quinta-feira, 9 de março de 2017

O TDAH NO DIA DA MULHER






O post de hoje tem tripla inspiração. Partindo de três mulheres diferentes, como são diferentes os locais onde vivem; Chapada Diamantina, Região Serrana do Rio e Londres...
De Londres vem a música de Adele num show maravilhoso no Canal Bis.
Da Chapada Diamantina vem a luta de Emily contra o TDAH. Marido, filhos e todos os erros e inconstâncias do TDAH. Inúmeras tentativas infutíferas em vários negócios diferentes foram minando sua auto estima. Enchendo-a de insegurança e medo.
Mas TDAH jamais desiste. E se mulher, aí que não desiste mesmo. Pois bem, Emily montou o Vitrola, uma hamburgueria gourmet. E se descobriu!
Hoje, via WhatsApp, ela comentava: sou capaz de montar 40 hambúrgueres sem errar nenhum. Isso, para um TDAH é como ganhar na mega sena da virada! O nome disso é motivação! TDAH motivado é sinônimo de produtividade, perfeição, criatividade à flor da pele; resultado!
A chave é: Motive-se!
Faça o que ama!
Da Região Serrana saiu todo esse post.
Confesso que estava com preguiça. E ela me ligou e cobrou: hoje é o Dia Internacional da Mulher, os seguidores do blog estão esperando algo novo.
E aqui estou eu.
Em geral com jornada dupla, no trabalho e em casa, a mulher com TDAH vê suas tarefas multiplicadas por mil. Lembro-me de uma portadora de Belo Horizonte que encontrou uma fralda suja dentro da geladeira. E correu na lixeira para resgatar a mamadeira que ali jogara no lugar da fralda suja. Ainda existem milhares de outras mulheres lutando em silêncio contra o TDAH, conhecendo ou não o que as afeta, sabemos que a luta é insana, cruel e sem tréguas. E muitos de nós, maridos, não ajudamos, não compreendemos, e ainda cobramos excessivamente.
O resultado dessa equação dolorosa, são momentos de silencioso desespero, explosões descontroladas e desgastantes repetições dos mesmos erros sob a chuva de críticas da família.
Deveria existir um dia Internacional da Mulher com TDAH. Deveria ser feriado. Mas feriado de verdade, onde seria proibido criticar suas falhas, seus esquecimentos e suas infindáveis tentativas de acertar dessa vez.
Na verdade seria o Dia Internacional do Respeito à Mulher TDAH.
Começaríamos com um dia. Depois dois, dez, vinte, cento e vinte dias... Até o dia em que todos os dias do ano forem de respeito às mulheres com TDAH.
Nesse dia teremos vencido todos os preconceitos com o transtorno.
Afinal, são as mulheres que nos constroem desde o nascimento; e respeitadas, passarão naturalmente esse respeito às gerações futuras.

quarta-feira, 1 de março de 2017

O TDAH E A VIDA SEM PAIXÃO





Sem paixão não dá nem pra chupar um picolé. (Nelson Rodrigues)

E aí a pessoa disse: ' Na nossa idade o amor é uma construção. Não existe mais aquilo de paixão.'
Pelo visto esta pessoa está construindo um barraco de pau a pique.
Deve ser muito triste viver sem paixão.
Eu, como TDAH, não imagino o que é isso.
Não sei viver sem paixão. Tenho que ser apaixonado pelo que faço, por quem eu convivo, pelo que leio, pelo que como...
Viver sem paixão não é vida.
Creio que nenhum TDAH consegue viver sem paixão. É o combustível da vida. E não acredito que a paixão seja obrigatoriamente efêmera. Não precisa necessariamente ser...
A paixão se renova, basta querer. Basta escolher manter acesa a chama da paixão. Não adianta ao advogado estudar economia, ele tem que estudar o Direito , encantar-se com os desafios do Direito. Ou então vai cair na mesmice e ficará medíocre. Nesse caso o melhor é mudar de profissão.
Sou apaixonado por cidades que nunca estive, como Florença, por épocas que não me recordo de ter vivido, como a Renascença, mas Ilhéus e Veneza - cidades tão opostas - me arrebataram e lembro-me de ambas com paixão ... Tenho paixão por café, chocolate, queijo... Sou absolutamente apaixonado pelo livro Cem anos de solidão, já disse isso aqui cem vezes.
Não há vida sem paixão. O problema é que vincularam a paixão à um fogaréu intenso e de curto prazo. E não creio nisso. Todas as manhãs escolho apaixonar-me pela minha mulher. Claro, não digo isso literalmente. Mas quando opto por mandar um poema, uma declaração de amor, ou um mero bom dia para ela diariamente, eu conquisto-a um pouquinho mais, e me apaixono um pouco mais também.
Ao assistir o filme O Senhor dos Anéis pela milésima vez, encanto-me um pouco mais por sua grandiosidade, suas personagens fascinantes, e alimento minha paixão por esse filme.
Eu escolho manter acesa minhas paixões. E elas me fazem sentir que minha vida vale a pena.
Não é o dinheiro, ou o status, ou o reconhecimento que me movem; são minhas paixões.
Por isso concordo e admiro Nelson Rodrigues, tem que existir paixão por viver. O dia em que elas acabarem, o dia em que não me restar nem a paixão por uma xícara de café, já estará na hora de morrer. E aí morrerei sem receio ou pena de mim mesmo.
Viver já não valerá mais a pena.