quarta-feira, 13 de março de 2013
UM TDAH PERFEITO
Imagine o seguinte cenário: você vai ao médico, um bom médico, e após criteriosa consulta ele te diagnostica como portador de TDAH.
Receita de Ritalina/Venvanse/Concerta debaixo do braço e um misto de euforia, perplexidade e dor na alma por saber-se doente.
Sem pensar demais você inicia o tratamento e uau! Que maravilha, que remédio fantástico! Sua concentração melhorou, sua produtividade aumentou, você ganhou uma memória de elefante de uma hora pra outra, você não se sente mais aquele pano de chão usado. Nada disso! A vida é bela! Você é uma Ferrari em altíssima velocidade, e sob controle!
E então sua Ferrari derrapa e bate. O mesmo erro de sempre! Você esqueceu de novo. Você adiou de novo. Você disse o que não devia, de novo.
Um profundo desânimo toma conta de você. Mas e o tratamento? E o controle?
Os dias passam e você percebe que as características positivas se mantém, você segue trabalhando, você ainda se mantém no horário. Nem tudo foi tão ruim assim.
E você falha de novo! A mesma falha!
Uma tremenda frustração invade a sua alma. E você duvida do seu médico, duvida do seu remédio, duvida do seu psicólogo, do seu coach. Duvida de você mesmo.
Um imensa vontade de abandonar o tratamento. Pra que encher a cara de remédio controlado se continua cometendo os mesmo erros? O desânimo volta, a desconfiança em você mesmo volta, volta toda a insegurança pré tratamento. E a Ferrari volta a ser aquela fusca 1966 que você se sentia antes.
Uma vez vi uma palestra do Professor Marins e ele disse que: FOCAMOS O ÓTIMO E DEIXAMOS PASSAR O MUITO BOM. Nada mais TDAH; e ele falava sobre empresas e empresários.
Mas essa é a essência da auto sabotagem: mirar o impossível! Mirar o inatingível! Mirar a perfeição!
Você jamais vai atingi-la.
Nem como TDAH nem como 'normal'. Ninguém é perfeito!
Você vai continuar errando sim! Vai continuar esquecendo sim! Mas muito menos do que antes. Com menor frequência, com menor intensidade, com menor gravidade.
Não acredite em milagres. Eles não existem no tratamento do TDAH.
O que existe é um dia após o outro, uma caminhada diária com momentos tranquilos e outros nem tanto.
O importante é você tratar-se e saber-se portador de uma doença e como tal se preparar para enfrentá-la.
Quem tem colesterol alto precisa restringir alguns alimentos, fazer exercícios; o diabético precisa abrir mão do açúcar, essas coisas. Você precisa conhecer a sua doença para enxergá-la agindo e aprender a combatê-la. Crie estratégias para lembrar-se de compromissos; pense dois segundos antes de dar aquela resposta; confira mais de uma vez seu trabalho antes de entregá-lo; adiante seus relógios, crie maneiras de diminuir o peso da sua vida.
E o principal: perdoe-se se você errar.
Todo mundo erra, TDAH ou não.
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Meus Deus como vc coloca bem as palavras, os sentimentos, fico cada vez mais impressionada. Isso me aconteceu recentemente, não sabia ter TDAH e comecei a tomar BUP a vida estava tão bem que decidimos parar o remédio para eu poder engravidar, grande besteira eu fiz. Mas serviu para enxergar características do TDAH que eu achei que fossem minhas e poder diagnosticar a doença, então serviu para alguma coisa.
ResponderExcluirDias melhores virão... conviver com a doença sem a medicação ninguém merece! Vc conhece tem relatos de pessoas que tomam BUP e como funcionou para elas? Tenho curiosidade de saber se foi bom só pra mim.
Leticia 30
Bom dia Letícia!
ExcluirObrigado pelos elogios.
Olha recebi um comentário esses dias de uma mulher que está passando exatamente pelo que você narra; estava ótima, tão ótima que parou com a BUP pra engravidar. Afundou completamente. Nem depilar mais ela tem ânimo. Ela disse no comentário que iria voltar ao médico e retomar o tratamento.
Abraços
Alexandre
Alexandre, minha historia é como a de muitos outros que escreveram aqui.
ResponderExcluirEntrei na faculdade, num curso de exatas, reprovei em todas matérias do primeiro ano.
Eu sempre tive dificuldades em aprendizagem, desde criança.
Eu também sempre me comparava com os outros colegas, e via que tinha algo de estranho em mim. Apesar da minha força de vontade, eu não via resultado.
Eu nunca tinha ouvido falar em tdah, a minha sorte é que eu tinha uma amiga que era psicologa, e depois que relatei o meu caso a ela, ela me indicou a um psiquiatra.
