Não sei se esse post será exatamente sobre o TDAH, nem mesmo se o publicarei, mas ao ouvir o comentário na TV deu-me uma enorme vontade de escrever sobre o assunto.
Acabei de assistir na televisão um comentário encerrando o jornal SBT Brasil sobre o caso da mulher que matou e esquartejou o marido, um executivo da Yoki. Um jurista ou sei lá qual é sua profissão comentou que qualquer um pode matar, faz parte da natureza do ser humano. Carregamos uma coerção moral que nos impede de matar; porém se essa coerção se rompe, matamos.
Você seria capaz de matar?
Eu seria capaz de matar?
Até aonde aguentamos a pressão?
Os portadores de TDAH somos extremamente suscetíveis à pressão e sujeitos a explosões inesperadas.
As suas explosões já o fizeram temer cometer um homicídio?
Em algum post anterior cheguei a comentar sobre esse assunto, eu temo minhas reações sob forte pressão e minhas explosões de fúria, por isso não tenho nem carrego nenhum tipo de arma ou nada que possa usar como. Tem gente que carrega no carro porretes, barras de ferro, sei lá, um sem número de coisas que seriam objetos de defesa. Eu não acredito que essas pessoas pensem em defender-se somente; no recôndito mais escuro de suas almas elas sabem que uma hora ou outra essas 'armas' serão ou poderão ser usadas para ataque.
Detesto qualquer tipo de violência, mas por via das dúvidas, não carrego nada, nem pretendo ter jamais qualquer tipo de arma. Um segundo, ou menos, poder ser o tempo necessário para se puxar um gatilho ou desferir um golpe qualquer num momento de desespero.
Vivemos um momento estranho no Brasil; a vida humana vale tão pouco, quase nada.
Matar é algo tão fácil, tão comum, tão corriqueiro...
Quando conhecemos certos números é que enxergamos o tamanho da tragédia brasileira; morrem em média 300 pessoas por dia no Brasil se somarmos acidentes de automóveis e assassinatos. Trezentas pessoas por dia! Fora as que ficam mutiladas, aleijadas, etc.
Dirigimos com uma agressividade e displicência fora do comum, o motorista ao nosso lado é nosso inimigo e deve ser derrotado a qualquer custo. Nunca ele poderá chegar naquele cruzamento primeiro, a prioridade jamais pode ser do outro. Somos todos assim no Brasil.
Muitas vezes, quando analisamos friamente nossas atitudes ao volante, percebemos quão perigosas, infantis e inúteis elas foram, mas continuamos a repeti-las.
A tragédia nos ronda, está ao alcance de nossas mãos, levamos vidas intensas, apaixonadas e muito próximas do limite. Muitos de nós abusam das bebidas alcoólicas e das drogas, adoramos a velocidade e a adrenalina, portanto, vamos nos manter longe das armas e por consequência das tragédias. Claro, nada garante que a tragédia não virá por nossas próprias mãos, mas pode ser menos letal, menos rápida, e quem sabe, pode nos dar uma oportunidade de pensar e arrepender antes que seja tarde demais.
Pessoas comuns, normais, que levam vidas aparentemente tranquilas e metem-se em tragédias bárbaras me impressionam muito. Depois que a arma é disparada não há como voltar atrás e aí, na tentativa de se livrar da punição e da cadeia (que deve ser uma coisa horrorosa), as pessoas multiplicam os crimes e a monstruosidade de suas ações.
Na dúvida, não tenha armas, ninguém precisa delas pra nada de útil e construtivo.