domingo, 28 de junho de 2015

TDAH: VOCÊ ACREDITA NA SUA DOENÇA?






Acabei de ver no Esporte Espetacular a uma reportagem sobre uma atleta acometida por uma doença rara, fatal e incurável. O médico lhe deu dois anos de vida; há dez anos...
A repórter disse que a atleta luta diariamente contra sua doença, e tem dias que ela perde...
Imediatamente associei ao nosso TDAH. E fiquei a pensar: A moça não se culpa pelas derrotas; a moça não fica com raiva de si própria quando tem uma recaída. Porque conosco é diferente?
Simples, não acreditamos em nossa doença.
Menosprezamos nossa doença.
Esquecemos  por querer?
Procrastinamos por opção?
Não. Por algum curto circuito em nosso cérebro o que deveríamos lembrar é substituído por outra coisa; ou simplesmente desaparece de nossa mente. Que culpa temos disso? Nenhuma, somos vítima de nossos cérebros imperfeitos como os cardíacos são de seus corações doentes; ou os diabéticos de seus pâncreas que não produzem insulina.
Nosso cérebro falha; e ponto final! Não é distração, desimportância, irresponsabilidade, cretinice, infantilidade... Nada disso, nosso cérebro é doente e falha. Não temos culpa.
- Ah, mas você podia ter anotado, dirá um trouxa.
- É só você sair mais cedo, dirá um outro detrator qualquer.
- Isso é por que você é uma moça inteligente e aí relaxa; palavras que um pseudo psiquiatra disse à Letícia para duvidar de seu TDAH.
Mentiras! Melhor ainda, Sofismas!
Sofismas são mentiras formadas a partir de verdades.
Não anotamos por que somos TDAHs e nosso cérebro funciona de maneira diferente.
Não saímos mais cedo por que nosso cérebro tem sua própria maneira de processar o tempo, e não nos permite sair mais cedo.
Nós não relaxamos, nós somos doentes e pensamos e agimos sob o efeito dessa doença.
Não procrastinamos por prazer. Procrastinamos por medo. Medo do que pode acontecer ao enfrentarmos essa ou aquela situação.
- Mas é algo tão simples, dirão os idiotas da objetividade.
Simples pra você, oh cretino de concreto armado. Somos feitos de emoções, sentimentos e muitas das vezes eles nos paralisam. Mesmo sabendo que pode ser fruto da doença, haverá dia que não teremos forças para combatê-la. Nossa mente ficará avisando de que aquilo pode ser perigoso, que podemos sofrer, que pode ser arriscado. E nos paralisamos. E os dias vão passando. E o mesmo cérebro que nos avisou dos possíveis riscos agora nos tortura por que não efetivamos aquela ação.
E ficamos entre a cruz e a espada. E nos torturamos. E nos criticamos. E ainda contamos com as críticas daqueles que deveriam nos apoiar, estar ao nosso lado.
Mas não. Estamos sós. Portadores de uma doença invisível, sorrateira e incurável.
Uma doença que nos desclassifica, nos diminui, nos ridiculariza.
E o que fazer?
A atleta do Esporte Espetacular, Suzana creio ser seu nome, descobriu na natação em doses maciças uma maneira de paralisar, ou retardar os efeitos de sua doença.
A nossa eu não sei. Ritalina, TCC, Coaching, Auto conhecimento..
Não sei, e estou aberto a sugestões.
Ando ouvindo falar maravilhas da meditação. Será esse o caminho?
Pode ser, mas só chegaremos a esse caminho se pararmos de nos criticar a e a dar ouvidos aos idiotas da objetividade e aos trouxas que pululam a nossa volta.
Somos doentes, e como todos os outros doentes do planeta, não escolhemos essa doença; somos suas vítimas.

terça-feira, 9 de junho de 2015

O TDAH E NOSSAS VITÓRIAS




Temos o costume de nos apequenar diante do TDAH.
Sentirmos pena de nós mesmos. 
Valorizarmos nossas falhas e nossos erros. 
Nos jogamos no fundo do poço e por lá ficamos.
Mas isso é justo com a gente?
Estamos mesmo tão à mercê do TDAH?
Hoje conversando sobre isso comecei a pensar:
Quantas vezes ao longo da vida derrotei o TDAH?
Sim, derrotei-o inúmeras vezes...
Quando cheguei na hora...
Quando retornei aquela ligação...
Quando cumpri o que combinei...
Quando paguei minhas contas em dia...
Quando passei um bom dia com minha esposa...
Sim, são vitórias e vitórias significativas.
A cada dia de trabalho cumprido, a cada aparelho entregue no prazo ao cliente, funcionando perfeitamente é um nocaute que apliquei no TDAH. Ele se levantará novamente, mas estarei sempre ali esperando para enfrentá-lo. De igual pra igual.
Ao ser diagnosticado, o TDAH perdeu a grande vantagem que tinha sobre mim: minha ignorância!
Eu era sua vítima sem saber. Me deixava dominar sem luta, sem opor a menor resistência.
Hoje não, sabedor de sua existência o enfrento, duvido de sua verdadeira força e o derroto conscientemente várias vezes por dia.
Para um TDAH cada dia conquistado, imagino, seja como cada passo na recuperação de um acidentado que não conseguia andar.
Um dia de trabalho completo, em que cumpri o horário, produzi, entreguei aparelhos, estudei sobre outros que estão surgindo, lidei com clientes e fornecedores. Nossa, foi um grande passo, uma enorme vitória.
Claro, vou atrasar, esquecer, procrastinar, desfocar... Mas isso é o normal de um portador de TDAH. O resto, o que fiz de bom e produtivo foi vitória, vitória sobre o TDAH e ninguém pode me tirar isso. Ou desvalorizar essa conquista.
Ao infinito e além!