terça-feira, 27 de dezembro de 2011

MELANCOLIA?




O som do sax de Leo Gandelman invade minha alma.  A velha música Pra dizer adeus numa interpretação belíssima e emocionante.Uma espécie de melancolia toma conta de mim. não é uma tristeza, mas uma nostalgia. Nostalgia nem sei de quê. Uma vontade de escrever...
Mas escrever o que?
Talvez a escrita automática de Breton, um estado êxtase, um jorro mental, sem filtros ou sem qualquer forma de lapidação.
Talvez algo sem fim, que só termine com o sono. Não que terminem os pensamentos, mas a possibilidade de escrevê-los.
Sentimentos confusos, inconcludências.
Apenas uma vontade de escrever.
Dor? Longe disso. Tristeza? Não. Raiva? Muito menos.
Apenas escrever. Escrever, escrever, escrever.
De repente me bate uma enorme saudade de Florença, a cidade mais bela do mundo, berço da renascença italiana, porta de saída da escuridão da Idade Média. Saudades de andar em suas ruas estreitas e sinuosas, sentir o cheiro de história que exalam suas paredes. A cada esquina a possibilidade de entrever o vulto de um dos membros da família Médici, os grandes responsáveis pela grandeza e glória de Florença. Quedar-me diante da beleza perfeita das portas de seu batistério. Ah, Florença! Quantas saudades deixastes em mim; ainda que eu nunca tenha te conhecido.
Saudades dos livros que não li; das comidas que não experimentei; dos sonhos que não tive, ou ainda, dos que tive mas não concretizei.
Saudades dos amores não vividos, das dores não sentidas. Saudades...
Saudades por que?
Jamais fui a Florença, mas conheci Veneza. Caminhei pela piaza di San Marco, dei milho aos pombos. Conheci os belíssimos canais que a tornam única e inigualável. Saudades de Florença? Não a conheci, mas pude ver o mar azul do alto da ilha de Santorini; atravessei a baía de todos os santos no ferryboat que liga Itaparica a Salvador.
Saudades dos livros que não li? Jamais, quem leu Cem anos de solidão; o Germinal; Ensaio sobre a cegueira e tantas outras obras espetaculares não conhece saudades. Você já leu O Aleph? Pois leia. Ali tem um conto que pode mudar sua visão da morte, ou  da imortalidade.
Saudades? Que nada! Um saxofone ao fundo é um privilégio, conhecer Veneza, Santorini, Ilhéus e tantas outras cidades que conheci é um privilégio; eu já li Cem anos de solidão, isso é um privilégio de verdade. Sou um privilegiado, tomei café espresso em Veneza, almocei na ilha de Rhodes, vi o sol nascer em Ilhéus e por-se na popa de um transatlântico. Amei as melhores mulheres do mundo, as piores também, mas isso é história de vida. Já tomei sorvete da La Basque e da Häagen-Dazs; já assisti a shows do Gonzaguinha, Milton Nascimento; já fui a um show do Chico Buarque. E um do Chico Anísio.
Aprendi a tocar saxofone aos 48 anos.
Já fui ao Maracanã e ao Engenhão.
Já abracei Chico Xavier e Divaldo Franco. 
Já fui a um comício do Lula, já fui comunista e ateu.
Chupei jabuticaba no pé e fruta do conde e amora e pêssego e cana; comi lasanha e chocolate, chocolate meio amargo suíço...
Sou um privilegiado, filho do Lenier e da Suely; pai da Marina e da Deborah; marido da Jaque e padrasto da Duda. Sou irmão da Livia, da Erika e da Adriana.
Aprendi e exerço uma nova profissão aos 50 anos.
Até meu TDAH deu samba, ou um blog pra ser mais preciso. Guiado pelas melhores mãos estou conseguindo fazer do TDAH uma alavanca pra mudar de vida.
As músicas se alternam ao fundo: Maria Rita, Marisa Monte, Caetano Veloso, Gil, Ivete e Ed Motta, mais Leo Gandelman, Wilians até Village People  já tocou enquanto escrevo este post em meu Atrix.
Sou mesmo um privilegiado.
Obrigado meu Deus!

domingo, 25 de dezembro de 2011

O TDAH NÃO É DESSE TEMPO.




