O comentário brilhante, aponta o cerne da desatenção como sendo uma tentativa de nossa mente de compensar a deficiência de dopamina que ocorre no cérebro do portador de TDAH. Segundo VISÃO, os portadores de TDAH passam boa parte do tempo em viagens idílicas sobre o presente ou futuro que existem apenas nas nossas mentes. A tradução disso é: sonhamos acordados. Qual é o problema de se sonhar acordado? Nenhum e todos. Quando se sonha, ocasionalmente, acordado, problema nenhum. Quando esse hábito de sonhar acordado invade o horário de trabalho, de estudo, ou outros momentos em que deveríamos estar atentos, é um problema sério, muito sério.
Segundo o comentário basta que desarmemos esse 'gatilho' que conseguiremos levar uma vida produtiva e feliz. Basta apenas desarmar o gatilho. Apenas desarmar o gatilho. Desarmar o gatilho... Que gatilho? Esses pensamentos fazem parte da minha vida desde sempre. Lembro-me de devaneios infantis a partir de nove, dez anos.
A enorme maioria dos TDAHs leva uma vida de frustrações, derrotas e perdas pessoais recorrentes. Esses pensamentos são espaços felizes que nos poupam das dores diárias, da triste imagem que temos diante do espelho. A cada dor, uma fuga para esses pensamentos prazerosos. Enfim, nesses momentos, vencemos nossas limitações, nossas falhas... Ali tomamos as decisões acertadas, falamos as palavras certas, no tom certo, no momento certo. Ali ninguém ri de nossas desatenções, de nosso destrambelhamento, de nossa falta de coordenação... Ali, somos infalíveis. Ali, somos felizes.
E não o reconhecemos. Esses pensamentos fazem parte da nossa vida de forma natural como a respiração ou o abrir e fechar dos olhos. Se eu desarmar esse 'gatilho' o que vai sobrar da minha vida? Gostarei de me defrontar com minha realidade? Todos os outros sintomas do TDAH desaparecerão com o fim do gatilho, ou terei que conviver com todas as outras características sem o alívio dos sonhos felizes ao meio do dia?