Fui, e ele me receitou ritalina. Já faz uns uns 8 anos que tomo. Uso durante a semana, e não uso nos finais de semana nem nas férias.
Nunca fiquei viciada, nem tenho sintomas de abstinência quando deixo de tomar.
Lendo seu texto acima, você usou uma palavra que define bem minha situação. A MINHA CONCENTRAÇÃO E A MINHA PRODUTIVIDADE AUMENTARAM.
Notei melhoras em tudo, mas algo que eu mesma me espantei, foi que minha produtividade aumentou. Eu conseguia fazer várias coisa num mesmo dia, conseguia começar algo e ir até o final. Antes quando não tomava o remedio, eu ficava "enrolando" até para dar um simples telefonema.
Confesso que as vezes me dá vontade de parar o remédio, pra ver o que acontece. Se os efeitos vão continuar ou não. Mas não vou arriscar!
Eu não quero ter a irresponsabilidade de falar aqui, que o remédio é milagroso. Até porque o efeito não é o mesmo para todas as pessoas. E também já ouvi relatos de que o remédio perdeu o efeito depois de um tempo de uso.
Mas no meu caso, ajudou muito, consegui terminar minha faculdade de Matematica, em 6 anos, sendo 1 de atraso. Comecei a dar aulas e odiei, e tornei de novo a faculdade. Agora estou fazendo ciências contábeis e estou gostando bastante.
Mas o efeito da ritalina que mais gostei em mim, foi isso a produtividade.
Antes eu tinha uma dificuldade fora do normal, em cumprir tarefas simples, como fazer um relatório. Uma vez eu demorei 7 meses para devolver um livro da biblioteca, deu uma multa tão grande, que achei melhor deixarem cancelar minha carteirinha. O livro ficou na minha bolsa durante estes 7 meses, fui inumeras vezes na biblioteca, mas eu nunca tinha paciência de esperar numa fila que tinha 3 ou 4 pessoas!
Esse comportamento me envergonhava, mas eu não conseguia mudar.
Falando em livros me lembrei do meu pai, ele também é bem distraído. Uma vez ele pediu emprestado um livro do nosso vizinho. Era aquele livro "Eram os Deuses Astronautas", sabe quanto tempo este livro ficou aqui em casa?
16 anos!!!! O meu pai sempre falava: Guarda esse livro que é do Gilberto, tenho que devolver.
Um dia a minha mãe pegou o livro e ela mesma devolveu.
Lidia
Bom dia Lídia!
ExcluirMuito bom seu depoimento em favor da Ritalina e da necessidade de se manter o tratamento ao longo do tempo.
Minha médica diz que a Ritalina não tem 'efeito memória' ou seja, ela é completamente eliminada pelo organismo e TDAH não tem cura. Parou de tomar retorna ao estágio pré tratamento.
O mais legal do seu depoimeno é a persistência e disciplina em manter uma vida equilibrada e satisfatoria, você voltou à faculdade pra não ter que viver insatisfeita.Parabéns!
Sensacional a história do seu pai com o livro do Gilberto. Ele nem deve ter acreditado quando sua mãe devolveu o livro. rsrsrs Você teve a quem puxar.
Obrigado por seu depoimento
Abraços
Alexandre
Oi Alexandre, bom dia!
ResponderExcluirSó vim dar um oi, vi você hoje na TV Brasil, mostrei pra minha mãe, que me chamou pra ver a matéria sobre TDAH, aí eu disse: ''olha mãe é o Alexandre do blog!'' Gostei de ver você. É um vencedor, motivo de orgulho pra nós e um exemplo! Estou sumida aqui, mas quero escrever um email mais detalhado de como está tudo, sobre o meu filho, sobre mim e tudo o mais. Um abração!
Layse
Puxa Layse, que legal!
ExcluirVocê tá sumida mesmo, espero que tudo esteja bem com vocês.
Essa matéria foi muito bem feita, muito completa.
Mande um email mesmo, gostaria de saber como vão as coisas.
Sou vencedor não Layse, todos somos. Luto muito, falho muito, mas não desisto. Assim como você com seu filho e todos que têm e convivem com essa doença.
Um abração pra você e sua família.
Obrigado pelas palavras, me dão muita força
Alexandre
Boa noite Alexandre;
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de dizer que teu blog é muito bom, sempre pesquisei a respeito, mas só achava sobre tdah em crianças, em adultos não tem muita coisa.
Também tomo ritalina, por orientação medica, e tem me feito muito bem.
Estou escrevendo para perguntar, talvez você ou algum leitor possa saber, sobre algum tratamento alternativo de tdah.
