quarta-feira, 13 de junho de 2012

UM GOLPE NO TDAH!




Acabei de descobrir que posso frear meus impulsos, mesmo quando eles são uma soma perversa de desejo, rancor e vontade de auto afirmação.
Estive no limiar de fazer uma grande besteira, e tinha todas as justificativas pra isso; um dia em que passei controlando-me para não explodir, mantive-me razoavelmente tranquilo mesmo sendo repetidamente desafiado e provocado. O dia parecia encaminhar para um final normal quando uma última palavra, aquela da despedida entrou no meu ouvido como um tijolo. Já nem era mais uma provocação era um escárnio. Não caí na provocação gratuita, sequer respondi, apenas olhei. Voltei pra minha mesa disposto a afogar o insulto numa pilha de celulares que estão esperando a hora de serem consertados. Aí entrou o TDAH em ação, o pequeno demônio que nos habita começou a manifestar-se. Primeiro de maneira tímida como é de seu costume; eu não conseguia me concentrar no trabalho. Uma insatisfação com tudo o que aconteceu durante o dia me martelava a cabeça. Larguei o trabalho e fui pra net, tambem estava ruim, a insatisfação aumentava, uma tênue vontade de vingança brotava na alma. Isso não pode ficar assim, eu pensei; isso tem de ter um troco, na mesma moeda ou maior. E assim, no melhor desempenho TDAH, levantei-me repentinamente, juntei minhas coisas e fui em busca da revanche. Ainda pensei assim:  nem em casa vou pra não dar tempo de pensar e desistir.
A essência da auto sabotagem.
Na rua comprei o que precisava para dourar minha vingança e, decididamente, toquei o carro em direção ao belo objetivo que eu traçara do fundo do meu rancor. Por sorte, de onde eu estava até lá são uns bons quinze minutos de carro. Olhando a garoa que caía no parabrisa do carro, comecei a refletir no que iria fazer.
O prazer imediato!
Com quais conseqüências? Difícil de mensurar nesse momento mas os ingredientes eram nitroglicerina pura. Tinham tudo para se encontrar e explodir com conseqüências inimagináveis.
Sem perceber fui reduzindo a velocidade do carro e pesando as atitudes: essas conseqüências vão resultar no que eu quero? Não, eu não quero essas conseqüências. O prazer que eu posso ter é maior ou igual ao desastre que ele pode causar? Não sei mensurar, mas consigo imaginar o saldo da tragédia.  Uma tragédia que, certamente, iria respingar na vida pessoal e profissional. Definitivamente não posso e não quero colocar tudo isso em risco.
Senti-me mais leve e peguei o primeiro retorno para o centro da cidade.
Decidi vir para esse local onde estou agora; a Planet Music, um misto de livraria, video locadora, loja de cds e café. Um lugar que adoro. Sentei, pedi um café expresso gigante uma porção de pão se queijo e comecei a pensar na vida. Só então percebi a dimensão do que havia acontecido. A vitória da razão,  da minha vontade, daquilo em que acredito sobre o TDAH. Consegui pensar, racionalizar e produzir o efeito que o Alexandre queria obter e não o que o transtorno me sugeria ou me dirigia a fazer.
Confesso que o café com pão de queijo ficou muito mais gostoso!Venci um round. Uma batalha. Muitas outras virão, vencerei algumas e perderei outras, mas hoje, estou comemorando essa magnífica conquista: superei meu desejo, sobrepujei aquilo que dirige minha vida desde a adolescência.
É claro que trago na boca um gosto estranho de incerteza, principalmente em relação às atitudes e caminhos das outras pessoas envolvidas. Mas não interessa, fiz o que minha razão julgou correto e não serei eu a implodir tudo, não dessa vez.
Estou encantado comigo mesmo, com essa nova pessoa que surgiu e me ajudou nesse momento .
Feliz dia dos namorados pra mim!


8 comentários:

  1. É isso aí, o que você descreve serve pra confirmar o sentimento que construí hoje pela manhã, vendo uma entrevista de uma especialista em TDAH. É sim possível, com motivação, vencermos estes obstáculos. Depois você olha a entrevista da Maria Razera no YouTube, é só pesquisar por "hiperatividade eficaz". O blog dela é o hiperatividade-eficaz.blogspot.com.

