terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

TDAH CONTRA O TEMPO








Os minutos escorrem pelas mãos, as horas evaporam diante dos olhos, os dias se consomem sem que percebamos.
E o ano passou...
E a vida passou...
E nos escapou...
Adiamos projetos, postergamos sonhos, relevamos prioridades...
Sempre pode ser para amanhã...
A semana que vem ainda está tão distante!
Planejar? Como, se tudo parece inatingível, longínquo...
Mas chega; nos atropela, e ficamos ali, atordoados, incrédulos, atônitos. Abalroados por uma realidade que chegou de chofre, sem nos avisar, subitamente, saltando dias, engolindo horas...
Ahhh, o tempo! Esse facínora que nos rouba as delícias da procrastinação; esse inimigo que tanto nos subtrai da vida.
Como é difícil nossa convivência: Nunca sabemos quando está longe ou próximo. Qual o tempo de adiar, quando urge, ou simplesmente quando é hora de viver o presente.
Deixe estar; uma hora haveremos de dominá-lo, prendê-lo e trazê-lo para o nosso mundo.
Um mundo de pequenas urgências e grandes adiamentos, mas que funciona perfeitamente  nos becos tortuosos das mentes TDAHDIANAS.


OBS. UM INFELIZ ESTÁ POSTANDO LINKS ANTI PSIQUIATRIA E XINGANDO OS LEITORES DO BLOG E USANDO MEU NOME.
OBVIAMENTE NÃO SOU EU. JÁ DENUNCIEI AO BLOGGER E ESTOU AGUARDANDO PROVIDÊNCIAS.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

TDAH: UMA VIDA JOGADA NO LIXO?




Recebi o email da Adriana dizendo ter quarenta e um anos de vida jogados no lixo, em razão do TDAH.
Forte, não?
Isso me impressionou muito. Então eu tenho cinquenta e quatro anos jogados no lixo também? Afinal, mesmo sob tratamento, temos uma doença incurável e o máximo que conseguimos é amenizar alguns dos sintomas. Tudo bem então, quem se trata não tem a vida atirada no lixo, mas ela fica ali perto, caída ao lado da lixeira; sujeita às mesmas contaminações e aos mesmos desprezos dedicados ao lixo.
Seria isso a minha vida? A nossa vida?
Não me conformei com isso. Com certeza alguns anos, determinados períodos, são dignos de serem atirados na primeira lata de lixo que aparecer. Mas todos estamos sujeitos a isso na vida, mesmo aqueles não portadores de TDAH.
Mas quando olho pra trás, acho até que fiz muita coisa da minha vida. Afinal, carrego nos ombros(ou na minha cabeça) meu principal inimigo; ainda assim estou aqui; de pé, me preparando para novos desafios. Jamais me abati ou me entreguei às minhas muitas derrotas, pelo contrário, enfrentei-as todas. E as superei. Se venci, pouco importa; superei-as.
Cometi falhas horríveis, tive perdas enormes, senti (e causei) dores lancinantes... Mas aqui estou eu; de pé pela enésima vez, pronto para recomeçar. Sem sucumbir às dores, sem me envergonhar com minhas quedas, sem me esquecer de quem foi, ou ainda é importante pra mim.
Não! Meus cinquenta e quatro anos não foram jogados no lixo, muito menos foram em vão. Tomando emprestadas as palavras de Roberto Carlos: Se chorei ou se sorri, o importante é  que emoções eu vivi.
Não fique assim, Adriana,como todos nós TDAHs, você deve ser intensa, apaixonada, criativa, inteligente, indomável...
Ali onde muitos pereceriam, você sobreviveu, e voltou; e voltará sempre.
Todos nós, inclusive os trouxas, erramos, pecamos, magoamos. Não permita que nossa eterna culpa, somada ao nosso sentimento de inferioridade, reduza sua vida ao lixo. Você chegou aos quarenta e um anos carregando seu inimigo nas costas, lutando contra você mesma. Não reduza seus méritos.
Lembre-se de quantas vezes você conseguiu se derrotar e impedir desastres maiores; de quantas oportunidades você conseguiu se calar e engoliu agressões letais...
Levante a cabeça, Adriana, nós somos antes de tudo lutadores; e vencedores.
Respeite suas cicatrizes e siga em frente!
A vida foi feita para os fortes, pra quem não se entrega jamais, E nisso, nós TDAHs, somos imbatíveis!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

TDAH - A PRIMEIRA VEZ A GENTE ESQUECE...






