Ser diagnosticado portador de TDAH pode ser um divisor de águas na vida; ou nada.
O que fazer com este diagnóstico?
Pode ser uma belíssima justificativa para erros passados e futuros. Pode ser a chave para uma mudança de vida. Mas na maioria dos casos, não serve para absolutamente nada.
Esperar por milagres ou contos de fadas é característica típica do portador de TDAH. Ao ser diagnosticado e tomar meia dúzia de comprimidos de Ritalina, e não acontecer o milagre, o remédio é abandonado e o diagnóstico esquecido. E a vida se arrasta como sempre.
Quase nunca volta à mente a existência do transtorno; a não ser para justificar atitudes injustificáveis.
Mas, afinal, o que fazer com um diagnóstico de TDAH?
TDAH não tem cura; não se iluda com o tratamento. Mas tem controle; e isso é muito bom.
A Ritalina e o Venvanse ajudam, mas não resolvem.
Você precisa querer se ajudar; sem você não há tratamento que resista.
Pode parecer simplista, mas conheça-se.
Comece a observar suas reações diante das situações cotidianas e compare-as com os sintomas do TDAH. Assim você começará a enxergar exatamente onde o TDAH interfere na sua vida.
O adiar as tarefas infinitamente, as tristezas profundas e repentinas, a eterna e inexplicável insatisfação com tudo, o isolamento, o sentimento de inferioridade... Enfim, observando-se você reconhecerá o TDAH. E poderá combatê-lo. Poderá enfrentá-lo. Pouco importa se irá vencê-lo, mas não estará mais à sua mercê; refém do transtorno.
Ao descobrir-se TDAH você poderá descartar de sua vida uma série de adjetivos desairosos que ouviu a vida inteira: preguiçoso, indolente, egoísta, inútil, lerdo, burra... E sua auto estima atingirá níveis jamais imaginados. Você não é nada disto! Você é portador do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Você é diferente! Você processa as informações de forma diferente. Você não pode mudar seu passado; mas pode perdoar-se. E isto faz toda a diferença. Aquela explosão de raiva que colocou tudo a perder. Aquela repetição dos mesmos erros que cansou o cônjuge. Aquela insatisfação absurda que o fez largar o ótimo emprego. A incontrolável impulsividade que te fez falar aquele absurdo. Enfim, tudo tem explicação.
As consequências de tais atos podem ser irreparáveis, o arrependimento pode não terminar. Mas o auto perdão tira um enorme peso do coração. E você pode seguir a vida mais leve.
Você continuará errando, continuará caindo nas armadilhas do TDAH; mas não em todas. Várias delas você reconhecerá, e conseguirá evitá-las. Outras tantas você cairá mesmo reconhecendo. Mas sempre restará a sensação de ter muito mais controle sobre sua vida, seus sentimentos.
E tudo isto junto pode mudar sua vida. Talvez não materialmente, ou não perceptivelmente aos outros; mas intimamente os conflitos internos diminuem muito e a sensação de ser um cretino insensível desaparece. Você passa a saber quem é você de verdade. Passa a se reconhecer como uma pessoa capaz de enfrentar seus piores fantasmas. Ganhar ou perder não é o mais importante; não mais temê-los é a principal conquista.
O único fator positivo de descobrir que é portador de um transtorno é procurar estratégias para se educar e superar.
ResponderExcluirE não para usar como justificativa para que os próprios erros pareçam menores. Nem pros outros e nem pra si mesmo. Pois um erro será sempre destrutivo, sempre terá consequências desastrosas, e sempre afastará as pessoas umas das outras. Não importa se foi feito por maldade ou por desatenção.
O mundo não quer pessoas que contam desculpas, e sim, das pessoas que se viram sozinhas pra fazer o que é correto. Pra algumas pessoas é fácil, pra outras não. Mas só sobrevive quem faz direito, e quem não consegue, o mundo não vai parar pra mimar ninguém.
com certeza é alguem que nao tem o tdah falando
ExcluirSr ou sra seja la quem for, respeito a sua opinião, mas o blog e os textos aqui escritos existem justamente pela IMENSA DIFICULDADE de um portador de TDAH de se AJUSTAR de alguma forma ao mundo e suas obrigações, pelo menos venho aqui pra ler como outras pessoas lidam com essas questões... Acho que qualquer um aqui sabe que o mundo nao vai parar pra mimar ninguém, pois já devem ter descoberto isso antes de ler seu ilustrissimo comentário. Eu hj ja nao tomo mais a postura de falar sobre isso com ninguém, porque so quem tem o transtorno sabe o que é. Quem ta de fora sempre acha muitas coisas, mas so quem convive ou ja conviveu com um portador sabe o que é e o qunto a caminhada é longa.
ExcluirSeus textos me salva do caos!Obrigada Alexandre por vc ter esse blog maravilhoso!
ResponderExcluirOlá Alexandre !! Sou leitora de seu blog hà um bom tempo e sou portadora de TDAH também e entendo todos os seus desabafos. Mas me explica uma coisa: Tenho um canal no youtube super bem acessado e tenho uma absurda falta de iniciativa quando penso em ter que gravar , editar, etc etc. Eu fico no sofá, internet, etc etc, mesmo sabendo que eu teria bons lucros se vencesse a inércia. E os dias passam. Me explica por favor o que vc faz para manter esse blog razoavelmente atualizado e com textos tão bem elaborados, que sei bem que lhe tomam um tempão para escrevê-los? Por favor me conta. É a ritalina? Vai, me ajuda.
ResponderExcluirOlá.Recebi hoje o diagnóstico.Há anos que brincava que eu era igual à Dolly,e que eu não tinha memória apenas vaga lembrança.Busquei ajuda, pois meu filho foi diagnosticado em Abril e percebi nele, muito de mim. Sempre fui meio bagunçada,mas nada de Chaos. Aprendia melhor na prática mas com esforço fui levando. Apenas quando o Stress aumentou muito que a memória piorou de vez, a bagunçad tomou conta,a depressão assumiu as rédeas. Enfim,vivi décadas em controle,sem saber que tinha TDA. Os sintomas se perdiam nas obrigacões, no cotidiano. Somente diante da dificuldade em uma situação nova,e pelo diagnóstico do meu filho,começa hoje o começo do resto da minha vida, aos 53 anos.
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