quinta-feira, 2 de junho de 2011

10 COMPORTAMENTOS QUE DESTROEM UM CASAMENTO



Outro dia recebi um comentario de uma leitora chamada Aline; ela comentava que seu esposo fora diagnosticado portador de TDAH aos 54 anos e me sugeria um post com o sugestivo título: Como perder a esposa em 10 lições.
Desde então, esse tema me ‘incomoda’ um pouco. Volta e meia ele retorna à minha cabeça e hoje resolvi encará-lo.
Não sei se serão dez lições, mas algumas posso compartilhar:
Egoísmo: esse título acompanhou-me ao longo de meus relacionamentos, por mais que eu fizesse era taxado de egoísta. Hoje tento descobrir o por quê desse título. Talvez seja resultado de  um certo alheamento em relação ao casamento, causado por nossos devaneios, sonhos e por que não, pela nossa necessidade de criar mecanismos (ainda que inconscientemente) para conviver com nossas falhas.
Esquecimento: em algumas pessoas essa característica é mais acentuada. Eu sou uma delas. Embora eu não fosse de esquecer as grandes datas comemorativas, eu sempre me esqueci de tudo no dia a dia; isso para certas mulheres é inconvivível. Ficamos com aquele ar de irresponsável, imaturo, preguiçoso. Tive duas mulheres extremamente rígidas e isso as irritava profundamente. Esquecer compromissos, esquecer de fazer as compras, de encontrá-las em determinada hora ou local. Isso piora, e muito, nossa imagem; para aqueles que se esquecem das datas comemorativas então, é imperdoável.
Hedonismo: As duas ex-esposas muito rígidas, eram também as intelectuais, com elas travei grandes discussões filosóficas defendendo minha maneira de ser. Ambas me taxavam de hedonista (aquele que vive pelo e para o prazer). Tentava me defender de todas as formas, mas eu nem desconfiava que isso pudesse ser causado pela doença. Me recusava a fazer aquilo que me incomodava, que eu achava ruim e mergulhava no que me dava prazer. Isso aumentava a pecha de egoísta e de quebra me rotulava de hedonista. Eu só fazia e queria aquilo que me dava prazer.
Explosões de fúria: deve ser dificílimo conviver com alguém assim. Por nada, ou por muito pouco eu tinha uma crise de raiva, falava cobras e lagartos, aniquilava a pessoa. Uma das coisas que observei com o tempo, é que minha raiva se retro alimenta; quanto mais eu falo, xingo e esbravejo, mais raiva vai me dando, mais ferinas e agudas vão ficando minhas palavras numa espiral crescente de raiva. Muitas das vezes é uma reação desproporcional ao fato, enquanto em situações explosivas eu me comportava como um lorde inglês. Montanha russa é boa por opção, e de vez em quando, viver em uma deve ser muito duro.
Inconstância: Esse quesito é bastante amplo. Sou obrigado a reconhecer que não deve ser fácil conviver com pessoas que não param em empregos, dificilmente se formam em curso superior e, o que é pior para um casamento: possuem enorme dificuldade em manter relacionamentos estáveis de longo prazo. No princípio é a perfeição: mimos, atenções; paixão sem fim. Com o tempo vem um enorme fastio, uma sensação de tédio e entorpecimento. Segue-se um período de indiferença que, em breve, será substituído por uma nova paixão, a forte atração pela novidade, a sensação da conquista, de provar a própria capacidade de sedução. E vem um novo casamento e todas as suas etapas.
Inconsequência: Esta é outra dura de engolir. Quanta coisa fiz e me arrependi no instante em que acabava de fazer. Quantas situações eu enfrentei, completamente desnecessárias, por pura inconsequência. No casamento isso é fatal. Me meti em várias enrascadas por não medir as consequências do que eu falava ou fazia. Sabe aquele foda-se!? Pois é, me envolvi com pessoas erradas, em momentos inoportunos e mesmo antevendo o desastre, seguia adiante. Um misterioso prazer pela guerra, pela desavença. Li em algum lugar que o TDAH precisa de adrenalina; e se ele não a tiver, ele provoca brigas somente pela necessidade de adrenalina.
Sentimentos exacerbados: Eu não gosto, eu adoro! Eu não desgosto, eu odeio! Minha vida é recheada de exclamações; e intransigência. Por exemplo: eu ODEIO música sertaneja; mas odeio mesmo. Eu não fico em ambientes em que só tocam esse tipo de música. Já saí de ambientes, de festas, por causa disso. Certa vez minha ex-esposa manifestou o desejo de ir a um determinado show de uma dupla muito famosa. Recusei-me terminantemente a ir e concordei que ela fosse sozinha, com amigas. Moral da estória, ela desistiu. Ficou de bico, mas não foi. E não vou mesmo. Não abro mão. Esses sentimentos provocam atitudes e reações exageradas e, não raro, provocam brigas e desavenças sérias.
Desorganização: Hoje superei bastante essa característica. Mas, tive brigas enormes por causa disso e, graças às mulheres organizadas que tive, aprendi as vantagens de sê-lo também. Ainda estou muitíssimo longe de ser organizado, mas o absurdamente desorganizado morreu. Hoje reconheço que conviver com uma pessoa muito desorganizada é bastante complicado. A pessoa espera encontrar os objetos sempre no mesmo lugar, se não encontra lá vem estresse. E nós, os desorganizados, damos o direito ao nosso cônjuge de nos repreender quando nossa desorganização causa algum tipo de prejuízo. E isso ocorre com bastante freqüência.
Descalabro Financeiro: Isso é quase uma unanimidade entre os portadores de TDAH. Adoramos novidades, detestamos controles, esquecemo-nos das datas de vencimento, somos compulsivos. O somatório disso é o caos financeiro. Contas atrasadas, dívidas que se avolumam, compras desnecessárias. Se o cônjuge não é TDAH, não sabe conviver com esse tipo de situação.
Na verdade, nem nós sabemos, nós não conseguimos é nos controlar, também nas finanças. 
Compulsões : O portador de TDAH é mais propenso ao exagero na bebida, nas drogas e no sexo. Graças a Deus, não bebo, não fumo e não uso drogas.    
Certamente, não são apenas essas características que provocaram a derrocada de vários relacionamentos. Essas são as típicas do TDAH. Posso ter esquecido alguns, você que me  lê pode ter outros que não relatei aqui, mas ainda acredito que vale a pena relacionar-se com um portador de TDAH. Alguns desses ‘defeitos’ se bem administrados podem transformar-se em características muito positivas e esse blog pode ser muito pequeno para relacionar os positivos. Rsrsrs
Portanto, aproveite o TDAH que você tem ao seu lado, se um dia surgir uma cura, você pode sentir saudades dessa vida de emoções fortes e inesperadas.
Ou não.

