Sei que meu irmão TDAH Walter Nascimento vai me esculhambar, mas é possível viver sem remédio. Mesmo sendo TDAH.
Duvida? Pois eu esse ano ainda não tomei Ritalina; nem remédio nenhum pro TDAH. E venho vivendo a vida com bastante qualidade. E com algumas conquistas muito significativas. Pra começar fui trabalhar com venda externa; algo que sempre odiei e fiz muito mal. Quantas vezes, em empregos anteriores, estive parado em frente a empresas de clientes e não entrei. Sempre odiei me expor, ouvir não...
Mas agora, sabedor do meu TDAH, comecei a agir desde o primeiro dia; ao estacionar o carro diante do meu primeiro cliente, iniciei o mantra do meu trabalho: Eu posso fazer, sou maior que o TDAH. Pode parecer coisa de livro de auto ajuda, mas funcionou. O trabalho tornou-se leve como jamais foi.
Somado a esse trabalho de tempo integral, mantenho-me na manutenção de celulares à noite, trabalhando até as 23 horas em algumas ocasiões.
Bem, tenho esse blog, e mesmo escrevendo pouco, recebo um monte de emails, comentários, críticas e tudo o mais que ele acarreta e tenho que responder.
Tenho mulher, filha, pai, mãe, irmãs, que sempre exigem presença e atenção.
No meio de tudo isso, surgiu a oportunidade de lançar meu livro infantil sobre hiperatividade na bienal de São Paulo. Mas claro, um autor novo tem que bancar parte dos custos; e parti atrás de financiamento para edita-lo. Pois é, pra lançar um livro, é preciso escreve-lo. Já escrevi seis ou sete. São livros infantis, de poucas páginas, mas criei e escrevi. Isso toma tempo, ocupa a mente, desvia da atenção das coisas corriqueiras.
E aí esses dias me peguei pensando em voltar a tomar Ritalina pois minha memória não andava legal. Esqueci algumas coisas que não deveria e aquilo me chateou por vários dias. Até que, sem querer, percebi o tanto de coisas que faço e me achei o máximo!
Não tenho o direito de me criticar, muito pelo contrário; preciso louvar meu esforço e resultados.
Mas o remédio é inútil?
Jamais! O remédio ajuda muito, principalmente no início do tratamento.
Mas depois de cinco anos tomando Ritalina diariamente comecei a questionar seus efeitos positivos. Tive a forte sensação de que seus efeitos eram muito pequenos. Ao longo do ano passado comecei a fazer interrupções de um mês e não senti nenhuma diferença entre com e sem remédio.
O que uso hoje é um complexo vitamínico ( tipo Centrum, Lavitan) e me policio cotidianamente.
Toda decisão que tomo; todo desejo que sinto; todo caminho que escolho é precedido por um auto exame. Esta escolha/caminho/decisão é fruto da uma escolha consciente ou é um dos sintomas do TDAH? Se reconheço o TDAH agindo naquele momento, volto atrás e refaço. Se não, sigo em frente. Algumas vezes opto por aceitar uma decisão proveniente do TDAH. Normalmente quando reconheço que suas consequências não serão danosas, deixo o TDAH agir.
No mais, trabalho, sonho e vigília!
Em breve estarei lançando AS AVENTURAS DE PANDY; O PANDA HIPERATIVO!!!!