domingo, 19 de junho de 2011

TDAH - SOU PORTADOR, E AGORA?



Participei neste sábado de uma palestra da Dra. Valéria Modesto no colégio Anglo em Viçosa, MG.
Após a excelente apresentação, ouvimos o impressionante depoimento de uma moça diagnosticada há cerca de quinze dias. Seu estado emocional era péssimo, deprimida e perdida. Estava em Viçosa para a sua primeira sessão de coaching com a Luciana Fiel. Ficamos conversando e suas dúvida e medos geraram este post.
Antes de entrar no assunto, gostaria de deixar claro que NÃO SOU MÉDICO  e minhas palavras são fruto de minhas experiências e sentimentos; não são um tratamento científico.
Em seu depoimento, Ana disse que seus pais ainda não sabiam e essa era uma de suas maiores dúvidas: contar ou não aos pais e irmãos. Em segundo lugar ela estava achando horrível sentir-se doente, ter necessidade de tratar-se o resto de sua vida. Desde então, estou pensando nisso.
Estamos doentes ou somos doentes? Eu não sou doente! Eu estou doente. A pessoa que eu sou é essa que está sob tratamento e não aquela outra confusa e perdida com quem eu convivi nos últimos 50 nos.
Terei de me tratar para o resto da vida? A mim, não faz a menor diferença; tanta gente trata-se de diabetes, pressão alta e outras doenças crônicas. O tratamento do TDAH tem uma grande vantagem, nos torna pessoas melhores, deixa-nos mais produtivos, mais alegres, mais felizes. Age também sobre a felicidade de outras pessoas; se eu estou estável, quem me cerca também estará. Se os avanços da medicina não descobrirem um medicamento que cure definitivamente o TDAH, tomarei a Ritalina eternamente, sem o menor problema. Meu objetivo é viver bem, ser feliz e isso o tratamento me proporciona.
Quem deve saber que tenho (ou temos) TDAH?  Depende. Em primeiro lugar, seu marido/esposa e pessoas que vivam com você. Alardear seu TDAH fará de você um coitadinho, digno de pena; ou pior, será olhado com reservas e estranhamento. Nenhuma das duas situações é benéfica. Portanto, cale-se. Ana está em dúvida se conta aos pais e irmãos; ela que sempre foi criticada, apontada como preguiçosa e como um caso perdido. Na verdade, o que Ana quer é justificar-se com os pais e irmãos, mostrar-lhes que sua situação é fruto de uma doença e não de irresponsabilidade. Argumentei que o melhor caminho seria tratar-se e, depois das primeiras conquistas, dos primeiros sinais visíveis de mudança, contar aos pais e familiares que nem mesmo moram com ela.
O diagnóstico não pode servir de desculpa para continuarmos na mesma vida.
Ah, eu sou TDAH, não tenho jeito mesmo. Cômodo e idiota. Melhor do que se justificar sob o manto de uma doença incurável, é mostrar ao mundo quem você realmente é, aquilo tudo que você pode fazer. Mais do que mostrar aos outros, você irá usufruir desse benefícios.
Vocês não fazem ideia do que é viver sem aqueles pensamentos derrotistas, aquela vontade de abandonar tudo, de enfiar-se num buraco. Como nossa mente descansa quando temos menos ideias estapafúrdias, como a vida pode ser leve sem precisar arrastar esse inimigo invisível; mas pesado e poderoso.
Ana Paula, este post é para você. Não desista; você não precisa justificar-se para ninguém, nem mesmo para você mesma. Você precisa é viver sem medo, sem culpa, sem choros.
Acho muito melhor ser taxado de um doente que superou as próprias limitações impostas pela doença do que um irresponsável crônico, que passou a vida a desperdiçar chances enquanto seus amigos e familiares progrediam e melhoravam suas vidas.
A sociedade sempre nos taxa de alguma coisa. Quando estamos sem tratamento, somos os malandros, os irresponsáveis, os inconsequentes, os fracassados, os avoados...
Se seremos taxados de qualquer maneira, mude sua vida, seja melhor para você mesma e dane-se as etiquetas. Se você está bem consigo mesma, que importa o que falem os outros?
Os cães ladram e a caravana passa...
Seja feliz, só depende de você.

6 comentários:

  1. Olá, acho interessante a forma como se mostra firme quanto ao TDAH, peço a Deus que meu filho tambem seja assim um futuramente.
    Queria fazer uma pergunta, meu filho tem dias que está muito bem comportado, e tem dias que está uma fera incontrolável, todos com TDAH são assim instáveis emocionalmente? Ou estou tratando-o de forma errada e ele está reagindo dessa maneira?
    Visite meu blog.
    Aguardo resposta,
    Grata pela atenção,
    Veridiana Pimentel.

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  2. oa Noite,

    Meu nome é Pedro, e também sou portador do TDAH. Ainda não conheço muito bem o transtorno e consequentemente nao me conheço. Escrevi um email para Luciana para me auxiliar em algumas questões.

    Segue o e-mail que enviei a ela, quem puder me dar um norte ficarei grato.