Algo, que tenha eficiência comprovada.
Tipo: alguma técnica de meditação, acupuntura, jogar xadrez, ou até hipnose rsrssrsrssrrsrsrsrsrsr
Já li muita coisa a respeito, mas nunca com algum depoimento que atestasse se funciona ou não.
Como eu disse, tomo o remedio, tem me feito bem, mas tenho muita curiosidade em saber se existe algo que possa substituir o ritalina.
Na verdade... eu não acredito muito que algo possa ter o mesmo efeito que o remédio, mas é que eu queria muito saber se alguém já tentou outro tratamento e deu certo.
Sandra
Bom dia, Sandra!
ExcluirObrigado pela força, suas palavras me ajudam a manter a motivação.
Olha, eu não acredito muito em tratamentos alternativos. Já me sugeriram um monte de coisas, outro dia até estimulação do cérebro por choques elétricos. Um troço parecido. Ou mesmo pessoas que defendem que somos os salvadores da humanidade e quem quer nos tratar quer impedir que revolucionemos o mundo. rsrs
Muitas coisas podem ajudar ou acelerar o efeito do tratamento; coaching (melhora foco, organização, ensina a priorizar) terapia (a comportamental é a que possui os efeitos mais rápidos) psicanálise (acredito que em adultos é muito útil pois acumulamos frustrações e outros sentimentos ao longo da vida de lutas0 e outras técnicas como meditação podem ser úteis. Mudar o estilo de vida pode ajudar, estou mudando radicalmente minha vida. Eliminar problemas e situações doloridas e constarngedoras no dia a dia.
Li qualquer coisa que o xadrez ajuda principalmente às crianças.
O que eu acho é que ainda não dá pra abrir mão do remédio. A nossa doença é química, parte dos neurotransmissores que produzimos se perde, ou seja, esse neurotransmissor tem de ser reposto ou essa perda tem de ser impedida de acontecer.
Não a meditação ou xadrez que resolva isso.
Muitas coisas ajudam principalmente no adulto quandom criamos um m onte de estratégias e comportamentos paliativos para conviver com nossas falhas.
Espero tê-la ajudado e obrigado por participar.
Um abraço
Alexandre
Eu fiquei um tempo sem passar por aqui, porque havia cansado de ficar lendo sobre tudo isso e não resolver nada na minha vida. O que adianta saber o que você tem, como você funciona, se você não faz nada pra dar um jeito?
ResponderExcluirHoje fui em mais um psiquiatra, ele fico 10 minutos e me dispensou... Eu não sei me expressar direito. Se eu falar que acho que tenho isso eles me acham soberbo por chegar com o diagnóstico pronto.
Eu não gosto da ideia de tomar remédio mas só de pensar em uma possibilidade de estruturar minha vida me dá vontade de experimentar.
Como tomar o remédio se não ninguém pra te receitar?
Será que o remédio vai adiantar alguma coisa?
Será que eu tenho realmente isso?
Estou muito confuso...
Marcos (Caco)
Bom dia Caco!!
ExcluirTá sumido mesmo, meu amigo!
Faz isso não, você é parte importante da história desse blog. Sempre gostei de suas opiniões.
Olha, amigo, eu cheguei na minha médica afirmando o que eu tinha. Eu tinha passado quase 24 horas ininterruptas pesquisando, fiz centenas de testes e fui lá apenas pra confirmar e buscar minha receita, (que ela não leia esse comentário rsrsrs).
Creio que o ideal é que antes de marcar a consulta você se informasse com a secretária ou com a clínica se o médico trata de TDAH. De nada adianta você ir a um médico que faça parte do grupo dos que não acreditam na existência da doença.
Eu também não gosto de tomar remédio. Tem dia que a vontade é de jogar no lixo, mas fazer o quê? Ainda não tem nada que substitua.
Some não, meu amigo, esse blog ainda existe por que um dia você fez a diferença num momento difícil da minha vida.
Um abração agradecido
Alexandre
Alexandre, eu já conheço teu blog há bastante tempo, sempre quis participar fazendo um comentário, mas me dava uma preguiça !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirHoje fiquei pensando na minha vida antes e depois que comecei a tomar ritalina. Queria contar um pouco da minha experiencia, mas pelo amor de Deus, também não quero endeusar o remedio e fazer apologia ao uso.
Bom, vou me formar no final deste ano em Agronomia.
Acabei tbem perdendo um ano por conta de dificuldades em aprender e tbem porque eu faltava demais.
Terminei o ensino medio, fiquei 3 anos parada antes de iniciar a faculdade.
Foram 3 anos perdidos na minha vida. Eu iniciava curso de idioma, informatica, curso pre vestibular, mas eu nunca conseguia ir até o final. Eu simplesmente largava, e nem sabia o porque.
