Nada mais fascinante para um TDAH do que um abismo. Quanto mais negro e mais profundo, mais sedutor. Se seu fundo for formado por rochas pontiagudas, aí sim, fica perfeito!
A velha vontade de sentir a adrenalina inundando o cérebro. A qualquer custo, a qualquer preço. Mesmo sabendo que seu corpo se despedaçará, a emoção da queda é quase irresistível. Ademais, quantos abismos um TDAH adulto já experimentou? Quantas vezes cada um de nós já reuniu seus próprios despojos, reuniu-os como num enorme quebra cabeças, e retomou a vida com a sensação de saciedade digna de um pós banquete. As horrendas cicatrizes dão a falsa sensação de que jamais semelhante loucura se repetirá. Ledo engano! As cicatrizes se suavizam, as dores desaparecem e um estranho sentimento de imortalidade emocional começa a se formar na confusa mente TDAH. Esse sentimento somado ao fastio provocado por uma vida normal e tranquila fazem com que, de tempos em tempos, o TDAH comece a sentir uma certa nostalgia do abismo. A dor e o sofrimento da queda são superados pelo imenso prazer do salto. Um gigantesco mergulho na adrenalina.
Pouco importa se nesse salto algumas pessoas que estavam ligadas ao TDAH tenham caído juntas. Pouco importa se a queda dessas pessoas tenha sido mais grave ou dolorosa. Pouco importa se ao reunir seus despojos, essas pessoas não consigam se reunir completamente; e sigam incompletas e despedaçadas pelo resto da vida.
O que importa é sentir toda aquela sensação novamente...
E vivemos à mercê dessa necessidade recorrente?
Não. Não precisamos viver.
Precisamos sim estar atentos aos sinais que o TDAH emite. São repetitivos e reconhecíveis.
Começam com a desqualificação da pessoa ou daquilo que proporciona a tranquilidade. Os defeitos e falhas são supervalorizados, enquanto as qualidades se transformam em incômodos e chateações. Um novo objetivo surge na vida, e esse sim, é perfeito. Em poucos dias o novo alvo assume o controle da mente e da vida do TDAH. E ele mergulha profundamente nessa nova vida. Agora sim, a vida perfeita! A vida sonhada e desejada. Abismos nunca mais...
Até que um dia o novo e sonhado emprego fica velho e cansativo, sem desafios. Aquele sorriso que tanto cativara agora parece um esgar irônico e debochado.
O vento frio do abismo se torna, de novo, sedutor.
Muito bom o texto Alexandre!Obrigada por cada escrito seu,que ajuda a aumentar a percepção sobre nós mesmos! Ficaremos muito felizes, em lhe ver escrevendo com mais frequência por aqui ☺️
ResponderExcluirEu tenho tdah e não sinto prazer algum em me colocar em risco
ResponderExcluirQual o seu e-mail? Queria lhe mandar um textinho meu, se possível. Abraços.
ResponderExcluirschubertsax@gmail.com
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