quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O TDAH ESTRANGEIRO






Não pertenço a esse mundo;
muito menos a esse tempo.
Não pertenço a esse corpo;
muito menos a essa alma.
Estrangeiro de mim mesmo.
Deslocado de minha vida,
vasculho mundos, almas, tempos
que me caibam.
Sequer sonho em ser acolhido,
no máximo ser aceito.
Deixar de ser estrangeiro.
Deixar de ser deslocado.
Deixar de ser pitoresco.
Deixar de ser reconhecido.
Atingir a finalidade suprema:
ser anônimo.
Imperceptível.
Invisível.
Apenas ser...
Sem rótulos.

4 comentários:

  1. Felicidade suprema: ser anônimo, imperceptível, invisível...

    Ontem teve uma festa no apt de minha vizinha, pois era o aniversário da filha dela. Todos nós nos conhecemos há muitos anos, e são pessoas por quem nutro muito carinho e simpatia.

    Minha família foi, mas eu não consegui sair de mim mesmo.

    E chovia recados para eu ir... e a raiva e a frustração aumentando... "Porquê não me deixam em paz? ... porquê eu não me levanto e vou?"; e a necessidade do isolamento tornando-se cada vez maior ...

    O mundo devia ter uma porta para o isolamento, devia ter um "quarto do silêncio" em uma outra dimensão, aonde pudesse ser esquecido, até por mim mesmo.

    Estou em uma encruzilhada com a minha medicação... com dificuldade de encontrar profissionais experientes em TDAH... Estou colhendo alguns frutos amargos que plantei, enfrentando esqueletos do armário que saíram para me assombrar.

    Só me resta neste momento fazer o que sei fazer de melhor: Sobreviver. Sair da cama, marchar, trabalhar.

    Zumbí, é certo, mas caminhar.

    Ah, Como gostaria de tirar férias de mim mesmo, de ir para uma caverna, e ficar lá sem que ninguém sentisse minha falta.

    Mas a realidade se impõe; o mundo exige a minha presença, o meu trabalho, até a porcaria dos presentes de fim de ano.

    Tudo bem, que o mundo se contente com o que neste momento posso dar a ele: um zumbí.

    Resta-me o consolo de saber que, como sempre, esta fase passará e outra melhor virá, e tentar esquecer que, igualmente como sempre, ela depois voltará.

    Êta gangorra sofrida, .... e como dói.

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    1. Que perfeito seu comentario como se tivesse narrando eu mesma! E e exatamente assim!

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    2. Achei que somente eu tinha isso ..rsr é normal pensar que o amanha será como queremos ou esperar que melhore gradativamente!? poxa..sempre olho para os projetos e metas e penso..“calma que to chegando“..

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  2. Eu também sofro tanto. Brigo com pessoas que amo e depois arrependo. Pode ser tarde demais, mas, isso vem desse transtorno maldito.
    Vocês acreditam que isso pode vir do nosso espirito e não de nós, do nosso cerebro? (Se é que vocês me entendem né)

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