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    1. Oi, Caco! Tá sumido!
      Comecei a ver a entrevista da Maria Razera, mas não terminei; por que será? kkkkk
      Ter consciência do TDAH e de como ele age faz muita diferença, mas não me sinto em condições de ficar sem remédio e sem o apoio da minha coach. Existem pessoas que podem conseguir superar os obstáculos sem tratamento, eu não.
      Aliás, admitir a necessidade de ajuda foi um dos fatores que me ajudaram a parar de fumar há 13 anos atrás e espero que me ajude a superar, ou domar o TDAH.
      Um abração e obrigado pela participação e a dica do vídeo.
      Alexandre

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  2. Alexandre, boa noite!!
    Parabéns!
    Um dia eu chego no seu estágio.. Ainda estou à procura de auto controle e de, de uma vez por todas - ou apenas por um momento, conseguir escutar minha razão para não deixar a auto sabotagem tomar conta da situação (tenho deixado, e eu diria que de um modo passivo, esse martírio tomar conta de mim há muitos e muitos anos.
    Depois de tudo o que passei desde que descobri o TDAH, hoje me sinto muito, mas muito meslhor .. Vejo as coisas com outros olhos agora...Venho tentando usar o TDAH ao meu favor. É claro que situações já previstas de auto sabotagem virão algum dia - é a minha e a nossa natureza.. De qualquer forma, na proxima vez que vier tentarei ter uma conversa franca comigo mesma..Usarei o acontecimento mencionado por vc como um exemplo.

    Obrigada, novamente!

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    1. Menos, Isa, menos! rsrsrs
      Não estou em estágio nenhum Isa, na verdade estamos caminhando juntos, às vezes um anda um pouco mais e dá a mão a quem se atrasou, mas fatalmente, esse vai tropeçar e se atrasar e precisará de uma mão estendida que o ajudará a reerguer-se; e essa mão poderá ser a sua.
      O segredo é fazer o que você está fazendo: perceber o TDAH agindo e neutralizá-lo ou usá-lo em seu benefício.
      Não se acanhe, seja dura e honesta consigo mesma e o resultado ser-lhe-a favorável sempre.
      Um abraço e obrigado por sua presença
      Alexandre

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    2. Que Aflição. Acho que entendo todos vocês até sobre a autosabotagem. Parece que isso vem no pacote genetico do tdah. Bem escutem Tom jobim - meditação. Acho que ele era do mesmo clube e encontrou uma saída, e outros também encontraram um meio Albert Einstein, Paul Mcarteney, George Lucas, Steven Spielberg, Marlon Brando, Kate Perry, e etc. Não estamos sozinhos porém alguns ainda não encontramos a resposta, a saida, a independência. Pesquisem meditação e os beneficios para o tdah. Sem medicação, podemos encontrar alternativas mais saudaveis, autocontrolavel. Boa sorte!!

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  3. ótimo texto cara...se um dia quiser um final de semana em itacaré está convidado..o pgt será uma hora de troca de experiencias sobre o tema...sds

    ferraz - isaacferraz70@gmail.com

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  4. Não tem coisa melhor quando conseguimos , um tipo de coisa e triste quando vem situação semelhantes e recuamos mais devemos existi cada dia mais podemos recu uma as pessoas pode pensa em dessiste de nós mais ainda não dessiste que e aos poucos que vai conseguindo sei como vitória dessa fico triste quando acontece deu não consegui penso em dessiste choro revolto contra mim , mais aos poucos vo lendo outro testemunho vo chorando por causa da revolta contra a mim e vou criando força pra continuar mais e mais pedido a Deus e lutado que sei que de grão e grão as coisas vão melhores eu sei disso pq eu vejo isso em mim e as pessoas que tão a minha volta e muitas vão buscando comprender agente vai ensinando a elas tbm ser melhores.

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    1. Tem razão, temos de comemorar cada pequena vitória, cada pequeno passo que damos à frente. E uma coisa que você disse é a chave de tudo, temos que aprender a valorizar cada grão que conquistarmos. Minha coach sempre diz que para comermos um elefante basta que o comamos aos pedaços. De pedacinho em pedacinho comemos um elefante inteiro.
      Valeu o comentário, obrigado por sua participação.
      Um abraço
      Alexandre

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