terça-feira, 17 de julho de 2012

O TDAH E AS FALSAS JUSTIFICATIVAS




Recebi hoje um comentário anônimo cuja resposta gerou esse post. A pessoa quer saber se para ser considerado TDAH ela deveria ser um desastre acadêmico, pois se considera um desastre na vida afetiva, pessoal e profissional.
Ao pensar na resposta peguei-me me auto justificando pelo fato de não ter completado os cursos superiores que iniciei. Meu pensamento se desenvolveu e comecei a aprofundar nesse quesito: quantas vezes nos enganamos com falsas desculpas, ou mesmo, quantas vezes acreditamos nessas desculpas, afinal é muito duro admitirmos para nós mesmos que simplesmente fracassamos, fomos incapazes de completar um curso qualquer por preguiça, inaptidão, falta de foco e muitas outras coisas mais reais do que as auto justificativas habituais que usamos para enganarmos a nós mesmos: excesso de trabalho, falta de dinheiro, o curso não era aquilo que imaginávamos e muitas outras baboseiras que inventamos para taparmos a verdade.
Claro, se ainda não nos sabemos TDAHs essas  justificativas são até aceitáveis e, mesmo que falsas, com os anos elas se sedimentam e se transformam em verdades absolutas. Após sermos diagnosticados TDAH na idade adulta, automaticamente começamos a revisar nossas vidas com o objetivo de reconhecer o TDAH em nossas ações e fracassos.
Vamos lá, iniciei dois cursos superiores, não completei nenhum. O segundo, de Filosofia, eu adorava. Passei por um  momento de turbulência financeira, saí da faculdade e jamais voltei. A situação se normalizou, melhorou, ficou ótima e eu nunca voltei. Por que? Não sei explicar. Preguiça, desânimo. Na verdade, a expectativa de qualquer coisa que só vai terminar em três ou quatro anos é exasperante. No post anterior coloquei uma tirinha da Mafalda em que o Filipe afirma que o problema da escola são todos aqueles malditos dias de aula. É exatamente isso! É insuportável imaginar que faltam tantos dias para o fim do curso. Claro, por que pensar tão longe? Não sei, sempre pensei assim. No primeiro dia de aula já mirava a formatura, e ela estava tão longe...
O primeiro curso abandonei em troca do prazer, literalmente. Recém casado pela primeira vez, eu preferia curtir a lua de mel dos primeiros meses de casamento do que ir à aula. A lua de mel acabou, o casamento acabou e eu não retomei o curso. Cinco ou seis anos depois fiz nova tentativa, retomei o curso de Direito quando morava em Belo Horizonte. Tinha carro, ganhava bem, a faculdade era num ótimo lugar, mas eu faltava demais. Ao findar o primeiro semestre a faculdade avisou que mudaria de endereço; de um bairro próximo ao centro passaria para um prédio novo ao lado do BH Shopping, bem distante do meu trabalho. Nada impossível pra quem tinha carro. Foi a desculpa que eu precisava, abandonei definitivamente a faculdade. A verdade é que eu odiava ir à aula diariamente. Nem mesmo o fato de ser solteiro e ter arrumado mil paqueras na faculdade me serviram de estímulo para  ficar. Troquei a faculdade e a possibilidade de um um futuro muito diferente para ficar em casa. Exatamente, ficar em casa. Assistir TV, ler muito e pronto. O voltar para casa após o trabalho até hoje é uma atração quase irresistível. Entrar em casa, tomar banho, trocar de roupa e voltar a sair é um desafio quase impossível de ser vencido.
Não existe nenhum motivo de força maior ou nada que realmente justifique o fato de eu ter abandonado as duas faculdades. Simplesmente não suportei   a possibilidade de assumir aquele compromisso de quatro ou cinco anos, diariamente. Um completo saco. E vou ser sincero, nem sob tratamento consigo me imaginar de volta a uma faculdade. Adoro cursos rápidos, uma duas semanas no máximo. Além disso passa a ser uma violência contra minha rotina diária e essa rotina até agora mostrou-se invencível.


