sexta-feira, 28 de agosto de 2015
O TDAH QUE ESCOLHO SER
Eu posso escolher quem eu quero ser.
Não posso negar o TDAH; não posso ignorar o TDAH.
Mas posso escolher que TDAH quero ser.
Posso ser o TDAH que falha; ou posso escolher ser o TDAH que se recupera a cada queda.
Posso ser o TDAH que esquece; ou posso escolher ser o TDAH que se esforça para lembrar.
Posso ser o TDAH impulsivo; ou posso escolher ser o TDAH que luta contra os impulsos.
Posso ser o TDAH que não aprende com os erros; ou posso escolher ser o TDAH que reconheceu um aprendizado.
Posso ser o TDAH desorganizado; ou posso escolher ser o TDAH que tenta se organizar.
Posso ser o TDAH auto destrutivo; ou posso escolher ser o TDAH que se ergue contra si próprio.
Posso ser o TDAH que se prostra; ou posso escolher ser o TDAH que dá o primeiro passo.
Posso ser o TDAH que se inferioriza; ou posso escolher ser o TDAH que reconhece as próprias vitórias.
Posso ser o TDAH anti social; ou posso escolher ser o TDAH que manda uma mensagem de feliz aniversário.
Não preciso mais ser um crustáceo agarrado às rochas das minhas derrotas. Posso simplesmente reconhecer, saborear e valorizar minhas vitórias. Ainda que ínfimas!
Posso me mortificar por ter esquecido de coisas importantes; ou passar a valorizar aquilo que lembro. Dane-se se são coisas desimportantes; eu me lembrei. E se eu lembrei, são importantes.
Quantos erros graves cometi ao longo da vida. Mas o maior deles será o de sempre me apegar a eles e não valorizar os acertos que conquistei. Se tenho uma mulher que me ama (e tenho), se tenho uma filha que me ama (e tenho), se tenho pai e mãe que me amam (e tenho), se tenho irmãs que me amam (e tenho), é por que acertei mais do que errei. Construí mais do que destruí.
Àqueles com quem falhei ou magoei, feri até; meu pedido de perdão. E fim.
Luto diariamente pra me organizar; nem sempre consigo. Em poucas coisas consigo, pra ser sincero. Mas quando olho pra trás, já evoluí demais. E isso é o que importa.
Tem que ter mais valor a coragem que tive ao me erguer e dar um passo, um único passo que seja; do que a prostração e o desânimo que me assola de quando em quando.
Ora, esse desânimo eu já sei que é do TDAH; o passo que dei não. O passo que dei é meu! Esforço meu! Conquista minha! E isso é o que tem valor.
Os defeitos da doença eu já sei que tenho e terei sempre.
As vitórias contra a doença são valorosas; surpreendentes; conquistas dignas de louvor.
E é esse o caminho que escolhi.
O TDAH que escolhi ser.
Não vou me entregar jamais!
Muito menos valorizar aquilo que é fruto da doença.
Não!
Eu sou um vencedor!
Um vencedor cotidiano, um vencedor contumaz, um invencível.
E doença nenhuma vai me vencer.
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Muito legal o teu blog! Há tempos eu dava uma olhada nele e pensava em comentar algo ou trocar uma ideia a respeito do TDAH, mas, sei lá, nunca tive coragem. Hoje vi essa postagem e te parabenizo pela tua superação diária! Me motivei a fazer o comentário pois senti a necessidade de um contato com alguém "igual a mim", hehehe, coisa que não tenho aqui nas minhas relações pessoais.
ResponderExcluirMe desculpe se faço o comentário como anônimo, mas é que é muito difícil ter essa condição, tanto que escondo à sete chaves das demais pessoas, salvo algumas pouquíssimas em quem confio muito. Tenho 40 anos e não consegui construir nada sólido, não consegui me formar, cursei licenciatura em História na universidade, vida profissional pífia, enfim, frustrações e fracassos.Tenho muita vergonha e sofro bastante por isso, mas ainda tenho esperanças de superar as adversidades e da mesma forma que você que eu possa me sentir um vencedor! Grande abraço
P.S. É possível ter contato contigo via e-mail?
apartir do momento em que assimos e lutamos contra tudo isso, nos sentimos mais livres e fortes.