Foco! A palavra agora é foco. Até jogador de futebol agora está focado.
Tenha foco!
Administração por metas.
Administração por resultados.
Não basta ter currículo, os empregadores agora analisam sua vida pelas redes sociais, suas interações sociais.
Caminhe; caminhe pelo menos três vezes por semana. Mas atenção, não corra, pode fazer mal às articulações.
Coma fibras.
Alimente-se de três em três horas.
Beba, no mínimo, dois litros de água por dia.
Beba um cálice de vinho por dia. UM CÁLICE APENAS!
Dê preferência ao pão integral.
Muito açúcar não! Olhe o diabetes.
Cuidado com o sal! Aumenta a pressão arterial.
Aliás uma Coca Cola possui uma tonelada de açúcar. Tudo bem; tome coca zero.
NÃO! Você já viu a quantidade de sódio que existe numa garrafinha de coca zero?
Siga as regras!
Criança no carro só na cadeirinha!
Palmada nas crianças? Nunca mais!
Cuidado com suas palavras; cuidado com suas brincadeiras. Olha a homofobia; cuidado com o racismo; respeite a liberdade de religião. Isso não! pode ser considerado bullyng.
Assédio sexual, isso é assédio sexual. Ou seria assédio moral?
Olhe as regras!
Metas, foco, resultados, restrições, limites, imposições, normas legais...
Que mundo chato!
Talvez uma ritalina do tamanho de um sonrisal dê jeito.

Obs.: Por favor, não me processem. Espero não ter ofendido nenhuma minoria, nenhuma norma legal.          Crianças não leiam esse post, pode ser que interfira na sua formação moral ou intelectual, e eu ainda          posso ser processado por isso.
Não sou contra mulheres, homossexuais, negros, pardos e/ou indígenas ou amarelos, nem sou contra           as crianças. Espero que não me entendam mal. Não gostaria de ser processado ou preso por um post           que julgo inofensivo. Perdoem-me se julgo inofensivo, não quis ofender ninguém. Nenhum grupo.
Desculpem-me

Obs.2 Todas essas leis e normas chatas e idiotas foram incapazes de impedir a violência contra a mulher, a           discriminação dos homossexuais, à segregação de negros e pardos ou por fim a pedofilia. E apesar de           toda essa babaquice, nasceu no Brasil algo que eu nunca vi em minha vida de estudante: o bullyng. Não são leis e restrições que fazem um povo melhor. O que precisamos no Brasil, todos nós sem exceção, é de educação. E que comece na família.

          Feliz Natal!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CASAMENTO TDAH





Ontem, assistindo ao excelente show de Caetano Veloso e Maria Gadu, me veio á mente (que novidade) que a letra da música O QUERERES, de Caetano é a personificação de um casamento entre dois portadores de TDAH. Um casamento entre dois camaleões, entre duas metamorfoses ambulantes, um relacionamento quase impossível - por isso mesmo tão desejado por ambas as partes - onde um nunca é o que o outro espera, ao mesmo tempo que busca no outro o que ele não pode dar.
Certa vez assisti a um Café Filosófico na Tv Cultura, em que o psicanalista Flavio Gikovate falava sobre amor positivo e amor negativo; sendo o primeiro a amizade e o segundo o amor entre casais. A certa altura ele afirmou que é muito comum as pessoas se relacionarem com seu oposto; com pessoas tão diferentes de si mesmas, que a batalha conjugal está garantida até o fim dos tempos.

