sorte!
E contem comigo.


sábado, 9 de março de 2013

TDAH SEM VERGONHA






Novo post originário de um comentário.
Recebi agora a pouco um depoimento triste de uma moça de 33 anos que reclama da vida, dos erros, da falta de concentração e de não ter conseguido formar-se num curso superior.
Ela já foi diagnosticada, já usou Ritalina e abandonou o tratamento. Foi jubilada na faculdade, fez novo vestibular, foi aprovada, mas tem vergonha de retomar o mesmo curso em que foi jubilada.
Sua história é muito triste amiga, mas foi toda plantada por você.Inconscientemente, claro.
Você foi diagnosticada, sentiu-se melhor com a Ritalina e a abandonou. Isso não é nenhuma novidade; você não foi a primeira nem será a última. Mas por que você a abandonou se te fazia bem? Provavelmente achou que podia viver sem ela. A um custo altíssimo você está concluindo que sem ela sua vida fica quase insuportável. Então esse é o primeiro passo Luísa: retomar seu tratamento.
O segundo passo, tão urgente e tão grave quanto a retomada do tratamento é ir às aulas na faculdade em que você foi legitimamente aprovada. Você alega estar com vergonha. Vergonha de quê? De ter sido aprovada no vestibular? De retomar algo que você iniciou e teve que interromper por motivos que só interessam a você? Isso não é vergonha, Luísa, isso é auto sabotagem. Você possui sabotadores internos fortíssimos e está, de novo, cedendo a eles. Em primeiro lugar, você deve se orgulhar de ter passado de novo no vestibular. Pra quem se diz burra, lerda e dispersa, ser aprovada em dois vestibulares é uma façanha. E é mesmo.
Em segundo lugar, TDAH não tem vergonha! TDAH enfrenta! TDAH renasce! TDAH reergue-se!
Mergulhe nas informações sobre sua doença (fora dos horários de aula, pelo amor de Deus), tome seus remédios, tome conta de você mesma, de suas reações, de seus sentimentos, de seus impulsos. Conhecendo sua doença você pode agir conscientemente contra ela. Assuma as rédeas de sua vida. Você não é o TDAH! Você é portadora e não vítima. A vida é sua e só você pode mudá-la.
Todos nós, eu, esse blog e cada um de seus leitores estará torcendo pela sua vitória. Eu estarei sempre aqui à sua disposição, o blog também pode servir-lhe de alento e auxílio em momentos difíceis; mas só você, Luísa, pode mudar o rumo de sua vida. Então mude-o.
Seu prazo de coitadinha está vencido. Erga-se, o TDAH que nos derruba é o mesmo que nos dá força e cara de pau para nos reerguermos.
Todos nós passamos por dificuldades, sofremos, choramos, nos auto sabotamos e ferramos com as nossas vidas; mas depois que descobrimos o TDAH, nos tratamos, esse papel não nos cabe mais.
Temos de deixar esse papel de coadjuvantes de nossa própria vida para passarmos a protagonizá-la.
Você está diante de uma grande encruzilhada, ou ergue-se, descobre a sua vida e vai vivê-la na plenitude ou atira-a no lixo e curte o resto da vida o papel de coitadinha irresponsável da família.
Você pode, minha amiga! Você conseguiu ser aprovada em dois vestibulares sem tratamento. Você já deu provas a si mesma de sua força e capacidade. Não se esconda atrás de desculpas vazias, vá pra faculdade e transforme-se num exemplo de superação, de recuperação. Não para os outros, mas pra você mesma.
Vergonha não é desculpa.
TDAH não tem vergonha. TDAH tem coragem!
 

sexta-feira, 8 de março de 2013

O TDAH E A FERMENTAÇÃO MENTAL





Esse blog é um aprendizado e uma fonte inesgotável de inspiração pra novos posts.
Uma amiga virtual mandou um comentário sofrido sobre o TDAH de seu filho, abaixo descrevo um trecho:

as vezes chora por algo que aconteceu muito tempo atrás.... é como se o acontecido tivesse acontecido ontem... ele guarda mágoas e quando se sente pressionado descarrega tudo achando que o assunto tá vivo na memória de todos... mas só tá vivo na memória dele.

