terça-feira, 24 de julho de 2012

EU CONFESSO, O TDAH É UMA MENTIRA!









Não adianta a ABDA tentar provar o contrário; o TDAH não existe.
As minhas explosões de fúria que destruíram relacionamentos amorosos e amizades?
Nunca existiram.
Procrastino por preguiça!
Mesmo vendo minha vida afundar optei por não fazer nada, sei lá, talvez pra dar uma de coitadinho. A tortura mental que eu vivo quando procrastino (sim, ainda sou dominado pela ‘preguiça’) é invenção minha.
Quatro casamentos desfeitos com traumas, dores e culpas inesquecíveis foram por falta de caráter. Os dois noivados que ruíram na adolescência nada mais eram do que embriões do cafajeste em que me transformaria mais tarde.
Nunca quis ter uma vida estável! Jamais sonhei em envelhecer ao lado de uma esposa amada cercado de filhos e netos numa casa confortável, própria e quitada, resultado de uma vida financeira tranquila e bem planejada.
Não! Desde adolescente sonhei com uma vida amorosa errante e instável, afinal, os embates que antecedem o fim de um casamento são absolutamente deliciosos. O prazer de ser pego em erro pela esposa não tem preço, como não tem preço cometer o mesmo erro pela milésima vez.
Como é saboroso olhar pra trás e sentir-se responsável por destruir a própria vida, dinamitar todos os sonhos de infância e juventude.
Claro que isso não é uma doença!
Somos milhões de cretinos auto destrutivos que sabotamos a própria vida por prazer, por gosto.
Deleitamo-nos ao ver o sofrimento de nossos pais com nossa vida errática e cambaleante. 
Quantos de nós conseguem sucesso profissional, mas destroem suas vidas afetivas e pessoais. Outros tantos dinamitam o sucesso quando estão ‘perigosamente’ próximos dele.
Quanta dor vivemos e causamos, quantas lágrimas derramamos – nossas e de quem nos ama – sempre por vontade própria!
Quantas frustrações engolimos, quantas humilhações nos foram inflingidas por repetirmos os mesmos erros, os mesmos desatinos, por esquecermos pela enésima vez!
Não! O TDAH não existe!
Cada um de nós é fruto da manipulação mesquinha de laboratórios farmacêuticos mal intencionados.
Quanta cretinice, meu Deus! Como alguém pode vir a público tripudiar sobre o sofrimento de tanta gente! Quem são essas pessoas que se arvoram no direito de nos passar um atestado de cretinos e idiotas. Cretinos por tudo o que fizemos com as nossas vidas e a de todas as pessoas que cruzaram nossos caminhos; idiotas por acreditarmos que nossa falta de caráter poderia ser uma doença.
Não! Eu não vou abaixar a cabeça para uns poucos incompetentes que sonham com seus quinze minutos de fama, ainda que o preço dessa fama seja atirar tanta gente no limbo da vida de TDAH sem tratamento.
Deixo aqui o meu protesto: eu sou portador de TDAH sim!
Saber-me TDAH mudou radicalmente minha vida. Ainda cometo enormes falhas, ainda magoo as pessoas, ainda procrastino, ainda esqueço muita coisa, ainda me saboto. Mas  hoje me conheço melhor, hoje consigo enxergar muitos desses comportamentos antes que eles aconteçam e muitas das vezes consigo impedi-los. Continuo minha luta, mas hoje ao lado de milhares de pessoas que sofrem do mesmo mal e aprendo com cada uma delas a  ser uma pessoa melhor.
Não sei se consegui; mas quem sabe?
Já temos inimigos demais - dentro de nós mesmos - para termos que enfrentar criaturas mesquinhas que só querem aparecer às nossas custas.


