Meu ânimo é feito de casca de ovo e o TDAH, de aço.
Assim levo a vida. O TDAH esmaga diariamente meu ânimo, minha vontade de prosseguir, mas como diz sabiamente meu amigo Frank, "o TDAH que te destrói é o mesmo que te dá forças para reerguer-se". Às vezes sinto-me como aqueles personagens que estão sendo torturados, já não suportam de sono e cansaço e os torturadores os mantém acordados para continuar o interrogatório. Dizem que é uma tática para quebrar a vontade do interrogado, fazer com que ele se entregue e confesse. Luto há mais de cinquenta anos com esse torturador e ainda não me entreguei.
Ultimamente venho me enterrando vivo. Não saio, não converso, não tenho vida social, não leio, não ouço música, não toco sax; morri! Ontem, num arroubo de ânimo, coragem e irresponsabilidade, larguei tudo e viajei ( coisa que eu não fazia há mais de um ano por motivos diversos) ao entrar na BR040 me deu uma enorme vontade de ouvir música, coloquei na maior altura e, confesso, quase chorei de alegria. Senti-me vivo como há muito tempo não sentia. Dirigir numa estrada, sozinho, ouvindo minhas músicas preferidas, agradeci a Deus pela oportunidade.
E hoje, chegando em casa, deparo-me com um comentário anônimo de uma leitora de 34 anos queixando-se do desânimo. Voltou a fazer faculdade, estava amando o curso, ESTAVA, o desânimo apossou-se dela e, pelo que senti, está à beira de abandonar mais um curso.
O que dizer a ela? Coragem, levante a cabeça e siga? Se fosse fácil assim nem precisava de ritalina, psicólogo ou coaching.
Não sei exatamente o que dizer, o que você precisa é FAZER algo por você, algo que te encha de prazer, como eu fiz ontem e hoje. Fiquei pouco mais de 24 horas fora, mas voltei renovado, cheio de ideias e ânimo. Decidi tirar a terra que já me cobria e sair do fundo dessa cova escura e úmida em que eu mesmo me meti. Por preguiça, comodismo, desânimo, indecisão, apego, e sei lá mais quantas outras razões me levaram a isso. Creio que até por pena de mim mesmo; pra sentir auto piedade.
Pouco mais de 500 quilômetros de estrada, a possibilidade de uma mudança radical em minha vida fizeram renascer em mim todas as esperanças sepultadas pelo desânimo crônico que me habitava nos últimos meses.
Faça algo que você realmente goste, minha amiga. Não precisa ser nada grandioso. Dê-se pequenos prazeres. Dê-se presentes. Lembre-se de você, que você existe, que você merece. Você está fazendo a faculdade por você ou pelos seus filhos? Tem que ser por você e para você. Se não for, for na base do sacrifício por um futuro melhor você vai precisar de 'afagos' paralelos para te reanimar, reerguer.
Lembre-se, você existe, você precisa ser 'enxergada' por você mesma. Tente lembrar-se de algo que você realmente gosta e que não se dá há muito tempo.
Crie um momento seu, para você, pra você bater perna, passar uma tarde lendo, ou no cinema, ou fazendo tricô ou artes marciais.
Você precisa de um bálsamo de vez em quando.
Hoje eu sou outra pessoa, com outro ânimo, com outros horizontes.
Se amanhã meu ânimo se partir, terei de juntar os cacos novamente, mas com certeza ele estará menos despedaçado do que dessa vez.
isso foi perfeito!
ResponderExcluirParabéns ao texto, me deu uma esperança a mais, ao acordar amanhã, cedo, e enxergar as coisas com outros olhos.
Farei aquilo que quero, quando quero, para agradar o meu coração, minha alma, e satisfazer menos o meu ego e ou minha mente.
Farei bem a mim mesmo, a cada instante, até onde eu puder...
Todo mundo precisa disso, mas nós, TDAHs precisamos mais. Não conseguimos viver sob pressão por longos períodos, precisamos de um pouco de prazer.
ExcluirUm abraço e obrigado
Alexandre
Alexandre..
