quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

QUEM TEM MEDO DA SOLIDÃO?


"Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem  abertos"      
Guimarães Rosa





Não temo a solidão.
Em vários momentos a desejo.
Na solidão posso ser ridículo, posso ser infantil, posso ser grotesco, posso tirar a máscara.
Na solidão posso tudo; ser infalível, ser admirado, ser amado.
Na solidão posso ser; posso ter, posso querer. E obter.
Na solidão não tenho TDAH, nem barriga, nem inconvenientes.
Na solidão o amor é perfeito, o silêncio é de ouro e a música, os males espanta.
Na solidão rio sozinho, choro em silêncio, sinto sem medo.
Na solidão mostro-me a mim mesmo, sem reservas ou ressalvas.
Na solidão eu sou eu.
Ah, chega de tanto eu. Voltemos a ser nós, voltemos a representar um papel que para o bem 
da verdade nos faz melhores. Ou pelo menos mais civilizados, mais amáveis.
Demo-nos as mãos, caminhemos juntos com nossas solidões individuais, que não se misturam,
que não se conhecem, que não se tocam.
Não tema a solidão, ela permite que sejamos nós mesmos e poupa os outros de conviver
com o que temos de pior.
Ou melhor, dependendo do ângulo.


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