terça-feira, 17 de julho de 2012

O TDAH E AS FALSAS JUSTIFICATIVAS




Recebi hoje um comentário anônimo cuja resposta gerou esse post. A pessoa quer saber se para ser considerado TDAH ela deveria ser um desastre acadêmico, pois se considera um desastre na vida afetiva, pessoal e profissional.
Ao pensar na resposta peguei-me me auto justificando pelo fato de não ter completado os cursos superiores que iniciei. Meu pensamento se desenvolveu e comecei a aprofundar nesse quesito: quantas vezes nos enganamos com falsas desculpas, ou mesmo, quantas vezes acreditamos nessas desculpas, afinal é muito duro admitirmos para nós mesmos que simplesmente fracassamos, fomos incapazes de completar um curso qualquer por preguiça, inaptidão, falta de foco e muitas outras coisas mais reais do que as auto justificativas habituais que usamos para enganarmos a nós mesmos: excesso de trabalho, falta de dinheiro, o curso não era aquilo que imaginávamos e muitas outras baboseiras que inventamos para taparmos a verdade.
Claro, se ainda não nos sabemos TDAHs essas  justificativas são até aceitáveis e, mesmo que falsas, com os anos elas se sedimentam e se transformam em verdades absolutas. Após sermos diagnosticados TDAH na idade adulta, automaticamente começamos a revisar nossas vidas com o objetivo de reconhecer o TDAH em nossas ações e fracassos.
Vamos lá, iniciei dois cursos superiores, não completei nenhum. O segundo, de Filosofia, eu adorava. Passei por um  momento de turbulência financeira, saí da faculdade e jamais voltei. A situação se normalizou, melhorou, ficou ótima e eu nunca voltei. Por que? Não sei explicar. Preguiça, desânimo. Na verdade, a expectativa de qualquer coisa que só vai terminar em três ou quatro anos é exasperante. No post anterior coloquei uma tirinha da Mafalda em que o Filipe afirma que o problema da escola são todos aqueles malditos dias de aula. É exatamente isso! É insuportável imaginar que faltam tantos dias para o fim do curso. Claro, por que pensar tão longe? Não sei, sempre pensei assim. No primeiro dia de aula já mirava a formatura, e ela estava tão longe...
O primeiro curso abandonei em troca do prazer, literalmente. Recém casado pela primeira vez, eu preferia curtir a lua de mel dos primeiros meses de casamento do que ir à aula. A lua de mel acabou, o casamento acabou e eu não retomei o curso. Cinco ou seis anos depois fiz nova tentativa, retomei o curso de Direito quando morava em Belo Horizonte. Tinha carro, ganhava bem, a faculdade era num ótimo lugar, mas eu faltava demais. Ao findar o primeiro semestre a faculdade avisou que mudaria de endereço; de um bairro próximo ao centro passaria para um prédio novo ao lado do BH Shopping, bem distante do meu trabalho. Nada impossível pra quem tinha carro. Foi a desculpa que eu precisava, abandonei definitivamente a faculdade. A verdade é que eu odiava ir à aula diariamente. Nem mesmo o fato de ser solteiro e ter arrumado mil paqueras na faculdade me serviram de estímulo para  ficar. Troquei a faculdade e a possibilidade de um um futuro muito diferente para ficar em casa. Exatamente, ficar em casa. Assistir TV, ler muito e pronto. O voltar para casa após o trabalho até hoje é uma atração quase irresistível. Entrar em casa, tomar banho, trocar de roupa e voltar a sair é um desafio quase impossível de ser vencido.
Não existe nenhum motivo de força maior ou nada que realmente justifique o fato de eu ter abandonado as duas faculdades. Simplesmente não suportei   a possibilidade de assumir aquele compromisso de quatro ou cinco anos, diariamente. Um completo saco. E vou ser sincero, nem sob tratamento consigo me imaginar de volta a uma faculdade. Adoro cursos rápidos, uma duas semanas no máximo. Além disso passa a ser uma violência contra minha rotina diária e essa rotina até agora mostrou-se invencível.


Isso é TDAH? Sim, existem componentes fortes, mas muitos dirão que não é só isso.
Podem existir questões culturais envolvidas, por exemplo. Podem existir outros fatores que influenciaram meu comportamento além do TDAH? Claro que pode - e deve - ter havido, mas quando penso que somos  quatro irmão em minha família e só eu não me formei dá uma certa dor, um desconforto. Como a questão cultural não afetou minhas irmãs? Por que mesmo hoje, tenho dificuldade de me imaginar voltando aos bancos escolares? Serão pelos meus mais de 50 anos, minhas 12 horas de trabalho ou será que o maldito TDAH está tão arraigado em minha mente que serão necessários muitos quilos de ritalina e centenas de sessões de coaching para superá-lo
Sei lá, mas que é muito duro olhar pra trás e enxergar as oportunidades perdidas, os sonhos destruídos, isso é.
Alguém , ou algo, tem de levar a culpa; espero não estar caindo na tentação de culpar somente o TDAH me esquecendo de minha própria responsabilidade.

domingo, 15 de julho de 2012

ISSO QUE É TRATAMENTO DE TDAH!





