segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A VOLTA DA RITALINA





Quem acompanha o blog sabe que esse ano não tomei Ritalina.
Ou melhor, não tinha tomado.
O ritmo de vida que vinha levando me permitia abrir mão da Ritinha.
Esse ritmo mudou e eu senti necessidade de voltar a tomar.
Não ouve nenhum descontrole ou algo parecido, apenas voltei a chafurdar na areia
movediça da desatenção e perda de foco.
Assumi a manutenção de uma loja de celulares e a sucessão de aparelhos chegando,
a urgência pela entrega dos serviços e a grande variedade de defeitos me enrolaram e,
de repente, me vi com vários aparelhos abertos na bancada e sem saber qual deles atacar primeiro.
Temos que ser realistas e humildes: meu limite sem Ritalina chegou.
Sou péssimo sob pressão de qualquer espécie, mas a do tempo é a pior.  Não cumprir prazos
acaba comigo; em vez de me acelerar, paraliso. Ou quase...
Então lembrei-me dela, e o efeito é imediato; uma lucidez, um aumento no foco e uma mudança de atitude que me fizeram desenrolar rapidamente o que parecia um caos. E era..
Isso é uma derrota? Não creio. Me virei muito bem por onze meses sem um comprimido sequer, mas as exigências da minha vida mudaram, e as novas me obrigam a ter características comportamentais que a natureza não me deu;  então devo acrescenta-las artificialmente. Ou mudar de profissão.
Mas ficará sempre o aprendizado de que é possível viver sem Ritalina, sob condições de
menor pressão e maior limite de erro.
Não vou mudar nada do que disse antes sobre viver sem remédio; naquele momento foi ótimo.
e acredito que, para muitas pessoas será possível abrir mão do medicamento. Desde que se auto analise honestamente e conheça suas limitações.
Outra coisa, não vamos endeusar ou demonizar a Ritalina, ou a necessidade dela. A Ritalina é um remédio como qualquer outro, com virtudes e defeitos.Graças a Deus ela existe e eu posso usa-la. Facilita muito a minha vida.
Não faço esse texto como lamúria, mas apenas para ser honesto com vocês que me acompanham
há tantos anos. Isso não é fracasso, muito menos um retrocesso: Para situações diferentes, ferramenta
diferentes
E ponto final.







quarta-feira, 9 de novembro de 2016

TDAH DESTRUIDOR









Uma leitora do interior de São Paulo me enviou um e-mail relatando um comportamento de seu parceiro, querendo saber se era em virtude do transtorno. 
Nada mais TDAH... 
Alterei algumas coisas para que o companheiro não reconheça seu próprio comportamento. Se é que vai ler esse post. 
Percebam que o que parece agressão gratuita, aos poucos, se transforma em auto sabotagem. 
 Foi um fim de semana tranquilo. Não houve briga, nenhuma discussão, nenhuma rusga sequer. Tudo perfeito.  
Ao deitarem-se na noite de domingo, quando todos precisarão trabalhar na manhã seguinte, o TDAH aparece. 
Seu amado começa a conversar tranquilamente sobre o amor que os une. Sobre a quantidade e intensidade desse amor. E demonstra uma certa preocupação sobre se corresponde ao que ela sente por ele. Até aí tudo bem; mas ele dá um novo passo. Um passo rumo à destruição. Compara o que sente hoje por ela, com o que sentiu por outras pessoas, inclusive por àquelas que lhe foram mais nefastas, e todas parecem merecer o mesmo sentimento.  
Nesse instante, toda a paciência e boa vontade que ela tinha se esvai e só lhe resta duas opções: Uma briga horrorosa ou juntar suas coisas e partir. 
Aqui cabe um parênese: anos atrás, se eu me visse diante desse quadro, teria optado pela primeira opção e aquela dolorida conversa se transformaria num pavoroso UFC verbal com acusações e impropérios pesadíssimos. Hoje não! Meu amor próprio não me permite aceitar esse tipo de jogo. Não mais convivo com quem não me ama, ou para quem não sou importante. Eu optaria por partir! 
A leitora também fez a opção por partir! E um milagre aconteceu! 
Ao ver o desastre iminente, ao ver a dor que provocou, seu amado TDAH cai em si. E começa uma espécie de trabalho de recuperação, ou uma desesperada tentativa de reparação dos efeitos  dos absurdos que acabou de dizer. 
Mas pode ser tarde! Se a companheira não é TDAH, ou não conhece à fundo a doença do seu parceiro, dificilmente irá aceitar tamanha agressão e desprezo. Do contrário,  irá reconhecer o cruel e doloroso processo de auto sabotagem do TDAH.  
Alicerçado na baixa auto estima, o TDAH inculca pensamentos desconexos em seu pobre hospedeiro, que acaba por acreditar que aquele relacionamento não tem futuro. Sua mente reúne fatos , de períodos e realidades distintas, e monta uma imagem surrealista da parceira.  A mente doente acredita que aquela imagem franquesteniana que ela inventou é a verdadeira, e trata de combatê-la. 
Somente a dor do parceiro, ou uma briga monumental, 'acordam' o portador desse processo. Ao ver que a parceira acusou o golpe, sentiu a dor em toda sua extensão e está pronto para reagir, ou já reagiu, um misto de alívio, prazer, medo e surpresa se apossam do TDAH. Nesse ponto a baixa auto estima se justifica; para reparar o dano causado ao outro, o TDAH se desculpa, pede perdão, implora e se submete a uma série de imposições da companheira.  Se a vida uniu um TDAH com um perverso, esse é o momento ideal para uma escravização emocional desse TDAH. A culpa pelos absurdos que acabou de dizer, o medo de perder a parceira, 'obrigam' o TDAH a subjugar-se aos ditames da outra pessoaFomenta-se aqui uma relação doentia de subjugação,  dor e mútua agressão; e sofrimento perene.  
O fim, quem é TDAH já sabe:  uma manhã o portador acorda diferente e acaba com aquela relação doentia sem culpa, sem remorso, sem arrependimentos.  
Talvez acabe com tudo por motivos errados pois, muitas vezes, nem percebeu a torpeza daquela relação. 
Mas isso é assunto pra outra ocasião...

