terça-feira, 19 de julho de 2011

COMO MANTER O TRATAMENTO DO TDAH?



 É realmente um saco tomar esse remédio, principalmente quando se tem que tomar mais de uma vez por dia.
Como fazer para se tomar um remédio diariamente, ou que é pior, tomar o medicamento duas ou mais vezes por dia?
Existem dois caminhos diferentes que se complementam e se auxiliam.
O primeiro desses caminhos é o prático, aquele em que traçamos as estratégias para nos lembrarmos de como tomar os medicamentos. No meu caso, a primeira medida foi colocar as caixas de remédio em um local visível e 'obrigatório'. Como eu faço meu café diariamente, coloquei os remédios na cozinha, onde os vejo quer queira, quer não. Quando me esqueço, a visão das caixas me lembra. Em segundo lugar, coloquei vários lembretes no celular em horários pré determinados; um às sete horas, um à uma hora da tarde e outro às duas horas da tarde. O celular apita várias vezes ao dia me lembrando da ritalina.
Vivo pedindo à minha esposa que me lembre de tomar meu remédio da tarde, o que mais esqueço. Assim tenho mais alguém a apitar na minha cabeça.
Outra forma que achei de me lembrar dos medicamentos é levar tudo na brincadeira. Como tomo além da ritalina, sertralina e enalapril (este para pressão arterial), apelidei  esses medicamentos que tomo pela manhã de 'coquetel da loucura'. Em homenagem a esse coquetel criei uma musiquinha ridícula que cantarolo toda manhã - minha filha vive me xingando por causa dela, não a suporta mais. Assim  evito de apagar os remédios da minha cabeça.
Quem viu o filme O Poderoso Chefão, conhece a música que estou falando. Uma música instrumental de que gosto muito, e para ela  criei a maravilhosa letra que transcrevo a seguir:
" A ritalina a sertralina e o enalapril, fazem de mim o melhor homem do Brasil,
minha cabeça é um vulcão, sem ritalina pode entra em erupção."
Linda né?
Mas me divirto tentando criar o restante da letra - que até hoje não consegui concluir com êxito - e cantarolando-a centenas de vezes por dia. Não esqueço do TDAH, do medicamento e do tratamento, ainda exercito minha absurda criatividade tentando completar essa letra surreal.
O outro caminho que adoto é o da conscientização, o da necessidade. Encaro esse tratamento como uma  tábua de salvação em minha vida. esta é a única chance que tenho de mudar a minha vida, de mudar meu futuro. Com o tratamento tenho, pela primeira vez, a chance de assumir as rédeas da minha vida. Em momentos importantíssimos da minha vida, tive a nítida sensação de não ser eu a controlar a minha vida. Uma força maior do que eu ditava os rumos da minha vida, e mesmo quando eu não concordava com o caminho escolhido eu não tinha forças para mudá-lo. Agora não, agora sei exatamente quando e por que estou me sabotando, consigo enxergar com clareza onde o TDAH age, quando sou eu a fazer as escolhas e quando é 'ele', o maldito, a fazê-las.
Não esquecemos de algo tão decisivo em nossas  vidas.
Portanto, deixe de colocar a culpa no TDAH pelo abandono de seu tratamento. Você optou por não se tratar, e nesse caso, a opção foi sua. Se você já tem a consciência da doença, sabe o que deve fazer para minorar seu sofrimento, e não o faz, a culpa é sua. Saiba que jamais será milagroso, mas o tratamento melhora a gente pra caramba.
É um saco? É. Mas pior ainda é o TDAH e sua força invisível que nos dinamita a alma, a vontade, o futuro.
Tome seu 'coquetel da loucura', é muito melhor do que ser um 'louco' descontrolado.

Um comentário:

  1. Obrigado pelo texto. Me sinto muito parecido. Vou conversar com a minha psicóloga...

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