Já mencionei em outro post que minha vida financeira anda num aperto danado. Premido por esse aperto ando à procura de novos 'dinheiros'. Essa procura levou-me a um devaneio, um sonho, uma esperança. Lembrei-me que andei guardando dinheiro em uma caixa que há muito não mexia. Assim que lembrei-me, tive a esperança de haver esquecido ali algum dinheiro, quem sabe até um valor significativo, que pudesse me ajudar de alguma forma. Imediatamente pensei: quando chegar em casa vou direto àquela caixa conferir se ficou algo lá. Ao mesmo tempo, um sentimento de que eu jamais teria esquecido dinheiro naquela caixa ou em qualquer outro lugar tomou conta de mim. Mas, a esperança é a última que morre. Pois bem, cheguei em casa e não fui olhar a caixa. Lembrei-me, mas não fui. Deixei pra depois. Lembrei-me de novo, e adiei novamente. Os dias se passaram e eu não tive coragem de abrir aquela caixa e conferir se havia ou não dinheiro ali dentro. Hoje, agora há pouco comecei a pensar sobre isso; por que não fui abrir a maldita (ou bendita, dependendo do seu conteúdo) caixa. Logo me veio à mente de que adiei por receio - ou quase certeza - de que não há dinheiro lá dentro. Comecei a pensar nesse sentimento e nessa característica de adiar as coisas. Em vários momentos em que me lembrei haver procrastinado, havia este sentimento de medo presente. O medo de que o resultado fosse diverso daquele que eu queria ou imaginava. O medo de que o resultado fosse diverso daquele que eu precisava ter. Em todos esses momentos o resultado da procrastinação me foi desfavorável. Em alguns, os menos negativos, eu descobri que torturei-me à toa, que sofri com aquele sentimento desnecessariamente. Nos momentos piores, eu descobri que uma ação imediata poderia reverter o resultado negativo, ou pelo menos minorar o resultado que eu tanto temia.
Em todos os casos, o sentimento que paralisou minhas ações foi o medo do resultado. O medo de confrontar situações ou pessoas que me poderiam decepcionar, magoar, ofender, ou qualquer outra coisa que me fosse desagradável.
No fim, o medo.
O medo que habita cada um de nós, portadores de TDAH. O medo de não conseguir, de não dar conta, de não saber resolver; de demonstrar ignorância, fragilidade, fraqueza. O medo de que descubram que nós somos um embuste, uma farsa. O medo de que descubram que tudo aquilo que falam de nós desde a mais tenra infância seja descoberto e escancarado ao público.
O medo. A raiz da procrastinação esta fincada nele. A base da paralisia se fundamenta nele. O medo cultivado em nossa alma desde a infância por aqueles que nos deviam proteger, ensinar, instrumentalizar.
O medo, a concretização de todos aqueles apelidos 'engraçados' e comentários feitos sob gargalhadas entre parentes, amigos, professores e todos que nos cercam.
Procrastinação eu te reconheci; sois o medo e hei de vencê-la.
Obs.: Realmente não havia nem um centavo dentro da caixa. O que ali habitou um dia, foi devidamente gasto. Infelizmente. Mas ficou a descoberta, e essa tem um valor enorme.