domingo, 23 de outubro de 2016

TDAH, FALHAS E CONSTRANGIMENTOS





- A senhora pode me acompanhar até a sala ao lado?
- Eu? Por quê?
-Por favor, senhora...
O porteiro do Fórum chamou o policial militar de plantão e se encaminhou à sala de revista acompanhado da mulher que acabara de passar pelo raio x de segurança.
Ela parecia estupefata, e muito mais ficou ao ser inquirida sobre o conteúdo de sua bolsa:
- O que a senhora vai fazer com todas essas facas?
- Facas? Que facas? Perguntou aparentemente desinformada.
- Senhora, interviu o PM, abra sua bolsa. O raio x mostrou que a senhora carrega várias facas na bolsa!
Imediatamente ela abriu a bolsa e, de fato, havia uma sacola com quatro facas e outros talheres lá dentro. Quatro facas! Que ela não lembrava de estarem na bolsa...
Com um misto de alívio e vergonha, ela explicou que deveria ter levado as tais facas, na véspera, para sua casa de campo. E havia esquecido de retirar da bolsa.
O policial reteve as facas que foram devolvidas na saída.
E aqui ainda cabe uma observação; na noite desse episódio, a envolvida ainda comentou que havia recuperado a tal sacola, mas que nela não estavam as facas, apenas as colheres e garfos que as acompanhavam; e que deveria voltar ao Fórum no dia seguinte para reclamar sua devolução. Ainda bem que não foi; as facas estavam em sua bolsa. Ao sair do Fórum, pensando em seus problemas, ela guardou as facas separadamente e não se lembrava.
Essa mesma pessoa me contou outro fato pitoresco: Certa vez, arrumou-se para trabalhar, maquiou-se, arrumou o cabelo, vestiu-se e desceu para pegar o carro na garagem do prédio. Cumprimentou o porteiro e seguiu em direção ao carro. O porteiro acompanhou-a puxando conversa, perguntando se estava tudo bem... Já dentro do carro ouviu do porteiro:
- Aqui; a senhora desculpe a minha pergunta, mas esse tipo de calça que a senhora está usando, tá na moda?
Incrédula, a mulher olhou para baixo e descobriu que estava arrumada da cintura para a cima e com calças de pijama...
Bem humorada, soltou uma sonora gargalhada, agradeceu ao porteiro e voltou pra casa pra se trocar...
Essa é a face mais conhecida e mais engraçada do TDAH. Mais engraçada pra quem lê, pra quem ouve, não pra quem vive.
Imagine que você tem uma audiência no fórum às 16:30, sai de casa em tempo hábil, chega pontualmente, para só então descobrir-se sem nenhum documento de identificação. Esqueci tudo em casa. Isso aconteceu ante ontem comigo. Para minha sorte, ninguém pediu-me identificação.
Passamos por toda sorte de estresse, de ansiedade, que nós mesmo nos colocamos. E por que agimos assim?
Adrenalina? Irresponsabilidade? Falta de compromisso?
Tudo isso. Ou nada disso.
Minha amiga querida, das facas, passava por um momento de enorme pressão, muita preocupação. O episódio do pijama deixa claro que não é somente por pressão. Mas isso piora tudo. Eu mesmo sou péssimo sob pressão.
Temos uma deficiência de dopamina que gera desatenção, entre outras coisas. Isso faz com que, em geral, estejamos com a cabeça ocupada em outros pensamentos, em outros mundos. Fazemos algo sem nos ater ao que estamos fazendo. Nossa mente hiperativa salta de uma imagem a outra sem que, sequer, demos conta disso.
Afinal, nascemos assim e nunca experimentamos outra maneira de pensar e agir.
Mas e quem se medica? Ritalina, Concerta, Venvanse, ajudam? Como todo remédio, eles agem de maneiras diferentes em cada pessoa. Na moça das facas não funcionou... Comigo funcionou temporariamente... Em algumas pessoas funciona de maneira perfeita permanentemente.
A solução definitiva ainda não existe. A mais efetiva que conheço que é o auto controle, eu falhei. Não estive atento colo deveria. Não tive um bom dia; cedi ao imobilismo do TDAH naquele dia e só hoje - ao escrever esse texto - percebi minha falha.
Por isso não abandono esse blog; ele é muito bom pra quem o lê, mas é muito mais importante pra mim, pois ao escreve-lo reconheço meus comportamentos positivos e negativos e posso reforça-los ou muda-los.
Preciso estar mais atento. Falhei na quinta feira passada, mas não vou me punir ou me criticar por isso. Não se pode ganhar todas.
Sigo em frente.
Ao infinito e além!!!!-