Nada mais TDAH; uma vida de pura adrenalina, uma ferrenha disputa de poder e sedução dentro e fora do casamento.
A música do Caetano -creio que sem querer - retrata muito bem isso. Seres mutantes que jamais se encontram, nunca se acham, mas que vão se engalfinhando pela vida afora na esperança de domar a personalidade rebelde do outro, ou quem sabe sobrepujar o outro em inteligência, poder de sedução, força, etc, etc.
Leiam a letra com cuidado, é um belíssimo desencontro. Linhas paralelas que jamais se tocam, mas que não se abandonam.

O QUERERES:

Onde queres revólver, sou coqueiro
Onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alta, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
Onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim



Perfeito!
Uma ode ao amor TDAH.
Se não conhecerem a música, no vagalume.com.br tem o clipe. No youtube também, inclusive com a parceria com a Maria Gadú que ficou ainda mais bonita.
Ainda no programa Café Filosófico que citei acima, Flavio Gikovate afirma que devemos nos relacionar com quem temos amizade, com quem temos coisas em comum e não buscarmos o nosso oposto. Afinal, quando o tesão ou o vigor físico acabarem, o que vai restar é uma grande amizade, um grande prazer na companhia do outro, o que é impossível de obter de seu inimigo íntimo.
Pode parecer monótono, mas tudo o que um TDAH precisa é de paz, ainda que não saiba.
Paz!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

MENTES CONFIANTES







Encerrou-se em 18/12/2011, o primeiro ano do programa MENTE CONFIANTE.
Criado pelas brilhantes, Luciana Fiel e Valéria Modesto, o programa MENTE CONFIANTE acolhe e trata o portador de TDAH (e sua família) de uma maneira que eu jamais havia visto, participado ou ouvido falar em minha vida.
O TDAH é uma doença que abarca toda a família, muitas vezes o comportamento do portador desagrega o núcleo familiar, provoca atritos entre os pais, etc, etc, etc...
Até aqui o que se fazia era prescrever os medicamentos e, quando muito, indicar o paciente para um psicólogo comportamental. Ambos os tratamentos eram estanques, sem uma integração e sem sinergia.
Assim surgiu o MENTE CONFIANTE. Uma sinergia entre a medicina e o coaching, uma parceria entre duas profissionais que se completam e se multiplicam. Ontem, num salão lotado de portadores e familiares, tive a noção exata da magnitude do trabalho da Dra. Valéria e da Luciana. Depoimentos emocionados de pais que estão vivenciando mudanças radicais no comportamento de seus filhos e portadores adultos, emocionados por enxergarem uma luz no fim do túnel. Mas, creio que a maior emoção que sentimos ali foi a de nos descobrirmos amparados, acolhidos, como seres humanos que merecem muito mais do que uma simples receita de ritalina ou concerta.
O programa MENTE CONFIANTE baseia-se, além das consultas com a Dra. Valéria – que chegam a durar mais de duas horas – em um conjunto de sessões de coaching que visam reorganizar a vida do portador de TDAH. Através da orientação da Luciana, vamos aprendendo a nos organizar, a criar foco, a nos descobrir, de uma maneira clara, simples e objetiva. Recentemente foi integrada à equipe a psicóloga cognitiva Erika, ampliando ainda mais o espectro desse tratamento de acolhimento e atenção. Mas, na minha opinião, a grande sacada do MENTE CONFIANTE foi a criação dos grupos de portadores e dos grupos de familiares. Esses grupos reúnem-se mensalmente para discutir as dificuldades e conquistas de cada um com o tratamento. Logicamente a presença e a manifestação são opcionais, mas tenho certeza de que, quem vai a uma reunião quer participar de todas. Estar inserido em um grupo nos dá a certeza de que não estamos sozinhos, de que nossa luta não é uma luta solitária, mas que outras pessoas enfrentam problemas semelhantes, com dores e alegrias parecidas e com soluções e estratégias que muitas vezes podem ser usadas em nossos casos particulares.
Uma concepção diferente da medicina, uma visão nova para o coaching, um caminho mais efetivo para a psicologia, esse é o MENTE CONFIANTE. Duas profissionais que enxergaram que o TDAH é uma doença que a atinge seres humanos e que eles precisam – e merecem – ser tratados como tal. O carinho e a atenção dedicados a cada um de nós é o melhor tratamento que podemos ter.
O MENTE CONFIANTE – graças a DEUS – está fazendo escola; a psicóloga Katia..... está levando para Belo Horizonte esse conceito novo de tratamento do TDAH, já tendo realizado as primeiras reuniões de portadores e familiares. Um dia, a medicina vai reconhecer esse revolucionário tratamento e ele se estenderá a todas as especialidades médicas. Um tratamento que enxerga, respeita e acolhe o paciente como um ser humano passível de erros, de medo, e de necessidades outras que não apenas alguns exames e receitas.
Obrigado Dra. Valéria Modesto Leal, obrigado Luciana Fiel, obrigado Walkíria, obrigado Erika, esse ano que termina foi muito importante na minha vida, um ano de mudanças e conquistas e grande parte disso foi graças ao trabalho e ao carinho de vocês.
Muito obrigado por me ajudarem a ter uma MENTE CONFIANTE em 2011 e com certeza, mais confiança em 2012.
Obs.: Apesar de parecer, esse post não é uma propaganda e muito menos foi escrito a pedido das autoras do Mente Confiante. Pelo contrário, esse post é fruto da emoção da reunião de ontem, pela gratidão que tenho por elas e por seu programa. O programa é um sucesso por suas próprias virtudes e não precisa de minha minúscula propaganda.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

