domingo, 23 de janeiro de 2011

ZÉ BUSCAPÉ. O ISOLAMENTO DO TDAH.





Ganhei esse apelido das minhas filhas.
Para quem nao se lembra, Zé Buscapé era um desenho que contava a estória de uma família de ursos extremamente anti-social. Zé Buscapé era o chefe dessa família e só se levantava de sua rede para atirar em qualquer visitante que aparecesse em seu sítio.
Pois é, fiquei com essa fama.
E faço jus a ela.
Eu que fui um adolescente extremamente sociável, aos poucos fui me retraindo, retraindo até me transformar num ermitão.
Deixei de comparecer a eventos em que eu (no caso minha empresa) era um dos patrocinadores. Eventos importantes, cheio de pessoas que eram meu público alvo. Não fui. Fiquei em casa assistindo TV. Minhas filhas quase me mataram quando souberam.

Não tenho nenhuma desculpa plausível. Não fui por uma preguiça de ver gente, de ficar conversando. Eu queria ficar em casa, quietinho, fazendo o que eu queria e gostava.
Imagine uma loja de tintas que patrocina um evento da maior loja de móveis e estofados da cidade. Uma loja caríssima, de renome nacional, voltada para o público A. Além da mostra de decoração da loja, existe uma revista com a fotografia dos ambientes, exibe a logomarca dos patrocinadores e um super coquetel de inauguração. Só gente chique, clientes em potencial e muitos deles já haviam comprado em minha loja. Eram meus conhecidos. Nada adiantou. Não fui e pronto.
Ontem, pequisando sobre TDAH, encontrei em um site chamado "www.tdahemfoco.com.br" um texto com o título: TDAH causa isolamento ao longo da vida. Muito interessante. Aborda a questão do sentimento de inadequação, da sensação de ser menos, de ser inferior, que acaba levando ao isolamento, meio como forma de autopreservação.
Confesso que este é um sentimento difícil de se definir. Não sei exatamente se é essa a razão, não quero cair na tentação de colocar todos os meus defeitos na conta do TDAH. É uma ótima solução para não tentar melhorar outras características ruins que certamente tenho. E que não são culpa do TDAH.
Mas, voltando ao assunto. Não consigo definir se é esse sentimento de "ser menos" o que me levou a esse isolamento, mas eu tenho esse sentimento. Um sentimento de que minha vida é um erro. Tudo meu é mais difícil, mais complicado, mais pesado. O fato de não ter conseguido terminar nenhuma faculdade e o pior;  falei minha vida inteira que gostaria de ter sido professor de História mas, nos últimos tempos, tenho tido vontade de fazer faculdade de Publicidade. Aos 50 anos, mudando de vocação dá um sentimento estranho demais.
Será essa a causa de meu isolamento?
Tento buscar as razões mas não encontro.
Só sei que evito aceitar convites, sei que não comparecerei.
O mais estranho; se vou gosto! Me dou muitíssimo bem, gosto de conversar, modéstia a parte, sou ótimo de papo, alegre, divertido, simpático. Mas quebrar a inércia, sair de casa para encontrar quem quer que seja, isto é muito, mas muito, pesado.
Gosto do meu mundo. Da minha casa. Das pessoas que escolhi para conviver.
Quando comprei minha tv de plasma falei para minha esposa: agora é que não saio de casa nem amarrado.

43 comentários:

  1. Ei, eu te conheço! vc é tipo eu só q na versão masculina.Estou lendo sem parar e me identifico muito com tudo q vc diz .So descobri q o que eu tinha era TDAH quando fui tirar a carteira de motorista . Sou uma pequena tempestade q ganha proporçoes gigantescas . Tô tentando me reduzir a um simples grãozinho de areia e quem sabe me tornar inexistente.
    De qualquer forma obrigada .Nunca tinha encontrado um site tão bom sobre TDAH como o seu .Parabéns.

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    1. Rá! Eu tb descobri ou desconfiei quando fui tirar a CNH! Haha!

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    2. Que legal, Avoada!
      Está passeando pelos meus velhos textos!
      Fico feliz de ver isso.
      Abração
      Alexandre

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    3. gente.. pelo visto essa carteira pega todos nós. eu também descobri assim!

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  2. Putz... acabei de encomendar minha TV de Plasma... to ferrado

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    1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Perfeito!!! Você descreve e escreve muito bem... Paz e sucesso!!!