Na minha familia, tios, tias, primas, me viam como uma pessoa pouca batalhadora. Eu tinha que ficar quieta, porque não era mentira.
Eu era aquela pessoa que ficava acordada a noite inteira, e no outro dia levantava ao meio dia. Eu não gostava de sair de casa, não gosta de ver gente. Eu adiava tudo, eu sempre inventava uma boa desculpa pra deixar pro outro dia.
Eu pensava que toda aquela preguiça, aquela vontade de só ficar em casa, podia ser depressão, mas eu nunca tive nenhum sintoma, e apesar de todo aquele caos na minha vida eu não era triste.
Quando eu entrei na faculdade, a primeira coisa que me alegrou, foi o fato, de eu me obrigar a ter um horario e uma obrigação a cumprir.
Mas eu inventava os motivos mais ridiculos pra faltar. Eu ficava em casa, deitada na cama olhando pro teto e tomando cafe.
Essa atitude me envergonha muito, eu tinha um remorso tão grande que acho que so quem tem esse disturbio pode me entender.
No final do primeiro ano, só passei em 1 materia. Reprovei na maioria por falta.
Eu tinha aula de manha e a tarde, eu quase nunca ia de manha porque não conseguia acordar.
Eu sabia que estava agindo errado, eu sofria por causa disto, mas eu não conseguia mudar. Eu me sentia muito mal por ser vista como uma preguiçosa pelos outros, Sentia remorso de ver meus pais pagarem todo curso que eu queria, mas nunca terminava.
Eu ja tinha ouvido falar em tdah, tinha vontade de procurar um medico. Mas tambem tinha medo de ouvi-lo falar que eu era normal, e que toda aquela minha preguiça era falta de vergonha na cara mesmo.
No final do primeiro ano eu fui. Eu estava em ferias quando comecei a tomar ritalina, mas comecei a estudar tudo o que eu tinha estudado durante as aulas e vi que o remedio realmente funcionava, porque a principio, eu não acreditei que o " meu caso" era pra ser tratado com remedio.
Eu consegui mudar algumas coisas em meu comportamento, que antes eu já tinha tentado sozinha, mas não conseguia.
Comecei a ficar mais centrada , responsavel. Eu não sei se a palavra "responsavel", é a mais indicada, mas foi assim que eu me senti.
Eu já conseguia acordar na hora certa, e nunca mais faltei, conseguia prestar atenção nas aulas, minha cabeça não ficava mais no mundo da lua.
Hoje em dia sou até mais respeitada pelos professores, acho que ele viram que eu mudei pra melhor. Fiquei até mais participativa nas aulas, consigo até fazer pergunta inteligente!!!!!!!
Eu não costumo falar pra todo mundo que eu tomo remedio pra concentração, algumas amigas proximas até sabem.
Aos poucos consegui desfazer aquela impressão ruim que as pessoas tinham de mim.
Tenho certeza que se eu não tivesse me tratando, acho que já teria ate abandonado a faculdade.
Ainda bem, que consegui resolvi isto a tempo.
Bom dia, Marília!!!!
ExcluirQue legal!
Concordo que não devemos endeusar a Ritalina, mas o efeito dela em nossas vidas é inegável. Eu nem me imagino mantendo esse blog a mais de dois anos sem remédio. Já tinha desistido a muito tempo.rsrs
O que precisamos entender e aceitar é que temos uma doença biológica e não um transtorno de comportamento. O problema neurobiológico causa o transtorno de comportamento e não o contrário. Todos os tratamento comportamentais são utilíssimos e aceleram o efeito obtido pelo remédio, mas sem o medicamento é quase impossível levar uma vida normal.
Muito obrigado por seu depoimento, foi muito importante.
Parabéns por suas vitórias e, não se esqueça de nos convidar para a formatura. rsrsrs
Abraços
Alexandre
Alexandre, é isso aí!
ExcluirSábias palavras as suas.
Apesar desta minha curiosidade, em saber se havia algum tratamento alternativo, eu nunca consegui acreditar que algo pudesse ter o mesmo efeito do remédio. Eu já tinha ouvido falar nesses eletro choques, acho que na revista Super Interessante, mas também não levei fé.
Eu penso assim: Os médicos, os farmacêuticos passam a vida inteira estudando para descobrir novas curas. Os laboratórios pesquisam uma doença durante anos, descobrem um remédio, depois são mais vários anos de testes...até que o remédio é liberado, para consumo.
Eu nunca fui de acreditar em tratamentos alternativos, mesmo para doenças comuns, como uma gripe.