UNIÃO DE BLOGS DE TDAH




Bom dia!
Atendendo aos insistentes pedidos de nosso companheiros Peregrino DDA, publico abaixo uma relação de links  de blogs que discutem o TDAH. Alguns não conheço, outros já li e gostei. De qualquer forma, qualquer esforço para divulgar o TDAH é válido e merece nossa atenção.
Segue abaixo a relação dos blogs:



http://universodda.blogspot.com/

http://vidaaposdda.blogspot.com/

http://diariodeumdda.wordpress.com/

http://poesiatdah.blogspot.com/

http://www.desligadohiperativo.blogspot.com/

http://discutindotdah.blogspot.com/

http://estapensandoemque.blogspot.com/

http://diariodeumaavoada.blogspot.com/

http://tdahrecife.blogspot.com/

http://www.tdah-reconstruindoavida.com.br

http://ritalinacombobagem.blogspot.com

http://meuhipocampo.blogspot.com/

http://criancahiperativa.blogspot.com/

Além dos blogs acima, recomendo o http://mentetdah.blogspot.com/, escrito por minha irmã Adriana; http://umamentetdah.blogspot.com/, escrito por minha amiga de TDAH e blog Laís Fortaleza,   http://eutenhotdaheagora.blogspot.com/ e http://almafrenetica.blogspot.com/.

Alguns desses blogs podem não possuir novos posts, mas o que tem ali é excelente como aprendizado e conhecimento do TDAH.

Aproveitem!!
Bom dia!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

INSÔNIA




Qual o melhor remédio para insônia?
Café com Coca Cola. Juntos ou separados.
Esse coquetel molotov de cafeína é um santo remédio para a insônia.
Com ele sua insônia ficará forte e saudável.
Esse é o remédio que me mantém acordado até agora, 2:37 de quarta feira.
Estou com sono, muito sono e muito cansado. Mas quero escrever.
Quero escrever, sentir-me vivo.
Bati um recorde de quantidade, não sei como está a qualidade.
Mas adoro escrever nesse blog.
Adoro escancarar minha alma, meus amores e temores.
Amanhã tenho de trabalhar, acordar às 6 horas.
Esse desafio ao sono, aos limites do corpo também me fazem bem.
Quando durmo pouco acordo elétrico e assim vou até o meio do dia. A outra metade é uma luta árdua contra o sono. Mas vale o prazer imediato. O desafio de enfrentar a noite, o sono, a vida.
Mas devo confessar, estou perdendo essa batalha.
Os olhos ardem, a cabeça pesa, os erros de digitação aumentam dramaticamente.
Creio que fui derrotado.
Vou partir.
Boas noites!
Não venci a guerra, mas dei um tremendo trabalho para esse sono.

