terça-feira, 31 de dezembro de 2013

FELIZ ANO NOVO, TDAH!






Feliz Ano Novo!
Desejo que em 2014 você se aceite!
Que você se perdoe!
Que você se trate!
Desejo, sinceramente, que no ano novo você abrace o novo. E que esse novo seja você mesmo!
Deixe de se criticar; deixe de se diminuir; deixe de se desvalorizar.
Abrace com carinho e admiração esse ser humano que a tantos anos luta para ser respeitado; abrace esse ser humano valente e destemido que se reergueu um sem número de vezes, mesmo quando a queda parecia definitiva.
Deseje a essa pessoa que você acaba de descobrir, que ela enfim reconheça seu próprio valor e não se sinta mais inferiorizada.
Abrace essa nova pessoa e descubra o quão sensível, carinhosa e legal ela pode ser. Basta que você a enxergue.
Desejo que você procrastine suas dores, que você seja impulsivamente feliz, e que você esqueça -completamente -  tudo aquilo que te fez triste e inseguro.
Mas não vamos nos esquecer de 2013; deixe para o ano velho, como presente, todos os seus medos. Mesmo aqueles mais profundos e arraigados; ou os mais infantis.; deixe-os todos. O ano novo não merece que você carregue todos aqueles sentimentos que te pesaram o coração e ataram seus passos.Não! Deixe-os para o ano velho!
Mas para que o ano novo comece, realmente novo, é preciso que você se descubra; que você se trate; que você policie; que você se ame mais; muito mais.
Feliz Ano Novo, TDAH!
Ah, por favor, deseje o mesmo para mim.
Vou precisar muito...

sábado, 21 de dezembro de 2013

TDAH: EU NÃO CONSIGO SAIR DE MIM MESMO








O que nos leva, Walter Nascimento, a ficar paralisados num sofá, diante da TV, ou simplesmente inventar um motivo qualquer para não conviver com pessoas de quem gostamos?
E por que, Walter, as pessoas não respeitam nossa vontade de recolhimento? Ao contrário, insistem em nos chamar, em reforçar nosso constrangimento. Sempre tem alguém que se julga especial ou diferente, que acha que seus argumentos farão a diferença; e insistem ainda mais.
Eu não sei com você, amigo Walter, mas comigo, quanto mais insistem, mais eu empaco. Sim, esse é o termo, empacar. Como um burro velho, eu empaco e nada, nem ninguém, me faz mudar de ideia.
Mas por quê? Não sei. Costumo usar a expressão 'preguiça de gente' pra definir essa necessidade de isolamento, essa vontade de não ir a encontro de pessoas que, como você disse em seu comentário, eu posso nutrir um carinho especial. E o pior, Walter, essa inércia não é indolor. De maneira alguma; não ir ao encontro dessas pessoas dói, incomoda, constrange. Mas, não tenho forças pra vencer a inércia. Paralisado, troco o convívio por nada, por ficar diante da TV, ou de um livro, ou por coisas que eu poderia fazer em outro dia ou outra hora. Sinto que preciso sair, encontrar amigos e parentes, mas não vou; mantenho-me, confortavelmente, na minha casa, no meu mundo, naquilo que não me agride, não me testa, nem me contesta. Como um cego, opto por aquele ambiente onde me movimento com facilidade, não esbarro em nada, nem corro nenhum risco.
Paralisado em meu sofá fico a pensar nas desculpas ou nas explicações que terei de dar ao me encontrar com aquelas pessoas. Isso também tortura, mas achar uma boa desculpa é um lenitivo; uma quase vitória. Um quase prazer. Não ir é uma vitória. Não ceder às súplicas das pessoas tem lá o seu sabor.
Mas será só isso?
Será só preguiça?
Só de marcarem um evento qualquer comigo, já começo a imaginar formas de burla-lo. Passo a imaginar uma série de problemas que poderiam surgir para me impedir de comparecer. E aí, querido Walter, soma-se mais um item do TDAH: a incapacidade de lidar com o tempo. Sempre imagino que o tal compromisso está longe, que até lá muita coisa vai acontecer... E o dia do compromisso chegou; eu não providenciei nada para comparecer, nem me preparei pra não ir. E a tortura começa. Vou ou não vou. Em geral não vou. Marco sabendo que não irei. E agora?
Bem, agora é inventar uma desculpa que impeça mais essa pessoa a desistir de mim.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O TDAH ESTRANGEIRO






