sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

E AGORA, JOSÉ ? O TDAH E O DESERTO DO ISOLAMENTO




Nota do Autor (Atualizada em 2025): Peço licença ao mestre Carlos Drummond de Andrade para emprestar seus versos imortais. Este poema nasceu de um momento de desamparo, quando a gente percebe que nem a Ritalina, nem o Coaching, nem a Terapia são muletas eternas. No fim do dia, somos nós e o nosso cérebro. É um texto sobre o peso de continuar, mesmo quando tudo parece ter mofado.



E agora, José?

A ritalina acabou,
a terapia acabou,
o coaching encerrou,
E agora, José?
e agora, você?
como vai viver,
você que esquece,
você que adia,
você que se irrita,
e agora José?
está sem mulher,
está sem emprego,
está sem tratamento,
e agora José?
você não deve beber,
você não deve fumar,
se controlar você não consegue,
a motivação esfriou,
a cura não veio,
a vida nova não veio,
o novo emprego não veio,
só veio a utopia,
e tudo acabou,
e tudo fugiu,
e tudo mofou,
e agora José?

E agora José?
sua doce ilusão,
seu instante de sonho,
seu devaneio e realidade,
a conta vencida,
sua ilusão de ouro,
sua força de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com o frasco na mão,
você quer mais ritalina,
não existe ritalina,
quer saltar do abismo,
o abismo acabou,
você quer sua coach,
mas coach não há mais,
José e agora?

Se você cumprisse,
se você persistisse,
se você lembrasse,
se você amasse,
se você terminasse,
se você pensasse,
se você curasse.
Mas você não cura,
não tem cura, José.

Sozinho na vida,
um tdah isolado,
sem  psicologia,
sem o coaching
para se encostar,
sem o seu remédio
que te impeça as fugas,
você continua, José!
José, pra onde?

Perdoe-me Carlos Drumond de Andrade.



"Reflexão de 2025: O 'José' do poema está sozinho, mas você não precisa estar. O TDAH não tem cura, é verdade, mas tem manejo, tem comunidade e tem compreensão. O isolamento é o maior inimigo do José; a conexão é o seu maior aliado.

Se você se sente nesse deserto, sem Ritalina ou sem norte, saiba que o caminho continua. Conheça recursos e redes de apoio na ABDA.

E agora, José? Para onde você vai quando o chão some? Vamos conversar nos comentários."