Dia deste me submeti a uma terapia chamada TETHAHEALING, uma terapia energética em que a terapeuta entra num nível de meditação chamado de tetha e nós, pacientes, entramos também em consequência. Através de um diálogo que vai se aprofundando à medida que a terapia vai avançando o paciente vai tendo insights sobre aquilo que o incomoda ou atrapalha, e que o levou até ali.
Confesso que sempre fui muito cético em relação a estas terapias alternativas, mesmo aquelas praticadas por psicólogos, mas em algum momento da vida nos encontramos em uma encruzilhada e temos que tomar um caminho diferente do habitual.
Não sei se entrei em tetha ou se aquilo é conversa pra boi dormir, mas o que sei é que entrei em busca de uma ajuda para minha auto sabotagem que andava em alta e uma frase não me saía da cabeça:
SERÁ QUE ME APRISIONEI NO CONCEITO DE TDAH?
Esta constatação me trouxe ao mesmo tempo alívio e apreensão.
Alívio porque me pareceu uma sacada inteligente e pertinente.
Apreensão porque terei que mudar meu pensamento dos últimos dez anos.
Uma semana após esta constatação posso dizer que nem uma coisa nem outra; encontrei sim um novo caminho, ou melhor, uma nova forma de enxergar e conviver com o TDAH.
Ao longo destes quase dez anos de diagnóstico conquistei muitas vitórias sobre o TDAH, mas ao mesmo tempo, e sem perceber, deixei-me aprisionar por alguns de seus conceitos básicos e mais evidentes em minha personalidade: DESATENÇÃO, ESQUECIMENTO E AUTO SABOTAGEM.
Resultado: mesmo com Ritalina eu caí nas mesmas armadilhas, afinal eu tinha que cumprir meu papel de TDAH. A melhor forma de derrotar a Ritalina é esquecer-se de tomá-la. Repeti ao longo de algum tempo esta 'estratégia', comprar a Ritalina, tomá-la regularmente até que abria a última caixa, a partir daí eu começava a 'economizar' o remédio. Em lugar de dois comprimidos por dia, apenas um. Ao entrar na última cartela, dia sim, dia não. Depois, semanas sem o remédio até que uma grande besteira me lembrasse de que estava sem medicamento.
E tome desatenção; e tome esquecimento; um primor de auto sabotagem.
Nesta Tethahealing me dei conta disto.
Não decepcionar ao meu TDAH e a mim mesmo, preciso cumprir meu papel. Manter-me dentro do padrão do transtorno.
Percebi o quão inteligente é nossa mente para burlar a ela mesma.
Saí da terapia imbuído de que tenho que romper esta cadeia a que me impus deliberadamente.
Já escrevi aqui, há muitos anos, que o TDAH não me define; mas permiti que ele me definisse.
Acordei novamente. Tive uma semana muito melhor, mais produtiva e atenta.
Como em tudo no TDAH, é um exercício diário de combate ao dogma do transtorno.
TDAH não tem cura, mas não é indomável. O TDAH é esperto, mas eu sou mais. Não me posso permitir me entregar docilmente a ele.
O TDAH não vai me derrubar.
Venho exercitando diariamente uma espécie de reprogramação mental que criei. Nenhuma novidade, nada de sensacional; apenas digo a mim mesmo que sou focado, atento e capaz.
Não sei se meu cérebro acredita nisto ou se isto o mantém alerta, o que sei é que tem funcionado.
Parei de participar daquelas discussões facebookianas do tipo: EU SOU ASSIM, QUEM É IGUAL?
Não vou cair na esparrela de achar que o TDAH não existe, sou sua maior vítima, mas não posso usá-lo como uma armadura.
Sou maior e melhor do que o meu TDAH !
Ao infinito e além!!!!