Uma leitora do interior de São Paulo me enviou um e-mail relatando um comportamento de seu parceiro, querendo saber se era em virtude do transtorno.
Nada mais TDAH...
Alterei algumas coisas para que o companheiro não reconheça seu próprio comportamento. Se é que vai ler esse post.
Percebam que o que parece agressão gratuita, aos poucos, se transforma em auto sabotagem.
Foi um fim de semana tranquilo. Não houve briga, nenhuma discussão, nenhuma rusga sequer. Tudo perfeito.
Ao deitarem-se na noite de domingo, quando todos precisarão trabalhar na manhã seguinte, o TDAH aparece.
Seu amado começa a conversar tranquilamente sobre o amor que os une. Sobre a quantidade e intensidade desse amor. E demonstra uma certa preocupação sobre se corresponde ao que ela sente por ele. Até aí tudo bem; mas ele dá um novo passo. Um passo rumo à destruição. Compara o que sente hoje por ela, com o que sentiu por outras pessoas, inclusive por àquelas que lhe foram mais nefastas, e todas parecem merecer o mesmo sentimento.
Nesse instante, toda a paciência e boa vontade que ela tinha se esvai e só lhe resta duas opções: Uma briga horrorosa ou juntar suas coisas e partir.
Aqui cabe um parênese: anos atrás, se eu me visse diante desse quadro, teria optado pela primeira opção e aquela dolorida conversa se transformaria num pavoroso UFC verbal com acusações e impropérios pesadíssimos. Hoje não! Meu amor próprio não me permite aceitar esse tipo de jogo. Não mais convivo com quem não me ama, ou para quem não sou importante. Eu optaria por partir!
A leitora também fez a opção por partir! E um milagre aconteceu!
Ao ver o desastre iminente, ao ver a dor que provocou, seu amado TDAH cai em si. E começa uma espécie de trabalho de recuperação, ou uma desesperada tentativa de reparação dos efeitos dos absurdos que acabou de dizer.
Mas pode ser tarde! Se a companheira não é TDAH, ou não conhece à fundo a doença do seu parceiro, dificilmente irá aceitar tamanha agressão e desprezo. Do contrário, irá reconhecer o cruel e doloroso processo de auto sabotagem do TDAH.
Alicerçado na baixa auto estima, o TDAH inculca pensamentos desconexos em seu pobre hospedeiro, que acaba por acreditar que aquele relacionamento não tem futuro. Sua mente reúne fatos , de períodos e realidades distintas, e monta uma imagem surrealista da parceira. A mente doente acredita que aquela imagem franquesteniana que ela inventou é a verdadeira, e trata de combatê-la.
Somente a dor do parceiro, ou uma briga monumental, 'acordam' o portador desse processo. Ao ver que a parceira acusou o golpe, sentiu a dor em toda sua extensão e está pronto para reagir, ou já reagiu, um misto de alívio, prazer, medo e surpresa se apossam do TDAH. Nesse ponto a baixa auto estima se justifica; para reparar o dano causado ao outro, o TDAH se desculpa, pede perdão, implora e se submete a uma série de imposições da companheira. Se a vida uniu um TDAH com um perverso, esse é o momento ideal para uma escravização emocional desse TDAH. A culpa pelos absurdos que acabou de dizer, o medo de perder a parceira, 'obrigam' o TDAH a subjugar-se aos ditames da outra pessoa. Fomenta-se aqui uma relação doentia de subjugação, dor e mútua agressão; e sofrimento perene.
O fim, quem é TDAH já sabe: uma manhã o portador acorda diferente e acaba com aquela relação doentia sem culpa, sem remorso, sem arrependimentos.
Talvez acabe com tudo por motivos errados pois, muitas vezes, nem percebeu a torpeza daquela relação.
Mas isso é assunto pra outra ocasião...
Quanto mais leio seus textos mais certeza tenho q sou TDAH
ResponderExcluirAlexandre, meu amigo!
ResponderExcluirQue descrição perfeita! Sempre que leio seus textos, eu indexo alguma informação que estava solta e sem sentido!
"Sua mente reúne fatos , de períodos e realidades distintas, e monta uma imagem surrealista da parceira. A mente doente acredita que aquela imagem franquesteniana que ela inventou é a verdadeira, e trata de combatê-la. "
Perfeito!
Olá, meu filho tem TDAH e gostaria de saber se existe uma relação da doença com os neurônios espelho, pois vejo que meu filho não segue exemplos de ninguém, parece um teimoso que quer aprender por si mesmo, sem considerar a experiência alheia. Obrigado!
ResponderExcluir4 filmes para quem está passando por um período de auto conhecimento
ResponderExcluirhttp://lounge.obviousmag.org/recanto_da_desconstrucao/2016/11/quatro-filmes-para-quem-esta-passando-por-um-periodo-de-autoconhecimento.html
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi tudo bem ?
ResponderExcluirTenho 27 anos e não sei para onde ir mais !
Gostaria de sair se tem algum grupo de pessoas com TDaH ou alguem que eu possa conversar e tirar algumas duvidas.
Sinceramente me sinto ruim , porque minha cabeça não para .
Eu sou uma pessoa 100% ativa , mas sempre que começo algo eu nao termino =/
Oi tudo bom? Comecei a te seguir hoje. Esse texto é tudo. Me vi dos dois lados, porém não tenho diagnóstico de TDAH e sim meu filho.
ResponderExcluirEsse relato me representa! Passei por várias situações iguais!!
ResponderExcluirParei aqui graças a o Google e aos posts antigos de 3, 4 anos atrás sobre a Ritalina. Tenho 30 anos e vou começar meu tratamento. Algo que deveria ter feito antes, mas eu, nem minha família em frangalhos saberia lidar, e ainda não sabe, nem eu. Espero que dê tudo certo, dizem que a Ritalina é farinha, mas não posso afirmar, apenas depois de começar o tratamento.
Já tem o +1