domingo, 25 de agosto de 2013

O TDAH PULSANDO DE CULPA!






Mais que uma tatuagem, a culpa é uma cicatriz em nossas almas.
Uma cicatriz inchada e latejante a nos lembrar de sua existência.
Os erros passados desfilam em nossos olhos.
As críticas pretéritas ainda ecoam em nossos ouvidos.
Os olhares acusatórios pesam como uma cruz em nossas costas.
A culpa; sempre ela, gêmea xipófaga do TDAH; unidos pela mente, pelo coração, pela alma.
Ao contrário do que dizem nossos detratores, o TDAH não é insensível; muito pelo contrário, impelidos por um desejo incontrolável, por uma impulsividade indômita, erramos continuamente e acabamos eternamente torturados pela culpa.
Uma culpa pulsante, viva, interminável.
Velhos erros dançam diante de nós, como a oferecer-se para que os escolhamos como pares novamente. Aquela palavra final que jamais deveria ter sido dita, volta à nossa mente, sempre na superfície oferecendo-se para ser repetida. e a repetimos. E a velha cicatriz pulsa, a velha dor nos aterroriza e juramos não experimenta-la de novo.
Ah, mas o TDAH é ladino! Espertamente nos faz 'esquecer' a dor, ameniza-a e nós, seus fantoches, acreditamos em seus ardis. E falhamos de novo!
Aquele desespero tantas vezes experimentado volta à nossa vida.
E nos cobramos de novo.
Quantas vezes, no auge do desespero imaginamos acabar com nossas vidas de erros e agressões?
Em outras tantas, decidimos romper relacionamentos, pedir demissão de empregos, abandonar pessoas e situações ao cometer pela milésima vez o mesmo erro. Nem precisa ser um erro grave, mas eternamente repeti-lo nos enche de vergonha.
Que vontade de abandonar o mundo, sair por aí de andarilho; um desconhecido sem passado, futuro ou expectativas!
Um andrajoso a despertar a comiseração de seus pares, mas livre, livre das cobranças, da culpa e dos erros infindáveis.
Mas o TDAH não nos abandona. Como diz meu amigo Marcel - ex Frank Slade - o TDAH que nos derruba é o mesmo que nos dá força para que nos reergamos.
E nos dá nossa famosa cara de pau para enfrentar , aparentemente, impávidos os nossos detratores. E essa aparente força interior para enfrentarmos nossos fantasmas, nos faz esquecer as dores passadas e nos impede de aprender com os erros.
E erramos de novo.
E a cicatriz pulsa.
E o gosto amargo da derrota nos inunda a boca novamente...


