quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

BOAS FESTAS, TDAH ?




Esse é mais um post inspirado por um comentário do amigo Diego Bueno.Em seu comentário, Diego afirma estar a cada dia mais isolado, menos sociável e, com as festas de final de ano esse comportamento anti social só faz aumentar.
Isso é TDAH?
A tendência ao isolamento, sim, faz parte do TDAH.  A vontade de se isolar que cresce com as festas de fim de ano, mesmo estando sob tratamento, acredito que não; imagino que a culpa é da sociedade atual em que vivemos.
Esse frenesi que paira no ar, essa felicidade forçada que nos obriga a dar um presente a um colega de trabalho que detestamos, ou a frequentar aquelas festas abominavelmente maçantes onde imperam o cinismo e a hipocrisia, só aumentam nossa tendência ao enclausuramento.
Vivemos uma época anti TDAH por excelência! Nossas características comportamentais não se coadunam com as exigências da sociedade atual. Apenas para citar um exemplo: somos péssimos sob pressão e, nunca, jamais em tempo algum a sociedade pressionou tanto seus membros quanto atualmente. As exigências de sucesso profissional, de sucesso financeiro, sucesso emocional e afetivo, enfim, uma sociedade corrupta e decadente, que se acha no direito de nos cobrar perfeição e sucesso em todas as áreas.
Além do sucesso, precisamos ter amigos aos montes - ou às quicambadas, como diz a Ana -mesmo que sejamos retraídos e não gostemos muito de sair de casa.
Sou um chato assumido, gosto de pouquíssimas coisas e pessoas. Mesmo com as pessoas que gosto, convivo pouco; menos do que deveria. Não por desamor ou desinteresse, mas por pura preguiça de interagir. Prefiro o silêncio da minha casa ao barulho infernal dos bares e sua felicidade alcoólica; prefiro a mesmice modorrenta das poucas músicas de que gosto, do que ser esmagado pela mediocridade musical dos ambientes públicos; prefiro o som da minha TV ao 'UUUHHHUUU' de uma época em que até as manifestações de alegria são ditadas pelos modismos.
É, amigo Diego, acho que nascemos - ou eu nasci - na época errada. Ou no país errado.
Não sei se o recrudescimento do seu isolamento é devido ao TDAH, mas acho que você está certíssimo; se o que te faz feliz é passear com seu cachorro e interagir com seus livros e seus pensamentos, não se violente, faça-se feliz. Essa sociedade já nos violenta com suas exigências cruéis e descabidas.
Se a sociedade atual não suporta olhar-se no espelho e insiste em não ouvir os próprios pensamentos, o problema é dela; nós encontramos em nossas idiossincrasias nossa melhor companhia, e não cabe a ninguém nos julgar  ou tentar nos obrigar a vestir uma roupa que não nos serve. Além de ser esteticamente ridícula.

16 comentários:

  1. Fiquei dois dias sem tomar ritalina e me senti mais esperto. Porquê aconteceu isso sendo que a ritalina que tem que faz esse efeito? A ritalina esta me deixando mais bobo... é assi mesmo? Obrigado!

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    1. Oi Léo, estranho, mas pode acontecer. A Ritalina provoca os efeitos mais diversos de pessoa para pessoa. Volte ao seu médico e tente outra posologia ou medicação.
      Abraços
      Alexandre

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  2. Nossa... desculpa os erros, digitar em celular é foda.

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  3. Alexandre, show! Maria Bonita

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  4. Oi, Alexandre! Parabéns pelo conteúdo do blog, passei uns dias sem acompanhar. Mas, é tão bom voltar, ler os posts e comentários e me sentir em parte compreendida - fazer parte de fato do grupo! É difícil manter coisas, se o meu foco muda sem que eu queira. É necessário muito autocontrole, para racionalizar o que somos além do que o TDAH nos mostra. Mas, me preocupo com esse meu isolamento. Mesmo me sentindo bem com esses momentos ficando só, não é apenas que a sociedade nos cobre felicidade e comemorações no final de ano. Mas, acho que também é importante essa disposição de deixar que as pessoas também podem ser sinceras. Tenho tentado novas abordagens sobre essa socialização, porque converso com as pessoas e tal. Mas, depois me dou férias. Tenho problemas com seguir nas mudanças e isso, é extremamente cansativo. Só que gosto dessa sensação de que quero mudar. (já é um começo)
    Abraços.
    Laynne

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    1. Tem razão, precisamos estar abertos às pessoas verdadeiras, mas esse clima me cansa. Valeu pela força
      Alexandre

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  5. Interessante que, nesse período de vida, estou lendo muito sobre interações sociais... rs creio que seja algo sempre um tanto incômodo pra nós.
    E o que ando aprendendo e reafirmando cada vez mais foi o que disse: não se violente. É muito importante adquirir esse autorespeito!
    Ah! E claro...
    FAN TÁS TI CA conclusão! Adóoorei a constatação final! hahahha
    Abração!
    Ana.