    Há muito tempo tenho consciência que sou portador do TDAH. Porem, como algo da natureza desse transtorno, sempre me sabotei quanto ao tratamento, Primeiro me iludi, fazendo-me acreditar que ter o transtorno era algo bom, que não me prejudicava, e que poderia viver tranquilamente com ela.

    Estou me formando agora no meio do ano, e é claro, totalmente insatisfeito com o curso e completamente perdido. Só pra se ter uma noção, quero: ou comprar uma kombi e vender suco de laranja pela America Latina, ou comprar uma maquina de estampar camisetas e continuar em SJDR, pois amo essa cidade, ou fazer pós graduação em cinema documentário. (TDAH) rs

    Sempre fui muito sociável e de muitos amigos. Conhece muita gente tanto na cidade quanto na universidade e sempre tive muito respaldo das pessoas. O problema é quanto a convivência se intensifica, o que é o caso quando se mora em república.
    Meu transtorno chegou em níveis incontrolaveis para mim esse ultimo mês. Como meu período de graduação está chegando ao fim, esta causando um aumento da hiperatividade e também da impulsividade. Sem querer, ouvi todos os outros moradores falando da impossibilidade de convivência gerada pela minha presença. Coisas que para min passam despercebidas, como quebrar a cozinha inteira, ter a metade dos talheres e copos da cozinha em meu quarto, falar falar falar, e entrar no assunto dos outros. Responder uma pergunta sem o outro te-la terminado, inquietude constante. Esquecer, esquecer esquecer ...Tenho atrapalhado até rendimentos alheios, pois acho que todo mundo vive nesse mundo frenético que eu vivo. Recebo críticas que ja havia recebido em uma outra república na qual eu morava e sempre as respondi com arrogância, achando que era implicância.(Haja implicância né!)

    Durante a graduação nunca consegui assistir uma aula completa. Nunca estudava para as provas, a não ser um dias antes junto com os "nerd's", pois polpava o esforço de ficar prestando atenção nas aulas e era mais comodo. Quase todos os meus trabalhos foram "feito" pelo Zé moleza (site pago que contém trabalhos prontos) ou pedia para alguém colocar meu nome.

    Nos últimos meses, devido ao fato de estar chegando próximo do fim da minha vida acadêmica, os sintomas de hiperatividade e impulsividade tem aumentado significativamente, não consigo para um minuto quieto. Mente e corpo não descansam um minuto se quer e isso tem me consumido drasticamente.

    Ano passado comecei um tratamento antroposófico. Foi interrompido pois não tinha paciência nem para pingar as quinze gotas dos 3 remédios 3x ao dia.




    Fiz esse depoimento para que você possa ter uma noção de quem sou e do estado em que me encontro.
    Gostaria de fazer algumas perguntas.

    1) O tratamento antroposofico gera resultados reais?
    2) Sobre o tratamento que você utiliza, que consiste na medicação ( farmacêutica) aliado ao coaching. Gostaria de saber: Preço, duração, e previsão de resultados. Sei que é tudo muitp relativo, mas gostaria que me informasse o básico.
    3) Onde está localizado seu consultório e qual é sua disponibilidade de horários.
    4) Caso seja longe de minha cidade, há outros profissionais capacitados em atender próximo da cidade de São João Del Rei, ou Pouso Alegre ( Sul de Minas)
    5) O que você acha da terapia clínica?


    Desculpe ter te enchido de informações e perguntas, pois não sei onde procurar ajuda.

    Muito Obrigado,

    Pedro H. P. Mendona.

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  3. Prezado Pedro, desculpe-me se não te respondi antes, minha nova profissão tem me absorvido demais.
    Cara, pense com calma, o que é pior:o tratamento com seus horários e remédios, ou conviver com essa porcaria desse transtorno. Eu também sempre tive dificuldade com tratamentos longos e posologias em horário marcado, mas esse tratamento é minha tábua de salvação, a única chance real que tive de mudar minha vida. Agarre-se à sua e bosa sorte.

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  4. Sabe, quando comecei com o tratamento, fiquei receosa sobre o que os outros poderiam pensar se descobrissem que tenho uma doença mental. Mas depois de alguns minutos pensando, vi que era besteira. Afinal, nenhum deles sabia o que eu tinha passado, e se sabiam, não tinham a mínima ideia do que eu senti nos momentos mais difíceis, principalmente, porque nós, TDAH's, sentimos tudo com uma intensidade muito grande. Ninguém que não possui esse transtorno, sabe o que é passar pelo que passamos. E foi aí que decidi que eu ia fazer SIM o tratamento, por mim, pois se eu não o fizesse, só iria piorar. E ninguém tem nada a ver com a vida da gente. Temos o direito de ser feliz, assim como os que não tem TDAH. Ass: Luana.

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  5. Alguém sabe se aqui em Viçosa, Minas Gerais, existe algum especialista no diagnóstico/tratamento do TDAH? Obrigado.

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  6. Galera, fui a uma psicóloga e ela me disse que tenho muita possibilidade de ter TDAH, mas que ela não tem experiência no diagnóstico, e, por isso, me recomendou que busque serviço mais especializado. No entanto, não tenho condições de pagar por uma consulta. Algum de vocês sabe se no SUS encontro atendimento para este tipo de serviços, no CAPS ... ? Obrigado.

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