Quando fui diagnosticada, foi me recomendado a terapia, mas além do dinheiro curto, meu estudo é integral e não daria muito tempo.
Faço meu tratamento usando só o remédio e minha vida muito e para melhor, ainda bem.
Marília
Fiz o comentário acima, esqueci de colocar meu nome, me chamo Marília.
ResponderExcluirOi Alexandre, meu nome é Wallace, 37 anos, sou mineiro de Juiz de Fora, e fui diagnosticado, ontem, com TDAH. O curioso para mim é que eu estou MUITO feliz por descobrir que tenha essa doença. Isso é estranho? Parece que foram tirados 10 toneladas de peso que eu carregava durante toda a minha vida. Parece que as coisas começam a fazer sentido pra mim. Vejo que meus atrasos, minha atitudes impensadas, minha compulsividade, minha falta de compromisso, tudo isso contra a minha vontade e me fazendo sofrer tanto, não eram apenas traços de um comportamento infantil ou imaturo, mas de alguém que durante todo o tempo precisava de ajuda. Não quero esconder meus erros e minhas falhas atrás da doença, quero apenas ser compreendido e assumir somente aquilo que seria normal pra qualquer pessoa, com TDAH ou não. O médico me receitou Ritalina LA 10mg e terapia cognitiva com uma psicóloga. O remédio tomei ás 06:30h e estou esperando o resultado. A psicóloga só consegui marcar para a próxima semana. É muito bom saber que existe esse espaço onde discutem pessoas que entendem o que se passa na cabeça de um TDAH. Gostaria de sugerir algum post que fale sobre como a família de um TDAH pode ajudar no acompanhamento do tratamento dessa doença. Grande abraço e desculpe se me alonguei demais (acho que o remédio ainda não fez efeito ... rsrsrs).
ResponderExcluirOlá, é normal sintomas de TDAH "piorarem" com a idade? Sempre tive todas as características de TDA (Sem hiperatividade). Mas quando eu era criança, mesmo não sendo boa aluna, eu adorava aprender e ler, era muito curiosa para aprender coisas novas. Mas no fim da minha adolescência começou a minha falta de interesse total por tudo (dizem ser características do TDAH e tenho esse desinteresse até hoje). E as procrastinações, na minha infância, nunca adiava minhas obrigações, mas hoje em dia as procrastinações estão cada vez piores.
ResponderExcluirOlá! Li seu comentário e achei que combina comigo. Meu nome é Graça. Na escola tirava as melhores notas, até medalha eu ganhava. Eu gostava de estudar, podia ficar horas lendo, mas acho que não gravava pois hoje sinto muitas dificuldades com coisas que eu já deveria saber, pois eu já estudei mas não lembro. As pessoas que conheço lembram de muitas coisas que aprenderam na escola e faculdade e eu não. Apenas depois da faculdade comecei com os problemas para prestar atenção e finalizar tarefas. Por isso fico achando que pode não ser TDAH e fico me julgando como sendo uma pessoa incompetente mesmo. Você teria um e-mail? Gostaria muito de conversar com alguém que tenha problemas semelhantes.
ExcluirAlexandre vc nunca pensou em fazer psicologia, ou algo do tipo, pra virar um terapeuta? Acho que vc iria gostar e se dar muito bem!
ResponderExcluirE parabéns pelo blog, é excelente. Você é um ótimo escritor!
Lilian
Olá Alexandre. Meu nome é Graça. Estou fazendo doutorado... sinceramente não sei como. Eu não tenho capacidade para isso com toda a certeza, então estou abandonando meus sonhos por coisas mais modestas... algum trabalho que não tenha muita responsabilidade, para que não corra o risco de eu estragar tudo, mas está difícil encontrar. Estou procurando algo a nível de segundo grau. Ainda nem sei se acredito que tenho TDAH. As vezes acho que pode ser minha personalidade. Pode ser que eu seja mesmo acomodada, preguiçosa... Estou tomando ritalina a uns 20 dias aproximadamente. Os primeiros dias foram ótimos. Conseguir fazer o que você se propõe a fazer tem um gosto incrível... mas em tão pouco tempo o efeito já parece ter sumido. Por gentileza, qual a sua profissão? O meu trabalho, o que eu farei do meu futuro é o que mais me atormenta. Não acho que eu tenha a capacidade de fazer nada, pois esqueço tudo que aprendo (ou nunca chego a aprender na verdade). Obrigada.
ResponderExcluirAlexandre, também sou tdah, faço tratamento com ritalina.
ResponderExcluirInfelizmente, essa doença é praticamente desconhecida.
A maioria dos professores, tanto de ensino médio ou de faculdade, não tem nenhuma conhecimento a respeito, tem muita gente até que acha que isto não existe.