Isso é TDAH? Sim, existem componentes fortes, mas muitos dirão que não é só isso.
Podem existir questões culturais envolvidas, por exemplo. Podem existir outros fatores que influenciaram meu comportamento além do TDAH? Claro que pode - e deve - ter havido, mas quando penso que somos  quatro irmão em minha família e só eu não me formei dá uma certa dor, um desconforto. Como a questão cultural não afetou minhas irmãs? Por que mesmo hoje, tenho dificuldade de me imaginar voltando aos bancos escolares? Serão pelos meus mais de 50 anos, minhas 12 horas de trabalho ou será que o maldito TDAH está tão arraigado em minha mente que serão necessários muitos quilos de ritalina e centenas de sessões de coaching para superá-lo
Sei lá, mas que é muito duro olhar pra trás e enxergar as oportunidades perdidas, os sonhos destruídos, isso é.
Alguém , ou algo, tem de levar a culpa; espero não estar caindo na tentação de culpar somente o TDAH me esquecendo de minha própria responsabilidade.

22 comentários:

  1. Você falou que não conseguiu terminar. Eu me vejo assim em se tratando de Inglês. Sempre gostei muito de inglês e até tenho certa facilidade em aprender, mas nunca aprendi porque nunca conseguia estudar em casa, não tinha dinheiro pra curso. Ai eu sempre falava: Não vou pagar um curso de 3 anos porque é muito tempo( mesmo sendo mais barato). quero fazer um intensivo numa boa escola. Acontece que nunca conseguir dinheiro para pagar o tal intensivo e 3 anos se passaram e eu não comecei o Extensivo. Queria uma coisa rápida, o tempo passou e eu não fiz nenhum.
    Agora no profissional, financeiro e amoroso não tenho duvida. Se eu contar ao longo da minha frequencia a este blog, nossa é muita coisa. Assim não é que eu não seja um desastre academico, porque do termino do Segundo Grau até a facul perdi alguns anos tentando coisas que não deram em nada, ou seja sair do foco totalmente. Se levar em consideração que eu deveria estar fazendo vários cursos extras e eu simplesmente não to fazendo nenhum, os que comecei não terminei.
    Se eu sinto que isso está afetando profundamente minha vida, como que um neurologista/psiquiatra mede isso? Ao ponto de decidir se passa ou não uma medicação?

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    1. Eu sempre lembro o seguinte: NÃO SOU MÉDICO OU PSICÓLOGO, o que digo baseia-se na minha experiência de vida.
      O que caracteriza o TDAH é um conjunto de comportamentos que atuam em tal intensidade que prejudicam a vida normal das pessoas.
      Ex.: o seu grau de esquecimento chega ao ponto de prejudicar sua vida normal? Tipo, perdeu o emprego por causa da falta de memória.
      Suas explosões de fúria atingem um grau patológico? Destruiu seus relacionamentos, etc.
      Sua inconstância o fez abandonar faculdades, relacionamentos, empregos, movido por uma insatisfação que vc não consegue definir.
      É isso, um conjunto de comportamentos que somados indicam o TDAH.
      Você deve ter abertura para discutir seus sentimentos com seu médico e confiança para acreditar em seu diagnóstico e no tratamento prescrito.
      Um abraço
      Alexandre

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    2. Sim, muito mais que isso. Exceto a Universidade, o resto tudo já aconteceu, coisas piores já aconteceram. Não vou relatar tudo aqui, porque seria um livro.
      Estou começando a ficar desesperada e com sintomas fortes de depressão.Tem dia que fico quase 3 dias praticamente na cama, só assistino e sem animo pra nada, totalmente depressiva e desmotivada. Não é preguiça.

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    3. Com certeza não é preguiça! O TDAH - como se já fosse pouco - normalmente vem acompanhado de outras doenças que os médicos chamam de 'comorbidades' e uma das mais constantes é a depressão.
      Não permita que sua vida piore ainda mais, procure um médico e trate-se, vc tem muita vida boa pela frente. Acredite!
      Abraços
      Alexandre

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  2. Alexandre, bom dia!

    Texto perfeito! Tenho vivido uma briga interna MINHA RESPONSABILIDADE X TDAH = culpa infinita.
    Todas as vezes - e eu diria que são muitas as vezes - que eu desisto de algo, acabo culpando o Tdah (isso após eu descobrir o transtorno). Mas antes era muito mais dificil. Antes achava que isso poderia ser uma falta de carater, preguiça excessiva e etc. Portanto, culpar o TDAH acabou me ajudando um pouco, mas tento não me acomodar a ele, esquecendo das minhas próprias responsabilidades.