Eu sou um privilegiado!
Responda sinceramente, quantas vezes seu médico entrou em contato com você preocupado com seu estado de saúde, ou sua psicóloga - ou a coach no meu caso  - acompanha atentamente sua vida ao ponto de comentar seus comportamentos?
Pois eu tenho essa sorte.
Tanto minha médica, Dra. Valéria Modesto, quanto minha coach, Luciana Fiel, são assinantes do meu blog e raramente deixam de fazer um comentário ou mesmo me dar um puxão de orelhas quando preciso.
Há cerca de um mês a Dra. Valéria me 'convocou' para uma nova consulta, o teor de um dos meus posts deixou-a em alerta. Eu cheio de serviço e com uma certa preguiça andei procrastinando e não marquei a consulta. Essa semana , na manhã seguinte ao meu post anterior (sobre os biscoitos que 'jamais' havia experimentado) recebi um email dela preocupada com o desenvolvimento do meu tratamento e praticamente exigindo minha presença no seu consultório. Confesso que fiquei até um pouco envergonhado. É o cúmulo da TDAHzice procastinar a consulta da médica de TDAH. Que vergonha!
Mas esse é apenas um detalhe. O que me levou a escrever esse post foi a atenção da Valéria e da Luciana com seus pacientes. Não sei quantos possuem um blog que elas acompanham, mas sei que esse é o seu diferencial, o atendimento pessoal, humano. O que todo tratamento de saúde deveria ser.
A criação do programa Mente Confiante é um exemplo disso. Mensalmente a Dra. Valéria e a Luciana reúnem seus pacientes e familiares para discutirmos juntos os sintomas, os tratamentos e as estratégias para enfrentarmos juntos o TDAH. É uma injeção de ânimo, de força no coração de cada um de nós. Participei da primeira reunião com cerca de meia dúzia de membros, na última deveriam ter umas setenta pessoas. Espero, sinceramente, que essa forma de enxergar seus pacientes se dissemine por este país tão marcado pela medicina impessoal e mercantilista.
Não estou aqui fazendo propaganda de nenhuma das duas, apenas enalteço uma forma diferenciada e humanizada de atendimento. Através dos meus posts a Dra. Valéria e a Luciana acompanham minha caminhada de TDAH e interferem quando julgam necessário.
Realmente é um privilégio e eu agradeço às duas por isso.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

JAMAIS EXPERIMENTEI ISSO!






Aqui em Juiz de Fora existe uma loja de produtos caseiros, pães, bolos, doces e afins, chama-se Família Mineira e é uma das co-responsáveis  pelo meu sobrepeso.
O fato que narro aqui já foi comentado em outro post, mas esse tipo de episódio me incomoda muito e não me acostumo a ele.
Ontem eu fui à Família Mineira comprar uma rosca de canela sensacional que eles vendem. Como praticamente em todas as ruas do centro de Juiz de Fora, não havia onde estacionar e fiquei no carro , mal estacionado, enquanto a namorada foi comprar a 'Rosca da Vovó', como ela é conhecida aqui. Infelizmente a rosca já havia acabado e ela comentou que comprou várias outras coisas para o lanche.
Chegando em casa fui mexer nas sacolas e me deparei com um saquinho cheio de um biscoito de cor marrom dourada que a primeira vista me lembrou aqueles biscoitos de pimenta. Imediatamente critiquei-a mentalmente : ' que ideia, comprar pimentinha pra comer com café!' Mas logo vi que não era pimentinha, o biscoito é coberto com um açúcar e resolvi experimentar mesmo antes do café ficar pronto. Uma delícia! O tal açúcar que envolve o biscoito parece que é misturado com canela, espetacular. Imediatamente fui pra cozinha levar para que ela experimentasse, sua reação me deixou desconcertado, depois de me olhar com uma expressão engraçada no rosto, ela disse: " você deve ter gostado muito por que fez o mesmo comentário da outra vez que eu comprei esse biscoito".

EU JAMAIS EXPERIMENTEI ESSE BISCOITO!