Minha vida era bem problemática antes de eu descobrir que toda minha "preguiça", tinha tratamento.
Fico pensando em quantas pessoas passaram por todos os problemas que passei, mas não tem ninguém para orienta-las.
Passam a vida achando que toda aquela inércia, e dificuldades nos estudos, é uma caracteristica pessoal, sendo que há tratamento.
Michelle
Alexandre, bom dia! (3 da manha no fuso DDA). Rafael, 39 anos. Faz um mês que conheci o blog e virei fã! Fiz exatamente o que você fez. Levei meu diagnóstico para o psiquiatra. Fui colocando numa lista em word vários pontos, principalmente com ajuda do "nosso" blog e do livro Mentes Inquietas. Eu nunca conseguia falar mais de 2 ou 3 coisas para ele numa sessão e depois que saia do consultório começava a me castigar porque tinha esquecido de falar um monte de coisas. O psiq achou bom e ainda disse que o caminho é esse mesmo. Bom, ganhei o diagnóstico de presente de aniversário. A sensação é engraçada mesmo. Puts, se eu soubesse antes!! (risos)Meu caminho nem vai ser tão árduo assim, pois passei os últimos 10 anos tratando pânico, depressão, ansiedade e mais os 20 anteriores a isso no mundo da lua. Evoluir.... Troquei o antidepressivo que tomava (serotonergico) por Bupropiona e ainda avaliar se vai entrar com Ritalina. Mais pra frente mando minhas impressões. Troquei de médico faz pouco tempo e este conhece bastante de TDAH, para minha sorte. Tenho histórias fantásticas que nem eu acredito e espero dividir com vocês. Aperitivo - chegar para fazer prova na faculdade as 8 da manha sem dormir porque deixei pra estudar na última hora. Fui pra facu de bike usando moleton. Quando cheguei já estava suado e tirei a blusa na sala. Depois de alguns minutos colegas me olhando estranho. Eu estava fazendo a prova numa boa de pijama azul. Eu sempre alternei muito hiperfoco com desatenção total e como do meu jeito resolvia as coisas, nunca suspeitaram de problemas desse tipo. Então tive as chamadas comorbidades, que até hoje encobriram a causa real dos problemas. Fiz terapia cognitivo comportamental 8 anos e me ajudou demais sem eu ter diagnóstico. Como sempre persisti muito, cheguei longe. Já ando com um caderno no bolso há tempos, pois lembro como faz integral tripla por substituição trigonométrica que eu vi há vinte anos, mas esqueço de um email importante que recebi no dia anterior e quando sou cobrado pela informação que eu deveria fornecer eu deixei tão pra depois que ela ainda não existe ou até viajo sem documentos que ficaram com a carteira em casa, mesmo depois de fazer o check list antes de sair. Só queria dizer que apesar de tudo isso, já superei muita coisa e levo a vida numa boa, aceitando as imperfeições e agora sendo um TDAH perfeito! Espero muito que mais pessoas tenham acesso à informações tão rapidamente como eu tive e consigam ter uma qualidade de vida melhor! Muito obrigado mesmo pelo seu blog!! Um abraço, Rafael
ResponderExcluirBom dia, Rafael!
ExcluirNo meu caso é dia mesmo, são oito da manhã. rsrsrs
Como pode ser prejudicial um médico desinformado ou desinteressado. Mas não se apegue a isso, agora faz parte de um passado que não se pode mudar. Bola pra frente e bom tratamento.
Mantenha-nos informados sobre suas conquistas, sempre estimula a todos nós os progressos de nossos amigos.
Um grande abraço e boa sorte no tratamento
E um grande obrigado pelas palavras de incentivo, são muito importantes.
Alexandre
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ResponderExcluirAlexandre, pior é você saber que é TDAH e ser tratado como bipolar, estão me passando Depacote, Bup e Rivotril... Não está melhorando e os médicos estão insistindo, mesmo eu dizendo que psicólogos me diagnosticaram como TDAH...
ResponderExcluirDepacote e Bup são usados para tratamento de TDAH, eu tenho e entrei em uma depressão profunda e muita variação de humor. Comecei com o mínimo de Depakene (praticamente a mesma coisa que Depacote) e já foi o suficiente para me tirar do estado grave que estava, e agora comecei com Bup, muito cedo para saber os efeitos dele para mim... os efeitos variam de pessoa para pessoa e pode levar até meses para começar a fazer efeito. Então tenha calma pois não será do dia para noite. Além do que você pode ter o TDAH com Bipolaridade sim. É muito dificil diagnosticar por tudo se misturar. E se nada mudar depois de um tempo procure outras opiniões e médicos diferentes.
