Hoje tomei café da manhã com o cineasta alemão Werner
Herzog, um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, eu estava
adorando a entrevista; quando vi os minutos voaram e a responsabilidade me
convocou. Contrariado, desliguei a TV e fui trabalhar.
A força da rotina. A força da responsabilidade. A força do
dever.
Aí me veio a lembrança das críticas contumazes - não só por
parte dos TDAHs – à rotina. Os portadores, então, odeiam a rotina.
Mas o que é a rotina?
Levantar cedo; cumprir horário; fazer sempre o mesmo
serviço; olhar pro rosto da esposa (ou do marido) diariamente; repetir-se
indefinidamente?
Não sou contra. A vida de qualquer pessoa é uma rotina.
Pense naqueles repórteres que cobrem guerras, moram no
exterior. A vida é uma enorme rotina de aeroportos, hotéis e violência
estúpida. Todas as guerras se parecem. O medo da morte, o cheiro da morte, a
proximidade da morte. Isso é rotina.
Os grandes aventureiros; o cara já saltou 27 vezes de
cachoeiras. Imagine a disciplina desse cara para se manter saudável, o corpo em
forma, a alimentação adequada, a quantidade de viagens até encontrar o local
ideal, quantas vezes ele entrou naquela cachoeira pesquisando profundidade,
pedras perigosas. A vida é rotineira. A falta de rotina é uma rotina.
Rotina é fazer o que não se gosta, é partilhar a vida com
quem não se ama mais.
O insuportável é a rotina emocional.
O amor rotineiro.
O amor que não se renova.
O amor que definha dia a dia.
Acostumamos ao convívio árido e cinzento.
Arrastamos um fardo emocional por anos a fio, muita vezes
uma vida inteira.
Acostumamos a ser infelizes.
Isso é uma rotina massacrante.
De repente você perde aquele convívio, e, inesperadamente
volta a conviver com você mesmo, com amigos de outrora, a conhecer novas
pessoas.
E a vida se renova. Redescobrimos o brilho nos olhos, a
motivação, o estímulo.
Mudar é a única solução? Creio que não. Olhar pra dentro de
nós mesmos e pra dentro do outro é a solução. O que te encantou antes e por que
deixou de encantá-lo agora. E isso vale pra vida profissional também.
Houve um
tempo em que você gostava da vida que levava; hoje não mais.
Por quê?
Pra variar seu texto está muito bom, parabéns!
ResponderExcluirAo lê-lo não pude deixar de pensar na minha rotina pré e pós descoberta do tdah.
Antes, me obrigava a ser exemplar nos estudos e sempre achava q podia trabalhar e estudar cada vez mais, sem ter consequências futuras.
Ai é que vem a fase pós diagnóstico do tdah - só depois de ter passado por vários problemas de saúde que comecei a me permitir ter limitações de rendimento. Foi ai que percebi a origem de meus problemas: um simples trauma de infância (achar que era burra)+ rotina desumana + esforço multiplicado, no mínimo, por 2 (devido ao tdah) = Aline doente e com síndrome da fadiga crônica.
Resumindo, hoje procuro ter rotinas mais condizentes com minhas limitações e voltar a ouvir a voz do meu coração fez toda diferença.
Abraços.
Aline
Bom dia, Aline!
ExcluirObrigado por suas generosas palavras. rs
Também estou reprogramando a minha vida para reduzir as pressões a que sou submetido. Acabamos criando situações de cobrança e pressão que pioram nossa rotina.
Adoro suas participações, mais uma vez obrigado.
Abraços
Alexandre
Impressionante como isso parece alguém me descrevendo... Queria tanto não ser assim, enquanto algo é novidade é tudo uma maravilha...
ResponderExcluirCara qts Rita's vc tomou pra escrever esse texto... Ficou muito bom.... Vc tava muito inspirado... Parabéns. Difícil achar palavras como as suas.
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