quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
O TDAH E A TRAGÉDIA QUE LIBERTA
Todo TDAH sonha com soluções mágicas pra vida.
Mas não sonhos comuns como ganhar na mega Sena ou encontrar um pote de ouro no fim do arco-íris.
Não, esse tipo de sonho soluciona a questão financeira, mas não desaparece com a angústia que nos aperta o coração; não aquieta a mente desvairada que salta de um assunto a outro, de um desejo a outro até quase o esgotamento; ganhar dinheiro não apaga o nosso sentimento de culpa ou elimina a absurda sensação de inadequação - um sentimento de estar sempre na hora errada, no lugar errado e dizendo coisas inapropriadas.
Todos queremos ser ricos, ou pelo menos livres das aflições financeiras, mas isso não minimiza a impulsividade nefasta; a grana por si só não é capaz de equilibrar nosso humor instável; muito menos apaziguar os constantes sobressaltos que sofremos ao menor ruído.
Como a Mega Sena poderá restaurar nossas memórias claudicantes? Talvez o dinheiro até multiplique os projetos abandonados...
Não! Nossos sonhos mágicos são mais dramáticos, mais impactantes, mais definitivos.
Algo que mude nossas vidas, mas que também mude a percepção que têm de nós; mais que a percepção, a expectativa que têm de nós e suas subsequentes cobranças.
Uma tragédia! Uma enorme tragédia que nos transforme em vítimas do acaso; vítimas de uma natureza inclemente ou de humanos desumanos que só valorizam o dinheiro, ambos ignorando os inocentes ao alcance de sua maldade.
Quem de nós jamais sonhou com a calamidade libertadora? Não que nos liberte da vida, mas da responsabilidade de viver; de cumprir expectativas; de atingir objetivos que nunca foram nossos, mas impostos pela família, pela sociedade, pela mídia...
A calamidade que ruísse definitivamente com a necessidade de ser alguém e nos desse o salvo conduto para sermos apenas nós mesmos, imersos em nossos devaneios, caminhando sem rumo pelos intrincados atalhos de nossas mentes onde podemos ser de conquistadores e desbravadores invencíveis a sonhadores inocentes vivendo sem peso e sem amanhã. Nem ontem.
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