terça-feira, 1 de março de 2011

CANSEI DE TANTO TDAH!





Em alguns momentos da vida ficamos obcecados em encontrar a felicidade. Ou pior, queremos mostrar aos outros que somos felizes a qualquer preço.
As vezes somos tomados por uma sensação de infelicidade, de impotência diante da vida.
O diagnóstico de TDAH provocou em mim essa sensação.
Num primeiro momento, me senti refém de uma doença que tinha o poder de transformar minha vida num caos.
Olhei para trás e enxerguei o poder destruidor do TDAH. Onipresente, onipotente e onisciente, enxerguei-o como o dominador, o causador de tudo na minha vida. Fiz neste blog uma catarse, um mea culpa, onde enxerguei anos e anos de erros e falhas causadas pelo TDAH. 
Cansei disso!

Se errei, e quem não errou, parte da culpa é do TDAH, mas parte é minha também. Eu não sou o TDAH.! Eu fiz minhas escolhas, eu tomei minhas decisões, e hoje, confesso, não me arrependo de nada. Com ou sem TDAH, fiz as escolhas que julguei corretas naquele momento. Não posso e não vou renegá-las agora. Muito pelo contrário, assumo minha parcela de responsabilidade nessas decisões e sigo em frente. Minha vida poderia ter sido melhor sem o TDAH? Nunca saberei. O que sei, é que vivi tudo aquilo que escolhi viver. Trabalhei muito, amei muito, me diverti muito, viajei muito, li muito, ouvi muita música, conversei muito, aprendi muito, dividi muito. Conheci pessoas ótimas, boas, ruins e péssimas. Conheci belas cidades e países, mas conheci cidades muito feias e decadentes. Livros? Li alguns maravilhosos, mas muita porcaria caiu na minha mão. Provavelmente, sem o TDAH eu não teria vivido tudo isso. Teria tido outras experiências; melhores ou piores jamais saberei. O que sei, é que tudo o que experimentei, experimentei com ele ao meu lado. E não me arrependo.
Olhando para trás, em hipótese alguma posso dizer que fui infeliz. Agora que tenho a consciência do TDAH, muito mais motivos tenho para me sentir recompensado. Cheguei aos cinquenta anos, lutando inconscientemente contra ele, e não posso me queixar da vida. Em hipótese nenhuma.
Tive quedas?, tive. Tive ferimentos?,  tive. Tive dores?, tive. Isso tudo, faz parte da vida. E faz parte da minha história. Fernando Pessoa disse: Eu sou tudo o que perdi. Concordo, mas também sou o que ganhei, o que aprendi, o que vivi, o que amei.
Estou numa terceira fase do meu diagnóstico. Quero tirar o TDAH do centro da minha vida. Não posso dar tanta importância assim para ele. Ele existe?, existe. Eu sou portador?, sou. E daí? Esse é um problema pra ritalina resolver. Eu, vou viver a minha vida. Quero amar mais, quero ler mais, quero tocar muito sax por aí, quero viajar muito, quero curtir minhas filhas, meus pais, minhas irmãs.
Quero poder curtir também meus amigos e amigas. Em especial duas delas que nos últimos dias foram fundamentais para mim. Uma delas, é o típico fenômeno da internet, do novo mundo, e de como ele pode ser bom. Não a conheço pessoalmente, mas ela hoje é parte importante da minha vida. Moramos a mais de 1000 quilômetros de distância mas seus emails tem a precisão de um bisturi.
Minha outra amiga é do tipo tradicional. Conhecemo-nos há tempos imemoriais. Quase não lembro de minha vida antes de conhecê-la. Convivemos intensamente, seguimos caminhos opostos, vivemos hoje em países diferentes, mas sua presença e sua clarividência são insubstituíveis.
A essas duas pessoas amadas, Anay e Dada, dedico esse post e meu agradecimento por suportarem todas a minhas esquisitices, sumiços e inconstâncias.
Ao infinito e além!

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