quinta-feira, 25 de agosto de 2011
COMO IMPLODIR SEUS SONHOS
Muita gente já escreveu ou perguntou por que eu não escrevo um livro, ou transformo esse blog em livro. Pois vou contar um segredo a vocês: eu tenho um livro praticamente pronto. Um romance com título, estória, personagens, enredo, tudo; até na capa eu já pensei. Comecei a escrevê-lo há cerca de vinte anos, e jamais concluí. Nunca está absolutamente perfeito. Sequer tentei publicá-lo ou mostrá-lo a alguém. Tenho dúvidas se ele vai me render um prêmio Nobel. Talvez um prêmio Jabuti ou coisa equivalente. Pra mim não serve. Eu quero escrever algo no nível de 'Cem anos de solidão', o melhor livro que li na vida. Como não creio que esteja à altura de Gabriel Garcia Marquez, está encaixotado.
Abandonei as aulas de saxofone quando percebi que jamais ganharia um Grammy, nem mesmo um American Idol. Toco, hoje em dia, esporadicamente. O sonho do Grammy ficou para trás.
Na infância e adolescência joguei futebol, lutei judô, fiz atletismo, nada foi pra frente. Rapidamente percebi que nunca chegaria à seleção brasileira, seja de futebol, ou de judô, muito menos de atletismo. Ficou na memória, as poucas medalhas que ganhei se perderam.
Em tudo que participei, sempre projetei o sucesso absoluto. Em minha imaginação eu atingiria, e rapidamente, os píncaros da glória. Como nunca atingi esses píncaros, parei pelo meio da subida.
Pela primeira vez em minha vida, faço algo sem projetar um futuro inatingível. Obviamente quero ampliar meus conhecimentos, me tornar um dos bons técnicos da cidade, mas isso é possível, atingível, normal.
Sou aplicado, interessado, pesquiso muito, invisto em minha profissão, inclusive em equipamentos.
Essa forma de sonhar com o impossível, ou quase, é uma forma garantida de matar seu sonho.
O TDAH não tolera a demora, tudo deve ser imediato, e se o sonho é muito, muito alto, exige dedicação, empenho e tempo, muito tempo.
Sempre fui um sonhador, os sonhos sempre me estimularam e agiram como um lenitivo em muitos momentos de dor, desânimo e desespero. Mas o sonho inatingível, ou de extrema dificuldade, desestimula, causa um desinteresse ao constatarmos que está cada dia mais longe.
Essa é uma mudança palpável em meu tratamento. Hoje, nem sei por que, percebi que estou mais realista em relação à minha vida. Vivo mais o presente. Dou um passo de cada vez. E isso é bom. Diminui a decepção de jamais atingir o 'projetado' e reduz a ansiedade.
Talvez agora meu livro possa ser desencaixotado.
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Fiquei curioso pra ler o livro, rs. Me lembrei do livro que estou lendo, "O segredo de Joe Gould". Hoje eu vi no Twitter uma frase que a cantora Maricel postou que fala mais ou menos assim: Não se preocupe em fazer melhor que os outros, mas em fazer o seu melhor... E isso é verdade. Temos que fazer o nosso melhor, o que for de verdade, de coração. Não tenha medo acreditar em você.
ResponderExcluirO Caco aí em cima tem muita razão. A gente tem que tentar fazer o nosso melhor. Caso dê errado, pelo menos tentamos ao máximo! Mas não sei se isso serve só pros TDA, acho que pra todo mundo. Eu também tenho dificuldade em ser realista com os meus feitos. Cobro muito de mim e como erro uma coisa aqui e ali, sempre sofro muito com isso. Preciso trabalhar isso melhor.
ResponderExcluirKKKKKKKk!! Eu sou exatamente assim! Acho que ja fiz de tudo e parei no meio quando percebi que não seria o novo Bruce Lee!!
ResponderExcluirOlá 33 anos, recém diagnosticado com TDAH. Parabéns pelo blog. Pretendo voltar aqui caso consiga lembrar.. ;)
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