ResponderExcluirEu sou essa amiga que mencionou no seu post e juro que meus olhos se encheram d'agua por sentir que não estou sozinha nessa batalha. Pensei que não tivesse lido o que escrevi e por vergonha eu apaguei pois senti que eu estava sendo muito negativa e como havia dito no comentário eu estava mais para um desabafo, minha vida daria um bom livro de horror rs, que as vezes penso será isso sonho ou realidade, to vivendo isso mesmo...
Amigo muito obrigada por suas palavras pra mim foi reconfortante.
Oi Elizelma!
ExcluirEsse espaço é para isso mesmo, para desabafarmos, trocarmos experiências, aprendermos uns com os outros. Não se envergonhe, todos nós temos nossos dias ruins e de desânimo, levante a cabeça, olhe ao seu redor, estamos todos ao seu lado; sua dor é nossa dor; sua alegria é nossa alegria.
Use e abuse desse espaço, abra sua alma, faz bem não só pra você, mas para todos nós que vamos aprendendo um pouco mais com nossos amigos.
Uma sugestão, escreva o que vc sente, um blog, um caderno, folhas soltas, escreva, quando escrevemos desabafamos e conseguimos nos olhar de fora, de uma maneira diferente.
Pense nisso!
Obrigado por sua colaboração, seu comentário virou um grande post.
Abraços
Alexandre
A respeito do que vc disse sobre simplesmente sair..se dá um dia.. Fiz isso semana passada, peguei a estrada do Museu de Cabangú com a música " We Are Young" no máximo me senti super leve, com a alma cheia de energia...
ResponderExcluirÉ bom demais, né?
ExcluirE a estrada de Cabangú é bem bonita.
Isso mesmo, descubra-se, fique um pouco com você mesma, vc vai descobrir uma ótima pessoa.rsrs
Um abração
Alexandre
Recolher os cacos e montar um mosaico... Remonta-lo, remonta-lo, remonta-lo sempre que se partir... e com formas diferentes.
ResponderExcluirSim, Ana Beatriz, remontá-lo inúmeras vezes... mas isso às vezes dá um cansaço.
ExcluirMas, como diz meu amigo Frank, esse TDAH que nos derruba nos dá forças para reerguermo-nos.
Belo comentário.
Um abraço
Alexandre
Não ter ânimo pra fazer nada e intolerância ao tédio... Complicado, né. Eu também tenho estado assim. Vou de uma coisa pra outra em questão de minutos. O que consegue me prender mais é a televisão, quando eu acho alguma coisa que me interessa...
ResponderExcluirUma dica de blogueiro: tem uma opção no Blogger pros leitores não precisarem digitar essas palavrinhas e números quando vão comentar.
ResponderExcluirOi, Caco!
ExcluirObrigado, vou ver isso.
Realmente essas letrinhas são sacais.
Olá! Descobri tdah com 38 anos, imaginem o estrago que tinha sido feito, pois sem nenhum tipo de tratamento, tive uma infância cheia de pânicos, rejeições...Pra falar a verdade quando descobri, me senti aliviada, pois me sentia péssima mãe, péssima dona de casa, enfim ! Cheguei em casa e gritei! Não sou preguiçosa, sou doente. A alegria durou pouco, fico em altos e baixos. No momento muito baixo, o desânimo está me destruindo. Jana
ResponderExcluirHj estou com 41 anos.
ResponderExcluirQuando acordo assim, tomo logo uma anfetamina. O que mais me decepciona é que o desânimo some, como se não tivesse existido. Isso é decepcionante, pois sou um ser de falcas emoções!
ResponderExcluirNossa..descreveu super bem esses altos e baixos de emoções que vivemos. Quando estou animada, sai da frente. Acordo, faço limpeza facial, meditação, danço, ouço músicas e canto junto, faço piadas, faço planos. Agora quando o desânimo vem...fico um caco. Demoro pra levantar da cama, me arrasto pela sala pra comer, como um monte de porcaria, e fico assistindo encolhida no sofá, como se nada na vida houvesse algum sentido. Nada me dá alegria. Hoje mesmo estou nessa onda, e fico me perguntando se amanhã vou acordar melhor.
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