A primeira vez a gente nunca esquece?
Pois eu não me lembro nem da primeira, nem da segunda, nem da terceira...
Quantas vezes abro um celular para consertar e parece que nunca o vi na vida...
É estranho, mesmo que eu já tenha solucionado problemas semelhantes, sempre me parece que é a primeira vez. De repente, um insight me faz lembrar que já passei por aquilo, e que talvez eu a tenha registrado em algum lugar. Agora, nesse exato instante, enquanto escrevo esse post pensei em uma forma de auxiliar minha memória: filmar meu trabalho e salvar no youtube. Pena que vou me esquecer de que pensei nisso. Ou então, vou gravar os primeiros dez aparelhos que eu consertar, e depois me esqueço; outra possibilidade é que, posso filmar, salvar no youtube, e não registrar quais os celulares filmei e depois não conseguir encontrá-los... Enfim, um caos!
Assim é a minha vida, um eterno recomeço.
Claro, as linha gerais eu me lembro, mas aquele detalhe, aquele macete que facilita e faz a diferença... Esse sempre é um mistério para mim.
E não é apenas no trabalho, já disse aqui certa vez, que o livro que mais amo chama-se CEM ANOS DE SOLIDÃO, já o li quase uma dezena de vezes. Pois me lembro apenas das linhas gerais, mesmo tendo lido e relido quase à exaustão, confundo-me com os nomes dos personagens. Consigo guardar na alma a felicidade que sinto ao ler aquele livro, mas não os detalhes da narrativa.
E assim é tudo em minha vida. Uma vida riquíssima em linhas gerais, mas aqueles detalhes que diferem o normal do excelente, aqueles detalhes eu não possuo. Ou não me lembro.
Esqueço-me de quase tudo. De ter escrito isso ou aquilo, do meu sax, de meus projetos; sim, de quando em quando me recordo de haver pensado em determinado caminho pra atingir um determinado objetivo; que depois esqueci de percorrer. Segui o curso normal e medíocre da vida, aceitei a correnteza me esquecendo do que vira à margem da vida. Aquele ponto que me serviria de apoio para sair do rio da mediocridade e passar a singrar novos mares.
Simplesmente apagou-se da minha mente, da minha vida.
Quando me recordo, sinto uma dor enorme na alma...
A Ritalina ajuda nas coisas concretas da vida, como foco, atenção, disposição...
Pra essas outras, somente com um apoio psicológico profissional.
Mas isso, agora, está fora da minha realidade. Mas acreditem, tive uma proposta de tratamento gratuito há cerca de um ano atrás, e me esqueci de marcar. Liguei uma vez, mas era com outra pessoa; liguei pra essa outra pessoa, mas estava ocupada, ficou de retornar; não retornou. E a oferta morreu na minha cabeça. Somente agora me lembrei dela novamente. Mas, por vergonha não vou ligar novamente...
E assim caminha a vida...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

PARECE AMOR, MAS É TDAH!





Haja Ritalina!
Haja Venvanse!
Haja Concerta!
Quando a alma explode, os olhos brilham, a boca seca, o coração dispara...
Parece amor...
Mas é TDAH!
A tensão explode no peito...
O brilho febril dos olhos diante de nossos medos...
A boca seca que antecede o gesto destrutivo...
À beira do precipício, prestes a atirar anos de vida estável fora, o coração bate freneticamente na garganta...
Mas nenhum desses avisos já tão conhecidos, nos impedirá de concluirmos o derradeiro gesto, o passo definitivo que detonará tudo aquilo que, a custo de muito suor, construíramos.
Olhar para trás é como ver as imagens de uma guerra: terra arrasada, corpos despedaçados, vidas destruídas, sonhos em frangalhos...
Mas a natureza nos deu uma miopia na alma, que nos impede de perceber os detalhes desse dramático quadro do que fizemos de nossas vidas, e por isso, não sentimos remorsos.
Um pouco de culpa, um tanto de arrependimento; mas não remorso. Esse só sente quem enxerga com detalhes a destruição que causou.
Como o escorpião da lenda, que ferroa o sapo que o ajuda a atravessar o rio, distribuímos dor por onde passamos e a quem nos estendeu a mão...
Imagine ser escorpiano e TDAH; como eu. É muita intensidade pra ser domada.
Mais do que os medicamentos, o reconhecimento dos erros cometidos e a aceitação do TDAH nos dá a chance única de construirmos um futuro diferente pra nossas vidas e também, pra vida daqueles que amamos.
Sim, também amamos. De verdade!
Ao infinito e além!!!