segunda-feira, 13 de junho de 2011
POR QUE ESSE CARA É MELHOR DO QUE EU?
Já li tanta coisa sobre TDAH que nunca me lembro exatamente onde li, claro que não salvo a página,nem anoto onde vi aquilo de que gostei. Se precisar, ou quiser, reler aquilo por que me interessei preciso perder algumas horas vasculhando a internet até encontrar. Ou não.
Em alguns desses sites que não me lembro qual, li que o portador de TDAH possui o hábito de se comparar com os outros e também de competir com os outros; ainda que esses outros sequer saibam que estão competindo conosco. Uma constante maneira de se sentir inferior, menor ou diferente.
Em um de seus comentários nesse blog, a parceira de blogosfera e TDAH Laís Fortaleza mencionou essas comparações e fiquei com isso na cabeça até virar um post.
Ao longo da minha vida, sempre comparei-me aos outros, principalmente àquelas pessoas de sucesso, seja financeiro, pessoal, artístico. Qualquer pessoa que regule em idade comigo é, de alguma forma, motivo de comparação.
Mas não é apenas comparar, é também competir. Competir sozinho, competir com quem não me conhece, com quem não está competindo comigo; competir contra o tempo; competir contra mim mesmo, estabelecendo padrões de comparação inatingíveis, comparando-me a pessoas com histórico de vida completamente diferentes.
Durante muito tempo eu alimentei sonhos de soluções meio mágicas para minha vida; de uma hora para outra algo iria acontecer para mudar radicalmente minha vida.
Apesar de fantasiosa, esta expectativa acabou por acontecer com a descoberta do TDAH, mas de uma forma oposta daquele que eu imaginava. Mudou minha vida completamente sim, mas não num passe de mágica e sim através de um trabalho e um esforço contínuo, perseverança e muita, mas muita dedicação.
Mas retomando o fio da meada, sempre imaginei que pessoas de sucesso se faziam de uma hora para outra, por um desígnio divino, um dom sobrenatural ou, muitas vezes, por usar de estratégias pouco éticas para alcançar seus objetivos. Minha visão sobre isso começou a mudar quando li o livro de Malcolm Gladwell, Outliers - os fora de série - em que ele analisa a vida de pessoas de grande sucesso como Bill Gates e os Beatles; em todos os casos analisados ( e são vários) ele encontrou um mesmo padrão: a soma de uma dose de sorte, com o auxílio ou a contribuição de outras pessoas, a capacidade de vislumbrar uma oportunidade e uma experiência ou uma prática em torno de dez mil horas naquilo em que a pessoa obteve sucesso. Apenas para exemplificar, antes de estourar os Beatles tocaram durante anos em pequenas boates em diversos países, inclusive num bar alemão que apresentava shows de rock ao vivo 24 horas por dia. Ali eles praticaram exaustivamente suas músicas e formas de se apresentarem. Bill Gates possuía uma experiência em programação de computador de dez mil horas. Por coincidência, ele foi estudar numa universidade que possuía a segunda rede de computadores dos EUA. Como quase ninguém se interessava por computador, ou não sabia operar, havia uma enorme ociosidade dessas máquinas; Bill Gates aproveitou esses computadores ociosos para treinar programação exaustivamente; ele passava as madrugadas nos computadores da Universidade.
Digo isso tudo apenas para exemplificar como são inuteis as comparações que fazemos com outras pessoas, nós os TDAH, nos comparamos o tempo todo, o que acaba reforçando nosso sentimento de inferioridade, e nos empurra um pouco mais para baixo. Por um desses mistérios da mente humana, 'gostamos' de sentir pena de nós mesmos, quanto mais coitadinho melhor. E com isso, vamos nos afundando na auto sabotagem, na inconsequência, na procrastinação e nas derrotas que nos impõe o TDAH.
Tenho me policiado mais a esse respeito, quando me pego me comparando com alguém , me puxo para a realidade e me lembro de que, quando muita gente está encerrando a vida, quando a maioria das pessoas já está pensando em aposentadoria, estou recomeçando minha vida, quase do zero. Isso me transforma numa pessoa única, incomprarável, assim como o são todas as outras, com suas histórias de vida, suas conquistas e seus fracassos.
Não nos cabe comparar, cabe apenas viver, e não ter a vergonha de ser feliz.
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Também tenho essa característica, mas o que mais me frustra ao ler biografias ou saber de como algumas pessoas de sucesso hoje,chegaram lá, é o tempo. Levou tempo e persistência para terem sucesso. Não foi do dia para noite. Mas nós TDAH queremos da manhã para tarde. Frustação total pela falta de paciência que nos acomete. Abs. Rita
ResponderExcluirNossa me identifico muito! Eu estava precisando desse texto! Obrigado
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