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  4. Fui eu que escrevi acima. Quero dizer mais: Estou lendo quase todos os seus textos. Parabéns. Eliana.

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    1. Puxa, fico honrado com isso.
      Obrigado principalmente por seus comentários, eles são muito importantes pra mim.
      Um abraço
      Alexandre

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    1. Você nem imagina como esse post está desatualizado. De lá para cá fiquei muito, mas muito, mas muitoooo pior. Muito mais isolado.
      kkkkkkkkkkkkkkk
      Se fosse hoje o título seria: ZÉ BUSCAPÉ MORRERIA DE INVEJA!
      KKKKKKKK
      Muito obrigado!
      Um abraço
      Alexandre

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  6. O sentimento de inferioridade invade a mente do TDHA. Creio que isto seja efeito de uma comorbidade gerada por este transtorno. O fato de nos sentirmos inferiores pode estar relacionado ao tempo de escola, quando não prestávamos atenção aos professores e nas inúmeras vezes que não respondemos aos questionamentos deles, resultando nos apelidos que a maioria dos TDAH já tiveram "burro".

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    1. Fábio, e no meu caso, quanto mais o tempo passa, mais eu me isolo. Hoje já consegui me isolar mais do que quando escrevi esse post.
      E não estou vendo muita solução...
      Um abraço
      Alexandre

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  7. Nossa Alexandre ainda não tinha lido esse texto, mas caiu como uma luva para mim. Tb sou como vc super socialvel, engraçada, enfim acho q todo tdah é uma boa companhia. Mas, a descoberta do tdah ano passado me fez desejar sozinha e a cada dia que passa esse sentimento vai aumentando... tenho certeza q não é depressão, pois fico muito feliz, e acho que gosto tanto pq são neles q consigo esvaziar a cabeça (ao menos tentar kkkk). Acho que, pelo menos no meu caso, essa necessidade de ficar só é pq apesar de amar conviver, a convivência exige muito do tdah: temos q ter atenção nas conversas, sem tentar prestadar atenção na conversa ao lado mais interessante kkkkkk evitar não derrubar as coisas, a não perder o fio da miada nas conversas, enfim, exige muito do nosso cérebro.
    Não sei se isso vai te deixar melhor, mas acho que ser um Zé buscapé é uma forma de defesa e sobrevivência do tdah, q só se torna aceita para nós depois do diagnóstico. Pois, antes de sabermos q temos tdah, não nos permitimos muito a esses luxos. Abraços. Até mais!
    Aline.
    Ah, tenho um texo sobre esse assunto no meu blog, se quiser de uma passadinha lá. http://namentedealine.blogspot.com.br/2012/12/o-direito-de-ficar-so.html

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    1. Bom dia,Aline!
      Na verdade eu já pensei em fazer um post sobre esse assunto com o título: Zé Buscapé morreria de inveja!
      Verdade, meu isolamento aumentou muito nos últimos seis meses, uma infinita vontade de ficar só e quieto. Mas, ano novo vida nova, eu decidi ainda no final do ano passado me obrigar a sair de casa e rever amigos e família. E na verdade tem sido muito bom.
      Cheguei ao limite e precisei sacudir a poeira. Jamais serei do tipo que me expõe o tempo todo, gosto da solidão e de estar comigo mesmo, e só escrevo quando consigo me isolar. Isso já aconteceu em locais públicos, mas é mais raro.
      Vou ler seu texto, gosto muito do que você escreve.
      Abraços
      Alexandre