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    1. Acho que vou fazer isso; vou ler sobre interações sociais, assim não preciso interagir na prática. kkkkkkkk
      Brincadeira, amiga.
      Abração e obrigado
      Alexandre

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  6. Voltei a tomar. Uma coisa, alguém tem dificuldade para ler? Sei ler, mas, parece que não compreendo. Filme legendado é uma tortura. Será porque? Será que tenho dislexia? Me ajude a encontrar a solução.
    Detalhe: ler um livro é o fim....

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    1. Dislexia não. Vc escreve e lê normalmente, isso é do tdah, eu também sou assim. É fogo! Uma luta constante, e ainda tenho OBRIGAÇÃO de. estudar

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    2. O segredo para mim é você ler apenas o que lhe interessa, e pelo que você gosta, você procura inserir nos outros contextos que tem obrigação de saber por causa de trabalho, escola, faculdade, etc.

      Se gosta de medicina, e precisa entender de política, entenda a relação. Até pela nossa própria revolta aqui no Brasil de querer mais incentivo mas não ter muito, procuramos entender coo se dão essas coisas e por quê não vai para frente. A partir disso entra n fatores, principalmente em política, que é um campo vasto e interdisciplinar.

      Você acaba na verdade inserindo o assunto que não desperta muita curiosidade naquilo que lhe desperta, compreende. Veja se funciona. Abçs

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  7. É muito importante nos auto entender, tenho meditado mais sobre como fazer frente ao mundo exterior. Gosto mais da minha própria companhia.
    Sábias palavras Alexandre!

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  8. Meditação, agora aliada à neuro ciência. Entrevista com o homem que é considerado o mais feliz do mundo. O link da entrevista está abaixo, porém, antes, alguns trechos que julguei mais importantes e curiosos, para não se assustarem com o tamanho da entrevista, já que muitos de vocês têm dificuldade de ler muita coisa de uma vez:

    [...]
    "Primeiro, perceber que a ansiedade é inútil. No meu caso, não me ia deixar menos atrasado. Depois, perceber que se deixar a ansiedade encher a minha mente vou ficar num estado miserável. Uma das principais qualidades da mente é a capacidade de permanecer consciente de si mesma. Isso permite-nos tomar consciência das nossas emoções. O que é isso de estar consciente da ansiedade? É algo diferente de estar ansioso, certo? Uma mente consciente da ansiedade já não é uma mente completamente ansiosa, está ansiosa e ao mesmo tempo consciente da ansiedade, logo, já não está completamente cheia de ansiedade, há uma parte dela livre disso. Se continuarmos a a tornar a mente mais consciente, a ansiedade vai perdendo força porque deixamos de alimentá-la. Não a bloqueamos, deixamos só que se desvanecesse. Quando ficamos familiarizados com este processo, as emoções continuam a aparecer mas com menos força e gradualmente levaremos cada vez menos tempo a dissolve-las."
    [...]

    Muitos começam a meditar e desistem. A felicidade dá trabalho?

    "Sim, mas é um esforço gratificante. A meditação inicialmente pode não ser divertida. Há uma expressão de tibetana que diz “No início nada vem, no meio nada fica, no fim nada vai embora”, ou seja, no início não vemos os benefícios, é quando podemos desistir; no meio vemos alguns, mas depois deixamos de ver outra vez; no fim atingimos o objetivo e nunca mais o perdemos. O tempo destas fases varia de pessoas para pessoa, mas só o facto de começar a meditar já é raro nos dias que correm."
    [...]

    Vivemos em sociedades que nos fazem infelizes?

    "Há um estudo de Michael T. Kasser que mediu os níveis de consumismo de centenas de pessoas por 20 anos e concluiu que quanto mais alto menos felizes somos. Não se trata de um julgamento moral mas de uma constatação. A mentalidade consumista leva à procura dos prazeres imediatos, o que não traz felicidade. Atualmente os miúdos de dois anos já são inundados de anúncios. Isto é eticamente errado e um começo tortuoso para a felicidade."