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    1. OI, Isa.
      Obrigado por sua participação, de novo.
      Eu também luto diariamente contra isso, Isa.
      É uma tentação! Ter algo pra culpar por nossas falhas é um sonho, mas mesmo sendo responsabilidade do TDAH, cabe a nós lutarmos contra ele.
      Né fácil não, né Isa?
      Um abraço
      Alexandre

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  3. Caro Alexandre,

    imagino eu novamente ter escrito o texto sobre mim, ou pelo menos dirigido a mim.. hahahaha essa batalha do TDAH x responsabilidade é duríssima! Curso direito, já estou no quinto ano do curso, minha turma forma no final do ano.. eu?? só Deus... Talvez assista uma copa do mundo dentro das salas de aula, bem provável. Esse prazo também me come o fígado, tenho batido muito nessa tecla com minha terapeuta, na vida tudo é feito de prazos, nós sempre plantamos pra colher depois, essa falta de paciência pra esperar a plantação frutificar é que é o X da questão. Já pensei em largar direito e fazer medicina, arquitetura, jornalismo, publicidade, esses são os que me vieram a cabeça rapidamente. Não ter paciência talvez seja uma característica inerente ao TDAH, mas não pode ser só culpa do TDAH, imagino eu. Na verdade, eu detesto por a culpa no dda.. Imaginar que ele tem controle sobre certas atitudes minhas, me mata.. E por isso, acredito piamente que ele influencia, não domina, quem é o meu guia sou eu mesmo, não o dda... Ele dificulta, é uma batalha sangrenta, só nós portadores sabemos o quanto sangramos por dentro toda vez que temos ciência que agimos sob influência do dda. Mas, ao mesmo tempo, ele é uma dádiva, graças a ele, sob influência dos seus efeitos neurológicos, você não abaixou a cabeça, você se sentiu mal, mas não desistiu, continuou a lutar enquanto todos acreditavam que estava caído e não tinha condições, graças a ele, você se levantou, se armou e continuou firme e forte na sua batalha, sem se abater por aqueles golpes anteriores -que pra muita gente seria o golpe de misericórdia-, é isso aí, meu caro, a batalha é sangrenta e dolorosa graças ao dda, mas nós só aguentamos luta-la por causa do dda, o eterno paradoxo entre nos destruir e dar forças para não nos deixarmos ser destruídos. O dda tem sido tudo isso aí na minha vida, uma maldição e uma benção, sei que sem ele não imagino como seria..

    A propósito, meu vô e meu tio formaram lá na milton campos, e eu estudei no arnaldo só 11 anos da minha vida!! Bem depois que a mcampos saiu de lá e foi pro 6 pistas... hehehe

    grande abraço,

    Frank

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    1. Tem razão, Frank.
      A mão que afaga é a mesma que apedreja.
      Sabe que eu não tinha pensado nisso dessa forma!
      Aquilo que te puxa o tapete é quem te oferece apoio para reerguer-se,
      Pois é, amigo, imagine o que é jogar fora a chance de ter um diploma da Milton Campos. Né mole não!
      Um abraço
      Alexandre

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Boa tarde, Reily Cleiane!
      O desastre acadêmico é só uma das facetas do TDAH. Existem várias possibilidades de desastre ao longo de uma vida e o TDAH pode atuar em várias delas.
      Como disse o meu amigo Frank no comentário acima, o TDAH causa o desastre, mas é ele que te dá forças para enfrentar esse desastre.
      Creio que a chave da questão é policiar-nos, devemos nos manter alertas para pegar o TDAH em flagrante.
      Um abraço e obrigado por sua participação.
      Alexandre

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  5. Então Reily, esse é o caso. Pelo fato de ter começado e está terminando a facul,quando fui em um Neuro, ele se recusou a me ajudar por causa disso. Ele perguntou vc ainda tá na faculdade?
    Eu me diagnostiquei já tem uns 2 anos, tinha até plano de sáude mas enrolei enrolei e agora estou buscando ajuda. Já tem um tempo que isso piorou muito, uns 9 anos. Eu achava que eu era assim mesmo e pronto, mas aquilo me pegou numa fase tão ruim, fiquei tão decepcionada.
    Sempre me chamam de "doida", e ai doida?
    Eu achei que era mesmo da minha personalidade. O pior de tudo é a procrastinação( que gera um estresse tremendo e sentimento de culpa), a letargia, as mil ideias na cabeça mas nenhuma levada a frente. Tudo bem que eu fiz uma errado, levei um NÃO, não vou te ajudar e simplesmente desistir de procurar ajuda. Agora estou voltando, não dá mais para ficar enrolando e adiando. Eu me auto saboto demais.