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    2. É, estou no mesmo barco que vocês. Não sei se tenho TDAH, pelo menos nunca fui diagnosticada. Ao contrário, tive diagnóstico de bipolar tipo II em 2011 mas, como disse em outro post, não sei se é só isso o que me acontece. Existe algo mais. Bom, enfim, o fato é que o isolamento também me atinge e confesso que adoro, me culpo, claro!. Mas tenho prazer em ficar só, no meu canto, com minhas coisas, horas a fios, dias e dias sem por o pé na rua. Concorco com a Aline quando diz que o isolamento é uma forma de defesa e sobrevivência, acho mesmo que é uma estratégia que nós usamos, consciente ou inconscientemente para conseguirmos um pouco de paz. Mas também creio que o isolamento é uma maneira de conseguirmos ser quem realmente somos. Eu, pelo menos, me sinto assim. Quando saio de casa, especialmente para eventos que envolvam muitas pessoas, acabo vestindo uma máscara que oculta o que está acontecendo dentro de mim. Quando estou lá, gosto de conversar, de rir e fazer os outros rirem (coisa que, por sinal, faço bem, rs). Mas, por outro lado, é muito difícil disfarçar o turbilhão que acontece dentro da minha cabeça. Meu pensamento se divide em milhões de pequenas partes... uma que presta atenção em cada grupo de conversas que está rolando ali, outro que olha e analisa a decoração tentando imaginar como foi feito tudo (amo estética e mais ainda replicar as coisas que acho bonitas)para fazer igual. Outra parte começa a ter mil ideias, para mil coisas diferntes que posso fazer com tudo aquilo que estou absorvendo naquele momento. Explico: sou artista plástica e designer, então sempre que vou aos lugares minha mente tem novas ideias, mill projetos, baseados naquilo que estou vendo. Vai desde um móvel novo, até novas formas de fazer uma escultua ou algo assim. Enquanto tudo isso acontece dentro da minha cabeça, a pessoa está falando comigo, ou achando que está falando comigo, e eu necas de prestar atenção, até que ela diga: "concorda comigo?" e eu sou obrigada a concordar mesmo sem ter a menor noção do que a dita cuja está falando. Já passei por tantas saias justas...
      Desisti da carreira de engenheira química para fazer artes visuais e a duras penas consegui me formar como artistaplástica. Tudo para ficar em casa, trabalhar em casa, me isolar. Tambem sinto que estou pior a cada ano porém, não tenho esse sentimento de inferioridade. Ou pelo menos nãoacho que tenha. Ao contrário, muitas vezes me acho até especial, sentimento que quase sempre convive com a culpa. Exemplo: "me sinto especial, mas ora bolas, será que é certo eu me sentir assim? Se sou tão especial, porque minha vida é um caos? Tenho 38, não constitui familia, não tive filhos, não casei, nem casa eu tenho, voltei a morar com minha mãe. Que tipo de vida é esta? Aonde vou parar assim? Vou acabar numa dessas comunidades alterntivas auto-sustentáveis que vivem isoladas na mata..." Este último pensamento me agrada muito, rs. Construí meu mundo dentro de casa. Meu ateliê, minha oficina no fundo do quintal, meu escritório com os computadores e livros que tanto adoro. Aí você me pergunta, "mas vc não tem vida social?" Tenho sim, socializo com minhãe e meus 12 cães e 2 gatos. Não preciso sair de casa. Mas me culpo por isso, e essa culpa me corrói. Se fosse tentar achar uma frase pra descrever o que sinto sobre essa questão do isolamento, eu diria que é "uma felicidade ácida". Abçs

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  8. Alexandre,

    Escrevi vários comentários mas parece que não foram publicados...qual é o seu e-mail?
    Obrigada

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  9. Olá Alexandre, a pouco menos de 1 mês descobri seu blog, e sinceramente.. está sendo um grande apoio. ..

    Meu tratamento, esta a completar seu 4° mês.. estou na fase de testes de medicação, e não está sendo nada facil.

    De todos os seus post, o que mais me tocou foi esse **estou em lágrimas rs**

    Eu sempre fui aquela menininha criada pra ser uma grande mulher, educada, com boas notas, comunicativa, muito sociavel.. mas em meio disso tinha a esquecida, a irresponsavel, desinteressada..o potencial que se auto boicotava!

    Descobri meu TDA, atraves do meu irmão, que é TDAH.. e hoje vejo cada detalhe, caracteristica, atitude, erro que tomei, é parte dessa caracteristica; mas SEMPRE fui criticada pelo negativismo, pelo esquecimento, pela desatenção.. e vejo que isso foi me lapidando aos poucos..

    Ultimamente tenho percebido que não saio mais.. que ficar nesse meu pequeno grande mundo tumultuado é bom..Tinha medo de acabar entrando em uma depressão.. mas fico tranquila em saber que não é esse meu destino, e que posso continuar optando por essa valvula de escape ..