Não pertenço a esse mundo;
muito menos a esse tempo.
Não pertenço a esse corpo;
muito menos a essa alma.
Estrangeiro de mim mesmo.
Deslocado de minha vida,
vasculho mundos, almas, tempos
que me caibam.
Sequer sonho em ser acolhido,
no máximo ser aceito.
Deixar de ser estrangeiro.
Deixar de ser deslocado.
Deixar de ser pitoresco.
Deixar de ser reconhecido.
Atingir a finalidade suprema:
ser anônimo.
Imperceptível.
Invisível.
Apenas ser...
Sem rótulos.

domingo, 15 de dezembro de 2013

O TDAH DILACERADO!






Castelos na areia...
Perenidade efêmera...
Eternidade passageira...
A longevidade de um átimo...
A espessura do vento...
O calor glacial...
Um freio no tempo...
Esse sou eu!
Ergo castelos na areia e torço contra as ondas, e o vento, e a chuva.
Invisto no efêmero e espero que seja perene.
Tantas expectativas...
Tanta ansiedade...
E a onda chega...
E o vento ruge...
E a chuva corrói...
Sob o manto glacial do meu rosto a raiva ferve...
Arrependo-me pela enésima vez ...
Anseio atirar-me contra o tempo...
Anseio atirar-me contra o vento...
Anseio atirar-me contra o mar...
Mas só consigo atirar-me contra o muro...
De novo, o muro...
De novo...
O muro...
E como dói...

sábado, 14 de dezembro de 2013

O TDAH AUSENTE







Não me acuse de ter Déficit de Atenção.
Nada disso. Eu não me esqueci daquilo que você disse outro dia; eu não estava lá. De nada vale você dizer em que posição eu estava sentado, em qual cadeira da sala, ou como eu segurava a xícara de café; eu não estava lá. Se você não me conhece o bastante para saber que eu estava ausente, você não me conhece. Eu simplesmente não estava lá.
Se o assunto só interessa a você, se só diz respeito a você ou aos seus sentimentos, preste atenção: eu posso viajar. Posso me desgarrar ainda que permaneça diante de você. Quem sabe se você dançar enquanto fala.  Ou dramatizar suas maçantes palavras. Ou eu não estarei ali para ouvir.
E você não pode me acusar de Déficit de Atenção, não se fala pra quem não está presente; talvez seja até falta de educação. De sensibilidade é, com certeza.
Às vezes viajo, vou longe, embalado pela cantilena da sua voz e pelo ritmo incessante de seus lábios; ah como viajo...
Se você me acusa de Déficit de Atenção posso acusar você da mesma coisa: onde você estava que não percebeu que falava para as paredes?
Mas não vou acusar você de nada; apenas ignoro e sigo a vida. Afinal, o que você disse ou tentou dizer não deveria ser nada importante; ou fascinante; ou interessante...
Guardo na memória coisas do arco da velha, coisas aparentemente inúteis, mas que tiveram força suficiente para imprimir sua marca em minh'alma. Muitas coisas de ontem, ou de hoje, evaporaram-se; simplesmente por que não tinham importância.

Mas do que você estava falando mesmo? Desculpe-me, eu me desgarrei de novo...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

TDAH, PERDOE-SE!