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

SABER VIVER TDAH



O TDAH pode ser terrível!
Pode ser doloroso!
Pode ser difícil!
Mas pode ser bom?
Não acho que possa ser bom, mas podemos tirar bom proveito dele.
Por exemplo: Me dei a missão de divulgar o TDAH, de conscientizar as pessoas, de trocar ideias e sentimentos com o intuito de minimizar as dores e o sofrimento de outros portadores. Essa missão tem me levado mais longe do que imaginava e agora dei mais um passo adiante.
No próximo dia 13/10/2016, será lançado no Youtube um canal chamado SABER VIVER. Esse canal é a ponta do iceberg de um amplo projeto de tratamento integral de crianças portadoras de necessidades especiais. As mentoras do projeto Claudia Macieira e Luciana Oliveira Lima, reuniram um grupo de especialistas das mais diversas áreas da saúde e educação com o intuito de auxiliar aos familiares e portadores das mais diversas doenças, incluindo o TDAH. E é aí que eu entrei; gravei um depoimento para o canal contando minha trajetória como portador, mas também como divulgador e conscientizador do TDAH. Falei sobre o blog e sobre o meu livro: AS AVENTURAS DE PANDY - O PANDA HIPERATIVO.
Mais um passo nessa missão de desmistificar e desestigmatizar o TDAH.
Não precisamos nos deixar derrotar pelo TDAH; todos nós, sem exceção, temos virtudes e pontos fortes, características de excelência. Foquemos nelas! Descubra-se! Aceite-se! Reinvente-se! Comecei a escrever esse blog aos 50 anos, aprendi a tocar sax aos 48 anos, lancei meu primeiro livro aos 55 anos. Não sou um gênio ou melhor do que ninguém; apenas encarei meu diagnóstico de maneira positiva. Durante muitos anos me achei um insensível, um inconsequente. Saber-me TDAH foi um alívio, uma resposta, uma libertação desses sentimentos negativos que tinha a meu próprio respeito.
Virei uma página da minha vida e hoje tenho o maior orgulho de poder ajudar a outras pessoas nessa caminhada de descoberta e convívio com o TDAH.
Mas é preciso SABER VIVER, e a informação é fundamental nisso.
Portanto lembrem-se: Dia 13/10, próxima quinta feira, às 13:30 horas será lançado o canal SABER VIVER, no youtube. E nós estaremos presentes. Eu, o Pandy e você, que como eu também é portador de TDAH.
Informar-se é uma forma de SABER VIVER