    JAMAIS DEIXE DE ESCREVER PLEEEASE :D

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    1. Pra não perder o costume, tinha que pular alguma parte ¬¬. kkkkkkk

      *Ps: Jhenifer*

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    2. Bom dia, Jhenifer!
      Desculpe não tê-la respondido antes, nem sei por que não o fiz.
      Acabamos aceitando os rótulos, nos deixando esmagar pelas críticas. Essa observação final, a respeito do seu nome diz tudo, 'pra não perder o costume'. Fomos tão rotulados que nos rotulamos, nós mesmos nos criticamos. Pense, Jhenifer, quantas pessoas com e sem TDAH podem ter cometido a mesma desatenção que você? Mas temos de nos criticar, temos de manter nossa sina. Muito triste né?
      Ainda sou muiiiito assim. Mesmo com a Ritalina.
      Acho que o diagnóstico do TDAH adulto tem essa dificuldade adicional, criamos nossos mundos, nossas maneiras de sobreviver e nenhum remédio é tão potente a ponto de mudar tudo isso.
      Abraços
      Alexandre

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  10. Muito interessante seu texto. Eu diria que tenho preguiça também de ir aos lugares. Só de pensar em ficar mais de 2 horas no mesmo lugar já me deixa ansiosa. Fui diagnosticada há 3 anos. Tenho 45 e posso dizer que me entendi somente depois desse diagnóstico e melhorei com o tratamento. Mas essa coisa social me incomoda, tem a coisa de se achar menos, mas eu acho que o que mais pega mesmo é como disse a amiga acima o esforço mental. Quando eu ia a churrascos eu tinha horror a ficar mais de 2 horas falando com as mesmas pessoas. Enjoava logo, arrumava um jeito de ir embora ou se fosse em família eu me isolava num programa interessante de TV ou numa leitura ainda mais se o evento fosse entediante.
    Muito legal seu blog. Eliane

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  11. E como sempre, esquecendo uma parte..kkk.. quando eu saio acabo me divertindo também, sei que tenho um papo interessante, sempre estou numa roda de amigas dando boas gargalhadas. Que coisa isso, não? Mas também amo estar em casa. Meu filho tem 23 e comentou a mesma coisa comigo que para ele sair tem que ser algo muito interessante senão prefere ficar em casa ler algo, jogar, estudar. Eliane

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    1. Sabe que é isso que mais me cobro, Eliane!
      Quando eu saio eu adoro, morro de rir, sou ótimo de conversa. Mas prefiro ficar em casa, sempre.
      Falei no comentário acima, ao ser diagnosticado adulto, enfrentaremos uma barreira a mais no tratamento: nossas próprias estratégias e defesas pra sobreviver. Criamos hábitos e formas de vida muito difíceis de serem rompidas. Aja terapia !
      Abraço
      Alexandre

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  12. Também sou EXATAMENTE - REPITO - E X A T A M E N T E ASSIM (ZÉ BUSCAPÉ)! Pior, SOU 110% ASSIM! O problema é que eu estou num processo de amor e ódio comigo mesmo! Eu brigo comigo mesmo e me acho um psicopata que prejudico a mim e a outros próximos.

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    1. Calma, não se puna, temos uma doença não somos psicopatas.
      Se auto odiar em nada vai colaborar, perdoe-se e tente mudar o rumo de sua vida.
      Trate-se, essa é a melhor solução!
      Abraços
      ALEXANDRE

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  13. Uh.. ando assim. Festa sempre foi comigo. Era aquela que reunia e apresentava as pessoas..minha casa nao ficava vazia. Se nao era um drink com amigos, era um jantar, farra mesmo.. Diagnosticada a 4 meses, com 31 anos, uso ritalina 10 e.. nem pense em me convidar para absolutamente nada.
    So em pensar no que devo vestir, a que horas comecar a me arrumar pra dar tempo, ja desisti e meu humor, putz, que humor.


    O mais dificil que ando percebendo e que as pessoas nao andam entendendo. Enfiar na cabeca de alguem o que e tdah e que voce tem isso, sem parecer que esta ze fazendo de vitima do mundo ou dando desculpas esfarrapadas... Vontade de sumir.

