quarta-feira, 20 de julho de 2011

CUIDADO! INFLAMÁVEL, MUITO INFLAMÁVEL!


O combustível da bomba é o mesmo do Sol: átomos parentes hidrogênio (que têm só um próton). Eles embarcam na bomba "impressos" num cilindro de metal d. Quando você coloca esses átomos sob temperatura e pressão infernais, eles tendem a se juntar e. A fusão forma um átomo de hélio f e um nêutron g. De novo, a soma do peso do que sobra é menor que o dos átomos originais. E essa diferença vira energia. Só que desta vez é muito mais: a primeira bomba de hidrogênio, de 1952, tinha 20 mil quilotons (ou 20 megatons) e gerou um cogumelo de 41 quilômetros de altura. Se fosse jogada em São Paulo, mataria pelo menos 2 milhões de pessoas. E olha que as maiores bombas da história chegam a 100 megatons.

A descrição acima, publicada na revista super interessante de julho de 2006, explica (ou pelo menos tenta explicar) o funcionamento da terrível bomba de hidrogênio. Um artefato bélico jamais utilizado, mas que pelas estimativas científicas é muitas vezes mais letal do que a bomba atômica jogada sobre o Japão na segunda guerra mundial.

Esse é o seu nome: BOMBA DE HIDROGÊNIO; mas pode chamar de Alexandre.

Quando submetido a grandes pressões posso explodir com a intensidade de uma bomba H. Ao contrário das bombas convencionais, não causo mortes físicas, mas posso matar a alma de alguém, seus sonhos, seus  sentimentos. Como todas as bombas, a minha explosão só provoca danos, inclusive em mim mesmo. Após a explosão costumo estar em um estado muito semelhante à vítima. Aos sentimentos já descritos, soma-se a culpa, uma culpa acachapante, daquelas com o peso de todo o pecado do mundo.

O tratamento aumentou de forma considerável o tamanho do pavio dessa bomba, mas não acabou com ela. Ainda estou sujeito a explosões de arrasar quarteirão, mas a freqüência diminuiu, mas não sua virulência. Semana passada, descontrolei-me; perdi a cabeça com minha esposa. A Jaque pagou pelo que não fez. Eu fiz o que não devia E paguei por isso. 

Paguei caro, foram dois dias de tortura mental ininterrupta. Revi aqueles momentos de sandice explícita infinitas vezes nesses dois dias; arrependi-me um sem número de vezes. Pensei várias vezes em abandonar o tratamento do TDAH, em encerrar esse blog, em desistir da vida, sumir por aí. Se a ritalina não elimina completamente os ataques de fúria, reduz consideravelmente a impulsividade. Pensei, pensei, e desisti de desistir.

Aqui estou eu em mais um  momento de penitência explícita, mais uma tentativa de entender esse comportamento de auto sabotagem, capaz de destruir num gesto, numa frase, tudo o que plantei durante anos.

Isso tudo serviu pra que? Pra que eu entenda que o TDAH balança mas não cai. Aí está ele, escondido atrás de uma palavrinha mal colocada, de um gesto impensado, de uma expressão mais agressiva. E, não basta que ele  arrase os outros, é preciso que ele arrase com cada um de nós.

Bem, agora cabe a mim redobrar minha atenção com o TDAH.

O tratamento melhora mas não elimina, reduz, mas não acaba.

2 comentários:

  1. Procurando informações sobre o TDAH para ajudar meu filho, descobri que meu caso é mais grave que o dele.
    Não sabia que o TDAH tivesse esses sintomas, sempre pensei tratar-se de problema relacionado a atenção.
    Também sou uma bomba relógio e o dispositivo que a aciona é supersensível. Tocou, explode.
    É insuportável viver assim.
    Tem dias que nem eu me aguento.
    Que bom ser informado e poder compreender o que acontece.

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    1. Bom dia, amigo!
      O TDAH é hereditário...
      Outra das 'delícias' do TDAH é que ele costuma vir acompanhado de outras doenças que os médicos chamam de comorbidade. No meu caso eu tenho transtorno de humor, o que exacerba essas reações explosivas.
      Mas o simples fato de me saber TDAH, me faz com que eu me policie e hoje consigo controlar muito melhor minhas explosões.
      Procure um médico, trate-se, sua vida vai melhorar demais, inclusive com relação ao seu filho; você vai saber exatamente como agir com ele.
      Abração
      Alexandre

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