QUEM TEM MEDO DA SOLIDÃO?


"Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem  abertos"      
Guimarães Rosa





Não temo a solidão.
Em vários momentos a desejo.
Na solidão posso ser ridículo, posso ser infantil, posso ser grotesco, posso tirar a máscara.
Na solidão posso tudo; ser infalível, ser admirado, ser amado.
Na solidão posso ser; posso ter, posso querer. E obter.
Na solidão não tenho TDAH, nem barriga, nem inconvenientes.
Na solidão o amor é perfeito, o silêncio é de ouro e a música, os males espanta.
Na solidão rio sozinho, choro em silêncio, sinto sem medo.
Na solidão mostro-me a mim mesmo, sem reservas ou ressalvas.
Na solidão eu sou eu.
Ah, chega de tanto eu. Voltemos a ser nós, voltemos a representar um papel que para o bem 
da verdade nos faz melhores. Ou pelo menos mais civilizados, mais amáveis.
Demo-nos as mãos, caminhemos juntos com nossas solidões individuais, que não se misturam,
que não se conhecem, que não se tocam.
Não tema a solidão, ela permite que sejamos nós mesmos e poupa os outros de conviver
com o que temos de pior.
Ou melhor, dependendo do ângulo.


UM SEGUNDO NA MENTE TDAH


Um segundo em minha mente.
Doente?
Jamais!
Incongruente?
Talvez!
Chocante, envolvente,revoltante,conflitante,incandescente, fraterna,violenta,irrequieta,covarde, impulsiva,instigante,fascinante,original,rápida, hesitante, faiscante, irascível, incontrolável, irritável, insondável, indecifrável, inimitável, inigualável, incomensurável, inatingível,intangível, inimaginável.
Por que?
Por que é minha.
E isso basta.
 






terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O MEDO NOSSO DE CADA DIA





O medo que impede de fugir,
o medo que impede de amar,
o medo que impede de sonhar,
o medo que impede de sorrir,
o medo que impede de crescer
o medo que impede de viver;
o medo que impede,
o medo que paralisa,
o medo que impulsiona,
o medo que acovarda,
o medo que transtorna,
o medo que desespera,
o medo que domina,
o medo que governa.
O medo.
Sempre ele...

O QUE TE IMPEDE DE FUGIR?



O que te impede de fugir?
Laços de família?
Compromissos financeiros?
O que te impede de fugir?
A vida modorrenta?
A estabilidade medíocre?
O que te impede de fugir?
A vida em família?
A estabilidade financeira?
O que te impede de fugir?
Laços modorrentos?
Compromissos medíocres?
O que te impede de fugir?
A família modorrenta?
A mediocridade financeira?
O que te impede de fugir?
A mediocridade familiar?
A modorra financeira?
O que te impede de fugir?
O que te impede de fugir?
O medo;
apenas o medo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