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    1. Boa tarde!
      Logo se vê que o Neuro que vc consultou não conhece bem o TDAH. Você pode ser academicamente brilhante e ter uma vida pessoal caótica. O TDAH é multifacetado. Uma espécie de polvo com braços pra todos os lados.
      Um grande abraço
      Alexandre

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  6. Queria de fazer uma pergunta.
    A Ritalina e o uso de anti-depressivos pode causar impotencia? Á proposito excelente blog gostei pra caramba cara.
    abraço

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    1. Bom dia, amigo!
      Não, não causa. Numa época mais brava da minha vida tomei Ritalina, Sertralina e ainda de quebra Enalapril (remédio pra pressão alta) e não tive qualquer reação. No Brasil, e somente aqui, existe uma campanha ridícula contra a Ritalina e até mesmo contra o TDAH, no mundo inteiro a doença é reconhecida e tratada com os mesmos medicamentos.
      Vou te ser sincero: se o remédio me deixasse impotente eu abandonaria o tratamento.
      Um abraço
      Alexandre

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  7. Direito e depois Filosofia, vou te falar hein, se eu fosse mais velho que tu diria que está me imitando. rs

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    1. Mas vc também abandonou os dois?
      Se completou tenha a minha admiração e minha inveja. rsrs
      Se não, tenha minha solidariedade e minha esperança de que vai conseguir um dia!
      Um grande abraço
      Alexandre

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  8. Olá amigo. Fui diagnosticado TDAH ha 5 anos. Tinha crises imensas de baixo estima e volta e meia dava vontade abandonar tudo. Sempre fui muito hiperativo, gostava de movimento sindical, acadêmicos, religiosos. Mesmo me estressando muito, participava. Depois de 15 anos fiquei desempregado, passei uma crise terrível, mas não sabia que possuio o TDAH, foi muito difícil, tomei muito medicamento para depressão, superei, e fui a luta. Passei em um concurso público, voltei a trabalhar com vontade, até que meu casamento entrou em crise (fruto do TDAH, ainda não diagnosticado, separamos. Novamente entrei nos anti depressivos, reergui, mas ficaram sequelas; Continuei tomando os remédios, me centrei, depois de 23 anos e minha esposa nos reconciliamos. Voltei a me envolver com política, passei por perseguição, falsidades típicas deste meio, fiquei num estres terrível, me afastei do trabalho por 45 dias, neste período, fui chamado em outro concurso, na mesma prefeitura, fui tomar posse, e não queria me empossar por que eu havia pegado afastamento. Tive que entrar com recurso, até hoje sou discriminado por isso, e por mal dos pecados não consegui trabalhar na nova função (professor), Devido a hiperatividade e deficit de atenção, fico muito ansioso e a pressão arterial esta sempre alta, o medico me afastou. Estou tentado readaptação em outra função em que não fico tão agito e exige atenção praticamente o tempo todo. Pior, o que passe anteriormente esta me prejudicando em ir para essa função, alegam (não para mim, mas para meu futuro chefe) que eu sou depressivo e que irei faltar muito no trabalho. O que não é verdade, pois faltei apenas quando foi necessário. Não trato com ritalina, pois me deixa mais ansioso, trato de ansiedade e hipertensão. Esse maldito TDAH vai me acompanhar até quando? Enquanto isso vou sofrendo, na fé que um dia Deus esta preparando um céu bem tranquilo, para nós TDAH.

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    1. Oi amigo.
      Difícil nossa vida né!
      Olha, eu acho que vc deveria procurar um médico mais atualizado ou estudioso em TDAH. Uma das principais características do TDAH é a presença das comorbidades que são as doenças associadas ao TDAH, ansiedade e depressão são as mais comuns de virem associadas ao TDAH. No começo do meu tratamento eu tomava Ritalina, Sertralina e Enalapril. TDAH, depressão e pressão alta.
      Cuide-se amigo, vc tem uma vida agitada merece usufruí-la melhor.
      Um grande abraço
      Alexandre

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  9. Tenho uma filha de 14 anos com diagnóstico de TDAH, faz tratamento médico com medicamentos e psicoterapia,o que vem nos preocupando é o fato de procurar sempre más companhias, ou seja,amigas e amigos que tem em comum dificuldades nos estudos e de relacionamento,em geral pessoas briguentas, ela também é agressiva,fala o que pensa,diz estar apaixonada por um garoto que faz parte de uma torcida organizada, quase não a deixamos sair com receio destas companhias que escolhe. Esta é uma caracterísitica do TDAH na adolescência?

