quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
O TDAH E OS ACIDENTES DE TRÂNSITO
Acabei de ler no UOL, os resultados de uma pesquisa que relaciona o portador de TDAH sob tratamento e a redução dos acidentes de trânsito.
Um estudo publicado na revista científica JOURNAL OF THE AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION PSYCHIATRY, realizado com 17000 ( dezessete mil ) pessoas entre os anos de 2006 e 2009 constatou que o HOMEM portador de TDAH quando medicado com os remédios indicados para o tratamento do transtorno, se envolve 41% menos em acidentes de trânsito do que aqueles portadores não tratados.
Esse estudo financiado pelo CONSELHO SUECO DE PESQUISA e pelo INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE INFANTIL E DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS ESTADOS UNIDOS (NICHD) traz questões importantíssimas sobre o TDAH, que vão muitíssimo além da questão do trânsito, foco do estudo.
Em primeiro lugar, mostra o quão nós brasileiros somos atrasados, também, na questão do TDAH. Enquanto chovem comentários, perguntas e insinuações - nesse blog - sobre a não existência do TDAH, no exterior órgãos cientificamente importantes estão pesquisando as consequências da doença na vida prática das pessoas e da sociedade em geral; afinal, os acidentes de trânsito causados pela falta da medicação adequada não afetam apenas nós, os portadores de TDAH, mas a toda a sociedade que nos cerca. Ou seja, uma pesquisa de saúde pública.
Em segundo lugar, mostra que os cientistas também já não discutem, como aqui, se a Ritalina, ou os outros medicamentos específicos para TDAH causam dependência, ou são manipulações maquiavélicas das corporações multinacionais; não, isso já foi superado. O que se estuda hoje em dia são os benefícios que o tratamento correto traz para as pessoas.
Muito mais do que o resultado da pesquisa em si, no meu caso, no caso do nosso blog, o que mais me chamou a atenção foram as questões acima. O blog tem sido invadido por pessoas inescrupulosas ou ignorantes, que tentam desmoralizar o TDAH, a psiquiatria e os tratamentos para TDAH. Postam links para vídeos primários, toscos e infantis, que tentam descaracterizar não só o TDAH mas como todas as doenças mentais, como se fossem apenas pessoas 'diferentes' e que podem ser tratadas de outra forma que não através de medicamentos. Outros, coitados, tentam nos convencer, e a si próprios, de que o TDAH é uma benção, um benefício para o portador, uma vez que 'pensamos fora da caixa', somos criativos, e seríamos os inovadores da humanidade.
A já comprovada tendência ao alcolismo, ao uso de drogas, e agora aos acidentes de trânsito, prova que essa afirmativa é uma balela, 'conversa pra boi dormir'.
O TDAH é uma doença sim; comprovada cientificamente sim; que necessita ser tratada com medicamentos sim; e que causa prejuízos materiais, físicos e emocionais aos seus portadores sim. O resto ou é ignorância ou má intenção. Mas em ambos os casos, são criaturas perniciosas e, provavelmente, desequilibradas mentalmente.
Voltando ao estudo propriamente dito: " Embora muitas pessoas com TDAH estejam bem, nossos resultados indicam que o transtorno pode trazer consequências muito graves", disse Henrik Larsson, do Instituto Karolinska da Suécia.
A pesquisa concluiu que os homens com TDAH são 45% mais propensos a sofrer acidentes de trânsito, devido à falta de atenção e à impulsividade, em comparação com os homens que não sofrem desse transtorno.
Uma curiosidade desse estudo, é que não foi constatada nenhuma relação sobre as mulheres, os acidentes de trânsito e o TDAH. Interessante,não?
Aí está.
A publicação desse estudo, que me foi passado pela Ana, foi uma enorme injeção de ânimo no combate a esses infelizes que andam enchendo o saco, nesse blog, com aqueles linkizinhos idiotas sobre a não existência do TDAH. Ao ponto do meu amigo Walter Nascimento me oferecer os serviços de sua secretária particular ( e pelo que pude entender, uma santa que o acompanha a anos) para apagar esses links ridículos que atrapalham nosso blog. Aliás, Walter, ainda nem lhe agradeci. Obrigado!
Claro, que aqueles que postam esses videozinhos vão dizer que o estudo é financiado pelo grande capital, blá, blá, blá, mas a gente sabe que isso é tão verdadeiro quanto Papai Noel e Saci Pererê. Além de não ser tão simpático quanto essas criaturas lendárias.
link do texto:
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/afp/2014/01/30/medicacao-para-deficit-de-atencao-pode-salvar-vidas-no-transito.htm
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tenho 38 anos e esse é o motivo pelo qual eu nunca nem quis aprender a dirigir, a falta de atenção. Ando a pé, ônibus, qualquer coisa,.. mas nem penso em aprender a dirigir.
ResponderExcluirSei que o lugar não é o certo para comentar,mas creio que deveria criar um método mais seletivo em relação aos comentários. Digo em relação a indivíduos que tem a intenção apenas de tumultuar este Blog.
ResponderExcluirViiiixe! Êta texto arretado de baum! Vá escrever bem assim lá pras bandas das Minas Gerais, sô!
