quarta-feira, 12 de julho de 2017
TDAH DE CABEÇA ERGUIDA
Volta e meia surgem comentários no blog contra a existência ou contra a necessidade do tratamento do TDAH.
Respeito a todos e não apago nenhum desses comentários, respondo-os e deixo muito clara a minha opinião. Hoje recebi um comentário sobre minha resposta num post anterior; nela o Anônimo dizia que o importante era viver a vida. Depois de 47 anos de sofrimentos descobriu-se TDAH e agora vive a vida de cabeça erguida.
Essa é a questão; de cabeça erguida!
Ser TDAH não desmerece ninguém, não condena ninguém, não diminui ninguém. Só torna nossa vida mais difícil e complicada. Em absoluto me envergonho de ser TDAH; se me envergonhasse não assinaria meu próprio nome nesse blog e muito menos contaria as mazelas da minha vida para milhares e milhares de pessoas. Não; muito pelo contrário, acho que ser TDAH valoriza a minha vida, minhas conquistas e minha trajetória. Supero as barreiras que todos enfrentam e mais aquelas que o meu TDAH me impõe.
Noutros comentários, as pessoas dizem que não aceitam serem rotuladas. Médico é um rótulo, advogado outro, cardíaco e diabético também, assim como rico, bonito ou simpático. Somos rotulados em tudo; o tempo todo. Não sou cientista para dizer o que vou afirmar, mas na minha opinião, se existem milhares de pessoas em todo o mundo que compartilham de sintomas semelhantes, que respondem de maneira semelhantes ao mesmo tratamento, por que temos um rótulo e não um transtorno ou uma doença?
Para mim ser TDAH foi um alívio, uma descoberta redentora. Quando me descobri portador atravessava um momento terrível da minha vida, me questionava como ser humano; meu caráter... O diagnóstico foi uma porta para me perdoar e entender os maiores erros da minha vida. E por incrível que possa parecer, graças a esse diagnóstico passei a escrever esse blog, escrevi histórias infantis, publiquei meu primeiro livro - AS AVENTURAS DE PANDY - O PANDA HIPERATIVO - e passei a enxergar minha vida de uma maneira completamente diferente.
Sou TDAH e isso não me desabona; mas ao contrário de uma outra ala, não me orgulho de sê-lo. Não! O TDAH não me diminui, mas também não me deixa orgulhoso. Ser portador de TDAH é uma característica. E só!
Sigo de cabeça erguida reconstruindo a minha vida e acreditando que a pior solução é a do avestruz: enfiar a cabeça num buraco fingindo que o TDAH não existe.
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Boa noite Alexandre...caso tenha algum grupo sobre TDAH gostaria que me adicionasse...41 992867697 um abraço!
ResponderExcluirOi, meu nome é Regiane, tenho 39 anos e fui diagnosticada há pouco meses. Compartilho com a ideia que aceitar foi o caminho menos difícil, no meu caso foi o que me ofereceu novas possibilidades para velhos problemas. Apesar de todas minhas limitações sempre fui uma pessoa muito otimista, e me descobrir TDAH, teve seu lado ruim sim, mas me fez acreditar que posso muito mais hoje do que imaginei um dia. Espero, logo, conseguir alcançar sua maturidade em relação ao TDAH, na verdade, preciso te elogiar, pois tentei participar de alguns grupos pra tentar me encontrar em algum lugar, mas tenho sempre a sensação que as pessoas estão meio que perdidas em relação ao TDAH nesses grupos, que elas mesmas se rotulam como incapazes o tempo todo. Muito triste isso!
ResponderExcluirSei que o TDAH é real, é cruel e vai fazer parte da minha vida pra sempre mas ele não me representa como pessoa, porque nem todos os erros que cometo, nem tudo que falo, penso, nem mesmo todas minhas limitações são consequências do TDAH, como ser humano eu tenho personalidade própria e vontade própria, e como todo ser humano, tem hora que acerto e tem hora que erro.
A medicação tem me ajudado, mas acho que o maior desafio daqui pra frente vai ser tentar saber discernir quando o problema é do TDAH e quando o problema sou eu mesma!
Obrigada por compartilhar suas experiências de vida com tanta maturidade e segurança, desejo muito sucesso pra você!