domingo, 18 de agosto de 2013

TDAH - MEDICAI E VIGIAI






O amigo Rafael Salazar em um comentário muito inteligente diz que apenas a Ritalina não resolve no tratamento do TDAH, o que resolve é: 'MEDICAI E VIGIAI'.
Esta expressão sintetiza minha última consulta com minha neurologista, a Dra. Valéria Modesto. Com o desaparecimento da Ritalina do mercado, resolvi racionar o medicamento, reduzindo a dosagem de 30mg por dia para apenas 10mg por dia; mesmo assim, sem tomar aos sábados e domingos e, ao final da última caixa tomando em dias alternados. Ou seja, na prática, fiquei sem tratamento; e não fiz grandes besteiras. Claro, minha produtividade caiu, fiquei mais disperso e menos concentrado, mas como fiz pra não voltar à estaca zero?
VIGIEI!!!!
Mas vigiei muito! Mas muito mesmo! Penso em função da doença.
Quero enrolar no trabalho? logo me aviso: Alexandre, esse é o TDAH pensando por você.
A ira me sobe? respiro e penso: não vou falar nada agora, esse não sou eu.
A impulsividade me convida? calma, Alexandre, é isso que você quer para o seu futuro?
E juro a vocês, é exatamente assim que eu penso; me chamando pelo nome, me perguntando e me cobrando. Quantas vezes nesse período me levantei da mesa e disse pra mim mesmo: vai trabalhar vagabundo, você tem metas a cumprir, precisa desse emprego...
Um sem número de vezes engoli aquela palavra destruidora que nos vem à ponta da língua e põe fim a relacionamentos, amizades, empregos e diálogos.
Descobri, graças à NOVARTIS, que o VIGIAI é tão importante quanto o MEDICAI, mas sei também que um não vai muito longe sem o outro. Um desânimo tem me invadido, pensamentos derrotistas começam a surgir no horizonte, com o VIGIAI ligado tenho afastado essas possibilidades de entreguismo, mas sei que a força do TDAH é muito grande e, a persistir a falta do uso contínuo, eu estaria fadado ao fracasso no meu tratamento. Por isso marquei uma nova consulta com minha 'anja da guarda' e ali decidimos dar um novo passo em meu tratamento. Aliás um passo caríssimo, mas eu mereço. Vou começar na próxima semana a tomar o Venvanse. Caro pra caramba, mas é mais importante do que gastar essa grana a esmo, com coisas sem importância. Repito: eu mereço!
A base de todo o meu tratamento, de meus posts e, principalmente, das respostas aos comentários é: aceite seu TDAH, conheça a fundo a sua doença, leia, assista vídeos, discuta o assunto, aprenda e conheça o TDAH; e policie-se para enxergar quando ele está atuando em sua vida. Quando sua vontade é substituída pela vontade sabotadora do TDAH. Quando suas atitudes são substituídas pela impulsividade do TDAH. Quando suas respostas são substituídas pela ira do TDAH.
Enfim, VIGIAI, para que o TDAH não o pegue desprevenido como pegou nosso amigo e colaborador precioso Walter; trazendo-lhe transtorno num momento da vida em que parecia que não seria mais pego de surpresa. Mas o VIGIAI é importante para que percebamos que não podemos abrir mão do MEDICAI, como eu, que quase caí nesse engodo ao me achar ótimo mesmo sub medicado. O VIGIAI e este blog, que amo, me fizeram ver que, lentamente, eu descia a ladeira de volta à base do caminho.
Por fim, se seu dinheiro (como o meu) não dá pra fazer terapia, escreva um blog, um caderno, folhas soltas; mesmo que ninguém leia, mesmo que você ache que escreve mal, ao escrever você "movimenta" seu TDAH; você vivencia seu TDAH, e enxerga novas possibilidades, novos caminhos, novas alternativas.
Não se esqueça, MEDICAI E VIGIAI!
Mas, se você quiser (e precisar) de uma ajuda extra, uma força a mais, acrescente o ORAI, como sugeriu a amiga Maria Bonita.
MEDICAI, ORAI E VIGIAI. Assim você estará protegido pela ciência, por Deus e por você mesmo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O TDAH INDOMÁVEL






Meu coração transborda.
Meu peito não me cabe.
Minha cabeça não me obedece.
Meu peito transborda.
Minha cabeça não me cabe.
Meu coração não me obedece.
Minha cabeça transborda.
Meu coração não me cabe.
Meu peito não me obedece.
Transborda meu peito que não me cabe.
Não me obedece meu coração que transborda.
Não me cabe minha cabeça que não me obedece.
Já que não me cabe,
já que transborda,
já que não me obedece;
pra que resistir?
Entrego meus sentimentos ao turbilhão do TDAH.
Atiro-me nesse tsunami de emoções que me arrasta.
Se dores intensas experimentei,
emoções e prazeres inenarráveis saboreei.
Não quero a vida insossa dos 'normais'.
Quero o peito em brasa a um toque.
Quero a respiração ofegante por um olhar.
Quero as mãos úmidas de expectativa.
Se dor ou prazer,
o que importa é viver.



sábado, 10 de agosto de 2013

UM TDAH EM ESTADO DE CHOQUE





Estou diante dele, em silenciosa expectativa.
Dessa vez será diferente, tenho praticamente certeza do que tenho..
Será possível que ele me reserva algum dissabor?
A imagem do desastre forma-se diante de mim.
Meu Deus, mais uma decepção!
Como sempre uma surpresa desagradável.
Imagens desconexas povoam minha cabeça.
Tento descobrir o que pode ter acontecido; do que eu esqueci.
O que fazer diante desse quadro caótico?
 Mas por que sempre que aqui chego tomo um choque?
 Encontro-me num beco sem saída.
 Estático, indefeso, observo a imagem diante de mim.  Essa é a imagem de um inimigo, de um adversário que teima em atirar na minha cara uma verdade diversa daquela que eu imaginava.
Até quando essa realidade artificial vai insistir em sobrepor-se à minha realidade?
Não posso ter errado de novo! Não, dessa vez não!
Tenho que tomar uma decisão; não vou me apequenar diante do inimigo.
Engulo seco e o provoco novamente. A imagem muda, altera-se apenas por instantes, e logo retorna ao mesmo quadro de doentia penúria.
Uma raiva intensa se apodera de mim, uma vontade de agredi-lo, de massacrá-lo. Sua indiferença quase sarcástica me exaspera.
Não aguento mais isso!
Indignado arranco meu cartão e saio do banco desfiando milhares de impropérios contra esse maldito caixa eletrônico que insiste em me apresentar um saldo muito menor, muito inferior àquele que eu, de memória, achava que tinha em conta.
Um dia ainda vou explodir esse desgraçado.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

TDAH, TUDO DE BOM ?