ResponderExcluirAlexandre, ao ler seu POST é impossível não se entusiasmar com o tema. Dá vontade de sair comentando e debatendo com todo mundo, pois você escreve de forma lapidar, indo ao assunto com precisão e embasamento. Parabéns mesmo. Para mim, embora não precisasse, você expôs mais ainda o quão é ridículo o maluco. Desmoralizou o cara, e os abestados iguais a ele.
E a força do seu texto quando você escreveu: “O TDAH é uma doença sim; comprovada cientificamente sim; que necessita ser tratada com medicamentos sim; e que causa prejuízos materiais, físicos e emocionais aos seus portadores sim. O resto ou é ignorância ou má intenção.” Parece que eu estou vendo você teclando ..., quase quebrando o teclado.
Nessa altura do seu texto, (e se não dissesse isto agora não seria eu), você já merecia nota 999.999. Todavia, quando você citou o Walter Nascimento, pessoa sabidamente super-inteligente, de pensamentos brilhantes, e dotado de uma perspicácia fenomenal, aí não tem pra ninguém, seu texto ficou 1.000.000.
Valeu, meu amigo. Valeu muito. E, sem qualquer divagação, TDAH? Só com: Medicação; terapia (quando tenho $$); autoconhecimento, e...., indispensável também, ler o BLOG do Alexandre, seus posts e os testemunhos dos que aqui passam ou residem me ajudam muito mesmo.
Obrigado pela sua tenacidade no BLOG.
Deixando de lado os elogios, merecidos, e focando no tema, me lembrei e fui buscar uma conversa no POST de Alexandre do dia 27/07/2013, “TDAH, O TRATAMENTO NÃO É FÁCIL”, (http://www.tdah-reconstruindoavida.com.br/2013/07/tdah-o-tratamento-nao-e-facil.html). Ali, houve um diálogo entre Rafael P., Simone (esposa desesperada com o TDAH de seu companheiro, Li) e Walter Nascimento, que bem representa o assunto do POST. Vou facilitar para vocês, meus iguais, que sei que não se animarão em sair por ai procurando o texto, e vou transcrevê-lo abaixo.
ResponderExcluirRafael P. postou um comentário falando que estava se medicando, e, de brincadeira, diz: ‘PS. to com saudade da minha fama de "mundo da lua". faz mais de 2 meses que não causo algum acidente! de copo quebrado a batida de carro tinha um evento semanal pelo menos..’
A Simone, já desesperada com tantos sintomas do TDAH em seu amado, perguntou, então: ‘Aproveitando que comentou sobre bater o carro semanalmente: o Li ainda não tirou carta de carro, mas está para tirar. Como é para todos vocês dirigir o carro? Sem medicação e com medicação?’
E Walter Nascimento, com seu costumeiro bom humor e sua inegável sabedoria, escreveu:
‘Simone, claro que cada um é cada um, mas se o seu Li for igual a mim, aos 18, 19, 20 anos, sem medicação, eu não tomo carona com ele dirigindo não. kkkk
Aos 17 anos bati o carro do meu irmão no mesmo dia que ele havia comprado. Ele foi para um plantão no hospital e me pediu apenas para eu lavar o carro, me fazendo jurar que eu não ia sair com o carro.
Na volta do plantão, meu irmão achou o caro dele, e mais dois outros, de "cara torta". (Ele acreditou em mim e se ferrou legal. iiiiiiih, doeu muito esta lembrança, pois gosto muito dele. Droga.)
Bati também o carro de meu pai, acho que uma duas vezes....
Já "adulto", mas sem medicação, acho que já bati carros meus umas três vezes, sei lá, quem quer ficar contando.
Tinha um dono de oficina, amigo de meu pai, que, quando me via, ia logo gritando: ‘Sóóóóóóóóóóóócio, cade? nunca mais bateu um carrinho pra eu consertar. Tô precisando de grana, me ajude’
Engraçado? mas o acidente do carro do meu irmão poderia tranquilamente acabar em morte de alguém, pois foi sério.
No mais, sem medicação não consigo dirigir por mais de três horas seguidas, pois, por mais que tenha dormido, me dá um tédio, uma desatenção, um sono... enfim...
Com medicação fico totalmente concentrado e focado. Outro dia fui de São Paulo a Curitiba, sem parar, super bem.
Mesmo medicado, todavia, às vezes eu saio de um local para ir ao escritório, e, depois de perder todas as entradas possíveis, de repente, apareço na porta da minha residência. kkk
Minha ‘Lineuzinha’, quando está de carona, já sabe: ‘Pegue a direita’, depois: ‘Peque a Esquerda’, e, fatalmente: ‘EU DISSE E S Q U E E E E E E R D A’. Digo logo: ‘Tô nem aí, faz de conta que estamos fazendo um City Tour’.
Bom humor, Simone; Bom humor, senão não dá. ”
É isso aí galera do TDAH masculino, muita atenção na direção e: “Se for deixar de tomar a medicação, não dirija”.
Riquissímas informações amigos, quanto mais nos envolmer-mos com a causa mais dominio teremos. Adorei ver o mural mais “clear“.
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