Minha namorada tem uma memória prodigiosa e me deu os detalhes do dia em que comprou esse biscoito pela primeira vez.
Olha, eu não me lembro da aparência, do sabor, do cheiro, de nada desse biscoito. Mas nada mesmo! Eu comi os biscoitos como se fosse a primeira vez. E dizem que a primeira vez a gente nunca esquece.
Essa coisa fica martelando minha cabeça um tempão. É como se aquele momento não houvesse existido, nunca comi aquilo e pronto.
Na hora dá um desânimo, uma sensação de derrota, de impotência...
Me sinto meio doido mesmo.
Nem sei como agir nesses momentos, dá uma enorme vontade de tomar uns 23 comprimidos  de ritalina por dia pra ver se melhoro..
O que resta é levantar a cabeça e seguir meu caminho sabendo que, se o TDAH não tem cura, ele também não é infalível,  e, que  volta e meia eu consigo dar uma pernada nele.

domingo, 8 de julho de 2012

TDAH, PORQUE A VIDA É AGORA.









Creio já ter feito um post com assunto semelhante mas creio também que com abordagem diferente.
Já tive inúmeras decepções por imaginar como se dariam determinadas situações que eu iria viver naquele dia ou dai há poucos dias. Tentarei exemplificar: morei certa vez numa casa com banheira de hidromassagem  e, era relativamente comum que eu e minha esposa tomássemos banho de banheira na sextas à noite. Era divertido, relaxante, etc. Naquela sexta feira eu saí direto do trabalho para um curso e só deveria estar em casa por volta das dez horas da noite. No deslocamento do trabalho para o curso já comecei a imaginar em detalhes como seria aquela noite. Mas não é uma simples imaginação, é um vivenciamento. Eu senti aquela noite nos mínimos detalhes, eu já vivia aquele momento horas antes que ele chegasse. E ele nunca chegou. O curso só terminou por volta das 22:10, até que eu chegasse em casa, 22:30, a Cristina dormia como um anjo. Nada de banho, nada de noite especial, nada de nada. O que me restou daquela noite foi uma raiva danada e uma enorme briga no dia seguinte. Eu me lembro até hoje das palavras dela: " você não pode me cobrar uma situação sem que você tenha combinado comigo, eu não poderia ter adivinhado" . Mas deveria. Pelo menos é o que eu pensava na época. Não considerei que a Cristina trabalhara a semana inteira, que na época nossa filha Marina era bebê e dava um trabalho danado. Apenas 'previ' uma situação, e fiquei terrivelmente frustrado quando ela não aconteceu..
Hoje, sabedor de que essa é uma característica do TDAH, consegui evitar uma enorme frustração.
Já no café da manhã comecei a projetar meu domingo, após algumas horas no trabalho iria ter um almoço especial e uma tarde ainda melhor. O sentimento cresceu, ganhou forma, e passei   a vivê-lo quase como se já  estivesse acontecendo. De repente me deu um estalo: isso é TDAH! Não combinei com a outra parte, podem existir interferências externas; imediatamente lembrei-me do slogan do cartão Visa: porque a vida é agora. Tratei de apagar aquelas imagens da cabeça pensando em músicas e vídeos que baixei ontem na internet. Dali há pouco estava no trabalho e esqueci o assunto.
Estou em casa escrevendo esse texto por que a tarde que imaginei após o almoço não aconteceu. Claro que não estou feliz, eu preferia estar em outro local com outra companhia, mas não estou frustrado, com raiva ou nada do tipo. Abortei esses sentimentos pela manhã quando eles  começaram a nascer e criar o monstro da frustração. Sonhar é bom e não custa nada, mas imaginar que esse sonho vai acontecer carrega em seu bojo a semente da frustração, da decepção, da raiva.
Por isso é importante estar alerta, reconhecer as manhas do TDAH.
E lembre-se, se der errado, se você se frustrar, não fique com raiva, sente-se e escreva um post. Você sempre terá a chance de receber uma força dos amigos leitores e desabafará sem ódios e sem confrontos desnecessários.
Há muitos posts atrás eu escrevi um com o título: VOCÊ TEM TDAH? ESCREVA UM BLOG, AJUDA NO TRATAMENTO.
Viu, como funciona?

segunda-feira, 2 de julho de 2012

TDAH, EU? NUNCAAA!!!




