quarta-feira, 23 de março de 2011
HIPERATIVIDADE NÃO É MÁ ÍNDOLE!
Estive pensando nas 'loucuras' que fazia quando criança.
Creio que é a primeira vez que faço isso.
Jamais entrei numa aventura com a noção de qual seria o resultado.
As coisas aconteciam. E como aconteciam!
Eram apenas fruto de atitudes inpulsivas, comportamentos inconsequentes.
Uma sucessão de atitudes dessas, fatalmente desaguavam em consequências desastrosas.
Me expus ao risco inúmeras vezes, jamais com a noção exata daquele risco.
Andava de bicicleta como um louco, apostava corridas com carros, descia ruas sem freio.
Hoje, sinto um 'medo retrospectivo' por muitas das coisas que fiz.
Meus pais não tinham a menor idéia do que o 'filhinho' fazia.
Era um comportamento kamikaze.
Sem a noção do risco, sem conseguir avaliar seus possíveis resultados.
Sofri incontáveis quedas com aquela bicicleta, fraturei dedos, pés e mãos, ralei-me inteiro,
e no dia seguinte estava lá, de novo. Fazia exatamente a mesma coisa.
Desafiava o perigo por não reconhecê-lo.
Em outras oportunidades, se o reconhecia, jogava com a sorte. Enfrentava-o.
O mais importante, e creio que isto vale para todos os hiperativos, é que, não fazemos as 'artes' graves propositalmente. Falta a noção do risco, do perigo, da consequência.
Existe uma enorme diferença entre ser hiperativo e uma criança de má índole.
Obviamente pode existir a soma das duas coisas.
Imagine o seguinte: duas crianças subindo nos mais altos galhos da árvore.Um hiperativo (na frente) e seu seguidor. Ora, quanto mais alto, mais finos são os galhos das árvores, maiores as possibilidades de um galho daqueles se quebrar. Se cai e machuca o seguidor, a culpa é do líder, má influência, peste.
Nada disso!
Sempre fui um garoto querido, simpático, falante, 'obediente'. Nunca fui de enfrentar os adultos, ofendê-los.
Eu 'apenas', não tinha freios.
Imaginou? Fez!
Muitas vezes, outras crianças eram envolvidas por me acompanharem, jamais por intenção de machucá-las ou coisa que o valha.
O problema, é que o hiperativo está no meio de todos os problemas. Mesmo naqueles que não foram criados por ele, ele está envolvido. Aí vem o rótulo.
Hiperatividade é igual a impulsividade vezes velocidade ao quadrado:
H = ___I________
C²
Não confundam hiperatividade com maldade!
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É, sou arte-educadora, e por isso já lidei muito com crianças hiperativas; elas sempre são "encaminhadas" para as aulas de arte. E, realmente, as aulas de artes são um campo aberto para a expressão da criança e para podermos observar que cada um aprende de um jeito diferente, em uma velocidade diferente, umas mais pela palavra, outras mais pela imagem e por aí vai. Fico muito preocupada com os diagnósticos que rotulam as crianças e mais ainda com as drogas que são receitadas como remédio, isso sim irá marcar a criança para a vida inteira. É muito preocupante a quantidade de estudantes e professores que tomam medicamentos receitados por psiquiatras. Quando, na verdade, o problema na educação é de direitos humano, é questão de valorização das pessoas, da profissão do professor, é questão de observar cada criança como única, observar os processos pelos quais elas aprendem, dar-lhes oportunidades para experimentar seus dons, habilidades e limites, de consciência de si, do próprio corpo, da vida ao redor. Mas, hoje em dia, as escolas são caixas de concretos, depósitos de crianças e de uma classe trabalhadora explorada, sem vez e sem voz. Estão assim as escolas hoje em dia, e as pessoas lá de dentro que sinalizam isso psicologicamente, são encaminhadas à tratamentos com drogas pesadas, que geram dependência, sem, se quer, ter experimentado antes outros caminhos como as artes, as atividades físicas, terapias holísticas, etc. Hiperatividade, para mim, é a expressão de uma personalidade revolucionária; visionária. É a energia de uma grande alma em um pequeno corpo. Precisamos cuidar mais das nossas crianças!
ResponderExcluirOs caminhos do mundo estão muito confusos e estranhos.
ExcluirO 'respeito' às diferenças é muito mais retórico do que prático.
Determinados níveis de hiperatividade acredito que devam ser tratados com medicamentos, mas só aqueles cujo convivência seja impossível.
Sempre que pudermos substituir os medicamentos por outras formas de tratamento é melhor e mais benéfico.
Um abraço
Alexandre