ExcluirMeu nome é Ricardo tenho 31 anos e sempre tive a impressão que as pessoas, vivem conformadas demais com seus empregos e sua vida, nunca parei pra pensar que eu poderia estar errado. Tenho livros de inúmeras profissões diferentes sem relação entre elas e nunca consigo terminar de ler. Não sou formado em nada. Essa Minha maior frustração, aos 18 Queria ser técnico em informática era moda, e era o meu maior sonho, aos 20 me tornei técnico em gesso na área da decoração nada a ver comigo, sempre achei que trabalhava com gesso por necessidade de ganhar dinheiro, fiz isso por 5 anos até ir pra faculdade de TI, fiz dois anos que pareceram 10, minha professora de algorítimo dizia assim "Você Ricardo é uma incógnita pois na hora de projetar você é perfeito já nas provas você tirou a menor nota isso é inexplicável", e eu ficava no fundo do poço. Me perguntando será que sou burro demais ou um gênio? Não suportei a pressão das matérias, não conseguia nota suficiente, meus colegas tentavam me ajudar mais acabei desistindo. Mais uma vez mudei de emprego no impulso, passei por mals bocados financeiros, nunca paguei em dia minhas contas, me tornei o tão sonhado analista de sistemas, meu sonho, 27 anos e nem um pouco de gratidão, sempre queria mais e mais. Insatisfeito por não ser o melhor, daí coloquei na cabeça que a solução seria ser dono do meu próprio negócio. Busquei tudo sobre empreendedorismo, vídeos, Sebrae palestras, procurei vários sócios e convencia que esse seria o "bum" de nossas carreiras. Minha esposa nunca soube o que me dizer, tentava me apoiar e as vezes nem comentava só deixava eu ser feliz nos meus devaneios. Não abri empresa alguma, não persisti, não soube lidar com as dificuldades e me entreguei ao mais fácil, voltei ao gesso, construção, obras. Aquilo ia me corroendo, mil idéias, nenhuma executada. Não satisfeito vou pra outra facul, agora mais velho, mais maduro. Força e foco era meu lema. Fiz mais um ano, entrei na área novamente, analista, bem vestido, respeitado, várias viagens sucesso total, até que entra um novo gerente, tudo foi pro ralo, eu na minha Eterna convicção descordava de tudo que ele Dizia. Minha mente só pensava em me afastar dele de qualquer forma, aí já não dava mais atenção a empresa, comecei a faltar no serviço pra não esbarrar com ele. Não dava mais, fracassei pedi as contas da empresa que me dava tudo. Pessoal desculpe o texto imenso e os erros de português, estou digitando pelo celular pois num impulso vendi meu notebook. Hoje depois de vários fracassos e 10 anos de relacionamento com minha esposa e um filho de 8 anos, comecei a trabalhar em outra área, agora Automotiva, pois acho que gosto ainda não sei ao certo. Minha esposa sofre todos os dias com minha inconstância, mudanças de comportamento, esquecimentos todos os dias, e uma falta de atenção por minha parte, resolvemos nos separar. Fim de uma relação desgastada por Falta de foco. Resolvi pesquisar por que me stress o atoa e tudo isso começou a fazer sentido. Hoje não sei quem sou, não sei que caminho seguir,tenho medo de começar qualquer coisa, pois sei que não vou persistir. Agora que conheci a TDAH pela net, vou me tratar, vou procurar ajuda médica, e agradeço amigo por criar esse meio de informação, aqui descobri muitas respostas. Espero que minha vida mude pois já perdi minha família, perdi empregos e devo ter perdido mais coisas. Agradeço mesmo de coração pelo blog. Hoje tudo faz sentido. Era eu no meu mundo achando que era minha personalidade. Obrigado Alexandre.
ResponderExcluirRicardo estou exatamente na mesma situação que você! E é extremamente desgastante, a gente vive em um looping eterno, e a vontade de tentar novamente diminui, cada dia mais, pelo medo de começar mais uma coisa que não
Excluirvai terminar. Eu já tentei 12 projetos/trabalhos diferentes e todos comecei extremamente empolgada e com garra para depois de um tempo desanimar e desistir e eu tenho so 27 anos... Estou completamente perdida, com depressão e variação de humor constante. Sou formada em Adm mas não sei o que eu faço, gosto de muitas coisas e ao mesmo tempo não tenho o animo para começar e desistir novamente, sem contar que não tenho currículo muito consistente já que não tive foco para seguir um tipo de carreira e me especializar... as coisas começam a perder o sentido e a desesperança invade. Estou me tratando com psicologa e psiquiatra mas ainda é muito recente para dizer... Tenho dias bons e dias ruins mas enquanto não descobrir o meu proposito e o que devo fazer as coisas não vão mudar muito. A incerteza e não poder confiar em você mesmo é angustiante... nunca sei oq sou eu ou a química de meu corpo falando e o que devo dar ouvidos ou não... Minha esperança é que os remédios me ajudem a equilibrar as coisas para conseguir resolver minha vida e aos poucos trabalhar o TDAH para dentro do possível ter uma vida mais normal.