ENTRA NUM OUVIDO E SAI PELO OUTRO




Semana passada aconteceram dois fatos que me chamaram a atenção: no domingo teve uma reunião de família na casa de sobrinhos meus e na segunda eu e Marina demos carona a um vizinho nosso, pela manhã.
Em comum, esses dois fatos aparentemente desconexos têm a minha falta de memória em uma questão previamente avisada. E surgiu um alerta dessas situações.
Vamos aos fatos: na sexta feira meu pai esteve na Maxxtel e comentou que no domingo iria na casa de meus sobrinhos onde haveria um lanche com o sorteio do amigo oculto de natal, reunião a que eu estava convidado e deveria estar ciente. Tal informação saiu em meio a uma conversa e, para mim, fazia parte de um todo e não um aviso ou uma lembrança de um compromisso futuro; resultado, esqueci da reunião. No domingo à tarde, quando eu já deveria estar na reunião de família, estava eu do outro lado da cidade ocupado com coisas muito diferentes. Quando o telefone tocou era minha sobrinha Camila cobrando nossa presença; resposta: eu não sabia, nem lembrei, ninguém me avisou. Na hora ouvi meu pai afirmando: sexta feira estive na loja e falei com ele. Essa é a questão; não me foi falado ou comunicado à parte ou com exclusividade, não, o comunicado foi em meio a uma frase do meu pai sobre o que ELE faria no final de semana e eu não registrei como um aviso. Passou em brancas nuvens.
No próprio domingo à noite, conversando com a Marina, ela comentou em meio a uma frase que o Mateus, nosso vizinho, desceria de carona conosco de manhã cedo. Novamente passou em branco. Na manhã seguinte já não me lembrava mais de que tinha um carona.Logo a Marina me cobrou: anda pai, vamos atrasar o Mateus! Que Mateus? perguntei. Pai, disse Marina, o Mateus vai descer com a a gente, eu te disse ontem. Pois é, eu não registrei. Depois conversando com a Marina eu resgatei a conversa e o comunicado em meio a outros assuntos.
Assim não dá!!!! Se você quiser que um TDAH honre seus compromissos ou lembre-se de algo, comunique-o oficialmente. Para tudo! Esqueça o que estivemos conversando até então. Amanhã, teremos tal compromisso, em tal lugar, a tal hora. Entendeu? Mesmo que ele tenha entendido, é bom que registre na agenda do celular para que apite uns minutos antes e ele se lembre do compromisso.
Em meio a um bate papo, nem pensar. Entra em um ouvido e sai pelo outro. Imediatamente.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

REPETIÇÃO DE UM VELHO FILME!





Pai, depois você me entrega o recibo do PISM, disse a Marina.
Que recibo do PISM?, indaguei.
Pai, o recibo da taxa do PISM que você pagou em outubro, insistiu a Marina.
Um calafrio atingiu-me o estômago; Marina, será que eu paguei essa taxa, minha filha?
Outra vez pai, o ano passado foi a mesma coisa, disse Marina.
Filha, não me lembro de ter pago essa m... dessa taxa. Quando eu deveria ter pago essa taxa?
Em outubro, pai, dia sete era o último dia; disse Marina.
Minha filha, de maneira nenhuma me lembro de ter pago isso.
Você se lembra se eu paguei ou não, Marina?
Não, pai, não me lembro - respondeu minha desmemoriada filha.
Assim que cheguei na loja fui procurar o tal recibo, e nada. Não estava na loja, nem na minha mochila, nem em casa. Quanto mais eu procurava mais a dúvida me assaltava.
Lembrei-me que havia pago a taxa do PISM. Minha funcionária lembrava-se do dia e das circunstâncias com minúcias.
Acalmei-me, até certo ponto. O sumiço do recibo ainda me preocupava. Será que saí para pagar o PISM e esqueci?
Aqui um parentese: esse momento desapareceu da minha vida. Completamente. E o pior é que em virtude de ter acontecido exatamente a mesma coisa ano passado, em 2011 prometi que seria diferente. Não foi.
Esses fatos aconteceram há cerca de duas semanas, e venho vivendo a expectativa de ter ou não pago a miserável da taxa.
Hoje, somente hoje, a UFJF disponibilizou a relação dos inscritos no PISM 2011, graças a Deus o nome da Marina estava lá. Tirei um peso enorme das costas. Exatamente como no ano passado.
Incrível como repeti o mesmo comportamento do anterior. Paguei o recibo e esqueci que paguei e fiz pior, desapareci com o recibo. Ano passado encontrei-o esse ano não.
Não sei onde isso vai parar, mas é como assistir àqueles péssimos filmes da sessão da tarde que a Globo repete indefinidamente.
Que diabo, será que nunca vou aprender?