sábado, 28 de março de 2015

TDAH NÃO É DESAJUSTE PSICOLÓGICO


(Tirinha extraída do blog Jornal Tdah Dda)


Em quase todos os posts eu recebo comentários bem intencionados de como melhorar nossas vidas através de atitudes, pensamentos, leituras, técnicas de memorização, meditação,etc, etc, etc...
Claro, todas elas ajudam, auxiliam, reforçam, mas o que as pessoas não entendem é que NÓS NÃO TEMOS O CONTROLE TOTAL DAS NOSSAS MENTES.
De nada vale um conselho para eu me organizar, pra limpar as gavetas, pra me livrar da culpa, minha mente não pensa assim; e pronto.
Existem coisas que fiz no passado de que me envergonho até hoje; algumas são idiotas, infantis, mas quando lembro delas me sinto incomodado. Outras graves, de que me arrependo, mas não consigo esquecê-las. Não controlo isso. Locais que frequento, pessoas que convivo, músicas, livros, filmes, tudo isso me reporta àquele período da vida em que cometi esse ou aquele erro. Como controlar isso? É igual abandonar um vício, tudo te lembra o maldito... Alie-se a isso a culpa inerente ao TDAH que é multiplicada pelo sem número de lambanças que cometemos ao longo da vida.
Perdoe-se!
Já me perdoei, mas isso não apaga nada da minha mente. Nem da de ninguém, na verdade.
Aos leitores e colaboradores do blog: TDAH é doença biológica, física, do corpo, da matéria. Uma vez medicado, posso até conseguir controlar esse ou aquele impulso. Sem remédio, mal consigo ler esses comentários longos, que dirá praticá-los.
No blog JORNAL TDAH DDA, existe um manual de sobrevivência do TDAH que é simplesmente sensacional. Ali estão todas as técnicas e atitudes necessárias para uma melhor convivência com você mesmo. Mas só funcionará se você estiver medicado. Do contrário, você vai se esquecer rapidinho do que leu e tudo vai por água abaixo.
Tudo, absolutamente tudo funcionará melhor medicado. Ah, mas Alexandre: a prima da vizinha, da amiga, da avó, da faxineira do meu tio conseguiu controlar seus impulsos através da meditação...
Tem gente que ganha na mega sena, que um tumor desaparece, que consegue levitar... Não podemos pautar nossa vida e nossa doença pelas exceções. Se assim fosse nem precisava de médico, só curandeiro e livros de auto ajuda.
Respeito e agradeço a essas pessoas que tentam nos ajudar, é uma forma de carinho, de atenção. Pena que não seja muito útil. Claro, algumas coisas extraímos, ou sempre aprendemos, mas pro TDAH, não ajuda muito...