ExcluirClaro, schubertsax@gmail.com e obrigado.
ExcluirAlexandre
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Joys, não se cobre vitórias demais, ou vitórias definitivas. O tdah é uma doença e não se curam doenças só com vontade. Lute, mas seja generosa com suas pequenas conquistas.
ExcluirAbraço
Alexandre
com certeza, um abraço.
Excluiré, pois sei bem o quanto achava q esta certa e fazendo tudo certo, quando no fim, faltava varias coisas, mas eu dou valor as pequenas coisas q só eu sei e vc sabe.
ExcluirMe emocionei a ler seu depoimento pois sempre defendi que nenhuma pessoa é igual a outra e cada um deve ser respeitado na sua diversidade. Além disso reconheço a luta diária que um portador de TDAH enfrenta e admiro muito isso. A vida de toda pessoa é feita de escolhas e escolher lutar contra o que nos faz mal é maravilhoso. Poderíamos nos acomodar e apenas aceitar que "somos assim mesmo", mas cada vitória diária compensa todos as dificuldades encontradas no caminho. Parabéns por traduzir tão bem a alma humana, independente de rótulos, somos amados pelo que escolhemos ser.
ResponderExcluirOla, que legal que gostou; sim essa é a essência: Não vamos nos conformar...
ExcluirNão me iludo de acreditar que vou controlar a doença, mas não preciso me condenar ao lado escuro dele.
Abraço
Alexandre
Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirOlha, as pessoas em volta também ajudam nesse processo, já cansei de ser xingada pelo meu irmão de ''maluca problemática', e sério, as vezes ele faz isso pra sair ileso de tudo, sempre me culpando, e eu sei que nem tudo é culpa minha ou de meu transtorno.' Além disso, sou sempre chamada pelas minhas tias e primas de ''bipolar'' ,e por desconhecidos de ''estranhos''.
Já fiz fórum, desisti, já fiz blog, desisti, já fiz canal do youtube, desisti(no começo sempre com hiperfoco, sem pausar para outras coisas importantes de minha vida), por isso lhe dou meus parabéns, por conseguir levar esse blog por tantos anos, e ajudando tantas outras pessoas, PARABÉNS.
Nem sei quantas vezes já desisti desse blog, já passei um mês sem postar ou responder comentários; mas escrever faz mais bem pra mim do que pra vocês que lêem. É uma terapia, uma forma de "sair de mim" e me enxergar de uma outra forma.
ExcluirE os comentários, muitas vezes, me alertam pra comportamentos que eu mesmo nunca tinha percebido.
Encare assim seus blogs e não desistirá, sentirá necessidade deles.
Abraço
Alexandre
Esse Hiperfoco ao qual se refere é um tremendo cara malvado ele me faz pensar que nada mais importa que no momento eu devo fazer aquela atividade ate a exaustão preciso entender tudo sobre num engajamento incrível energia pura, poder, alta performance é como se eu pudesse utilizar 100% do meu cérebro. De repente de uma hora pra outra eu perco minha energia e fico com raciocínio de um primata talvez por ter perdido minha fixação por determinada, ou a grosso modo cientificamente falando meu córtex pré - frontal parou, tirou ferias!
ExcluirE depois volta como se nada tivesse acontecido...
Maravilhoso o depoimento/post!!! Mais uma vez, me surpreendeu com sua inspiração para nos alegrar através de tua escrita. Já pensou em não desistir de lançar um livro?
ResponderExcluirUma coisa que me ajuda muito é me observar de forma desapegada... focar nas minhas virtudes, nos meus tesouros. Valorizar minha essência, pois isto é o que eu sou. TDAH é algo passageiro... estamos TDAH agora. No segundo seguinte, não sabemos ao certo. A nossa essência é algo que tinhamos muito antes do diagnóstico... Honremos nossa essência.