    Silvia

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    1. Não entendi, Silvia, você piorou depois do diagnóstico?
      Em geral somos assim por culpa do TDAH e não do tratamento.
      Não faça do TDAH um problema a mais em sua vida.
      O tratamento é uma libertação encare dessa forma.
      Outra coisa, não fique falando pra todo mundo que você é TDAH, a maioria das pessoas não entende e nos sentimos ainda pior.
      Abraços
      Alexandre

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  14. Hoje encontrei essa riqueza para quem sofre de tdah, reconstruindo a vida, que maravilha ler e saber essas informações. Hoje estou com 39 anos e tentando saber o que tenho, com tudo que venho pesquisando de um mês para cá sobre tdah já sei que tenho.Tive um diagnóstico de depressão e tomo sertralina faz 8 meses. Na verdade minha vida foi boa pelo meu otimismo, em meio a muitas lágrimas, isolamento, uma faculdade que não exerci ainda,uma viuvez quando estava gravida de 2 meses, e hoje meu filho tem 14 anos que talvez tenha tdha também.Não sei ao certo quando minha falta de concentração em ter foco começou, porém sei que minha cabeça sempre foi a mil, pensando mil coisas ao mesmo tempo, muitos projetos que nunca sairam do pensamento, escutar uma palestra pelo radio e ler um texto importante ao mesmo tempo, estudar e ver tv ( na adolescencia), afrontar minha capacidade de concentração quando era adolescente e ficar sem nenhuma concentração depois dos 30, ou 25... a ponto de iniciar a leitura de um livro e se perder em pensamentos logo no segundo paragrafo, ao final da pagina, li tudo e não prestei atenção em nada, pois meu pensamento voou para as contas a pagar, a escola do filho, a consulta, as provas de concurso, matéria, academia que pago e nunca vou, inglês que preciso estudar para não esquecer..parece que sempre fico no vou fazer, preciso e nada sai do lugar... que drama.No ano 2002 fui num psiquiatra pois percebi que eu comecei a me sentir insegura, incapaz de tudo, com medo de dirigir em estrada,medo de não conseguir reorganizar minha vida , ao lado disso críticas você é esquecida, estabanada, tudo que vc pega quebra, vitima nao se faça de vítima.. ai gente sabe quando eu lembro de tanta crítica que eu recebi eu tenho vontade voltar no tempo e encher de bofetão...deixa quieto! Então em 2002 o medico me receitou 2 remedios, eu tomei fiquei mal logo no 3 dia, sempre tentei superar minha insegurança adoro idiomas, fui estudar frances logo na primeira semana que tomei o remedio, me deu crise de choro na aula , nunca tinha acontecido, morri de vergonha, conversei com varias pessoas e me disseram ai para com isso psiquiatra é coisa de louco, vc não precisa disso.. e fui levando até 2010 pois comecei a ter fortes dores de cabeça, o céu cinza , triste, sem objetivos, sem perspectiva, sem ter reconstruido minha vida, tudo pela metade..depois de 1 ano tomando diversos até acertar a sertralina.A vontade de ter uma vida normal é grande, mas como o Alexandre escreveu, na fase adulta com quase 40 anos, muitas coisas fizemos para sobreviver, é preciso tirar todo esse lodo. Eu desisti de falar para familia ou alguém mais intimo amigos/as sobre tdha, ou depressão, pois só quem passa sabe o que é, o máximo que vai acontecer vai ser nos criticar. Só converso com Deus agora, pois do ser humano que só me criticou não espero nada. É muito triste passar por isso e ainda os outros pensarem que você está se fazendo de vítima.

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    1. Desculpe o termo mas é uma sacanagem falarem que estamos nos fazendo de vítima.
      Lutamos tanto...
      Sabe o que acho pior, é que em geral, as pessoas que nos 'amam' preferem achar que somos cretinos ou preguiçosos do que admitir que temos uma doença.
      Lute, trate-se, trate do seu filho e tenha a certeza de que você pode mudar a sua vida e a dele.
      Conte com o blog, comigo e com nossos amigos.
      Você não está sozinha!
      Abraços
      Alexandre