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O TDAH E A AUTO PIEDADE





Ninguém terá pena de você! 
Muito menos você mesmo! 
Chega de olhar pro chão! 
Levante a cabeça, olhe-se nos olhos e diga-se: 
Cheguei até aqui arrastando, além de todos os problemas normais, esse transtorno; as conquistas que tive foram apesar dele. Não tenho que me lamentar, se enfrentei-o até aqui sem conhece-lo, muito mais força terei para derrota-lo agora que o conheço. 
A auto piedade só o transformará numa pessoa desagradável a ser evitada. 
Erga seus olhos, liberte seu melhor sorriso e siga em frente! 
O transtorno é incurável, mas é domável, enfrente-o, subjugue-o.  
Escolha seu caminho, trate-se; com ou sem medicamento, com ou sem terapia, com ou sem coaching... Em qualquer delas, conheça-se e à sua doença; encha-se de coragem e enfrente aquela característica que mais lhe amedronta. Se não der, perdoe -se, e continue tentando. Muitos superaram por que não você? 
Não prego aqui que cada um de nós haja como uma mosca contra o vidro. Jamais! Conhecendo a si mesmo e ao transtorno você separará o que é seu e o que é a doença. O conhecimento liberta. Quanto mais conhecemos o inimigo mais perto estamos de derrota-lo. 
Chega de ser vítima, chega de ser apontado pela família e amigos, chega de ser 'tirado'; enfrente-se, derrote-se. Só assim você conhecerá o verdadeiro renascimento e as novas possibilidades de vida que estão à sua disposição. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O TDAH E AS SOLUÇÕES PERDIDAS





A irritação é inevitável! Como posso ter esquecido a solução de um problema pelo qual estou passando? Aquela solução que imaginei anteontem, e que era a melhor solução possível, desapareceu da minha mente. Isso mesmo, desapareceu. 
Agora, premido pela necessidade de uma solução imediata, acabo por optar por outro caminho que tenho certeza não me trará o mesmo resultado. 
Me perguntarão os 'trouxas": Mas se você esqueceu como sabe que era  a melhor solução? 
Eu sei, e isso basta! Mas não é bem assim, quando encontrei o caminho ideal, pensei em várias alternativas, medi e pesei as consequências e concluí que aquela era a melhor opção. 
E então, ao acordar na manhã seguinte aquela solução desapareceu; apagou!  
E não voltou mais! Por mais esforços e tentativas que eu faça, essa solução não existe mais e conformado, posso tratar de procurar outra. Ainda que menos eficiente. 
Outra variante é simplesmente não me lembrar de que um dia existiu uma solução na minha cabeça. Ela desaparece como fumaça.
Aí a coisa toma ares de tortura quando após optar pela solução menos eficiente, e já conformado com isso, me lembro daquela que teria sido a opção ideal. Quando já não pode mais ser aplicada.  
Auto sabotagem? Falhas de memória?  
Acredito mais na auto sabotagem, um dos pilares do TDAH. A primeira providência é escrever. Mas escrever por completo, problema e solução. Não escrever apenas frases esparsas ou lembretes, possivelmente não vou conseguir conectar as tais frases com o problema, e terei perdido a solução do mesmo jeito. Mas cuidado ao guardar a anotação, você pode nunca mais acha-la. 
Por mais difícil que possa parecer, criar rotinas pode ser a melhor alternativa; tenha um local fixo para os escritos o uma pasta fixa no notebook ou celular. Claro que com o tempo vão transbordar de papéis e anotações, mas nada na nossa vida é perfeito. Parta para a operação limpeza e poderá descobrir, como descobriu a inspiradora desse post, que algumas soluções podem estar soterradas nesses desvãos concretos de nossa desmemória.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O TDAH E O EXERCÍCIO DO PERDÃO