"Luto diariamente pra me organizar; nem sempre consigo. Em poucas coisas consigo, pra ser sincero. Mas quando olho pra trás, já evoluí demais. E isso é o que importa."
Esta frase é a que resume tudo!!! Continue se observando, se percebendo e mantenha o foco a todo instante. Liberte-se das muletas e se ofereça desafios diários. Mais importante que isto é se dar um prêmio toda vez que o desafio for superado, nem que este prêmio seja um soco no ar, seguido de um "YÉSSS!!!!" Isto tem um poder muito grande de nos motivar!
Confie no seu potencial infinito!!! Eu confio!
Abraços,
"A parte massa de ser artista é que, quando você volta de uma reunião e repara pelo espelho do elevador que sua camisa estava ao avesso, você sabe que as pessoas que se reuniram com você ficam na dúvida se você é excêntrico ou quer lançar alguma tendência.
ResponderExcluirBom... Distração não deixa de ser um traço da categoria."
https://www.facebook.com/gilberto.zappa/posts/807831182670819
Teus textos, em momentos, funcionam como alicerces pra mim..
ResponderExcluirObrigada Alexandre!
Um texto legal
ResponderExcluir"E a gente faz. Refaz. Muda de ideia. Volta atrás. Recomeça. Insiste. Fica perdido. Se reencontra. Reinventa as coisas. Troca as bolas. Pede desculpa. Percebe que perdeu. Finge que aprendeu. Esquece a lição. Desacredita. Reduz sentimentos, depois acha que é tolice. Enfia a cara. Faz planos. Acorda dos sonhos. Percebe que há jeito. Se mete em encrenca. Jura nunca mais repetir a dose. Censura a experiência. Atira pedras. Promete melhorar. Alimenta esperanças. Consulta pessoas. Insulta o destino. Reprova a paciência. Lamenta as escolhas. Marca encontros. Chega atrasado. Reclama do destino. Esquece das promessas. Transpira desejos. Corre riscos. Supera traumas. Guarda vontades. A vida mal começa e a gente já fez tudo isso..."
Ita Portugal
Sei qual o problema de demorar com as postagens, mas me sinto mal quando entro no seu blog e não vejo textos novos. Hoje uma das poucas coisas que prende minha atenção é ler o que sou, me identifico muito com tudo que escreve. Tento escrever e tenho alguns poucos textos terminados, mas não consigo compromisso com nada, até mesmo pra criar um blog. O tdah me acaba, e o pior é que as vezes por falta de dinheiro ou descompromisso fico sem o elixir (tia Rita) e piora ainda mais minha situação. Mas vou levando, entre quedas e trancos tenho meus sucessos e todos (as vezes me pergunto como) me amam desse jeito maluco que sou e sempre necessitam de mim. Alguém aqui é odiado, ou cativa e contorna tudo a seu favor? Acho que me fiz aprender isso, se não era mandado para a fogueira.
ResponderExcluirContornar é uma coisa que eu nunca consegui na vida. Nunca consegui inverter a situação e fazer as pessoas gostarem de mim como eu sou. Normalmente tenho uma convivência difícil com as pessoas. Elas ficam bem decepcionadas com minhas atitudes desatentas e tentam a qualquer custo me corrigir, me ensinar sobre certo e errado, me dar lições de ética, moral, conduta, respeito ao outro , etc...e tentam me botar na linha, nem que seja na marra. Eu continuo repetindo os mesmos erros e as pessoas acham que estou me recusando a ouvi-las, e a convivência fica mais difícil. Não há mais conversas, só gritos, a pessoa se queixa o tempo todo de não ser ouvida. Até que a pessoa não consegue me tolerar mais e se afasta pra sempre. Todos os meus relacionamentos são assim, nunca consegui contornar a situação a meu favor.
ResponderExcluirVejo algumas pessoas que têm algumas atitudes incorretas - tipo, comem demais, vivem com preguiça, não gostam de estudar, enrolam todo mundo, são irresponsáveis - e conseguem passar uma imagem divertida justamente por serem como são. Eu não consigo usar minha desatenção a meu favor, isso sempre foi motivo pra dificultar meu relacionamento com os outros.