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  15. Ah, falei com o médico que passo faz um ano e 3 meses sobre tdha e ele me pediu um exame neuropsicológico, com testes e me indicou para uma médica fazer acontece que é caríssimo o exame 1.500 reais, até o no Hospital das Clínicas é esse valor. Acho que não tem necessidade de fazer isso, encontrei uma psicologa especialista ela me explicou que é um relatório que será feito com testes de atenção..EU GOSTARIA DE SABER COMO VOCÊS CONSEGUIRAM O DIAGNÓSTICO DE TDHA FOI COM TESTE DE ATENÇÃO TAMBÉM? Eu tenho certeza que tenho isso, agora não sei se tenho depressão também, pois nem em médico eu confio mais. Eu confio nas pesquisas que tenho feito, e com os relatos de pessoas como vocês que tem o mesmo sintoma que eu. Além de tudo o isolamento é muito forte em mim, adoro ficar quieta , sozinha, acho que passei boa parte da vida em casa,embora eu seja sociável, flexível, adoro conversar,rir, mas na maioria das vezes enjoo rapido, em final de ano e natal quando temos que nos reunir com a familia do pai do meu filho (que é falecido), meus pais se entrosam com a familia dele, eu mesma não vejo a hora de ir embora, fico sozinha vendo tv, lendo uma revista como se eu estivesse gostando, pois me sinto mal em ficar com minhas ex cunhadas e seus respectivos maridos, contando todas as vitórias da vida. E comigo entra ano e sai ano e nada muda,pois somente agora com a sertralina estou entrando num ritmo de vida melhor, mas minha concentração ainda não é o meu melhor. Será que compro a Ritalina no mercado negro?

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  16. Olá.

    Estou espantado de como me identifiquei com quase todas as situações que vc descreve.
    Li também os "12 SINTOMAS DO TDAH EM ADULTOS" e me enquadro em totalmente em 9 quesitos.

    Ao mesmo tempo fico feliz de saber que não sou uma aberração e existem outras pessoas que compartilham dos mesmos problemas que eu.

    Tenho 25 anos e sinto que estou no limite.
    Sou carioca e moro a 7 anos em Campinas - SP, e recentemente, um agrande amigo de infância passou duas semanas em treinamento na cidade e fiquei inventando desculpas para não nos encontramos e isso está me matando!

    Fui jubilado de uma universidade pública por FALTAS, para poder ficar em casa vendo TV, jogando video-game, etc, etc.

    Tenho um emprego bom, sou elogiado mas sinto que falta um algo mais (Faculdade, certificações, cursos complementares, etc). Morro de vontade de fazer um curso, faço planos mas nunca saem do papel.

    Falto a entrevistas de emprego por insegurança ou por simples preguiça.

    Tenho um constrangedor problema de memória com relação a caminhos. Me perco em ruas simples na cidade onde moro a 7 anos. Pior ainda, em um cinema, se vou ao banheiro esqueço em que fileira estava sentado. Coisas que fazem minha namorada morrer de rir, mas que me causam constrangimento em muitas situações.

    Agora minha pergunta é: Existe algum tratamento? Existe cura? É possível vencer essa batalha diária?

    Não sou depressivo, sou um um cara feliz, mas sinto que as coisas poderiam ser melhores se conseguisse controlar esses problemas.

    Por favor amigos, ajudem!

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  17. Cara, há um 1 mês faço uso de Ritalina. Ainda bem q percebi agora que não era só um preguiçoso, enfim, tbm sou TDAH.

    Eu vivo completamente isolado e tenho 25 anos.
    Moro sozinho e trabalho em casa. Tenho um filho pequeno q fica comigo semanalmente. Fora ele, posso ficar semanas sem ver e falar com ninguém, nem com minha família. Ja fiquei mais de 1 mes sem ver ninguém conhecido, sem falar com ninguém. E antes fosse uma depressão, mas não sinto falta nenhuma de gente, nem de namorada (que não tenho no momento e está em segundo plano nas minhas prioridades).

    Que conselho vc me daria?! Eu estou bem assim, mas e a longo prazo, fico imaginando eu com 50 anos e sem ninguém.

    Tenho um enorme respeito por pessoas mais velhas do que eu, acho q Todas, sem exceção, tem muito a ensinar os mais jovens. Muita gente da minha idade não vê desta maneira, e é uma pena a arrogância dos jovens.

    Falar em namorada, sinto que minha libido diminuiu significativamente depois do uso de Ritalina. Aconteceu isso com vc?

    Um grande Abraço

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  18. Boa noite, agradeço ao Alexandre e a cada um que se identificou com suas palavras e escreveu algo sobre a sua própria experiência de vida. Estava ansioso, me cobrando quando ia começar a sair mais até me deparar com as mensagens de todos vocês, que benção! Enquanto eu lia foi passando um filme pela minha cabeça e percebo claramente a libertação que foi para mim o diagnóstico e o tratamento. Como é bom ser livre das amarras do que seria o "socialmente correto", ficar horas ansioso esperando chegar o horário da festa/reunião de amigos, ter que beber para suportar e aliviar a barra de ter aquele monte de gente e estímulos ao meu redor, estar ali ( excelente companhia, mas por dentro só imaginando o meu quarto, meus livros, meu canto de tranquilidade e silêncio). Chega; acho que todos nós aqui já nos maltratamos demais (seja física ou mentalmente) acredito que está na hora de enxergarmos mais a nós mesmos e os nossos reais desejos e anseios. Abraço a todos.

