domingo, 27 de março de 2011

O TDAH E A DOR NO BOLSO.



Dizem que a frase é do ex-ministro Delfim Netto, não sei, mas ele era um exímio frasista e essa frase parece com ele: ' o órgão mais sensível do corpo humano é o bolso'.
Não para um TDAH.
Gastamos mais do que devemos, do que podemos e 'do que queremos'.
E assim como na procrastinação, ficamos com culpa, a consciência dói, dói.
A cada conta que surge, pensamos: se eu não tivesse feito aquela viagem; ou, se eu não tivesse comprado aquela roupa...
Mas, assim como na procrastinação, os dias passam, a dor da consciência some, e repetimos o erro anterior.
Aliás, essa é uma característica típica do TDAH, não aprendemos com os nossos erros.
A necessidade de usufruir imediatamente supera a 'lembrança da dor'  passada. Mesmo que o passado tenha acontecido há apenas uma semana.

O dinheiro para o TDAH é um veículo para obtenção de prazeres imediatos.
Quantas vezes estive apertado, sem dinheiro, mas gastei mais do que deveria numa viagem. Viajar, esse é o meu calcanhar de aquiles. Não sou aficcionado por roupas, nem festas, mesmo tecnologia, que gosto muito, me seduz tanto quanto uma viagem. De carro então! Adoro dirigir, a sensação de estar na estrada é das melhores da vida. Aí o dinheiro vai. E a culpa vem. E na maioria das vezes tenho consciência de que não está certo gastar aquele dinheiro. Antes de decidir pela viagem sei que o dinheiro vai fazer falta, que não deveria gastar com algo que não é essencial, mas digo pra mim mesmo: dane-se! Quase nunca com essa palavrinha suave. E faço. E a culpa corrói. E a consciência tortura, incomoda, amola, esquece. E repito.
E o controle dos gastos ?
Devo ter feito ao longo da vida 7.835.718 planilhas, folhas, papeluchos, anotações, softwares, esquemas, etc, etc, e etc. Todas tiveram o mesmo destino. Desisti de ter talão de cheques. Cada cheque era uma surpresa, uma dor indescritível, eu nunca anotava os valores, os favorecidos ou a data nos canhotos; o resultado era um bombardeio em minha conta corrente, um abalo de magnitude 9 no saldo. E pré- datados? Eu me lembrava de uns cinco ou seis. Daí pra frente, caíam na vala do esquecimento e passavam a assombrar minha conta corrente com suas aparições inesperadas e intermináveis. Desisti.
Meu pai fala que cheque especial é metralhadora carregada na mão de criança. Imagina o estrago! No meu caso, é aquele botãozinho vermelho que os presidentes americanos tem para destruir o planeta 50 vezes. Primeiro, na segunda semana passo a incorporá-lo à minha renda; segundo, calculo o saldo de cabeça - claro que esqueço de computar tarifas e juros - e normalmente erro; terceiro, como não anoto os cheques emitidos, uso o mesmo saldo - que só existe na minha cabeça - várias vezes; quarto, infelizmente não possuo uma máquina de fazer dinheiro. Em seis meses, no máximo, estou enrolado até a minha oitava geração. Desisti de talão de cheques.
Cartão de crédito é um capítulo à parte que não pretendo falar pois a dor é muito forte.

2 comentários:

  1. APOS 46 ANOS DESCOBRI QUE SOU PORTADOR DE TDAH ISSO EXPLICOU TUDO QUE ACONTECEU E ESTA ACONTECENDO, GOSTARIA DE SABER SE ALGUÉM PODE ME RESPONDER, POR SER PORTADOR DE TDAH TENHO ALGUMA CHANCE DE ENTRAR CONTRA AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PARA REDUZIREM OS JUROS DOS MEUS EMPRESTIMOS DE ALGUNS QUE ACABEI NEM PEDIDO E O BANCO DISPONIBILIZOU.

    ResponderExcluir
  2. Faço terapia a alguns meses, pq estive a beira de uma loucura! Meu marido ferrou com o nome dele é o meu, em dívidas! Quando ele teve que ir para EUA, para conseguir pagar as contas que deixou, quase enlouqueci! Perdemos 2 empresas, carro e quase a casa! Sempre pensei que fosse falta de responsabilidade, falta de gestão financeira... Mas na minha terapia, ouve um breve diagnóstico de TDAH, por parte dele! Como ajudar alguém com esse diagnóstico???

    ResponderExcluir