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  10. Quero dizer uma coisa a vocês. Minha vida e meus problema é exatamente IGUAL a que é relatada aqui. Sou TDAH, diagnosticado há 4 anos. Uso a cafeina pra me concentrar, porém, como tenho enxaqueca, as vezes paro o café fico com dor de cabeça, depois não aguento, e volto pro café. Além do LEXAPRO, IRSS que controla um pouco minha HIPERATIVIDADE. Dele faço o uso eventualmente quando o bicho pega. Já fiz de tudo nessa vida, um pouco de tudo. Pois nunca dei continuidade a nada. Tudo que minha criatividade e extrema facilidade em me expressar me deu, o meu outro lado me tomou. Tenho 31 anos, meus anos dourados foram os 20 e poucos. Tempos em que em nada sabia lidar com o que tinha, época em que alguns padrinhos profissionais sem empolgaram com meu talento, porém logo se desapontavam comigo. Perdi um grande amor também, amor internacional, tipo coisa de filme. Confesso que ela estava certa em não abdicar de seu futuro brilhante em nome de um cara que vira e mexe inventava atividades a não serem cumpridas. Imaturidade, falta de auto-conhecimento, terminei sendo classificado por muitos como looser, estranho, chato(pois quando o automatico liga só eu falo). Agora aos 31 existe a inversão dos fatos. Antes eu não me conhecia porém tinha o campo livre pois era atraente profissionalmente por ter habilidades que ninguém tinha. Hoje eu me conheço, sei dos meu botões, sou um pesquisador de mim mesmo, Porém, a sociedade em que vivo me conhece. Sabem da minha ansiedade, temor de rejeição, impulsividade, falta de foco. Hora de lidar com tudo isso, porém não vou fugir mais uma vez encontrando justificativas. Vou concluir meu curso de direito que desde 2004 tranco e reabro a matricula. Pois tudo que fiz foi paliativos. Supletivos de primeiro e segundo grau, formatura superior de curta duração à distância. Fugir para onde? Se na verdade pra onde quer que a gente vá, estarei com meu TDAH cravado em minha mente.

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  11. Eu tenho TDAH, desde criança sempre fui muito agitada, faladeira, impulsiva e distraída. Tenho passado por uma situação idêntica, perdi 3 anos da minha vida pra decidir qual faculdade fazer pra no fim desistir, acho que me encaixo em vários cursos mas no fim em nenhum, me motivo facilmente na mesma velocidade que me desmotivo, já tive depressão e tenho transtorno de ansiedade (já tive transtorno no pânico, crise de claustrofobia e tenho tricotilomania). Eu tento levar minha vida profissional e acadêmica muito a sério, mas sempre acabo fazendo algo que condiz ao contrário, acabo faltando curso e trabalho pra fazer nada ou fazer algo que eu queria muito e depois sinto uma sensação de fracasso e nunca entendo o motivo do meu ato, já passei por um momento de angústia por me sentir um lixo e imcapaz, minha mente é muito bagunçada, penso demais, me distraio fácil e sou muito cobrada por pessoas, minha mãe briga comigo e já disse coisas me comparando a alguém frio e psicopata, irresponsável mas no fundo eu não sou isso, eu fico triste em saber que passo essa imagem para as pessoas em minha volta. Sempre fui inteligente e tenho facilidade de aprender mas nunca fui colecionadora de notas 10, sempre fiz as coisas por último porque me traz a sensação de adrenalina,já me aventurei demais a ponto de arriscar minha própria vida, já faltei várias provas, já deixei de votar porque não consegui sair da minha cama,já faltei a prova do Enem e me senti muito culpada, minha impulsividade está me destruindo, eu falo muito, não consigo esperar, se eu ficar muito em casa sinto a necessidade de sair e liberar toda minha energia em qualquer coisa mas ao mesmo tempo eu só quero ficar em casa. Já chorei demais por isso, na escola eu sempre fui a "doidinha" da sala, eu tento ser normal mas parece que cada vez mais estou longe, já usei e uso drogas para me "ajudar". Eu me sinto perdida.

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