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  19. É exatamente isso! Se vamos a algum evento, nos divertimos. Não há problema. Mas... tomar banho, trocar de roupa, pegar o carro, dirigir até a festa, iniciar o primeiro papo... nossa. É uma tortura!

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    1. As semelhanças entre nós são assustadoras.

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  20. Todos falam das pessoas com TDAH, mas ninguém comenta sobre a dificuldade de conviver com vocês, TDAH! O quanto é difícil entender e aceitar esse isolamento todo e não nos sentirmos desprezadas. Meu marido é igualzinho a você e não me conformo em ser casada e ter que fazer tudo sozinha. Vem o sábado, vem o domingo e ele na mesma posição - em cima da cama vendo televisão ou jogando no seu i-phone. Nunca quer fazer nada! Gostaria de leu um post escrito pela sua esposa. Tenho curiosidade em saber se todas as esposas sentem o mesmo que eu.

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    1. Olá.

      Aparentemente, sim. Eu sou da mesma espécie do seu marido e o que você disse parece ter sido escrito por minha esposa. Até pensei que fosse ela, só percebi que não era porque eu não tenho um i-phone. :)

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  21. Tudo meu é mais difícil, mais complicado, mais pesado = EU!

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  22. Eu tenho TDAH descobri a pouco tempo ja fui ao medico e ele me receitou Ritalina 10mg. Mais tipo 2 coisas,
    1-Gostar de ficar Sozinho.
    2-Ser estressado, ao ponto de brigar com todo mundo
    não tenho isso, mais acho que nem todo mundo tem as mesmas coisas né, e quanto a Ritalina 10mg esta dando certo até o momento a unica coisa é por que eu tomo ela de manha ai na hora que eu preciso de mais concentração é na parte da noite, mais ai as vezes falha a concentração. e o fator da hiperatividade e impulsividade acho que não alterou muito estou quase a mesma coisa. Temo em pedir ao medico para aumentar as vezes que tomo a Ritalina e não conseguir dormir a noite. a Ritalina em min funciona como uma carga bem grande tipo eu não sinto sono nem muito menos fome... alguém ai se identificou comigo?

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    1. Bom dia!
      Você precisa discutir isso com seu médico, a ritalina deve ser tomada no horário de maior necessidade, mas tomada a noite pode mesmo interferir no seu sono. Quanto à fome, nas primeiras semanas reduz mesmo, mas depois volta ao normal.
      Abraço
      Alexandre

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  23. Olá Alexandre. Eu já tinha visto seu blog há um tempo e esses dias procurei até que encontrei novamente. Gosto muito. Eu não sou diagnosticada. Estou com a consulta marcada pra daqui uns dias e isso (aliado ao turbilhão que tem sido minha vida nos últimos meses - anos) tem me feito pesquisar e pensar muito no tal TDAH. Minha desconfiança despontou na época que estava estudando para uma seleção bem complicada. E de lá pra cá me vejo em praticamente todos os relatos de TDAH's.
    Eu tenho percebido muitas semelhanças nessa questão do isolamento. Eu sou envolvida com muitos compromissos e pessoas e estou numa situação de só sair quando realmente é obrigado, mas quando saio acho muito bom e só falto não voltar. Mas é sempre estressante só imaginar em levantar da minha cama, me arrumar, encarar pessoas, conversas longas (às quais eu nem sempre tenho foco e paciência pra ouvir).
    Voltando ao assunto da minha consulta, eu estou bem apreensiva. Acho que coloquei muita expectativa nisso. Tipo, "E se não for?! significa que eu sou louca de verdade", "E se for?! eu vou ter que assumir esse problema e deixar de usá-lo como desculpa pra tudo, afinal ele será, oficialmente, parte de mim." Como foi essa fase pra você?

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  24. Eu já tinha tendências anti-sociais quando pequeno. Agora, depois de velho, piorou muito. Sou quase um ermitão.
    Minha esfera social se limita a minha esposa e dois filhos. De vez em quando converso com meus pais e meu irmão por telefone e só.

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