ExcluirNão se escolhe ser assim! Cada um quando toma ciência de sua condição é um misto de desespero e tranquilidade. O desespero é por ficar perdido, sem ter o conhecimento de como se tratar, que rumo tomar e etc. A tranquilidade vem quando finalmente se descobre o que se tem, quando se acha as informações certas e a quem recorrer e como tratar. Passei por maus bocados durante muito tempo, até descobrir o que poderia ser o que me acometia. Foi impactante e tranquilizador, pois finalmente pude buscar ajuda. Essa descoberta foi um tanto quanto tardia e me custou algumas perdas, frustrações e rendeu muitas lágrimas e sofrimento. Queria ter descoberto isso há mais tempo e ter me cuidado como gostaria. Não teria amargado tantos dissabores nessa minha trajetória de 40 anos sem ter concretizado nada, sem ter me estabelecido na vida. No fundo ainda tenho esperança de dar a volta por cima e me reerguer, afinal nunca é tarde pra recomeçar. Outra coisa que me chateia é a glamourização de nossa condição, alguns são muito inteligentes e criativos, outros não, mas TDAH não nos torna superdotados, se assim o fôssemos não estaríamos postando aqui nesse blog.
ResponderExcluirMuita saúde a todos!
10 anos esse é o tempo que tento passar em medicina. Sempre estudando em otimas escolas, fazendo os melhores cursos e nunca cheguei nem perto de passar. Somente a 6 Meses que descobri que tenha esse deifeito quimico. Descobri por que o meu medico segundo meu historico e sem querer descobriu essa minha deficiencia. Depois que Descobri a cada segundo me pergunto como o meu hoje poderia ser diferente se tivesse feito tratamento. É muito triste ver com o TDAH, desperador. Da vontade chorar, comecar do inicio, desistir, mas de tudo isso o que me pergunto é. Deus por que comigo ?
ResponderExcluirOi Alexandre, tenho 31 anos e descobri q tenho TDHA a menos de 1 ano e muita coisa se explicou, mas nada melhorou. Não quero tomar remédio, eles me dão muitos efeitos colaterais. Me empolgo com muitas coisas, tenho idéias fantásticas, não levo nada adiante. Só estou no mesmo emprego, pois passei num concurso, mas me angustio com a vontade de sair dele.
ResponderExcluirPasso dias ou horas alegres, mas a maior parte do tempo passo me condenando, me auto criticando. Não tenho coragem de conversar com os meus colegas de profissão pois não me acho capaz/inteligente e sempre fui assim, eu era extrovertida na adolescência, mas não me achava boa o suficiente pra ter certas amizades. De forma irônica acabo sempre menosprezando minhas "qualidades".
Mas não sou nada mesmo. Hoje não consigo mais ficar em lugares com muita gente ou muita agitação, tenho medo de muitas coisas que só acontecem na minha cabeça.
Hoje eu só queria sumir e ficar só. Amo minha família, tenho 2 filhos e um marido maravilhoso, mas acho que nunca vou viver a alegria de ter uma família e uma vida estável, como tenho.
É desesperador essa sensação de incapacidade e tristeza que volta sempre e sempre.
Espero que esse TDHA me deixe viver.
Grata pelo blog, por favor persista nele.
Abraço Mi.
já fui e passei por todas essas etapas de TDHA. fui diagnosticado desde a primeira serie, mas como sempre nunca fui levado a serio e todos nunca deram importância e sempre me jugaram. hoje tenho 30 anos, relevando tentando, superando, aprendendo e sofrendo. E depois de muito sofrimento e luta hoje sou um personagem infeliz que esta perto do fim. Cheguei num ponto pra não receber mais criticas e desapontar quem eu amo que desisti de mim e assim é minha vida. minha maior vontade e de sumir. obs. já fiz já tentei já enfrentei e ate hj faço tratamento.
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