Muito legal essa matéria! Estou tentando me encontrar também no TDHA. Também passei por 5 anos pagando terapeuta e psiquiatra tratando as comorbidades do tdah mas nunca resolvia, eu sempre voltava pro buraco de um jeito ou de outro. Felizmente, eu acabei por um acaso do destino me auto diagnosticando..lendo posts como esse e mais inf na internet. Expliquei isso para minha médica e ela me diagnosticou como TDAH. Fazem dois meses que comecei a buscar a medicação, passeio por ritalina, agora venvanse que é uma facada no bolso e não sei se vai dar certo. Por incrível que pareça antes de ser diagnosticado eu tomei por 6 meses a bupropiona, para tratar a depressão, e foram os melhores meses da minha vida, logo depois descobri que esse remédio é utilizado para o TDAH. Agora vou testar o venvanse, mas se não funcionar espero voltar para a bupropiona que foi o remédio que mais me ajudou! Ricardo tenha fé e busque tratamento! Se for TDAH isso vai mudar sua vida acredite! Eu também vivi altos e baixos, minha vida sempre foi uma montanha russa, uma hora super empolgado e depois mega desanimado, se for te passar a lista de idéias de negócios que eu tenho ia precisar de um dia inteiro, já a lista de idéias realizadas nem tanto. Hoje eu tenho 27 e descobrir isso só agora é sim frustrante, como muitos aqui fomos mal compreendidos na escola, na faculdade, com os amigos e família, mas graças a deus estamos aonde estamos, descobrimos o TDAH e agora podemos avançar. Uma coisa que eu vejo no seu texto é que você nunca desistiu, sempre tentou se reinventar e lidar com a falta de foco que o TDHA da, isso é o mais importante e eu me identifico também, nem sei quantos esportes ou hobbies eu pratiquei, fiz faculdade 5 anos e foi um parto para terminar! Para concluir meu TCC foi uma aventura homérica, meus amigos não entendiam por que eu estava me matando para terminar, eu simplesmente não conseguia me concentrar! No trabalho também sofria, não conseguia ficar sentado na frente do computador, levantava a cada 20 min. Fiz de tudo pra dar a volta por cima, fiz meditação, usava técnicas de concentração, mas a vida era muito sofrida mesmo, terminava a semana um caco passava o fds na cama para recuperar as energias, via meus amigos indo pra balada e não entendia de onde eles tiravam força e só agora descobri que eu tinha que me esforçar 3 vezes mais para ter um resultado e apesar de tudo isso sempre fui visto pelos meus chefes e colegas como uma promessa que nunca acontecia, um cara que parece inteligente mas não é produtivo, demora para concluir as coisas, esquece reuniões, chega atrasado toda hora...Realmente ter passado por tudo isso é duro de engolir, e lendo a sua história imagino que foi difícil pra você também. Mas acredite que agora as coisas po procure um bom médico, esse tratamento pode mudar sua vida. Um grande abraço a todos.dem melhorar e muito, vá atras do tratamento,
ResponderExcluirMuito bom todos depoimentos para essa doença desconhecida e percebo a fragilidade dos profissionais não qualificados para nos atender e ajudar, estou com 45 anos, e me sinto um pano de chão, a memoria piora a cada ano que passa, sou organizada disposta e mal resolvida com remedios como: ritalina, concerta, bup, nunca deram certo comigo, a ritalina me deixa mais ativa e ansiosa, o concerta não surtiu efeito, o bup fiquei enjoada, suando frio e dores de cabeça horriveis, não consegui tomar 3 dias e desisti, não me lembro mais de nada,tipo ler uma linha e no paragrafo seguinte não lembrar nem aonde estou, outro dia fui no cinema demorei 50 minutos para me concentrar em um desenho e sintonizar no filme, outro seriados que adoro e ja assisti ater perder a conta de tanto que gosto ( cerca de 6 meses) parecem ineditos, dou risada como se nunca tivesse assistido, e mes a mes só piora, não sei a quem recorrer, fiz avaliação neuropsicologica onde foi constatado aos 42 anos tdha e hj faço terapia em grupo e acompanhamento com psiquiatra, estou sem esperarnças, as vezes acho que tenho alzaimer, e fico triste demais, faço orações e meditação, mas a caminhada é longa,
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