    Fonte: http://www.folhasocial.com/2013/10/conheca-o-homem-que-e-considerado-o.html

    Ps: Também aborda sobre depressão

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  9. Bom dia Alexandre, obrigado por responder ( e como sempre me dar força nessa guerra de um soldado só que é a nossa contra o TDAH. Afinal meu amigo, mais vale lutar uma guerra sozinho - contando com a nossa força, fé, vontade de superação e porque não dizer raiva ( pois todo sentimento, seja ela "bom" ou "ruim" se bem canalizado pode nos ajudar) contra os soldados (sintomas) e as dificuldades naturais de uma guerra ( limitações diárias do TDAH) do que ter ao nosso lado soldados que vivem a criticar nossas estratégias traçadas de enfrentamento dessa batalha: Nenhum deles vive dentro de nós para saber o que realmente sentimos, quais são as nossas cicatrizes e traumas que carregamos, além da asfixiante sensação de culpa e dor que volta e meia nos atinge (já percebeu que o nosso funcionamento mental é tão pesado que quando estamos num momento feliz e relaxado de nossa vida - a porra da nossa memória vem e nos golpeia com uma série de recordações do quanto fomos "maldosos" e incongruentes com algumas pessoas importantes de nosso passado? É uma doença tão pervertida que quando precisamos de nossa capacidade de memória para coisas úteis, volta e meia ela não funciona, mas para nos detonar, basta nós, soldados da guerra TDAH pararmos um pouco para descansarmos, relaxarmos, que ela aproveita essa brecha por nós dada para nos atacar? Só sei meu amigo - não sendo pessimista, mas é que detesto ser utópico - que percebo a cada dia que passa, que menos e menos as pessoas entendem e aceitam o nosso TDAH, e isso reforça ainda mais o nosso isolamento dentro de nossa fortaleza de guerra. O lado bom disso? O nosso fortalecimento diário por nossa própria conta - seja através de nossas pequenas/grandes vitórias ou de fracassos monumentais, uma visão mais límpida de nossa zona de guerra, não mais tão disfocada por um monte de falas e atitudes de pessoas dispensáveis que até então nos cercavam e a certeza, principalmente através de seu blog, onde todos nos encontramos, de que podemos estar cada um de nós dentro de nossas fortalezas isoladas, mas com a certeza de que todos nós lutamos contra um mesmo inimigo. E cada movimento vitorioso que temos contra ele não fortalece só quem venceu, mas a todos os que aqui estão e encontram nos relatos dessas vitórias aqui postadas, a esperança necessária para seguirmos em frente com a nossa vida. Abraço afetuoso meu irmão TDAH e mais uma vez - e sempre - obrigado por sua generosidade. Diego Bueno.

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  10. Fala Alexandre! Esse ano resolvi ficar em casa ao invés de "curtir" o natal com a familia que é de outra cidade, algo que fiz ao longo de 30 anos e muitos deles a contragosto (para uma criança com tdah era ate legal, tenho que admitir). Sempre houve uma cobrança dos meus pais para comparecer a essas celebrações e nos ultimos anos eu até ia mas ia me arrastando, ficava lá completamente deslocado esperando a hora da tortura acabar. E pra completar a historia meu aniversario é no dia de natal, então era uma obrigação reforçada por esse simples fato. Quando meus pais saíram agora a pouco digitei no google tdahs e festa de fim de ano e para a minha surpresa caí aqui, no seu site, que já visito com frequencia. Não é puxasaquismo ou babaovice, nada do gênero. Mas você ja pensou em publicar um "Manual de sobrevivência para TDAH's"? Acho que você pode ajudar muitas pessoas com os textos que já tem, e com sua capacidade de sintetizar o que vive acho que pode vir mais coisa boa ainda. É só uma idéia, como se ja nao bastasse ter mil ideias pra minha vida e nao conseguir completar nem 1% delas eu ainda fico aqui empurrando elas pros outros rs! Grande abraço e mais uma vez muito obrigado! Chega de slfietortura, esse ano vou ficar por aqui quieto no meu canto com meu cão, meus jogos, minhas leituras, como se fosse mais um dia comum da minha vida, porque na verdade é mais um dia comum.

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