Meu peito dói,
não sei pra onde ir.
Um estranho mal estar.
Não físico;
nem mental.
Algo inexplicável.
Mas palpável.
Quero ir,
mas fico.
Quero estar,
mas vou.
Violento (me).
Engano (me).
Frustro (me).
Caio.
Choro.
Derroto (me).
Levanto (me).
Reergo (me).
Olho pro céu
e como na infância
ainda creio que posso atingi-lo.
Salto, salto, salto...
Mas não o alcanço...
Meu peito dói,
não sei pra onde ir.
Um estranho mal estar...

Esse post foi escrito em virtude do comentário de uma portadora anônima de 22 anos que citava o DINHO, dos Mamonas Assassinas e dizia amar ser TDAH. 

domingo, 4 de agosto de 2013

O TDAH E O DESINTERESSE DOENTIO





Existe uma música velhíssima, se não me engano do Erasmo Carlos, que diz assim:

Vejo caminhões
E carros apressados
A passar por mim
Estou sentado à beira
De um caminho
Que não tem mais fim...

E os carros passam. E passam os caminhões. E a vida passa.
E continua-se, ali, sentado à beira do caminho.
Nem a poeira ou a chuva despertam a vontade de sair. 
Preguiça?
Não. Desinteresse.
Seguir a estrada ou ficar à margem dela; qual a diferença?
Nenhuma.
Ao cobrir-se de pó, uma hora será lavado pela chuva; se esta esfria, pode ser coberta - novamente- pelo pó.
Seguir a estrada? 
Proteger os olhos que ardem? 
Passam mais carros ou mais caminhões? 
Tanto faz...
As vezes, num vislumbre, um rosto chama a atenção dentro de um daqueles veículos. 
Mas passou tão rápido...
Carona? Não precisa... Espera... Sim, espera... Não importa...
Um súbito ímpeto de erguer-se; mas, pra quê? 
Olha pra trás e enxerga no início da estrada a criança agitada, curiosa, que pensava que o mundo conseguiria abraçar. Onde foi parar? 
Quem sabe num dos desvios de dopamina do cérebro confuso.
Numa das falhas geológicas da memória.
Ou derreteu-se nas lavas incandescentes de um acesso de raiva.
Talvez, não a reconheça mais por culpa do pó que estragou os olhos. 
Mas essa criança curiosa existiu mesmo ou é apenas cria de sua memória indomável?
Não faz diferença...
Nunca fez...

FÓRUM NACIONAL DE PESSOAS COM TDAH








Precisamos nos unir e dar uma resposta aos detratores do TDAH , aqueles que ironizam e tripudiam de nosso sofrimento, e esse fórum pode ser uma das boas iniciativas.
Um grupo de TDAHs está arrecadando verba para realizar em dezembro próximo em São Paulo um fórum sobre TDAH onde serão discutidas as políticas públicas voltadas para pessoas portadoras do transtorno, crianças e adultos.
Já estão convidados - e confirmados- deputados e autoridades ligadas a educação, além do presidente da Federação Mundial do TDAH.
Para que o fórum se concretize, é preciso que se arrecade um valor mínimo e podem ser doados valores a partir de R$15,00 (quinze reais). Vamos lá pessoal, ninguém vai ganhar nada pessoalmente com isso, o valor arrecadado viabilizará um Fórum em nosso favor e em favor de nossos filhos ou de quem amamos.
Não faço parte da organização, apenas recebi um link, vi o vídeo e decidi apoiar. A turma do anti TDAH está a cada dia mais visível, precisamos nos fortalecer; eu já dei minha contribuição.

                                           http://benfeitoria.com/forumnacionaltdah

Acessem o link acima e vocês poderão ver o vídeo e conhecer as formas de apoio.
Ah, mas por favor, apressem-se, o prazo pra viabilização financeira do projeto encerra-se no fim do mês.