Esse comentário avivou-me velhas características; a fermentação mental de fatos e sentimentos.
Quantas vezes guardei frases, gestos e momentos aparentemente inofensivos para despejá-los sobre o alvo em um momento de fúria. Em geral ao revolver essa sopa de sentimentos o opositor ( no meu caso, em geral, é opositora) é surpreendido por revelações bombásticas sacadas do fundo de um baú velhérrimo. Quase sempre a pessoa não se recorda de ter dito ou feito aquilo, ou então o ocorrido não teve qualquer importância para ela. Mas para mim foi uma frase capital, uma agressão gravíssima ou envenenada por segundas intenções.
O famosíssimo 'caçar chifre em cabeça de cavalo'.
A mente fermenta tudo aquilo e, como numa cultura bacteriana, o mal cresce e ali se multiplica tomando proporções gigantescas.
Então, você que não sabe do que se passa na minha cabeça, se aproxima e faz uma pequena observação casual, coisa simples e corriqueira.
Aquilo que entraria no ouvido dos 'trouxas' macio e redondo, nos nossos ouvidos sensíveis entra raspando e machucando até bater forte e pesado sobre nossa , em geral, baixíssima auto estima.
Sai de baixo amigo. Subitamente, aquele vulcão que parecia adormecido explode violentamente espalhando sua lava raivosa por todos os lados.
A vítima fica atônita, completamente surpresa com a reação desproporcional e virulenta.
Curtimos nossas falhas, nossos erros, e fermentamos nossa culpas à maneira de um recém egresso do sistema prisional. Tudo o que é falado, principalmente críticas, soa como uma menção ao último erro. Não importa quanto tempo já tenha decorrido. A culpa não permite que o erro se apague e nos tortura continuamente, nossa eterna companheira de quarto.
Sempre tememos encontrar testemunhas de nossas falhas; sempre nos sentimos julgados, como se dezenas de dedos estivessem apontados contra nós. Erramos, mas ao contrário do que pensam os 'trouxas', não somos desprovidos de caráter, muito menos amorais, somos pessoas normais que muitas vezes não conseguem controlar os próprios impulsos e passam longos períodos se cobrando, sofrendo em silêncio e tendo a mente envenenada por pensamentos de censura e auto punição.
Muitas vezes tive vontade de me mudar de cidade, de país, de vida, como forma de escapar da vergonha de algumas atitudes que tomei. Nem sei por que não o fiz. Mantive-me impávido externamente, mas numa luta interna terrível que levou-me a um maior isolamento e a um 'abandono' de relações de amizade e comerciais que hoje me fazem falta.
Se hoje estou melhor, ainda não me sinto completamente liberto da cobrança. Descobrir-me TDAH ajudou no processo de auto perdão. E aí está a chave de tudo: o conhecimento.
Não vamos cair na tentação de que tudo o que fazemos é fruto do TDAH ou que seríamos santos sem ele; nada disso. Mas o TDAH torna nossa luta mais difícil, nossas barreiras mais altas, nosso caminho mais pedregoso.
Alguém certa vez (desculpe se não me lembro o nome) me disse num comentário que o que precisamos é ganhar dois segundos. Precisamos de dois segundos para reprimir a palavra de ódio, a atitude impensada, o momento do desastre. É nisso que eu penso: cale-se! Esse não é você é a doença!
Confesso que nem sempre funciona, mas qualquer vitória é vitória; qualquer passo é avanço; qualquer silêncio é paz.
Pense nisso! São apenas dois segundos.


PS.: Pensando em quem convive conosco, creio que a melhor alternativa seja o diálogo pós explosão. Os envolvidos devem mostrar ao TDAH que aquele assunto já estava morto, sepultado e que os comportamentos de hoje não estão, necessariamente, vinculados àquele momento específico. Talvez seja esse o principal papel da família e dos cônjuges, desmistificar o erro, deseternizar a falha (sei que a palavra não existe mas o sentimento sim), mostrar ao portaDOR que a vida seguiu e aquele momento passou.
Mas por favor, deixem a dor diminuir um pouco antes de abordar o assunto e não aborde como censura ou conselho, mas como diálogo.