É Aline, deram as dez.

12 comentários:

  1. Putz, tuto isso tem como contornar usando criatividade e medicação !
    Se quer ir com ela num show Sertanojo para agradá-la, leva um mp³ com rock-and-roll!
    O resto o Metilfenidato ameniza muito os sintomas...

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  2. Vou comentar do sertanejo, rs:

    Não generalize. Música é música. O estilo se dá mais pelos instrumentos usados para compôr o arranjo. Experimente ouvir Paula Fernandes, Victor & Leo, Roberta Miranda, Renato Teixeira, e tantos mais.

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  3. É Caco...
    Taí uma coisa que jamais vou concordar.
    EU ODEIO MÚSICA SERTANEJA EM TODAS AS SUAS VERSÕES.
    Não sei quantos anos você tem, mas eu cresci ouvindo Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento e outros de grandeza equivalente. Não posso de forma nenhuma admitir que o que chamam de sertanejo seja música. Além de letras medíocres e primárias, aquelas vozezinhas em dupla me dão engulhos.
    Desculpe-me se exagerei, mas é exatamente assim que eu sinto.
    Abraços
    Alexandre

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    1. Alexandre, concordo 100% com você, independente do TDAH, opiniões e gostos pessoais existem e se não gorem defendidos e respeitados viramos todos picolés de XUXU sem opinião. Sertanejo é a maior praga que já existiu na música brasileira, qualidade zero. Todas as duplas são iguais, todas as músicas são iguais, todas as vozes são iguais e tidas as letras são mediócres. Vivemos época em que engolir o que a maioria gosta é politicamente correto, só que a maioria é medíocre.... Defender nossas posições é nos defender da mediocridade.