sábado, 14 de março de 2015

TDAH, A VIDA SEM RITALINA




A Paula é hipertensa, não pode tomar Ritalina. A família da Maria do Carmo não a suporta quando está  sob tratamento.
E o Venvanse, a única opção ao Metilfenidato, é tão caro que impossibilita a grande maioria das pessoas de tomá-lo.
E aí, o que fazer?
Aceito sugestões em nome de ambas...
Na minha medíocre opinião, o que precisa ser feito é transformar aquilo que é complemento do tratamento medicamentoso em seu pilar central.
TCC, Terapia Cognitivo Comportamental; Coach; Psicanálise; uma tal de técnica Pomodoro (que eu não faço a menor ideia do que seja) e um monte de outras terapias alternativas que se julgam capazes de curar ou domar o TDAH.
Aí entra o problema de todas as terapias de apoio psicológico, elas são psicológicas e o TDAH é físico. Nossas reações e padrões mentais são ditados pela falta de neurotransmissores e não por um trauma, ou sei lá o que pode nos afetar psicologicamente.
Até hoje, a melhor solução de apoio que encontrei foi o conhecer a mim mesmo. Mergulhei fundo em tudo sobre o TDAH e comparei com meus comportamentos e minhas reações. Meio que mapeei o meu TDAH; a partir daí passei a me policiar, a confrontar os meus comportamentos, desejos, reações com aquilo que aprendi com a doença. Isso funciona bem por um tempo. Temos a tendência de dar uma relaxada quando as coisas vão bem. E aí tudo desanda. Foi exatamente o que narrei aqui no post anterior.
Mas, se a pessoa não pode tomar o remédio, acredito que a melhor solução seja a soma do conhecer-se melhor e uma terapia de apoio. Um bom profissional ajudará a manter a pessoa em alerta, e a alertará para suas falhas ou quando os sabotadores entrarem em ação.
Hoje ouvi uma informação que ajudará na questão do preço do remédio. Uma amiga me contou que ganhou na justiça o direito de receber gratuitamente a Ritalina LA para tratamento de sua filha. Claro que esse é um caso único, o primeiro que ouvi falar; mas já é um precedente favorável. Um Juiz acatou a existência do TDAH e a necessidade de seu tratamento, e mais, reconheceu que é dever do Estado prover essa pequena cidadã de medicamentos que farão sua vida melhor.
Ainda existe gente inteligente e bem intencionada nesse país.

OBS.; SÓ PRA LEMBRAR: UM INFELIZ POSTA UNS VIDEOZINHOS ANTI PSIQUIATRIA EM MEU NOME. NÃO SOU EU, APENAS UM MEDÍOCRE QUE TENTA SABOTAR A NOSSA LUTA.

domingo, 8 de março de 2015

UM TDAH SEM RITALINA




Sei lá por que, ou quando, achei que a Ritalina não estava fazendo mais efeito. Decidi do alto da minha sapiência e arrogância (sem consultar minha médica) que eu iria suspender meu medicamento.
E assim fiz.
Por coincidência começara alguns meses antes a tomar um complexo vitamínico , o Centrum Select;  minha médica me disse que isso me ajudaria a me manter sem a Ritalina, quando a informei que já estava a uns três meses sem remédio.
Mas o TDAH é ladino, inteligente. Os sabotadores que me fizeram acreditar que a Ritalina era desnecessária, me ajudaram a esquecer de comprar o Centrum. Passei a tomá-lo com enormes intervalos e passava semanas sem tomar quando terminava uma caixa e não me lembrava de comprar outra.
E nem assim percebi. Não percebi que a memória piorava. Não percebi que o gás acabava mais cedo.
Não percebi a falta de foco. Até um dia em que peguei um celular pra consertar e fiz tudo certinho, tudo perfeito, mas deu errado. Fui conferir e havia cometido um erro básico, infantil, por falta de atenção. Aí caiu a ficha. Lembrei-me de que há meses estava sem Ritalina, uns oito meses talvez, e uns dois ou três sem o Centrum.
Voltei a tomar.
E aí percebi a extensão da besteira; eu não parei de tomar como um projeto pra ficar sem remédio, ou uma tentativa de encontrar uma alternativa mais saudável ou sei lá o quê. Eu parei por que fui um idiota e me deixei levar pela falsa impressão de que não precisava mais de me tratar.
Não sei mais o que aconteceu por falta do remédio, ou dos remédios, ou o que aconteceu por excesso de trabalho, ou falta de forças para conduzi-lo, eu sei que ficou tudo muito mais complicado. Muito mais difícil de administrar.
A vida ficou mais lenta, mais pesada, pegajosa, uma areia movediça.
Reorganizar a vida, colocar tudo de volta em seus lugares, recuperar o tempo perdido leva tempo.
Mas estamos aí pra isso: pra cair, pra levantar, pra enfrentar.
E eu também sou assim. Caí muitas vezes; quebrei a ficha como se diz no AA; mas me recuperei, enxerguei a asneira e retomei o caminho.
Fica a dica: não creia que exista tratamento pro TDAH sem medicamento. Não há!
É isso aí, Walter, ainda bem que você está sempre por aqui!