  
Claro, sempre haverá um ex marido ou uma ex namorada que o acusará de ser mau caráter, de usar o TDAH para tripudiar sobre os sentimentos alheios...
E aí eu lhe pergunto: quem , com ou sem TDAH, nunca errou, nunca pisou na bola com um(a) ex?
Quem o acusa de usar o TDAH é santo(a)?
Ora, sejamos sinceros: todo mundo erra; todo mundo, em algum momento,  magoou alguém, foi insensível, impulsivo, grosseiro. Não vá se apequenar por essas acusações torpes, quem o acusa, usa o TDAH para espezinhá-lo, tentando fazer crer que você é uma pessoa sem caráter e não doente. O simples fato de tentar descaracterizar uma doença biológica, reconhecida mundialmente pela OMS, é uma prova de que o(a) acusador é uma pessoa sem caráter e tenta piorar ainda mais o sentimento de inferioridade típico do transtorno.
Portanto, irmão TDAH, perdoe-se!
Você é mais impulsivo do que os não TDAHs.
Você é mais desatento do que os não TDAHs.
Você, ao contrário dos seus detratores, tem enorme dificuldade em aprender com os próprios erros; e os repete ao longo da vida.
Quantas vezes você jurou não ceder à esse ou àquele impulso; a não cair naquela tentação, só para deixar-se enredar mais adiante por tudo aquilo que tentava vencer?
Quanta culpa te corroeu por atitudes que você não conseguiu controlar?
Quanto de sua vida você viu desmoronar por erros que você mesmo cometeu?
Quanta dor você sentiu por ter dito aquela palavra na hora errada, com a pessoa errada, com a intensidade errada?
Não se deixe levar por seus detratores; o TDAH existe e é reconhecido no mundo inteiro; muito do que você sofre é fruto, sim, do TDAH. Só você sabe a luta diária que enfrenta para engolir aquela palavra destruidora; aquele ato que colocará tudo a perder; aquela distração que pode lhe custar o emprego ou o relacionamento; aquela desorganização que te faz parecer um irresponsável desleixado; aquele comportamento temerário que chega a colocar em risco a própria vida. Quem te acusa e tenta descaracterizar a sua doença nem imagina o seu esforço pra ser uma pessoa melhor e mais equilibrada; do alto de sua 'perfeição' essa pessoa usa o seu ponto fraco, aquilo que mais o perturba para torturá-lo e fazê-lo ainda mais culpado.
Perdoe-se! Você errou e vai errar ainda outras vezes. O importante é que você se trate, que você tenha consciência da sua doença para poder policiar seu comportamento e tentar minimizar os erros.
Perdoe-se, você tem uma doença que te faz perder o controle; quem o acusa não, quem o acusa não tem caráter, não o respeita e não te deseja o bem, apenas afundá-lo ainda mais.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

BOAS FESTAS, TDAH ?




Esse é mais um post inspirado por um comentário do amigo Diego Bueno.Em seu comentário, Diego afirma estar a cada dia mais isolado, menos sociável e, com as festas de final de ano esse comportamento anti social só faz aumentar.
Isso é TDAH?
A tendência ao isolamento, sim, faz parte do TDAH.  A vontade de se isolar que cresce com as festas de fim de ano, mesmo estando sob tratamento, acredito que não; imagino que a culpa é da sociedade atual em que vivemos.
Esse frenesi que paira no ar, essa felicidade forçada que nos obriga a dar um presente a um colega de trabalho que detestamos, ou a frequentar aquelas festas abominavelmente maçantes onde imperam o cinismo e a hipocrisia, só aumentam nossa tendência ao enclausuramento.
Vivemos uma época anti TDAH por excelência! Nossas características comportamentais não se coadunam com as exigências da sociedade atual. Apenas para citar um exemplo: somos péssimos sob pressão e, nunca, jamais em tempo algum a sociedade pressionou tanto seus membros quanto atualmente. As exigências de sucesso profissional, de sucesso financeiro, sucesso emocional e afetivo, enfim, uma sociedade corrupta e decadente, que se acha no direito de nos cobrar perfeição e sucesso em todas as áreas.
Além do sucesso, precisamos ter amigos aos montes - ou às quicambadas, como diz a Ana -mesmo que sejamos retraídos e não gostemos muito de sair de casa.
Sou um chato assumido, gosto de pouquíssimas coisas e pessoas. Mesmo com as pessoas que gosto, convivo pouco; menos do que deveria. Não por desamor ou desinteresse, mas por pura preguiça de interagir. Prefiro o silêncio da minha casa ao barulho infernal dos bares e sua felicidade alcoólica; prefiro a mesmice modorrenta das poucas músicas de que gosto, do que ser esmagado pela mediocridade musical dos ambientes públicos; prefiro o som da minha TV ao 'UUUHHHUUU' de uma época em que até as manifestações de alegria são ditadas pelos modismos.
É, amigo Diego, acho que nascemos - ou eu nasci - na época errada. Ou no país errado.
Não sei se o recrudescimento do seu isolamento é devido ao TDAH, mas acho que você está certíssimo; se o que te faz feliz é passear com seu cachorro e interagir com seus livros e seus pensamentos, não se violente, faça-se feliz. Essa sociedade já nos violenta com suas exigências cruéis e descabidas.
Se a sociedade atual não suporta olhar-se no espelho e insiste em não ouvir os próprios pensamentos, o problema é dela; nós encontramos em nossas idiossincrasias nossa melhor companhia, e não cabe a ninguém nos julgar  ou tentar nos obrigar a vestir uma roupa que não nos serve. Além de ser esteticamente ridícula.