Eu tenho vergonha de contar que eu tenho TDAH.
Como vou falar isso pra minha namorada? Pros meus amigos? Pro pessoal da faculdade? Todo mundo vai me sacanear, tomando remédio de louco! Não vou tomar isso, não! Mesmo que eu não conte pra ninguém esse remédio vai me deixar igual a um robozinho, quem me conhece vai sacar  na hora que eu tô dopado.
Porra, eu não sou doido, trabalho, estudo, namoro, agora vem um médico qualquer e fala que eu tenho essa porcaria dessa doença. Até hoje tem médico que não aceita que ela exista, tem médico que combate esse remédio. Eu não vou cair nessa não, li na internet que essa doença é invenção de laboratório pra vender remédio. Se bobear esse médico que minha mãe arrumou ganha comissão do laboratório pra receitar essa porcaria.
Já pensou? Se todas as pessoas distraídas tiverem de tomar remédio controlado esse laboratório vai ser a firma mais rica do mundo!
Imagina se a Aline descobre! Termina comigo na hora. Como uma menina linda, inteligente, bem sucedida igual a ela vai namorar um doido que toma remédio controlado?
Fora o Rafinha que vive me chamando de doido, agora vai cair na minha pele: " Rá, não disse que você era doido?" É ruim que vou dar esse mole pra ele.
O pior é minha mãe, vai encher meu saco! Acho que vou comprar uma caixa desse troço só pra dar uma satisfação pra ela.
Cara, olha preço desse troço! É cocaína legalizada mesmo, até no preço!
E se eu passasse a cheirar umas carreiras por dia! Pelo menos eu estaria enturmado, todo mundo me chama de careta. Veja o Pablo, cheira todas, tem um empregão, pega só gata, um carraço! Aliás que carro é aquele meu Deus! Mais de cem mil com certeza. Pô, tem tudo o carro. Acho que o Mike trabalha naquela concessionária, depois vou ligar pra ele, nunca vi um cara ter tanto vídeo. Vou pegar umas raridades com ele, baixar da net nunca tem a mesma qualidade do DVD original. Ainda mais a minha net que é lenta pra caramba. Em vez de velox tinha de chamar molex. Outro dia eu vi que tem conexões mais rápidas, tenho de ver isso. Vou anotar isso no meu celular.
Que diabo é isso que eu anotei aqui? 16:15, reunião pra fechar o estágio. Mas isso é na quarta, hoje é terça!
Anotei em dia errado? Peraí, hoje é dia de jogo? Tem jogo hoje, hoje é dia de rodada da Copa do Brasil!
Puta que pariu, hoje é quarta! Quantas horas, meu Deus? Ai Jesus, perdi o estágio, 16:40! Se eu for correndo, inventar uma desculpa, o trânsito, sei lá! Cara, que idiota que eu sou! Remédio controlado é pouco pra mim, tenho de ser internado! Quem tá me ligando uma hora dessas? A Aline! Ai meu Deus, o que ela quer comigo agora, no meio da entrevista do estágio? Claro que ela já sabe que eu faltei à entrevista, é na empresa que a irmã dela é gerente. A família inteira já deve saber que o irresponsável não apareceu na entrevista final de emprego. Quer saber, nem lá vou mais. Nem lá nem na casa da Aline, é muita pressão. A namorada perfeita, com a família perfeita, com a vida perfeita. Chega, não quero ser perfeito.
Vou desligar essa droga!
E ele nem ficou sabendo que Aline estava ligando pra comunicar que sua entrevista havia sido adiada para o dia seguinte. Numa explosão de fúria ele ligou pra namorada e a ofendeu, ofendeu sua família e sua vida perfeitinha. De uma só vez perdeu a namorada e um estágio numa grande empresa.
Exagero? Não, com certeza não. Muitos de nós já passou por isso. Algumas variações pra mais ou pra menos, mas no fundo os mesmos erros corrigidos com erros ainda maiores. 
Não duvide, o TDAH está aí e só é dominado com tratamento, persistência e muito apoio de quem te cerca.
* Falando em apoio das pessoas queridas, um novo blog sobre TDAH está surgindo, chama-se amando um TDAH, gostei, interessante com uma abordagem externa. Vale a pena ler.
http://amandoumtdah.blogspot.com.br/