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    2. Valeu Martha!!!!
      Muito obrigado pelo apoio!
      Já ando preocupado de virar um ET. Já não bebo, não fumo e ainda por cima não gosto de música sertaneja.
      Em toda a minha vida sempre procurei evoluir, melhorar e isso não inclui, definitivamente, engolir música sertaneja.
      Um abração
      Alexandre

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  4. Pessoal, eu li aqui exatamente o que passo com a pessoa que estou morando...ele descobriu que é DDA recentemente e hoje sei o porquê me sinto muitas vezes sozinha, com raiva, esquecida. É uma montanha-russa, porque, outras vezes me sinto a mulher mais amada do mundo, e outras vezes me sinto a mais sem importância do mundo. Não estou conseguindo conviver com isso, pois meu marido ñ se trata e acha que consegue controlar o DDA, mas fao é que não consegue, só eu sei. Estou muito triste, frustrada por estar num "casamento" assim, com perspectiva de que as coisas vão piorar, pois eu acho que sem tratamento, o DDA só tende a se acentuar. Estou sofrendo pq isso me desestimula e eu achava que conseguiria conviver com um DDA que não quer se tratar, ~mas hj vejo que não vou conseguir, estou me anulando, cada vez mais fico na defensiva, pq as explosões de ira dele me deixam sem argumento nenhum. Enfim, esse blog foi de gde ajuda, pq sei que as pessoas portadoras que se tratam, conseguem ter uma vida boa e feliz...ao contrário do que está acontecendo na minha casa. Abs a todos!

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    1. Oi. Engraçado, li seu comentário só agora e é como se eu o estivesse escrito. Fui casada por cinco anos com um portador do DDA e, há alguns meses estamos ensaiando uma volta. Mas, se durante o casamento ele mal se tratava (fazia o tratamento do jeito que ele queria), agora ele não quer se tratar mais. Estou triste porque o amo e não queria viver sem ele, mas saber que não terá tratamento me assusta inviabiliza nossa volta. Adoraria conversar mais sobre o assunto. Se quiser, podemos trocar e-mails. Obrigada!

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    2. Olá!
      Estou a sua disposição para conversarmos.
      Pode mandar seu email para alephbuendia@gmail.com ou schubertsax@gmail.com. Só gostaria de lembrar-lhe que não sou médico ou terapeuta, apenas um portador que luta para manter-se minimamente equilibrado.
      Um abraço
      Alexandre

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    3. Boa tarde ! Gostaria de saber das esposas dos Tdah, se realmente é possível manter um relacionamento e como vocês conseguiram ? O que deve ser feito ? Eu não estou mais conseguindo confiar nele . Não tive provas concretas de nada mais o estilo de vida me deixa muito desconfiada . Ele insiste em querer ficar comigo a todo custo . Já facilitei muito pra ele a fim dele seguir sua vida e devaneios mas ele não me deixa . Quer de todo jeito que eu fique com ele . Até viajando ele me liga e quer ficar discutindo a relação . Não sei em que acreditar . Ao mesmo tempo fico super confusa porque ele tem várias atitudes de que realmente me ama e quer ficar comigo . Mas tem momentos que eu acho que é comodismo , medo de ter que encarar a perda . Ele diz que as mulheres irritam ele , que ele não tem saco pra conquista , que ele se senti bem ao meu lado . Que sofre porque me perdeu . Porque voltei pra minha cidade depois de morar com ele quase dois anos , quase enlouqueci . Enfim agora toda semana tenta me convencer de voltar. Como estou insegura e o tratamento é recente estou firme na minha casa . Aí pessoal não é fácil e eu gosto muito dele mas estou com medo do que ele será capaz de fazer não confio mais . Por isso queria conversar com essas esposas é saber comi venceram ? Obrigada ! Abraços

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  5. Olá, amiga.
    Difícil de dar opinião.
    Na verdade nem me cabe opinar, certo?
    O tratamento não é exatamente um milagre, conseguimos muitas vezes reduzir fortemente algumas características, outras, nem tanto. Creio que o melhor do tratamento é que sentimos que estamos fazendo algo por nós mesmos, por nossa vida e por aqueles a quem amamos.
    Boa sorte.
    E não se esqueça de que você também merece ser feliz.
    Abraços

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  6. Agora me fala...como é possivel conviver com uma pessoa assim e nao precisar de tarja preta tb??? kkk

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    1. Oi MAgali!
      Não posso falar pelos outros mas eu, sinceramente, me esforço demais para viver bem e feliz!
      Estou em um novo relacionamento e 'carrego água na peneira' pra ela. Quero vê-la feliz e me sentir feliz, ambos merecemos.
      Meu convívio com o TDAH me mudou muito, hoje aprendi a me calar, a ouvir e relevar muita coisa. Nem sempre precisamos estar certos ou retrucar tudo.
      Meu sonho é viver tranquilamente, apenas isso.
      Abraços
      Alexandre

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