quarta-feira, 6 de março de 2013

RECAÍDAS DO TDAH




Recebo inúmeros comentários entristecidos por recaídas.
São comentários doloridos, frustrados, decepcionados. Alguns até descrentes do tratamento ou do remédio.
O TDAH é incurável.
A Ritalina não é milagrosa. Nem o Concerta. Nem o Venvanse. Nem nenhum outro medicamento.
O tratamento do TDAH é um processo. Um processo de um passo após o outro, entremeados por quedas menores ou maiores.
As quedas fazem parte de qualquer caminho e do nosso também.
Não podemos nos desesperar, nem nos condenar à danação eterna. Precisamos olhar pra trás, enxergar o que nos derrubou e criar estratégias para não incorrer no mesmo erro. Mas consciente de que aquela estratégia que criamos pode não ser infalível. Podemos errar novamente. Por isso é importante um diálogo aberto com nossos médicos, psicólogos e coachs. Precisamos nos cercar de profissionais conscientes do que é um tratamento de TDAH e que nos acolham. O tratamento do TDAH é complexo e duradouro, precisamos de apoio ao longo do tempo. Experimentar novos remédios, novas dosagens, novas formas de terapia, sei lá, se as quedas são maiores do que os passos, é hora de mudar algo na vida. No tratamento.
Não se auto flagele. Não se puna. Cairemos muitas vezes, mas levantaremos quantas vezes forem necessárias. Essa é a maravilhosa contradição do TDAH, a doença que nos derruba é a mesma que nos dá força para reerguemo-nos. Né meu amigo Frank!
Não nos atiremos do abismo, nós seremos a única vítima.
Outra coisa, como diz minha coach, Luciana Fiel, vida é carreira solo. Não espere apoio da família ou dos amigos, em geral ninguém entende o que é o TDAH e nem dão muita importância a ele. Preferem nos encarar como aqueles irresponsáveis que eles amam, e ignoram nossa luta contra a doença.
Trate-se apesar da sua família.
Os benefícios serão seus, a sua vida vai mudar.
Vivo me boicotando, me auto sabotando, procrastinando e levando ferro por isso, mas hoje enxergo isso e não me puno. Tento reverter esses erros, tento não os repetir e sigo em frente.
Pense no seguinte: antes do tratamento você cometeu erros escandalosos e seguiu, agora, esses erros são menores, mais suaves, não vai ser agora que você vai retroceder ao estágio inicial e atirar todo o esforço feito até aqui.
Esqueceu? Anote.
Não leu a anotação? Ponha um aviso sonoro, ou piscante, ou peça alguém pra te lembrar.
Falou o que não deveria? Peça perdão, abra sua alma e mostre que apesar do seu esforço, ainda falha.
Adiou? Cumpra com atraso. Foi irreversível?  Então esqueça, você não pode mudar o passado. Use como exemplo não como tortura.
Foi impulsivo demais? Retroceda. Não dá pra retroceder? Esqueça, já passou. Não dá pra esquecer? Use como aprendizado, não como tortura.
Chega de se auto prejudicar, se auto flagelar, se auto punir.
Os 'trouxas' - como dizem no Harry Potter sobre quem não é bruxo - também esquecem, também falham, também perdem a cabeça, por que nós não podemos?
Todos erramos, trouxas ou TDAHs, portanto, saiba diferenciar o erro da doença.
Analise se ali onde você errou outras pessoas poderiam ter errado e bola pra frente.
A vida é pra frente, pra trás é aprendizado.
TDAH é doença e, portanto, pode ter recaídas.
E nós não somos perfeitos, nem os trouxas.
Ao infinito e além!

domingo, 3 de março de 2013

O CIÚME DE UM TDAH ESCORPIANO


Posso contrariar todas as minhas características.
Tanto aquelas típicas do TDAH, quanto aquelas que caracterizam o signo de Escorpião, ao  qual pertenço. Embora eu não acredite em horóscopo encaixo-me perfeitamente nas principais características do meu signo. Passional, sedutor, ansioso, apaixonado por transformações, crítico, sarcástico. Tudo isso cai como uma luva, mas uma das maiores características do signo de Escorpião e de pessoas intensas e passionais como os portadores de TDAH, eu não tenho: ciúme.
Não falo daquele ciumezinho gostoso e suave que sentimos da pessoa amada; esse tenho e até gosto. Mas daquele ciúme possessivo que proíbe a amada de usar certas roupas, cumprimentar certas pessoas, ou outras atitudes infantis típicas dos ciumentos exacerbados.Que obviamente valem para ambos os sexos.
Em primeiro lugar, se eu tiver que proibir ou cercear a liberdade de alguém por medo de perdê-la; já está perdida.
O amor só existe se for opcional. O amor verdadeiro está na liberdade. Inclusive na liberdade de sair e retornar para o convívio da pessoa amada.
Quero ver minha mulher linda, o mais linda possível. Jamais vou proibi-la de usar esta ou aquela roupa por temer que chame mais atenção. Proibir uma determinada roupa ou um determinado comportamento é começar a matar a pessoa pela qual me apaixonei. Se eu mudá-la , ela deixará de ser a pessoa que me encantou, que despertou minha atenção e a tornou diferente de tantas outras que conheci ao longo da vida.
Ciúme é insegurança, é desconfiança, sentimentos que minam o amor e a convivência.
Não há amor na dominação e na posse.
Amor é poder ir e querer voltar.
Só há vida onde há liberdade!
Sem liberdade, a vida definha até a morte.
Só há amor onde há vida!
Defendo essa liberdade com a intensidade de um TDAH escorpiano!