Não vou falar sobre perdoar nosso semelhante, mas o auto perdão; o perdoar-se a si próprio.
O TDAH é mais ou menos como o Mito de Sísifo, aquele que deveria empurrar uma pedra morro acima e ao atingir o cume, a pedra rolava e ele deveria começar de novo.
Quantas vezes nos aproximamos de atingir uma meta, um sonho, a conclusão de um trabalho, e destruímos tudo; desistimos; abandonamos?
Quantos relacionamentos destruímos da mesma forma...
Qual o nosso maior sonho? Mudar esse padrão de comportamento!
E aí começamos; empurramos nossa pedra morro acima, fazemos enormes esforços e a deixamos rolar pelos mais diversos motivos; dos mais justificáveis à preguiça, o saco cheio, a mudança de foco...
E aí nos punimos, nos criticamos, esmagamos ainda mais nossa auto estima.
Antes de mais nada, não estou aqui defendendo nosso direito de humilhar o parceiro(a) ou usar o TDAH como desculpa para aprontar. Não!
Só se supera o TDAH se ACREDITARMOS que ele existe e QUISERMOS enfrenta-lo.
Então, a partir do momento em que abandonamos a postura passiva e criamos e implementamos estratégias para vencê-lo, merecemos o auto perdão ao errarmos.
A melhor maneira que encontrei foi a auto análise e a confrontação da realidade com o TDAH.
Exemplo:
Fui PHD em procrastinação. Adiava do mínimo ao máximo. Perdi vendas, amigos, clientes... Tudo pela procrastinação. A arte de adiar indefinidamente as situações que demandem solução.
Hoje ainda procrastino; muito menos do que antes. Ao me defrontar com a vontade de procrastinar, paro e analiso: Existem motivos concretos para adiar isso? Se não existem, e na maioria dos casos não existem mesmo, enfrento o TDAH e faço o que devo. Mas, claro, não funciona sempre. Erro, falho, esqueço, adio a análise, mas me perdoo se não consigo.
Ainda existem consequências, mas não me prendo ao erro. Foco na tentativa e naquilo que consegui vencer.
E isso serve pra tudo.
Primeiro passo: Conheça-te a ti mesmo. Pare e pense, honestamente, quem é você? Pra onde você está levando sua vida? O que você quer dessa vida?
Segundo passo: Conheça o TDAH! Profundamente! Aprenda de cor e salteado os sintomas característicos do transtorno e suas manifestações.
Terceiro passo: Misture os dois anteriores. Misture não, confronte-os. Compare-os.
Exemplo: Eu tinha enormes variações de humor. E sempre pra baixo! Do nada, ou partir de quase nada eu me sentia um pano de chão sujo. Me sentia o pior dos seres humanos, com uma enorme vontade de desistir de tudo. A partir do diagnóstico adotei a estratégia de confrontar o desânimo; eu pensava assim: Por que tô tão mal? O que aconteceu de objetivo? Nada em 99% dos casos. Então eu me obrigava a mudar de humor. Punha uma música, dava uma volta, ou simplesmente abanava a cabeça e ia pensar em outra coisa.
Ridículo? Experimente! Funciona tanto que hoje em dia não passo mais por isso. Desapareceu!
Mas se erro, me perdoo!
Agora, irmão/irmã, vamos respeitar a quem nos ama por que conviver com a gente não é mole, não.
Dê valor a quem te aguenta, só mesmo um TDAH pra entender e harmonizar com outro.
Perdoe-se, mas peça perdão quando errar!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

GRATIDÃO AO TDAH




                                       Façamos da interrupção um caminho novo.
                                       Da queda um passo de dança,
                                       do medo uma escada,
                                       do sonho uma ponte, da procura um encontro!
                                       Fernando Sabino



Uma pessoa mais do que querida me instou a não me conformar com o rótulo de TDAH. 
"Somos muito mais do que um rótulo," ela me disse. 
Sim, somos! 
Mas somos também o que fazemos com os nossos rótulos. 
Posso sentar e me amofinar com o rótulo de TDAH. 
Ou posso erguer-me, enfrenta-lo e subjuga-lo! 
Ou ainda mais, usar esse rótulo ao meu favor. 
Esse blog existe por que um dia fui diagnosticado portador de TDAH. 
No sábado, dia 03 de setembro, estarei lançando em plena Bienal do Livro de São Paulo meu primeiro livro de literatura infantil. Qual o tema do livro? TDAH, hiperatividade, tratamento e superação. 
Após o diagnóstico mergulhei numa profunda jornada de auto conhecimento que me permitiu parar de tomar qualquer remédio para o TDAH. 
Depois do diagnóstico mudei minha vida radicalmente. 
Depois do diagnóstico consegui colaborar para o alento do sofrimento de muita gente angustiada por não conseguir entender os descaminhos de suas vidas. 
Eu não sou um rótulo, eu sou um sobrevivente a ele. 
Com a indestrutibilidade típica dos TDAHs, enfrentei meu rótulo e mudei minha vida. 
Minha vida hoje, rotulada, é muito melhor e mais produtiva do que antes. 
A dor e o pânico do diagnóstico deram lugar à luta pelo recomeço e à tranquilidade da aceitação. 
Não! Não aceite rótulos! Eles não nos definem; mas podem ser a porta de entrada de uma nova vida! 
Hoje, do fundo do meu coração, agradeço a esse rótulo. Antes dele eu andava a esmo na vida.
A vida à deriva... 
Gratidão ao TDAH...